A INJUSTA AUSÊNCIA…

Dentro de poucas horas se inicia o NBB6, e a mídia especializada nos inunda de previsões, sobre os jogadores experientes que consideram os expoentes da liga (aqui ) (aqui), os jovens prospectos (aqui), os técnicos (aqui), e as equipes em geral, opinando com a insuspeitada desenvoltura de técnicos de ponta, com anos, décadas de labuta, quando na realidade o mais idoso deles não ultrapassa os 30 anos, demonstração eloquente do quanto conhecem e dominam os meandros do basquetebol, deixando no ar a certeza de que, pelo menos eu, nada ou pouco sei sobre o grande jogo, no caso, pequeno para mim…

Mas esquecem um sutil pormenor, ou melhor, o omitem, o de nenhum deles ter experimentado, por um dia que fosse , o mister de tê-lo ensinado, detalhando seus mistérios a jovens ansiosos em aprendê-lo, amá-lo, assim como quando adultos, orientando e liderando-os nos bastidores do treinamento, no campo de luta, dividindo o amargor das derrotas e o suave e tenro sabor das vitórias, ambos os sentimentos indissociáveis entre si, pois dependentes e intrínsecos desde sempre, fatores absolutamente essenciais ao pleno conhecimento de uma modalidade ímpar, especial no campo desportivo, e que transcende o simples oficio de opinar, prever, determinar, condicionar uma opinião pública sedenta de paixões e necessitada de respostas que as preencham ao preço que for, inclusive alguns deles…

Por tudo isso, me sinto no direito de incluir algo que vem faltando desde o NBB2, tendo inclusive lançado à luz daquela fugaz, porém poderosa experiência em Vitória, um desafio público aos técnicos, para que os mesmos evoluíssem em direção ao novo, ao inusitado, ao corajoso caminho que pudesse nos soerguer da mesmice endêmica que tanto nos empobrece e coisifica, mas  pouca coisa acrescentaram ao jogo, inclusive os estrangeiros contratados a peso de ouro, numa repetição incoerente e assustadora.

E esse algo vem precedido de uma dolorosa evidência, fruto do desconhecimento técnico e tático sobre a proposta posta em prática por aquela equipe, nas condições adversas a que foi submetida, e sem a mais absoluta oportunidade de continuidade no NBB3, NBB4 e 5, pois de forma alguma foi permitida a sua continuidade, a começar pela minha própria na liga, mesmo em equipes da LDB, ou qualquer outra ascendente à mesma.

Portanto, exceto o Rafael, que está agregado ao Goiânia na condição de reserva na armação, nenhum dos jogadores daquela equipe do Saldanha da Gama disputará o NBB6, num desperdício injustificável e absurdo, o que me faz apontá-los como os grandes ausentes dessa competição, e somente sinto não poder ter cumprido a promessa de treinar e liderá-los na equipe que se propusesse a enfrentar aquele que teria sido o grande desafio dentro da LNB, o de terem a oportunidade de disputar juntos uma competição com principio, meio e fim, sobraçando um sistema de jogo proprietário e inovador, num duelo justo e limpo ante o sistema único que nos impuseram desde sempre.

Sei que não tenho procuração de nenhum daqueles jogadores para defender essa tese, mas mesmo assim ouso fazê-lo por uma simples e consciente razão, a de que sempre acreditei num sistema diferenciado, num sistema que unisse ideias e criatividade, enfim, que fosse o espelho de um grupo unido, amigo e comprometido com o verdadeiro espírito do grande jogo.

Perdoem-me todos vocês, mas não pude, nem me foi permitido concluir o nosso sacrificado e corajoso trabalho. Sei o quanto vocês são bons e formidáveis jogadores e seres humanos, pena que os que decidem e administram sejam tão cegos e insensíveis, talvez por não gostarem, por não compreenderem, o verdadeiro significado do que venha a ser uma equipe de verdade, do que venha a ser o grande jogo.

Amém.

Foto – Equipe do Saldanha da Gama no NBB2. Clique na mesma para ampliá-la.

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2 comentários

  1. Vinicius Furia Vermelha 25.11.2013

    é professor, estava lembrando do senhor, do saldanha, meus olhos enchem de lágrima, que saudade daquela torcida, daquele ginasio cheio, daquela alegria que o senhor nos proporcionou,pegou um time desacreditado, e implantou suas táticas sensacionais, todos viam que tinha algo diferente ali, aquela equipe era diferente, jogava diferente dos ooutros times, nossa que alegria era ver aquilo, hoje não temos mais o saldanha, mas naquele grupo de amigos de ginasio que continua até hoje, o senhor é lembrado e extremamente querido por nós, uma pena que o projeto não continuou, uma pena que por pura politicagem o senhor não tem a chance de mostrar seu fenomenal trabalho, mas enfim, um grande abraço da torcida fúria, e muito sucesso na sua vida!

  2. Basquete Brasil 25.11.2013

    Prezado Vinicius, você não imagina como me toca um comentário como esse, autêntico e profundamente honesto, ao qual agradeço de coração.
    Bem sei o quanto aprendi nessa sua bela Vitória, junto a jogadores realmente sensacionais, uma comissão técnica humilde e competente no mais alto grau, de uma torcida alegre e barulhenta, porém respeitosa e participativa, torcendo esportivamente e não cobrando o que não poderia ser feito dentro das possibilidades da equipe. Também não posso esquecer o apoio que recebi do Dr.Alarico, com sua imensa vontade de acertar, mas que não acreditou na continuidade do projeto, infelizmente.
    Enfim, ficam as imensas lembranças de uma etapa determinante em minha vida, e as saudades de um tempo imorredouro, creio que para todos nós.
    Um abraço a você e à torcida Fúria Vermelha.
    Paulo Murilo.

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