UM POUCO DE MIM (DESDE 1960)…

IMG_0130-002OLYMPUS DIGITAL CAMERAIMG_0139IMG_0126IMG_0237IMG_0127IMG_0125BWEquipeDF1IMG_0124IMG_0114IMG_0116IMG_0123aIMG_2215DSCN0077_MG_9255_002P1010108P1010033

Um pouco de mim desde a década de sessenta aos dias atuais, respondendo

a alguns que negam e tentam denigrir o meu humilde trabalho, na formação

de base, em seleções, masculinas e femininas, até as primeiras divisões,

além das palestras e conferências internacionais, formulação e fundação de

associações de técnicos, e divulgação de técnicas e discussões sobre o grande

jogo através esse blog nos últimos doze anos, concomitante a uma

carreira acadêmica em todos os níveis de escolaridade, culminando no ensino

superior na UFRJ, UFF, UERJ, Castelo Branco e FMH/Lisboa. Foi o que pude

meritóriamente realizar em mais de 55 anos de profícuo e sacrificado trabalho pela

educação do nosso imenso, desigual e mal tratado país.

Pois bem, apesar de também ser jornalista formado, e ser editor deste blog, sequer recebi

uma resposta ao pedido de credenciamento às finais do NBB8, numa atitude incompreensível

da liga e do comitê de imprensa do CR Flamengo, mesmo comportamento adotado pelo COB a

respeito da Rio 2016. Triste e lamentável. Mas essa trincheira continuará de pé, queiram ou não…

 

Amém.

Fotos  Arquivo pessoal. Clique nas mesmas para ampliá-las.

 

DEVAGAR, QUASE PARANDO…

OLYMPUS DIGITAL CAMERA

 

Tirei mais um tempo, afinal o que poderia escrever, expor, discutir, argumentar, contrargumentar, exemplificar, talvez, quem sabe, ensinar o pouco que sei, o muito pouco que amealhei em tantas décadas de dedicação ao magistério, à técnica, à competição, ao entendimento do grande jogo, onde aprendi mais do que ensinei desde sempre…

Devagar, muito devagar foi se desvanecendo a ardorosa áurea que me deslumbrou por tanto tempo, me levando a caminhos ásperos, tortuosos e imensamente sacrificados ao encontro de um saber que muito poucos aceitam, admitem, sequer se interessam, numa realidade onde o consumo imediatista, midiático e superficial, se impõe acima de valores  tão esquecidos, como o mérito, a competência, o talento, a entrega, o comprometimento indissolúvel com o processo educacional, base estrutural da cultura de um povo, na vida, no estudo, nas artes, no esporte…

Como aos 76 anos de laboriosa vida, mas ainda saudável, lúcido e coerente com meus valores, poderia ir de encontro a essa realidade artificial e  lúdica que paira sobre o grande jogo, iludido com as benesses comerciais, circenses, exibicionistas, porém afastada do cerne fundamental para sua exequibilidade como desporto de alta competição, somente plausível com um projeto de base estruturado e factível dentro de nossa parca realidade, assim como a propriedade de novos sistemas de jogo, audazes, corajosos, inovadores, única oportunidade que temos de reconquistar e soerguer a modalidade em nosso país? …

Dias atrás, o comentarista do sportv mencionou o meu nome como o introdutor de um sistema de dupla armação e três pivôs, aplicado no NBB2 pela equipe do Vitória (na realidade foi no Saldanha da Gama), e que não me foi dada a oportunidade de sedimentá-lo, no que talvez acelerasse o seu entendimento, que hoje, no NBB8 é aplicado de forma superficial, com algum sucesso, por equipes do mesmo, seis anos após sua corajosa introdução na maior liga do grande jogo no país. O comentarista Renato do sportv e o jornalista Giancarlo Gianpietro do blog Vinte Um, foram os únicos até hoje a comentarem sobre minhas tentativas de atualizar taticamente o basquete nacional, uma luta que somente me obsequiou dirigir onze partidas no NBB2…

Mesmo defenestrado, continuei a peroração neste blog, inatingível pelo corporativismo existente, para sua aplicabilidade, como algo que poderia sacar a modalidade do limbo que a impuseram com o sistema único, com seus chifres e punhos canhestros, de uma pobreza técnico tática autofágica profundamente lamentável e retrógrada, originando em seu bojo a inefável sangria das bolinhas de três, onde dez de cada doze jogadores de uma equipe se acham especialistas nas mesmas…

E o mais emblemático, lamentável e comprometedor aspecto, a vitrine das midiáticas pranchetas, onde a maioria dos estrategistas as utilizam através apresentações risíveis e patéticas, à cores e HD, num pretensioso domínio estratégico de um jogo que vai muito além, muito além mesmo de suas arrogantes e vazias demonstrações…

Hoje, frente a uma realidade cada vez mais aceita internacionalmente, a qual ousei aplicar  seis anos atrás depois de a desenvolver por mais de quarenta anos, correm todos estabanadamente na busca do primado vencedor, somente esquecendo, ou melhor, suprimindo por ignorância o como fazer dois armadores e três pivôs agirem, interagirem, fluindo em uníssono, no ataque e na defesa, criando e improvisando em torno de um tema em comum, arte de quem conhece as bases e os fundamentos didático pedagógicos para a consecussão de um projeto de tal envergadura, e não tão somente escalando dois armadores e três pivôs, distribuindo-os nas controladas e estanques jogadas do sistema único, onde chifrar é o tema a ser seguido coercitivamente, senão…banco!

Devagar, quase parando é como me sinto, triste de não poder participar de um processo pelo qual dediquei toda uma vida, todo um ideário no âmago do grande, grandíssimo jogo. Mas de vez em quando analisarei algum jogo, desenvolverei alguns artigos técnicos, comentarei assuntos inerentes à profissão, quem sabe atingindo os 1500 artigos publicados nos últimos doze anos de existência dessa democrática e inexpugnável trincheira, humilde trincheira…

Amém.

Foto – Última equipe que dirigi na Supercopa, Cabo Frio, sozinho com oito jogadores, e ainda vítima de calote. Clique na mesma para ampliá-la.

 

MUDOU O JOGO, OU…

Heat vs. Warriorssailors_242013-002165058_b_ball_Naismith355x325-001

(…) o basquete não pode ser dividido, fatiado. Você avalia se um atleta é bom pelo que ele produz dos dois lados da quadra, tira a média e pronto.(…), trecho de uma postagem do Fabio Balassiano justificando a desigualdade ofensiva e defensiva do Huertas agora no Lakers.

