UM BAND AID NA HEMORRAGIA…

Foi uma semana repleta de jogos, aqui e lá fora, e como não costumo comentar jogos estrangeiros (talvez o faça no dia em que os analistas de lá comentarem os nossos, no que parece algo quimérico…), fico por aqui, mesmo que atestando a enorme pobreza que nos assalta.

Liga sul americana, campeonato paulista, NBB5, preencheram uma semana caracterizada pela mesmice tática praticamente institucionalizada, com jogos clones um dos outros, da forma mais bizarra possível, onde arremessos de três grassaram como praga, e erros de fundamentos pareciam advir de jogos de categorias iniciais, tantos que ocorreram, exceto em menor grau pelas equipes argentinas, melhor preparadas nos fundamentos do jogo, daí suas ainda presentes supremacias.

Então, o que comentar nesse mar de mediocridade sem correr o risco de me repetir monocordicamente, no que, infelizmente, vem ocorrendo nos últimos anos, numa inglória tentativa de sensibilizar uma troca de comportamento tático que nos tire dessa dolorosa realidade?

Pelos jogos que assisti, desisti, até que mexendo aqui, fuxicando ali em alguns dados estatísticos,  mesmo sendo contrário a esse tipo de análise, me deparei com algo realmente inusitado, os números dos quatro jogos da equipe do Paulistano que realmente me chamaram a atenção, justificando alguns porquês de sua liderança no campeonato.

Primeiro, a media de pontos por partida, 87.7, conjugado a um evidente decréscimo nos arremessos de três pontos, quando tais arremessos caracterizavam a equipe de forma bastante exagerada. Com a média de 23,5 tentativas por jogo, sendo que nos dois últimos contabilizaram 6/16 e 6/12, a equipe priorizou o jogo interno, manteve seu jogo defensivo eficiente, e por conta de tudo se mantêm na liderança do NBB5. Estaria melhor situada não fossem os avultados erros de fundamentos, 16 na média, num universo de erros que comprometem todas as equipes da Liga, num mau exemplo às novas gerações que as assistem e tomam como modelo.

O fato mais instigante, no entanto, é que a equipe está sendo dirigida pelo mais jovem dos técnicos da Liga, que quando se contiver em seus arroubos e reclamações ao lado da quadra, concentrando-se exclusivamente em sua equipe, muito evoluirá no sentido de se tornar um excelente técnico, na contra mão de muitos dos mais experientes que se perdem em xingamentos, pressões e coerções nas arbitragens, e em alguns e dolorosos casos com seus próprios jogadores.

Na semana passada publiquei o artigo O Desafio, onde conclamava os técnicos a adotarem novas formas de jogar o grande jogo, exemplificando o mesmo com o vídeo do jogo do Saldanha da Gama e o Paulistano no NBB2, que tinha na sua comissão técnica o jovem em questão. Bem sei, e de forma alguma insinuo, que o mesmo tenha aceitado o desafio, e que mesmo não tenha sequer lido o artigo, mas que a coincidência, se existente, se constitua num fator altamente positivo ao nosso cansado e repetitivo basquetebol, antevendo uma situação realmente evolutiva do mesmo.

Torço para que continue a inovar em sua forma de jogar,  sem esgares e rompantes midiáticos, ao ser, talvez, a única oportunidade que tenhamos para progredir no grande jogo, e torcendo mais ainda que os demais técnicos sigam seu exemplo, e simplesmente, evoluam…

Amém.

Foto – Divulgação da LNB. Clique na mesma para ampliá-la.