Na mais completa ausência de assunto sério a comentar e discutir em se tratando de basquetebol brasileiro no momento, e às vésperas de enfrentarmos um Mundial masculino de responsa, retorno e sugiro a leitura desse artigo publicado em 2/8/16 – O precioso tempo perdido – com um único comentário feito por mim mesmo, como um repto, mais um, que lanço aos estrategistas das franquias tupiniquins, esperando não esfumaçar seus miolos voltados ao indefectível, retrógrado e covarde sistema único que tanto nos atrasa e humilha no concerto internacional, noves fora o absurdo acréscimo nos erros dos fundamentos básicos do jogo (vide a LDB recém iniciada), desde as categorias de base até a propalada e marqueteada elite do grande jogo nacional.
Foi dada a partida para os trabalhos da seleção feminina que irá disputar os Jogos Pan Americanos em Lima, que conforme a matéria abaixo publicada no site da CBB, contará com o mais avançado conceito de preparo de uma seleção que podemos desenvolver, iniciando com a marca registrada dos responsáveis pelas seleções nacionais nos últimos 20 anos, e para tal atentem no último parágrafo da matéria:
Preparação física é um dos trunfos da Seleção Feminina para os Jogos Pan-Americanos
Iniciando um novo ciclo, a Seleção Brasileira Adulta Feminina disputará a 18ª edição dos Jogos Pan-Americanos, de 26 de julho a 11 de agosto, em Lima, no Peru. E para chegar 100% nesta competição, o preparador físico, Diego Falcão, elaborou um planejamento detalhado para uniformizar a condição física das atletas.
“Iniciamos com a anamnese, que é um questionário que fazemos para entender a história de vida esportiva de cada jogadora. Em seguida, passamos pela avaliação corporal, para saber como anda o percentual de gordura e o peso. Até o fim da semana, a gente termina com esse período de testes funcionais, que trabalha bastante a parte muscular e a funcionalidade do corpo, chamado de teste FMS (Triagem Funcional do Movimento), que tem a função de avaliar os movimentos. Porém, agora é focar no treinamento específico e ver como elas se comportam em quadra”, explicou Falcão.
“Com essas avaliações conseguimos ter uma orientação do que devemos otimizar de trabalho para essas jogadoras, direcionando esse aperfeiçoamento físico para buscar o estágio ideal de treinamento”, acrescentou o preparador físico.
Segundo Falcão, os dois primeiros dias de preparação foram extremamente importantes.
“Conseguimos de uma forma individual elaborar o treinamento das atletas, potencializar suas deficiências e aprimorar o que a gente necessita para uma competição como os Jogos Pan-Americanos”, complementou.
De acordo com o técnico José Neto, as atletas chegarão melhores fisicamente, pois a maioria estava jogando a LBF recentemente com seus clubes, o que será fundamental para o melhor desenvolvimento da parte técnica.
“Nesse primeiro momento nós enfatizaremos a implementação da metodologia. É importante elas entenderem o processo de trabalho e como iremos jogar. Então priorizamos os conceitos do jogo ofensivo e defensivo, adicionando a parte física nesse conteúdo. Isso é um início de um processo. Além do Pan-Americano temos ainda este ano a AmeriCup e o Pré-Olímpico das Américas, explicou o treinador”.
Trocando em miúdos (e põe miúdos nisso…), “conceitos do jogo ofensivo e defensivo, adicionando a parte física nesse conteúdo”, será o início de um processo, ou seja, pela enésima vez os sistemas de jogo, ofensivo e defensivo, acrescidos de uma “científica preparação física”, onde as jogadoras irão correr, saltar e trombar com mais potência do que seu usual comportamento, agregarão a seleção o componente que julgam ser o mais importante para o soerguimento do basquetebol feminino, esquecendo, ou omitindo, porém, que a fragilidade brutal das jogadoras se refere a inabilidade e conhecimento dos fundamentos mais básicos do jogo, no drible, passes, fintas, rebotes, arremessos, posicionamento e aplicação defensiva, entre outros, que as tornam incapazes de desenvolver, com um mínimo de eficiência, os propalados conceitos sistêmicos de jogo, com que serão bombardeadas sem terem condições técnicas de executá-los, ainda mais quando exigidas através de uma midiática prancheta, como se a mesma fosse capaz de suprir suas fundamentais deficiências…
Que tal, neste momento de retomada, largar de mão tais ciênticifismos com perda preciosa de tempo, trocando-os por uma imersão vigorosa e exaustiva no treinamento e preparo nos fundamentos individuais e coletivos, que por si só, se razoavelmente aprendidos, ou melhor, apreendidos, dotaria as jogadoras de um instrumental técnico que as fariam razoavelmente competentes ao enfrentamento de seleções mais bem supridas dos mesmos, no que se constitui no sistema primal do grande jogo…
Claro, as conceituações das mais altas e complexas táticas ofensivas e defensivas, que fazem parte do inseparável arsenal dos galardoados “grandes técnicos” do basquetebol nacional, seriam inicial e estrategicamente substituídas pelo básico conhecimento e aplicação dos sempre minimizados fundamentos, sem os quais nada de realmente tático possa ser praticado. Mas para tanto, uma dose de humildade, aliada a um substancial e poderoso conhecimento e pleno domínio da arte do treinamento básico (básico – o começo, o alicerce de tudo…), sempre será o caminho a ser percorrido, não esquecendo nunca que, fundamentos bem treinados e exigidos a fundo, são, incomensuravelmente mais efetivos e vantajosos do que testes científicos, metodologias e puxação de ferro, modismos que ajudaram a lançar para trás o grande jogo, retirando de nossos jovens a criatividade advinda do conhecimento e amor pelo jogo e seus fundamentos, e inibindo sua capacidade de pensá-lo como deveria desde sempre, jogando-o com absoluto conhecimento de suas qualidades e limitações a serem dirimidas com muito trabalho, suor e dedicação, para mais adiante pensarem em sistemas e táticas mirabolantes, predicados jamais substituídos por uma prosaica e ridícula prancheta..
