OS PORQUÊS…
Durante esse pequeno recesso contado no artigo anterior, recebi um email de um assíduo leitor me perguntando na bucha – Professor, por que motivo o senhor não dirige mais uma equipe do NBB, e mesmo da LDB, afinal são 41 equipes e não tem lugar para o senhor em nenhuma? Sinceramente não entendo os motivos, sejam eles quais forem. Por favor, me esclareça.
Bem, tenho nesses últimos anos, desde o NBB2, quando dirigi o Saldanha da Gama, também tentado encontrar os reais motivos para esse degredo, desde a conversa que mantive com um dos gestores da Liga durante o 1º Encontro dos Técnicos da LNB em Campinas após o NBB2, quando fui sutilmente instado a deixar de editar o Basquete Brasil que, na opinião dele não se coadunava com a função de técnico atuante, num equivoco brutal, pois foram os 49 artigos (e aqui o primeiro deles) que postei no dia a dia daquela inesquecível experiência midiática, um dos motivos de ali me encontrar, junto aos demais técnicos, para discutir o grande jogo e sua divulgação junto ao tão esquecido publico entusiasta do mesmo.
Claro que jamais aceitaria aquela sugestão, como não aceitei, mantendo o blog, ampliando-o nas discussões de caráter educacional, assim como discutindo política desportiva, cobrando dos poderes o sempre ausente apoio às causas da educação de qualidade, direito inalienável do cidadão (hoje, graças aos deuses, cobrado em praça pública pela juventude do país…)
E nestas discussões questionei veemente e indignadamente os descaminhos que apontavam para o acumulo de equívocos que se desdobravam em nome do esporte dito de alto nível, em detrimento da formação de base nas escolas e clubes do país, culminando com a terrível aventura olímpica, sorvedouro de sacrificadas divisas direcionadas aos ávidos bolsos daqueles que nem de longe se interessam por educação e cultura de um pobre povo, e sim os vultosos lucros que poderiam advir da ignorância do mesmo, mantido propositalmente à margem do processo educativo, facilitando a consecução da hábil manobra.
Também mantive o cunho critico à mesmice endêmica que nos tem dominado no aspecto técnico tático, discutindo, e até desafiando nossos técnicos para que mudassem seus posicionamentos, dirigindo-os a uma evolução formativa e competitiva de maior alcance, de maior desenvoltura.
Claro que desagradei a grande maioria, mas nem tanto quanto a determinados políticos, que inclusive tentaram me desqualificar, mesmo nos comentários do blog, tendo recebido as respostas que julguei merecedores.
E nesse ponto é que pude estabelecer as pontes de interesses contrariados, ligando as técnicas inovadoras do jogo que propunha, e a manutenção das criticas ao modelo político administrativo existente no cenário desportivo nacional, em contrafação a de alguns políticos, poderosos por manipularem grandes verbas governamentais, sempre almejadas por confederações e federações desportivas, em seus projetos milionários e de distribuição muito bem escalonada junto aos espertos e oportunistas de plantão, em troca de obrigatórias contrapartidas, entre as quais meu afastamento compulsório das quadras, com certeza…
Então, quando vi estampada no site da LNB, a foto da homenagem à personalidade do ano no basquetebol, dirigida ao político que de uma tacada destinou 14 milhões de reais a uma falida CBB, (aqui descrita no magnifico artigo do Fabio Balassiano no seu blog Bala na Cesta), garantindo a continuidade da terrível administração da mesma, assim como destinou mais alguns milhões para a LNB manter a LDB em função por mais três anos, porém mantida escondida numa remota cidade de Minas Gerais, sem imagens, mesmo pela internet, somente (in) visível através gélidas estatísticas, (que, aliás, mostram logo na primeira rodada o absurdo número de 155 erros de fundamentos nos cinco jogos realizados, com a media incrível de 31 pj, mostrando com precisão que em matéria de fundamentos as equipes estão muito mal treinadas e preparadas, principalmente quando na porta de entrada da elite do grande jogo, onde errar dessa forma é absolutamente inadmissível, numa realidade em que, sem dúvida alguma, pulularão pranchetas a granel, focadas na padronização e formatação do sistema único, pelas mãos de “estrategistas” de primeira viagem, é que entendi a origem do veto, para o degredo injusto, cruel, pois tira de mim o direito ao trabalho, para o qual sou altamente qualificado, e no qual tanto poderia ajudar no soerguimento do grande jogo, numa ação pusilânime, covarde enfim.
