UMA ESPERANÇA…

Cheguei cedo ao ginásio, e pude ver o primeiro jogo na íntegra, o que reforçou definitivamente a certeza de que muito em breve já não farei muita questão de me deslocar de Jacarepaguá para a Tijuca para assistir o mesmo do mesmo, pois afinal de contas, pesa bastante perder tempo na minha idade.

E foi esta a impressão que me passou o primeiro jogo, onde a imagem  burocrática do sistema único se fez mais do que presente, e que apesar da tremenda superioridade da equipe do Paulistano sobre um combalido Tijuca, se mantinha irretocável em sua forma e nas sinalizações de praxe. Mas num setor havia uma substancial discrepância, a defesa muito forte dos paulistas, fora e dentro do perímetro, que somente permitiu 5 pontos aos cariocas no segundo quarto, mas que estranhamente não se estendeu nos números finais do placar, que deveria ter sido mais elástico. A comentar a atuação do armador Muñoz em sua segunda participação no Paulistano, defendendo e atacando com uma precisão elogiável, abrindo grandes perspectivas de num breve futuro se firmar de forma definitiva na equipe, principalmente se puder contar com o bom armador Elinho ao seu lado na armação dos bons pivôs paulistas.

Ao final do jogo, pude conversar e abraçar o excelente panamenho, desejando a ele o máximo de sucesso, agora que conseguiu se alçar a uma das grandes equipes da liga, por mérito e justiça ao seu grande talento e caráter. Sei que alcançará um grande sucesso no grande clube da paulicéia.

E veio o jogo final, quando poderíamos ver duas equipes altamente nominadas, apesar do grande desfalque dos paulistas que não poderiam contar com seu armador e pontuador, o Boracin.

Então a grande surpresa se estabeleceu, com a dupla armação do Flamengo, mais solta e criativa, penetrando e servindo os pivôs, e contra atacando de forma devastadora. Defensivamente soube manter o nível apresentado nas partidas anteriores, fator básico para se manter invicto na competição. Não fosse a proverbial lentidão do enorme Caio, e a equipe deslancharia com mais precisão, pois a discrepância entre a velocidade da equipe e a de seu cincão é desproporcional, razoavelmente compensada pela precisão do mesmo nas conclusões de curta distância. Pena a saída do Teichman, que comporia essa nova forma de jogar de maneira realmente eficiente.

Enfim, pudemos constatar que o sistema único começa a ser contestado em sua forma mais rígida, dando, aos poucos, lugar a um sistema mais flexível, criativo e evoluído. Aposentada a prancheta e seus absurdos hieróglifos, vejo nas equipes do Flamengo, Franca  e possivelmente Uberlândia (vamos vê-la hoje contra o líder Flamengo) uma saudável abertura, e por que não, ruptura de um sistema de jogo anacrônico e coercitivo.

Torço efetiva e fortemente para que consigamos evoluir técnica e taticamente, principalmente após abraçar e desejar sucesso ao jogador que melhor representou aquele passo decisivo na evolução do grande jogo em nosso país, após sua brilhante participação na equipe do Saldanha da Gama no NBB2, quando sedimentou a dupla armação na liga, e que agora encontra eco em algumas das grandes equipes da mesma. O Muñoz merece nossa admiração e respeito, e torço pelo seu merecido sucesso, como torço mais ainda para que alcemos novos e arejados vôos rumo a um futuro mais criativo e vencedor, que afinal de contas reflete o desafio que faço a mais absoluta questão de perder.

Amém

Foto – Ginasio repleto do Tijuca, que aos poucos vai se tornando pequeno para os grandes jogos. Clique na mesma para ampliá-la.



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