12 HORAS DEPOIS…
Ato contínuo à vitoria contra a fraca equipe mexicana, e os arautos renascidos da secreta reunião de Las Vegas, onde somente os jogadores participaram, vêm através da imprensa ( O Globo de hoje) externarem opiniões personalistas, em assuntos, que no mínimo, pertenceriam aos membros da comissão técnica em seu pleno direito de comando, já em muito arranhado pela não participação na referida e divulgada reunião.Eis o que foi publicado : “Um dos destaques da vitória, o pivô Nenê, com 17 pontos, disse que depois da derrota para Porto Rico o elenco conversou e se acertou. O pivô do Denver Nuggets acrescentou que os jogadores atuaram como equipe contra o México, ao contrário do que ocorrera na humilhante apresentação da véspera. Para o ala Guilherme, existe a possibilidade de a comissão técnica poupar alguns atletas, hoje, contra a Argentina, pensando no Uruguai : -Vamos entrar para ganhar da Argentina, mas cabe à comissão técnica saber quem vai usar, se pode fazer rotação maior e poupar para a decisão com o Uruguai. Se corrermos na mesma direção, fica mais fácil ser um time vencedor”.
Num dos trechos da ótima coluna da jornalista Mirian Leitão nesse mesmo jornal podemos ler : “Os escorregadios caminhos da mente produzem frases reveladoras, já explicou Freud” , definindo o ardil psicológico que assalta certas declarações de homens públicos.
Jogadores de seleções nacionais também são homens públicos, com imensa audiência e decisiva influência junto à opinião pública, principalmente aquela que os tem e adotam como referências e exemplos a serem seguidos em suas declarações e atos. Por estes motivos é que tais declarações e posições tomadas em reunião secreta de jogadores, óbviamente repassadas à comissão técnica, com imediatas modificações de critérios nas escalações da equipe e em seu modo de atuar, é que calam fundo na desconfiança de que os preceitos indiscutíveis de comando foram irremediavelmente corrompidos pela aceitação incondicional do que foi consensual na decisão dos que deveriam se manter como comandados. Um dia antes, num jogo do Uruguai, um dos pivôs se insurgiu violentamente contra seu técnico, atitude agressiva documentada pela transmissão de TV, e que teve uma interpretação esclarecedora da realidade que se espraiou no seio da comunidade profissional do basquete sul-americano, por parte de um dos técnicos –comentaristas da SPORTV, defendendo o ponto de vista de que tal e agressiva atitude de um jogador contra seu técnico, deveria ser levada como “natural no ardor da disputa, e que o técnico ofendido publicamente em sua autoridade deveria relevar com amor tão agressiva atitude, enaltecendo a grandiosidade do perdão”. Ao final da partida, em seu quarto final, retornou triunfante o grosseiro e violento jogador, ante a passiva e condescendente conivência de seu técnico, numa decisão que o desqualifica como líder de um grupo que se pressupõe ligado e amalgamado por preceitos de disciplina e educação desportiva.
Temo pela evolução de tantas e negativas influências que vicejam no sentido inverso do espectro social, onde participantes de um pacto coletivista, sob a égide de um comando aceito à priori por todos, se insurge contra o mesmo, fazendo-o refém de uma decisão majoritária, liderada por aqueles participantes que jamais deveriam exercê-la de pleno direito, os jogadores, ainda mais quando tais decisões e posicionamentos são tomadas à revelia de quem de direito, a comissão técnica. Imposição de uns, e aceitação de outros, o eterno embate entre o certo e o errado, o positivo e o negativo, o vitorioso e o irremediavelmente derrotado, que no frigir dos ovos representa a derrota de todos nós, que por vários caminhos e estradas da vida aprendemos um dia o valor e respeito à ética social. Rompidos tais preceitos, pouco ou nada de saudáveis e transparentes objetivos comuns poderão ser alcançados, a não ser aqueles envoltos pela neblina e pela escuridão do que de pior pode aflorar no seio de uma equipe, a inversão de valores.
Anseio que se façam claras e transparentes as importantes e decisivas decisões e definições a serem estabelecidas daqui para diante, único caminho a ser trilhado em busca do bem comum, a classificação olímpica, obedecidos , e que se farão necessários, os princípios da ordem e de comando, sem os quais imperará o caos e o desrespeito. Amém.