Desculpe o jornalista, mas o “não pode ser dividido, fatiado” é premissa severamente discutível, pois o basquete tem de ser dividido, é dividido em ações defensivas, fatiadas em individuais e coletivas, da mesma forma que as ofensivas, inclusive para ser ensinado, basicamente fundamentadas na premissa primordial, de que se trata de um jogo coletivo de ataques e defesas, no qual indivíduos bem preparados, treinados, se defrontam física, mental e psiquícamente em busca de um resultado que, ai sim, refletirá suas prestações nos dois lados da quadra, que quanto  mais equânimes técnica e taticamente forem, mais se aproximarão de um desfecho favorável, e onde tiradas de médias produtivas individuais falsearão o resultado almejado, quando um ou dois elementos bons “lá na frente” e medíocres, falhos “atrás”, jamais serão compensados pelos seus companheiros, por melhores que sejam. Técnicos de alta qualidade (mesmo…) sabem muito bem tirar partido dessas desencontradas médias, como estamos fartos de testemunhar quando os enfrentamos na alta, verdadeiramente alta competição, ponto…

Um outro comentário do Marcel em seu blog, descortina um pouco do que vem ocorrendo com a influência Curry na NBA, e no mundo, por que não, valendo muito seu testemunho de grande arremessador que foi:

(…)Esse negócio do Curry chutar com 43% de mais de 8 metros de distância é o que os norte-americanos chamam de “curve ball”, ou seja, alguma coisa que ninguém estava esperando.

Stephen, que já estava fazendo das suas na temporada passada, nesta realmente pegou todo mundo com as calças nas mãos.

Muita gente me pergunta se ele trouxe de volta o basquete “de um passe e um arremesso” que minha geração perpetrou com vantagens inusitadas.

Um certo revanchismo pairou no ar, mas não é nada disso. Curry criou um novo jogo.

O basquete tinha virado um esporte de isolamento, com jogadores altamente especializados.

Uns controlavam o jogo e mantinham a posse de bola até o último instante.

Outros, especializados no P&R, passavam o tempo todo a procurar alguém para fazer um corta-luz.

Reboteiros nascidos assim, pouco se importavam com outra coisa senão irem atrás da bola assim que ela fosse arremessada.

Tudo isso regado a jogadas e sistemas que mais que valorizarem, justificavam essas especialidades. Ao passar a linha de meio campo e se tornar uma ameaça real à defesa, Curry abre o campo e facilita o sistema de jogo de sua equipe, além deixar a defesa adversária sem opção “estudada” previamente.

Sim, afirmo e pergunto: Como defender um jogador assim? A NBA se especializou em buscar jogadores com físico privilegiado e especializá-los em alguma das categorias já citadas acima.

Curry não é nada disso.

Quem vence manda.(…)

Bem, cabe aqui algumas reflexões, a começar pelo fato inconteste de que retrata em detalhes o sistema único que tanto reprovo, repetitiva e incansavelmente reprovo, mas ressalvo que os fatos apontados na armação prolongada, a busca incessante dos picks, a ação lixeira dos reboteiros na busca das sobras dos arremessadores, ah, os arremessadores, os longos arremessos, que ele próprio confessa ter pertencido a uma geração que os “perpetrou com vantagens inusitadas”, são frutos de uma formação de base, após esse período que vivenciou,  pecando exatamente pela especialização, onde, por exemplo, um(a) adolescente de elevada estatura era restrito(a) aos rebotes e sobras, situação que enriqueceu muito currículo daqueles que mais tarde vieram a dirigir a elite, que sempre foi seu objetivo, salarial inclusive, do que formação de base, trabalhosa e que exigia, exige e sempre exigirá muito estudo, pesquisa, árduo trabalho e, acima de tudo, talento e competência…

O Curry, parece que vem reabilitar o “passe e um arremesso”, no que discordo, pois domina uma arte precisa e sofisticada, que inclusive comentei aqui recentemente, arte essa restrita a uns poucos, muito poucos, e que foi exercida com brilhantismo pelo comentarista, hoje também na TV, mas que infelizmente está adotando o comportamento festeiro da turma midiática, que nada acrescentará de realmente importante e decisivo ao grande jogo nesse terrível estágio em que se encontra, a continuar nesse caminho…

E foi indisfarçável o constrangimento nos comentários da turma do Sportv durante a derrota do Warriors para o Lakers, onde o Curry foi correta e severamente marcado, com um defensor fungando em seu cangote por todo o tempo, demonstrando que “toda evolução ofensiva gera sempre outra defensiva”, fator primordial ao progresso do grande jogo, em todo o lugar em que for praticado com dedicação e comprometimento mesmo entre equipes em pontas opostas na tabela…

Um outro exemplo defensivo contra a artilharia exterior foi a derrota inconteste do gatão(30 anos?…) LeBron para a “esfacelada equipe dos Grizzlies,  “onde defender dentro e fora do perímetro se fez presente por toda a partida, provando que contestação enérgica limita em muito a sede pelos longos arremessos, remetendo para dentro do perímetro a decisão de uma partida equilibrada, exemplo que é muito pouco levado a sério em nosso país, onde a cada dia que passa mais especialistas “lá de fora” aparecem, sob o amparo dos estrategistas em permanente plantão, senão vejamos:

Como analisar por qualquer parâmetro que se escolha um jogo tido como “brilhante, empolgante, altamente técnico”, como o disputado entre Mogi e Brasilia quando foram disparados 68 (68!!!) arremessos de 3 (8/38 para Mogi e 10/30 para Brasilia), contra 23/39 de 3, e 16/32 de 2 respectivamente, e 31 erros de fundamentos (11/20), numa inconcebível autofagia de bolinhas irresponsáveis, mas que foi decidido por um jogador atuando “dentro” do perímetro no quarto final, como respondendo positivamente à insânia que se instalou nos três quartos anteriores, inclusive por ele mesmo com seus 1 / 6 arremessos de três, e que bem espelha a formação de base que a maioria dos jogadores tiveram, equivocada e profundamente falha, onde a convergência toma ares de uma catástrofe que poderá nos criar grandes problemas na olimpíada caseira, Shamell venceu o jogo num momento de clarividência, atuando em oposição ao que ele e sua equipe vinham fazendo, assim como seu adversário, numa “chutação” desenfreada que surpreendia até o comentarista da TV, o emblemático Marcel…