Mas daqui desse cantinho, dessa humilde trincheira, onde corporativismo mafioso nenhum pode me atingir, continuarei a trabalhar pelo grande jogo, já anunciando a continuidade da Oficina de Aprimoramento do Ensino de Basquetebol na última semana de julho (de 26 a 28), que realizarei no inédito formato de receber em minha casa até três técnicos que se interessem em participar de um prolongado fim de semana (de sexta a domingo), onde, como o ocorrido na primeira Oficina, mergulharemos fundo nas entranhas desse magnífico e complexo jogo, com somente um horário fixo a cada dia, o de começar, já podendo contar com um mini ginásio em minha residência, que fez muita falta na primeira Oficina, e que pretendo repetir, se interesse houver, a cada mês. No próximo artigo detalharei a Oficina.
Bem, creio que respondido o email do leitor, posso dar por encerrada essa discussão, face aos esclarecimentos dados, e certamente compreendidos, mas nunca aceitos por mim. Vida que segue…
Amém.
Foto – Divulgação LNB. A personalidade do ano no basquetebol…
Olá Professor, falando em LDB fico triste em ver que muitos times não dão a devida importância ao torneio, ou mesmo ao jovens. Muitos vão ao referido campeonato com equipes montadas exclusivamente com atletas sub19 (Pinheiros e outros) e outros com pouquíssimos sub22. Aí eu pergunto: onde está o espaço para o desenvolvimento dos jovens acima de 19 anos?
Infelizmente teremos que continuar a aguentar 3 atletas estrangeiros, vários veteranos e poucos sub22 jogando, por muito tempo.
Abraços e continue na luta.
Mas prezado José, o que esperar de um torneio bancado pelo dinheiro público receber equipe que perde de 70 pontos de diferença? Que classe de brincadeira é essa? E que admite jogadores já pertencentes à divisão de elite da Liga, com a desculpa de que eles ali estão para ganhar experiência? Já ganharam, e a prova definitiva é pertencerem a equipes do NBB. Muitos jovens desse imenso país ficam na estrada, sem oportunidades de jogar, de realmente aprender, pois são entregues a “estrategistas” com pranchetas no sovaco, e não a professores que realmente saibam e entendam como preparar jovens nos fundamentos do jogo, e ai estão os 155 erros de fundamentos logo na primeira rodada, imagino ao final…
Lamentável e constrangedor, vendo que uma liga séria se deixa levar para um caminho que rigorosamente levará a…nada!
Espero que seu papel se modifique mais adiante com a criação da Liga de acesso, com equipes estruturadas e adultas, deixando para a CBB o verdadeiro papel de organizar competições da base, assim como delinear as diretrizes de sua formação, claro, se forem capazes… Esses são os verdadeiros papéis de cada uma, pois o que ai está se fundamenta num principio equivocado e improdutivo, e que bem reflete as diretrizes emanadas de uma ENTB mais equivocada ainda.
Um abraço, José.
Paulo Murilo.
Professor! Fico muito triste em saber de tais questões tão sórdidas podem estar por traz interesses pessoais de pessoas que tentam levar vantagem em tudo em nosso país. É uma pena que tal conhecimento sobre basquete não esteja sendo absorvido por todos que gostam e vivenciam o nosso basquete. Mas reafirmo seu trabalho no Saldanha foi muito bom, deixou muitas marcas e conceitos muito positivos.
TE FAÇO UM PEDIDO, SE POSSÍVEL FOR, FAZER UMA SERIE DE ARTIGOS SOBRE TREINAMENTO.
Um abraço de um grande fá seu
Luciano Ramos
Prezado Luciano, agradeço seu reconhecimento a um bom e honesto trabalho, e prometo atender seu pedido publicando uma série sobre treinamento para muito breve. Obrigado por sua audiência.
Um abraço, Paulo Murilo.