Quatro pivôs maduros e um em formação completam uma convocação que esnoba o pivô MVP do NBB, um talentoso e alto ala do Franca muito melhor do que alguns que lá estão, e dois ou três realmente bons armadores esquecidos por não competirem com as grifes hereditárias de sempre…
No entanto, não podemos duvidar que, para o padrão formatado e padronizado do basquetebol tupiniquim, com seu inenarrável sistema único, e artilharia concentrada nos 3 pontos, foi uma convocação a altura do que jogamos por aqui, mesmo porque a turma agregada a NBA muito pouco influenciará pela diminuta minutagem e consequente vivência e influência prática de jogo nas equipes a que pertencem, não fossem os mesmos um investimento nos interesses midiáticos e comerciais da matriz aqui na colônia, avidamente disputado pelo corporativismo que se apossou dele, pela disputa de suas migalhas disputadas a tapa…
Sabedor apriorístico do que nos espera, salvo um milagre transformista do croata, invertendo e torcendo pelo avesso nossa triste forma de jogar, inovando radicalmente sistemas de atacar e defender no grande jogo, o que duvido de mãos postas, torço intensamente estar equivocado, e que num relance majestoso e triunfante saiamos do infame fosso técnico tático em que nos encontramos desde muito e muito tempo. Mas como disse antes, duvido, pois como dizia a doce e lúcida D.Adá, minha inesquecível mãe – Quem faz um cesto, faz um cento – …
Continuando a desdita, sugiro que leiam o artigo a seguir: Junho de derrotas acende sinal de alerta no basquete brasileiro, e CBB diz: “Pagando o preço” …
Se leram, puderam observar que todas as circunstâncias são explicitadas, menos a de mais e determinante importância, a técnica, isso mesmo e com todas as letras em negrito, A TÉCNICA…
E pela enésima e insistente vez, afirmo indignado que o grande jogo vem sendo de mais de vinte anos para cá, vítima e permanente refém de um corporativismo que se apossou das seleções de base com seus métodos, conceitos e sistemas da pior qualidade, mal copiados e coercitivamente impostos visando as seleções adultas, sedimentando um nicho de interesses, trocas e escambos políticos junto a federações e a confederação também, assim como a LNB, onde o mérito profissional é preterido pela mesmice endêmica que asfixia toda e qualquer tentativa de evolução técnico tática, inclusive na formação de base, onde “peneiras” são promovidas para que uns poucos usufruam do trabalho de formação de descartáveis professores e técnicos colegiais e de pequenos clubes e associações, pré profissionalizando jovens, e incrementando currículos em nome de uma forma absolutamente equivocada de jogar o grande jogo, canhestramente copiado dos grandes centros internacionais, sem um mínimo de pudor em adaptá-los à nossa realidade de país educacional e culturalmente pobre, que pela sua grandeza territorial e multi racial mereceria uma orientação justa e honesta, qualificada e equalizada pelo mérito profissional, jamais pelo apelo do infame e permanentemente presente QI…
Temos em nosso imenso, desigual e injusto país belas cabeças pensantes do grande jogo, infeliz e politicamente defenestradas pela corriola que o infesta com seus “métodos científicos”, com seus dogmas de araque, mas que colam, e vem colando a algumas décadas, descendo a íngreme ladeira da história, uma história derrotista e profundamente triste, a não mais poder…
Mudar? para que, se…
Paro por aqui.
Amém.
Em tempo – Acabamos de perder mais uma vez para os argentinos no sul americano sub 14 masculino, pois infelizmente não pudemos contar com o Felipe Motta que subiu de idade, depois de nos presentear com seus mais de 50% dos pontos no sub 14 e sub 15 do ano passado, sendo o MVP nas duas competições, sendo o único jogador nascido e formado no trabalho italiano de base. Sintomático, não? PM.
Publiquei a 14 anos, e o que mudou de lá para cá quanto aos fundamentos e o comportamento de nossos extraordinários e talentosos estrategistas? Pequenos avanços, como a dupla armação e a utilização de alas pivôs mais atléticos, ágeis e flexíveis foram implementados por sugestão de quem mesmo? Se interesse houver, leiam e reflitam sobre o grande jogo em nosso imenso, injusto e desigual país.