Enfim, foi uma semana repleta de “causos”, nem sempre agradáveis, mas que elucidam, aos poucos, a real situação em que nos encontramos, uma profunda fenda nos separando de uma história rica em conquistas, a uma realidade ambígua e descerebrada, fruto de um corporativismo , que a ser continuado, sem dúvida alguma, nos levará para bem mais fundo de um poço que parece não ter fim, não só pelo nefasto e perene aspecto administrativo, mas muito, muitíssimo mais pelo aspecto técnico, responsável direto por tudo que aí está graniticamente implantado…

Temos saída? Somente se implantarmos didaticamente uma profunda reforma no ensino do grande jogo na formação de base, orientado e gerido por quem realmente domina as sutis nuances do mesmo, por quem domina a arte do ensinar a ensinar, criativa e democraticamente falando, para num médio longo prazo alcançarmos um patamar de excelência que nos permita voltar ao que eramos, ao que sempre fomos, e não esse pastiche que nos afoga e denigre…

O Curry não mudou o jogo, assim como Jordan e LeBron não o fizeram, honra esta somente estabelecida por Hank Luizetti da Stanford University, que em 1936 mudou o jogo por completo ao incluir o Jump Shot em sua história. Jordan e LeBron, e agora Curry somente expuseram maravilhosas técnicas e habilidades, mas que jamais alteraram as básicas regras iniciadas e implantadas por Naismith em Sprigfield no inverno de 1891. Luizetti foi a única exceção.

Amém.

Fotos – Reprodução da TV, e do Wilkpedia. Clique nas mesmas para ampliá-las.

ANDREA…

Um pouco da arte da minha filha, como bailarina, professora e coreógrafa Andrea Raw, no Dia Internacional da Mulher:

 

 

HD Videos – Paulo Murilo

TER RAZÃO, O QUE IMPORTA?…

P1010118

Publiquei este artigo em 2009, e nenhum comentário foi postado, o que não me surpreendeu nem um pouco, pois se tratava de algo nada relevante para o mundo do basquete que se praticava na época. Passaram sete anos e o republico agora, para quem sabe, ser alvo de algum comentário, ou depoimento sobre aquele algo que hoje se impõe na maioria das equipes do NBB, a dupla armação e a reavaliação e reposicionamento dos homens altos no perímetro interno. Claro que pouco, muito pouco espero, mas quem sabe…

 

DA ARTE DE SER CHATO…

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009 por Paulo MuriloSem comentarios

Que semana meus deuses, não bastassem as tristes noticias de falecimentos que nos levaram a Michelle e o Adilson, enchendo de tristeza todos os basqueteiros, ainda temos de suportar as cartas marcadas da próxima eleição da CBB, quando tudo ficará como agora, pois os candidatos são compadres de longuíssima data, e que darão gargalhadas( se é que já não as estão dando…) ao final de um pleito viciado e vicioso, onde a termo “mudanças” causa calafrios aos mesmos só em mencioná-lo.

Some-se a esta realidade a outra, mais evidente, da continuidade da mesmice técnico tática que vigorou, vigora e vigorará por ainda um longo tempo em nossas equipes ditas de elite, e suas influências capitais nas divisões de base, para as quais servem de espelho. E para sustentar um pouco tão preocupante quadro, me reporto a um comentário do leitor que se assina Do Sul sobre o artigo Déjà vue, publicado na semana passada aqui no blog:

·Do sulToday·

“Tu é chato hein Professor. Só sabe falar na tal de dupla armação. Baby fazendo 28 contra o minas e tu metendo o pau e dizendo que o grande negócio é jogar com dois armadores. De que adianta dois armadores se a maioria dos times não conseguem ter um que cumpra seu papel com louvor.Veja os armadores do pinheiros,veja o armador americano do bauro… Em certos momentos parece que o senhor que acabar com a posição número 5.Não é esse o caminho”.

Como vemos nesse comentário , em muitos artigos em blogs e na imprensa, e mesmo nas opiniões de analistas televisivos, sem contar com a opinião maciça da garotada, já que imposta pela maioria dos formadores de jovens praticantes, onde a onipresença do sistema único de jogo com sua nomenclatura posicional de 1 a 5, dão ao mesmo o rotulo de verdade absoluta dentro do contexto empobrecido e canhestro do nosso basquetebol.

No comentário, o fato do Baby ter marcado 28 pontos contra o Minas, caracteriza a vitoria do “cincão” dentro de um quadro técnico onde os mesmos, segundo muitos e muitos “entendidos” do grande jogo, são a base de uma equipe, onde os demais jogadores gravitam em torno do mesmo. Engraçada uma constatação, basicamente no jogo em questão, contra o Minas, onde o Baby, marcado infantilmente pelos dois pivôs adversários, o Murilo e o Alexandre, somente deslanchou na quadra quando os armadores Fred e Helio atuaram juntos, pois antes, o consagrado pivô se viu a frente de duas atiradeiras que se revezavam nas finalizações, os irmãos Machado. Com a dupla armação “de verdade”, as assistências ao mesmo se avolumaram, e se mais pontos não marcou foi pelo fato da enxurrada de arremesso de três pontos disparados por seus colegas, inclusive o outro ala pivô que o assessorava.

Como vemos, a equipe do Flamengo somente desenvolve seu jogo interior quando submetido à dupla armação, inclusive reforçando substancialmente seu sistema defensivo, principalmente nas dobras, o que não ocorre de forma alguma quando o jogo exterior é levado às raias do inimaginável pela  presença dos irmãos juntos. É uma constatação cristalina, e só lamento que os “entendidos” não vislumbrem essa realidade, a qual já se manifesta em outras equipes de primeiro nível, que melhorarão progressivamente no momento que nossos armadores sejam treinados convenientemente por quem realmente entenda de formação de jogadores, e não uma turma que pula de jogador para técnico ( sempre uma solução mais econômica para as equipes que se negam ao pagamento justo dos verdadeiros profissionais), e inclusive acessando seleções brasileiras de base. Por esse quadro devastador é que não prevejo muito sucesso aos nossos jovens selecionáveis, já que afastados das bases fundamentais e clássicas do jogo, aproximados e criminosamente integrados a sistemas técnico táticos que são de única e absurda propriedade de seus mentores e suas pranchetas mágicas, e para os quais sem a base e essência da técnica individual para assimilá-los, transforma-os em meros macacos de imitação, encordoados como marionetes de teatros mambembes.

