O PURISTA COÇADOR…

Caros leitores, sei estar em falta com vocês, mas aos poucos está se tornando muito difícil escrever e comentar sobre o atual basquetebol brasileiro, pelos motivos que todos vocês já sabem de muito, principalmente pelo marasmo, torpor, imobilidade do mesmo a toda e qualquer iniciativa que priorize a criatividade, o novo, o ousado, o proprietário a uma forma diferenciada de jogar o grande jogo, optando pela mesmice endêmica que o asfixia no aspecto técnico tático e de formação de base, repetidamente a cada temporada, e sem perspectivas de mudanças pelo prazo que for, lamentavelmente…

Mesmo assim, teimam alguns em projetar “revoluções sistêmicas” que prenunciam “novos tempos”, invencionices, ou mesmo pura cópia do que se faz lá fora, na maior, sem discutiveis implicações, seguindo a máxima dos despreocupados em estudar, pois – “se dá certo para eles, por que não para nós? “- E tome de chutação de três, afinal o Curry e os Warriors se dão bem, por que não nos daremos também? E outros mais que já preconizam enfáticos que na real, este é o basquete atual, e não há muito como negar, pois mais dia , menos dia, isso vai se impor no mundo. Será mesmo, em que se baseiam para afirmar tamanho equívoco, suas largas e profundas experiências, ou o clamor de uma mídia daqui, e de lá também, ávida em descobrir a pólvora, again?…

E por conta disso promovem a gênios, estrategistas tupiniquins, comandando jogadores que pecam seguidamente nos fundamentos, que não marcam ninguém, nem a própria sombra (aliás, um eficiente exercício de defesa muito utilizado pelos grandes lutadores de box, mas claro, esnobado por todos eles), porém exigindo aos berros e ameaças que chutem, chutem, quando livres ( que é um lugar comum pela ausência de qualquer impulso opositor contestatório), e que se não o fizessem seriam “pegos lá dentro por ele”, numa ameaça absolutamente condenável e constrangedora frente a uma função educadora e social, que obviamente não interessa, quando um novo umbral do grande jogo se descortina a um novo tempo que o mudará definitivamente, fazendo os puristas se coçarem todos com tanta modernidade. Todos? Mesmo?…

Morro de rir, assistindo essa farsa teatral, ainda mais quando me recordo da equipe do Praia Clube de Uberlândia dos anos sessenta que arremessava logo que transpunha o meio da quadra, se celebrizando com tal modernidade, assim como os mestres dos longos arremessos, da mesma época, como os inesquecíveis Angelin, Dutrinha, Luizinho, Paulo Cesar, Valtinho, Boccardo, Montenegro, Zezé, Zequinha, Conde, e muitos outros realmente especialistas nos longos arremessos, além dos lá de fora, como o Bird, o Roberson, o Riva, o Brabender, todos inseridos em suas equipes, compondo-as, e não fazendo das mesmas suprimentos para as tentativas de  transformar uma modalidade eminentemente coletiva em individual, que celebrizaram alguns midiáticos nominados, ainda mais sob o manto dos três pontos, mas que em hipótese alguma conseguiram mudar o jogo, não mesmo, a não ser o mítico Hank Luizetti (em 1937)  com seu jump shot revolucionário…