Na atualidade do basquete mundial, e que antecedemos algumas décadas atrás, onde nosso maior jogador de todos os tempos percorreu todas as posições antes de se firmar como o magistral armador que foi, Amauri, hoje entronizado no Hall da Fama da FIBA, mostrou do alto de seus 1,90 m, o caminho da polivalencia técnica, que foi a grande arma do nosso basquete em suas conquistas históricas. O despertar dos Big Centers , com suas conotações guerreiras e de choque, além da variável étnica e racista, fatores que enchiam os ginásios dos irmãos do norte durante as três décadas de lutas pela igualdade racial, já encontram nos tempos atuais a contrapartida dos novos pivôs, mais altos, mais rápidos, atléticos e flexíveis, elementos físicos que os tornam mais adaptados às exigências dos fundamentos do jogo, praticando-os, que renascidos na Europa, encontram eco no país do basquetebol, que após os fracassos internacionais se renovam através a paciente catequização do grande Coach K., que provou essa evidência ao treinar e fazer jogar uma equipe vencedora olímpica sem a figura do anacrônico 5.

Quando preconizo com veemência a dupla armação, é pelo fato de que atuando desta forma não só o pivozão, mas como os outros integrantes da equipe, os quais denomino alas pivôs, terão a garantia de serem servidos continuamente no perímetro interno, e também servirem com maestria e inteligência àqueles realmente especialistas nos longos arremessos fora do perímetro, eliminando a figura centralizadora, e por isso mais facilmente controlada do pivô, e os arremessos tresloucados de pseudo especialistas dos três pontos, mais ainda facilmente marcados se levados com habilidade e técnica para dentro de uma zona de influencia, onde as trajetórias de seus arremessos ( que geralmente seguem uma norma repetitiva) possam ser alteradas e não bloqueadas. Alterar a trajetória de quaisquer arremessadores os tornam ineficientes e pouco produtivos ( Dica gratuita…). Aliás, os velhos, eficientes e formidáveis formadores de jovens de antanho dominavam estes fundamentos, que são de completo desconhecimento de muitos que se transformam em técnicos da noite para o dia.

Por tudo isto caro Do Sul (gostaria de tratá-lo pelo nome, mas pelo menos não foi um anônimo…), e muitos dos leitores que não aceitam alguns temas que abordo, mas confesso, sempre divergindo com educação e respeito, que não posso ser contra a posição 5, se ela simplesmente jamais existiu para mim e muitos dos técnicos, magníficos técnicos que conheci e convivi, e pela constatação , a cada dia de competições sérias internacionais, do desaparecimento irremediável desta figura criada à partir de uma setorização e especialização absurda, naqueles nichos retrógados e discutíveis dentro do carrossel chamado NBA.

Mas num aspecto você tem a mais absoluta razão, a de eu ser um cara chato, muito chato, ao abraçar sem limites uma luta pelo soerguimento do nosso basquete, principalmente quanto ao ensino massivo, responsável e serio dos fundamentos, sem os quais nossos jovens sequer aprenderiam a contar de 1 a 5, transformando-os em dias, semanas, meses, anos, e às vezes décadas, onde educação e esporte, de mãos juntas esculpiriam um caráter e uma vida produtiva. Obrigado pelo comentário, e desculpe se não o respondi a contento.

Amém.

Foto – O chato desde sempre…

 

 

 

JOGANDO A TOALHA?…

P1120720-001P1120890-001P1120891-001P1120896-001P1120898-001P1120899-001P1120900-001P1120901-001P1120902-001P1120903-001P1120904-001OO

 

 

Como  é Paulo, jogou a toalha? Quase um mês de silêncio numa hora em que muita coisa para lá de importante vem acontecendo? Desembucha cara…

Olha, seriamente pensei, e ainda penso, não de jogar a toalha, jamais o faria, jamais o fiz, mas me dar um tempo para cumprir um trato que fiz com meu filho basqueteiro, o André, designer desse humilde blog, de concluir um livro sobre histórias do grande jogo, com alguns artigos aqui publicados, e muitos outros inéditos, todos vividos e intensamente vivenciados por mim nos últimos cinquenta anos, dentro e fora das quadras…

Sim, você tem razão, muitas coisas importantes estão acontecendo, e outras mais importantes acontecerão nesse ano olímpico em nosso jardim (para os nossos visitantes), triste quintal para nossas irreais, equivocadas e arrogantes douradas aspirações, resultantes de uma mais irreal ainda pátria educadora…

Então, vamos lá – Foi num recente jogo pelo NBB, que o comentarista do SportTv, mencionava ser o novo técnico do CEUB um fan da dupla armação, fator preponderante em sua equipe, fazendo jogar dinamicamente seus três homens altos dentro do perímetro, decrescendo bastante o jogo externo com as temerárias  bolinhas, e exercendo uma fluidez de jogo a “la Warriors”, que é uma “tendência mundial”, claro, agora reconhecida e aceita por vir da matriz, quando por aqui mesmo, e já por um longo tempo o desenvolvi e empreguei na teoria e na prática, mas, sabe como é amigo, santo de casa… ainda mais sendo eu…

Seguindo, jogo das estrelas americano, que não assisto mesmo, exceto o desafio de habilidades, o único momento sério das festividades juntamente com a competição de arremessos, que me interesso em particular (falo sobre ele no próximo artigo) e que em  momento algum, sequer passa pela cabeça de ninguém, cabalar a disputa, por exemplo, nos dribles, bem ao contrario do que vem ocorrendo sistematicamente no desafio tupiniquim, cujo maior vencedor “cabulou” sempre que venceu. Analisem as fotos atentamente, e tirem suas conclusões. Espero que no desafio desse ano as coisas afeitas às regras melhorem, e haja justiça nos resultados…

Também na internet, um vídeo que muitos consideraram ser a “enterrada”mais impressionante do ano, feita por um jogador colegial, que se eleva no ar por duas vezes, passando com o tronco acima do aro e por cima, literalmente, de seu marcador, realmente numa cena que impressiona. Mas, se analisarmos detidamente a sequencia (observem as fotos), vemos que o esperto atacante, ao investir para a enterrada frontal, se depara com um defensor que, para se proteger do inevitável impacto, cruza firmemrnte os braços protegendo o plexo, e o encara. Nesse momento, o atacante situa sua perna no peito do defensor, travando o joelho na interseção da clavícula e do pescoço de seu oponente,fixando seu pé direito nos braços firmemente cruzados do mesmo, catapultando-se em pleno salto para um outro em pleno ar, dando a impressão de uma elevação bem acima dos padrões aceitáveis de impulsão, porém de forma absolutamente irregular e perigosamente faltosa, não punida pelos árbitros, mesmo estando o defensor fora do semicirculo abaixo da cesta, fator que sequer camuflou o expediente utilizado…

Uma última observação, o fato inconteste do teimoso reaparecimento, e em grande, das convergências, principalmente em equipes que ponteiam o campeonato, numa nítida constatação de que o vício dos longos arremessos, incentivados pela ausência consentida das defesas continuam numa dolorosa evidência, e num momento em que nossos mais representativos jogadores na liga maior atuam cada vez menos, se machucam, são trocados, e não se encontrarão bem física e tecnicamente para a seleção olímpica, cujos futuros integrantes daqui mesmo se perdem na autofagia das bolinhas, dos armadores aos pivôs, numa demonstração tácita de incompetência interior, muito mais motivada pela ausência de sistemas de jogo que o desenvolvesse, e facilitada pela aberração defensiva que praticamos, tudo isso emoldurada por pranchetas multicoloridas e midiáticas, manejadas pela quase totalidade de nossos estrategistas, veteranos e brand news, na arte da competição de elite, que como vemos, definitivamente, não é para qualquer um, e logo mais adiante, com a direção de um hermano com as barbas de molho, veremos a consequência de tanta insensibilidade e  equívocos, o que nos espera na arena olímpica. Espero estar mais uma vez errado, mas nestes doze anos de Basquete Brasil, nunca errei, infelizmente…

Se não inovarmos técnica e taticamente, na tentativa de equalizarmos estrategias que enfrentaremos, temo por algo decepcionante e constrangedor, porém, la no fundo, com uma tênue esperança, torço honestamente para o melhor, ou pelo menos, para o aceitável, que vem no contraponto dessa desvairada orgia dos três, cujo expoente maior, o Curry, já começa a ser contestado. No próximo artigo desvendo um pouco os porques…

Amém.

Fotos – Reproduções da TV. Clique nas mesmas para ampliá-las e acessar as legendas. Notar que na sétima foto, no inicio da legenda leia-se Segundo.

 

ALICERCES…

OLYMPUS DIGITAL CAMERA

 

O Basquete Brasil já se encontra no seu milésimo trigésimo sétimo artigo  nos doze anos de sua sacrificada existência, e assunto é que não falta, apesar de me sentir um tanto cansado de trombar com a mesmice endêmica que se instalou na modalidade de forma devastadora…

E pensar que logo em seu início já vislumbrava o que haveria de acontecer, fundamentado em argumentos publicados no artigo que hoje repriso, os mesmos que explicam um hoje absolutamente inaceitável, frente ao que sempre representou o grande jogo no cenário desportivo e educativo de uma pátria que cada vez mais se apequena à sombra de uma farsa educadora, pátria educadora, mentirosa e corrompida…

Segue o artigo.

O QUE NOS FALTA REALMENTE?

sábado, 13 de novembro de 2004 por Paulo MuriloSem comentários

Este é vigésimo primeiro artigo que publico,e depois de abordar diversos assuntos técnicos e situações politico administrativas creio que apresentei alguns,porém sólidos argumentos para, de uma forma objetiva apresentar conclusões e sugestões visando a melhoria técnica e administrativa de nosso combalido basquetebol.

Falta-nos,prioritariamente união. Quando técnicos aceitam influência,orientação,método, sistemas e técnicas de uma única matriz,tomando-a como verdade absoluta, e impondo-a, inclusive, na formação das divisões de base, estereotipando as ações dos futuros jogadores em modelos voltados à especialização (jogador 1,2,3…etc), limitando-os a papeis manipuláveis de fora da quadra, escravizando-os em coreografias que se tornaram padronizadas pelas equipes brasileiras,repito,quando os técnicos agem dessa forma, prevejo poucas chances de fugirmos a médio prazo da mediocridade em que nos encontramos. Torna-se urgente o desligamento da matriz NBA, do sonho subserviente de lá vencer como jogador, ou de lá se especializar como técnico ou dirigente,e mesmo se espelhar como torcedor de um esporte que somente eles praticam, e que inteligentemente importam estrangeiros para torná-los propagadores de suas ideias absolutistas em seus países de origem. Agora mesmo os brasileiros que lá jogam estão relegados à reserva de suas equipes, de onde dificilmente sairão. No entanto são festejados como aqueles craques que levarão a seleção brasileira ao patamar olímpico.     Da equipe argentina, campeã olímpica, somente um dos jogadores atuava na NBA,e como estrela absoluta, e os outros o faziam na Europa, principalmente na Itália, onde, pela força da dupla cidadania de seus jogadores aperfeiçoavam um método de jogar antagônico ao da NBA,  e totalmente condizente à realidade das regras internacionais negadas pelos norte americanos. Foram campeões por sua extraordinária inteligência ao perceberem que venceriam se explorassem a fragilidade dos americanos perante a crueza das regras internacionais.  Para nos restou a pseudo e estúpida aceitação do que chamam”basquete internacional”,numa prova cabal de quase total ausência de amor e respeito por nossas raízes culturais e passado brilhante na forma de jogar, forma esta que nos fez imbatíveis em nosso continente. Hoje nem em divisões de base vencemos os irmãos argentinos, que fugiram do exclusivismo perante o modelo NBA. Resta-nos a união pela discussão, pelo embate das ideias, pela fundação de associações estaduais de técnicos, que discutam a modalidade em função de suas regionalidades para, ai sim,em torno de uma associação nacional reencontrar o caminho perdido nos últimos 20 anos. Caberia a CBB encorajar esse caminho,e não se situar como principio, meio e fim na busca das soluções para os graves e terminais problemas que nos afligem.Houve uma época em que fundávamos uma ANATEBA, uma BRASTEBA, que nos reuníamos em pequenos, porém encontros técnicos para técnicos, onde discutíamos e discordávamos, mas sempre concluíamos algo de interesse do basquetebol. Divergíamos porque não utilizávamos em nosso trabalho uma única fonte inspiradora. Tinhamos até”escolas”como a paulista,a carioca,a mineira, como outras,que ao se enfrentarem nos campeonatos nacionais definiam os caminhos de evolução técnica a serem percorridos. Hoje o que apresentamos é uma única forma de atuar, calcada no modelo NBA, que nos chega de enxurrada pela TV,pelos jornais e revistas, em matérias regiamente pagas, em contraponto à nossa pobreza. Só sairemos dessa penúria no momento que nos reunirmos em encontros como os que aconteciam aos sábados na USP, onde mais de 100 técnicos assistiam palestras de colegas, e depois as discutiam, ou aqueles que aconteciam no Rio, no RGS e em Minas, dos que tenho conhecimento, e que eram levados a sério pela CBB, que hoje simplesmente omite qualquer manifestação que não compactue com suas orientações exclusivamente de cunho político continuístas, onde inexiste discussão aberta sobre as técnicas da modalidade que representam. Um exemplo? Em 1971,quando exerci a função de coordenador do Laboratório de Tecnologia do Ensino da EEFD/UFRJ  propus a realização de um filme de média metragem semi profissional em 16mm sobre o Campeonato Mundial Feminino realizado aqui no Brasil. Juntos,EEFD e CBB levantamos uma pequena verba para a compra e a revelação dos negativos, e realizei, filmando, roteirizando, editando e gravando o único filme técnico sobre basquetebol feito em nosso país. Cópias foram distribuídas até no exterior, como Austrália e Portugal,e outras que até recentemente faziam parte do acervo de duas escolas de Ed.Fisica quando se deterioraram pelo passar do tempo.Quatro anos atrás descobri os negativos de imagem e de som do mesmo e corri para um laboratório especializado de cinema para tentar salvá-lo.O orçamento foi de seis mil reais aproximadamente. Como não dispunha dessa quantia fui a CBB tentar que me ajudassem a salvar aquele único documento da extinção. Resultado? Até hoje o material mofa em um refrigerador da LABOFILMES,e nem sei se ainda existem.O único filme de basquetebol feito no Brasil e documento de um Mundial aqui realizado, patrocinado pela CBB não teve dela a menor ajuda em sua restauração.Uma entidade esportiva que não preserva sua história não está cumprindo sua função de guardiã das técnicas do passado, quiça as do futuro. O que resta? A reação daqueles que são os verdadeiros artífices do jogo, aqueles que em suas funções de professor e técnico mantêm viva a modalidade.Enfim,  aqueles que compõem o cerne e a alma do basquetebol, os Técnicos. Unamo-nos e levaremos o basquetebol de volta ao cenário mundial.

Em tempo – Consegui salvar o filme, relatado no artigo Enfim Salvo aqui publicado.

Amém.

 

PERDENDO E ANIQUILANDO GERAÇÕES, SUTILMENTE…

P1000629-001

Publiquei aqui nesse humilde blog em 2008 esse artigo que é muito pouco acessado por aqueles que se dizem especializados no grande jogo, no entanto, aqueles poucos que realmente se interessam pelos sutis meandros dos “porquês” da situação técnico/tática em que nos encontramos possivelmente encontrarão algumas respostas, algumas não tão sutis respostas assim, mas suficientes para entenderem que algo aqui descrito e comentado em 2008, se encontra mais atual do que nunca em 2015, e permanecerá atual bem para lá de 2016, pois nestes anos todos nada aprendemos, de verdade, nada aprendemos que valesse a pena, nada, nadinha, a não ser a manutenção do cruel e absurdo corporativismo, mantido a todo e qualquer custo, mesmo que custe o soerguimento do grande jogo, minimizado e apequenado desde sempre. Triste e lamentável…

AS GERAÇÕES…

terça-feira, 9 de setembro de 2008 por Paulo MuriloEditar post2 Comentários

Hoje,depois de lutar contra uma infestação proposital de 61 virus obcenos e coisitas mais, retomo a lide deste humilde blog, ainda um pouco chamuscado, e tendo de adiar por mais alguns dias a publicação de artigos com vídeo, já que perdi quase todo o material digitalizado e montado. Mas não faz mal, sempre tive como professor e técnico a chama do recomeço ardendo dentro de mim, numa recriação constante e teimosa na busca de novos e excitantes desafios.

E para não perder o embalo, lendo uma reportagem no O Globo de domingo sobre a seleção sub-15 masculina que treina para o Sul-Americano da categoria, me deparo com uma jóia do nosso cancioneiro basquetebolistico, nas afirmações de um dos jovens pivôs selecionados, que assim se manifestou – “Depois de ter tido a chance de treinar com a seleção, resolvi me esforçar mais e comecei a fazer musculação para perder peso. Cheguei aqui com 126kg, e hoje estou com 124,3kg, grande parte em massa muscular”. Mais adiante, sobre a possibilidade de jogar na Europa – “Queria jogar lá, onde o basquete é mais forte e tem mais investimento. Aqui não somos muito valorizados “- e concluindo –“ Nesse Sul-Americano, acho que a Argentina e Venezuela são as favoritas”.

Realmente preocupante, pois suas afirmações são todas voltadas ao discurso de uma carreira profissional em uma idade em que deveria estar sendo orientado na aprendizagem do jogo, e não em moldar a parte física com uma atividade antagônica ao seu ainda insipiente, já que em pleno desenvolvimento, controle motor, além de sua prioridade estar sendo centrada no aspecto profissional, bem antes de se qualificar como um bom e seguro praticante dos fundamentos, que em momento algum foram mencionados pelo aspirante a craque.E sua predição final chega a ser tocante, pois desde já se considera inferior ao basquete praticado por argentinos e venezuelanos. E tudo isto na flor de seus 15 anos.E ainda mais, pertencendo à novíssima geração que teremos a nos representar nos próximos anos.

Mas a explicação mais contundente veio através as declarações do supervisor das seleções de base da CBB, quando afirma que o Brasil tem produzido talentos no basquete, mas falta uma continuidade no trabalho feito na base e uma maior sintonia com os clubes. Ou seja, selecionam-se jovens pelo país afora, num treinamento de diversas fases, sendo que a primeira delas incute os sistemas táticos que irão ser empregados pela equipe ( Em todas as equipes de base, que fique bem claro), como forma de seleção daqueles mais encaixados no mesmo, numa inversão total de valores, já que o sistema antecede o preparo fundamental, na desculpa absurda que expõe a seguir – “Os resultados mostram que o coletivo é cada vez mais importante. O time espanhol campeão mundial foi formado ainda no juvenil. Temos um planejamento até 2012 para que essas gerações não se percam e o calendário da FIBA ajuda com competições para todas as equipes de base”.

Como vemos, ousa essa turma influenciar de cima para baixo um principio que privilegia o sistema de jogo implantado coercitivamente aos técnicos do país, por sobre uma vasta e coerente via no correto e decisivo ensino dos fundamentos, que são a base de tudo, inclusive do basquetebol espanhol, mas que aqui entre nós cede lugar aos interesses continuistas de um grupo que tudo fará para manter seus ganhos de coreógrafos disfarçados de técnicos.

E as candentes declarações do jovem aspirante a craque conotam nossa triste e constrangedora realidade, aquela que o faz priorizar a massificação do físico em desenvolvimento púbere, em vez do aprendizado dos fundamentos. De se preocupar seriamente num possível futuro profissional no exterior, antes de se firmar técnica, tática e emocionalmente em seu próprio país. E de se situar dois degraus abaixo de futuros adversários, numa prova cabal de seu total abandono no desenvolvimento de capacitações que o tornem seguro de suas reais possibilidades de sucesso individual e conseqüentemente coletivo.

Pois é isso mesmo meu caro supervisor, até mesmo os espanhóis, os argentinos, os lituanos, e especialmente os americanos, já descobriram de muito, desde os princípios do século passado, e entre os quais um dia nos situamos também, que toda e qualquer equipe somente é possível ser formada para o sucesso, se todos os seus jogadores forem antes orientados por verdadeiros professores e técnicos na arte de jogar basquetebol, de aprenderem a jogar através o pleno conhecimento de seus fundamentos, e não serem pasteurizados por coreografias absurdas advindas de pranchetas doentias e escusas. As declarações do jovem pivô deveriam envergonhá-lo, pois são resultantes da forma em que é orientado por sua supervisão e pelo grupo que assaltou essa infeliz e revoltante confederação.

E se o projeto vai até 2012, que os deuses, já na faixa limítrofe de suas paciências, protejam essas gerações que desde já têm seus destinos selados, sob o jugo de algo indescritível e profundamente lamentável, a irresponsabilidade, aquela que jamais é discutida, e sim, coercitiva e criminosamente imposta.

Amém.

2 comentários

  • Miguel Palmier11.09.2008·

  • Caro Prof.;

  • É lamentável ver o TALENTO ser esquecido em detrimento da força bruta e de alguns centímetros a mais. Estive observando alguns treinamentos desta seleção, e tenho certeza que ao menos dois talentos

  • ficaram no Brasil, com a desculpa que são baixinhos ou fracos demais para jogar internacionacionalmente. Quem pode definir o que estes meninos serão daqui a um ano? Seleção desta idade é momento, detecção e aperfeiçoamento de potenciais jogadores é outra coisa.

  • LAMENTÁVEL, o Sr. Coordenador e treinadores das categorias de base do Brasil, não perceberem ainda este fato.

  • Basquete Brasil15.09.2008·

  • Caro Miguel,acredito que tenhamos de caminhar muito para alcançarmos tal entendimento.É uma longa estrada.Um abraço, Paulo Murilo.

PROFESSOR, JOGADORES, AMIGOS…

Existem belos momentos na vida, inesperados e sinceros, que nos tornam mais humildes e cônscios do dever cumprido, ainda mais se espontâneos, agradecidos, e acima de tudo, amigos. Sou um velho e calejado professor, técnico bissexto, e um amor sem limites pelo grande jogo, ao ensiná-lo, por toda uma vida acadêmica e dentro das quadras desse imenso e profundamente injusto país. No entanto, as vezes acontece um Saldanha em sua vida, mesmo aos setenta anos, injetando uma energia vital, advinda de jogadores humildes, desacreditados e marcados pelas constantes derrotas, porém unidos irmãmente em torno de um sonho voltado às vitórias, as tão ansiadas vitórias, que foram várias no curto período de 49 dias que comungamos o árduo e duro trabalho para o reencontro com seu destino de vencedores, que na continuidade do trabalho, uma temporada completa que fosse os premiaria com algo brilhante e alcançável, sendo essa minha humilde colaboração junto a eles, um grupo de homens que tenho saudades e uma tristeza, a de não ter tido a minima chance de treiná-los como mereciam ser treinados, com a dedicação de quem ama o grande jogo acima da descrença daqueles muitos que o destroem com sua pusilanimidade e pequenez…

Dentre os excelentes jogadores um se destacava pela marca que o perseguia, era o Obina para os que nada enxergavam atras daquele imenso corpanzil e uma alegria contagiante que irradiava, como um jogador de extrema potencialidade, faltando somente fazê-lo acreditar que tudo podia se despertado. Foi esse um dos trabalhos que desenvolvi junto a ele e a todos os demais, fazendo-os embarcar num barco que só se deslocaria se  impulsionado por todos, altos e baixos, armadores, alas ou pivôs, através o compassar ritmado e uniforme dos fundamentos do jogo, igualando, provocando, nivelando, fazendo-os descobrir em cada um e nos demais suas potencialidades, acertos, erros e limites, numa melhora gradativa e sequencial, deixando a todos prontos para enfrentar seu maior desafio, a mudança radical na forma de jogar, de agir e pensar o grande jogo. De Jesus foi um dos que mais evoluíram, conquistando o respeito de todos, e o mais importante, o respeito a si próprio, e como ajudou meus deuses, e como evoluiu…

Num determinado momento seguiram todos seus caminhos, inclusive eu, voltando ao estudo permanente, que divulgo neste blog desde sempre, cinco anos depois do impedimento daquele belo trabalho e de outros que me foram negados…

Mas hoje, dia do Professor, recebi esse messenger do De Jesus, me dando a justa e feliz sensação de que consegui ajudar um jovem a encontrar seu destino, seu sonho, mesmo que à parte do reconhecimento midiático, assim como os demais companheiros daquela equipe inovadora e corajosa,  que me honrou com sua confiança e amizade, cidadãos e chefes de família que fizeram calar a afirmativa inicial de um técnico palestrante no I Congresso de Técnicos do NBB, que iniciou sua apresentação afirmando que “técnico nenhum deveria confiar em jogadores, pois são todos F..da P…”, no que o interrompi indignado por tão absurdo comentário, apoiado, com certeza absoluta, por todos daquela inesquecível equipe…

Eis o Messenger.

Conversa iniciada hoje

  • De Jesus

  • 14:17

  • De Jesus

  • professor

  • Paulo Murilo

  • 14:29

  • Paulo Murilo

  • Ola De Jesus, como você esta, atuando em Lins ainda? Outro dia soube que foi cestinha num jogo do paulista. Parabéns

  • De Jesus

  • 14:31

  • De Jesus

  • Estou sendo de vários professor..!!!

  • Mais venho aqui te desejar um feliz dia do professor..! obrigado por tudo por acreditar em mim quando ate mesmo eu não acreditava..!!

  • com sua sabedoria soube me mostrar um lado do jogo que amo que não tive oportunidade de conhecer e o senhor o fez com paciência e clareza que me faz seguir ate hoje e são fundamentais para meu jogo hoje e ate o final da minha vida..!!!

  • muito obrigado mesmo..!!

  • meu professor

  • Ao  mestre com carinho..!!!

  • forte abraço e obrigado por tudo

  • Paulo Murilo

  • 14:40

  • Paulo Murilo

  • Obrigado De Jesus por sua amabilidade e carinho, e você é muito jovem ainda, podendo melhorar muito, na proporção do seu controle de peso, único senão que aponto. Gostaria imenso de voltar a dirigir aquele magnifico grupo do Saldanha, o que me faria muito feliz neste terço final da minha vida. Faríamos um estrago daqueles. Um abração, e muito obrigado pela lembrança. Paulo.

  • De Jesus

  • 14:44

  • De Jesus

  • ta controlado o peso professor..

  • magro nunca ficarei pois minha genética não permite mais meu peso está bem controlado sim…eu que gostaria de ter a honra de trabalhar com o senhor nesse meu final de carreira seria a coroação do meu trabalho e esforço pra me manter saudável para o jogo e para a vida

  • obrigado pelos ensinamentos são de muita valia para mim

  • pra minha vida

  • forte abraço e muito obrigado meu mestre..!!

  • Obrigado De Jesus, de coração.
  • Amém.

BEM MAIS DE VINTE ANOS ATRÁS…

P1030919-002OLYMPUS DIGITAL CAMERA

OLYMPUS DIGITAL CAMERALeio alguma coisa na rede de alguém que afirma que não podemos nos submeter a técnicos veteranos que atuam sob sistemas de mais de vinte anos atrás, assim como não seria de bom alvitre destinar aos mais jovens a  tarefa de liderar equipes adultas, concluindo que a turma da meia idade é a mais apta e preparada para fazê-lo com possibilidades reais de sucesso…

Ou seja, sistemas de jogo parecem ter prazo de validade para um certo tipo de gente focada somente no aqui e agora, realidade de suas vidas  contidas  e dissociadas da história, dos exemplos de antanho, que originaram tudo que ai poderiam estar, mas que na verdade, não estão, propositalmente esquecidos por aqueles que não admitem ter havido vida antes das suas, mediócres que são…

Sou de uma geração de ontem, onde convivi com os melhores, onde aprendi mais que ensinei, ouvi mais do que discursei, aprendi e trilhei o caminho das pedras, valorizado pelas muitas derrotas, valorizando com humildade as poucas vitorias, a grande escola dos verdadeiros vencedores…

As grandes revoluções apregoadas aos ventos do hoje, já o eram mais de vinte anos atrás, quando a dupla armação, os pivôs mais ágeis e velozes do que os pesados e lentos cincões iniciavam as mudanças que ai estão, fundamentadas no ontem, e não fruto de geração espontânea como querem e divulgam alguns oportunos estrategistas e midiáticos profissionais…

Então, gostaria de recordar algo bem recente, não de vinte anos atrás, e sim de pouco mais de cinco, claro, para aqueles que se interessam de verdade pelas técnicas e táticas do grande jogo, sugerindo a leitura de um artigo aqui publicado quando dirigia o Saldanha da Gama, e logo a seguir um outro na forma de um vídeo, ambos elucidando uma realidade profundamente fundamentada em conceitos de jogo de ontem, elevados a época como algo realmente inovador, e que é considerado hoje como revolucionário…

Seria instigante e revelador, se após a leitura do artigo O quadragésimo sexto dia (artigo 700), pudesse o video Vencendo as limitações de um grande jogo, ser narrado e comentado pelos jornalistas do sportv, quando descobririam um mundo de situações de jogo, em tudo e por tudo, superiores técnica e taticamente aos melhores jogos da atualidade do NBB, e mesmo de nossas seleções, onde o modernismo decantado de hoje, se vê ante concepções mais avançadas de um ontem pleno de ineditismo, criatividade e ousadia…

Então, como explicar seu aniquilamento  puro e simples, estando ali, na figura de uma humilde equipe recheada de belos, porém marginalizados jogadores, atuando de uma forma proprietária, instigante e revolucionária, como, e por que?…

Como estaríamos hoje se aquele excelente projeto tivesse tido continuidade, ao contrário das capengas adaptações do mesmo ao sistema único, como se fosse possível miscigenar conceitos díspares, tanto na concepção, como na efetivação, violentando a ambos, irreconciliáveis que são?…

Lembro como se fosse hoje o último jantar no I Congresso de técnicos do NBB em Campinas, quando o técnico Guerra se levanta e dirigindo-se a todos diz – Se em quarenta e poucos dias esse cara pega uma equipe perdedora e vence equipes de ponta, como será quando tiver toda uma pré temporada pela frente? Se cuidem…

Não precisaram se cuidar, sequer se preocuparem, pois o afastamento foi duro e radical, que nem o excelente trabalho pode contemporizar, pois técnico e muitos daqueles jogadores foram devidamente esquecidos, como deveriam ser, afinal de contas, onde já se viu jogar com dupla armação e três pivôs móveis, Onde? O surreal é o que tentam jogar hoje em dia, mas de forma fragmentária e sem o consequente coletivismo avidamente perseguido…

Então pessoal que abomina o passado e seus veteranos, saibam e aceitem o fato de que dupla armação e três homens altos transitando ininterruptamente dentro do perímetro (a modernidade universal…) é coisa de mais de vinte anos atrás, e aplicado por quem entendia o grande jogo de verdade, e ainda entende desde sempre, pois eram e continuam sendo professores e técnicos, e não estrategistas de ocasião…

Fiquem, se quiserem, com o artigo e o jogo, mesmo sem a narração e comentários dos televisivos, mas, como puro exercício, imagine-os descobrindo, ou redescobrindo o óbvio…

Amém.

Fotos – Arquivo pessoal. Clique nas mesmas para ampliá-las.