Agora mesmo as grandes equipes americanas e européias já se dedicam e se ajustam à defesa fora do perímetro com mais intensidade, perdendo o medo de serem penetradas por alas e armadores contestados lá fora, afinal tentam dois e não três pontos por vez, sendo que algumas delas oferecem a porta de entrada confiando nos bloqueios de homens cada vez mais altos, atléticos, flexíveis e velozes, equilibrando em muito as tentativas de fora, como aconteceu com o Mogi no Sul Americano em jogo contra o Paulistano, quando provocou vários “air balls” e algumas interceptações de passes (o sistema único é pródigo nos passes de contorno, onde uma defesa linha da bola se torna eficiente), virando um jogo contra uma equipe que optou definitivamente pela convergência nos arremessos de dois e três pontos, mantendo estes últimos como prioritários em seu “sistema moderno e revolucionário de jogo”, perdendo-o e a classificação na competição, porém nos brindando com uma obra prima de modernidade no vídeo acima veiculado. Claro, que dentro do medíocre, repetitivo, padronizado, e formatado padrão a que está submetido o grande jogo em nosso país, equipes como esta levam inquestionável vantagem, já que inserida na mesmice endêmica que nos devasta e humilha, pela mais absoluta ausência de criatividade, de ousadia, de coragem para investir em algo realmente novo, e optar pela desenfreada chutação de três, que em absoluto representa evolução, frente a inexistente e competente contestação defensiva, colocando a todos num mesmo barco, onde chutam a valer, ganhando quem mete a última e apaga luz, incapazes que são de efetuarem decentes e eficientes bloqueios , corta luzes, jogo sem a bola, movimentação constante e dinâmica de todos na quadra de ataque, defesa participativa e de constantes coberturas, num exemplo tácito do mais autêntico coletivismo, inescrutável tabu entre nós…

O trágico, é constatar que frente a um mínimo de contestação, como a transferência da velocidade horizontal em vertical (os cortadores e bloqueadores do vôlei o fazem costumeiramente) no intuito de alterar a trajetória de um arremesso, e não travá-lo (daí as sucessivas faltas para três arremessos livres), jamais é treinado, sendo mesmo desconhecido, assim como os próprios arremessos com as devidas técnicas de empunhadura e direcionamento (o purista aqui estudou, pesquisou, e escreveu uma tese de doutoramento exatamente sobre este assunto, não precisando se coçar para fazê-lo…), pouco ou nada são decupados e estudados indivíduo a indivíduo, como deveria sê-lo, abandonando o modelo estético que a maioria absoluta dos analistas conotam como a “mecânica perfeita”, e não só os analistas, mas muitos e muitos técnicos da base e estrategistas da elite, que simplesmente ordenam -”chutem, chutem, assumam a responsabilidade, a confiança, não importando se errarem, pois se não o fizerem pego a todos lá dentro”…

Aliás, basta recordar a atitude defensiva da equipe argentina do Almagro, que simplesmente conjugou o verbo contestar, jogou lá dentro de 2 em 2, e despachou a revolucionária equipe paulista de volta ao campeonato que poderá até vencer, o NBB, com sua constelação de “monstros”, “enterradas magistrais” e chutação despreocupada e irresponsável de bolinhas, emolduradas por midiáticas e ridículas pranchetas, autenticados por estrategistas revolucionários, e analistas que babam nas sobras de um basquetebol, cujos componentes sequer sabem qual a capital deste enorme, injusto e desigual país, que povoam as páginas dos nossos jornais, TVs e redes da web, num servil e colonial exemplo do que não devemos simplesmente copiar e divulgar, e já vejo o dia em que todas estas manifestações serão veiculadas em inglês, macarrônico ou não, para a glória e êxtase dessa “especializada, corporativa e revolucionária turma”…

Amém.

Video – Reprodução da Tv.

A MASSACRANTE FORMAÇÃO…

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Lá pelo início do quarto final do jogo Flamengo e Liga Sorocabana, o comentarista da transmissão do facebook discorre solene – “Volta o Flamengo com a formação que massacrou o Mogi no último jogo, com três armadores, Ramon, Pecos e Cubillan, e o Marcos de 3 e o JP Batista de 5, uma formação  arrasadora”… – Ouvi o testemunho hiper abalizado, porém não pude conter a surpresa pela precariedade de um comentário hermético para o público que o sintonizava, falho do princípio ao fim, e destituído de um mínimo de validade frente ao histórico do jogo, a começar pelas declarações pré jogo da direção técnica dos paulistas ao afirmar que levaria o jogo ao máximo de exigência física e atlética, condições básicas para poder derrotar o Flamengo, principalmente no quarto e derradeiro tempo de jogo. Logo, teriam os cariocas de agilizar suas ações como contrapartida da disposição de seu adversário ( uma equipe bem mais jovem…), a começar pela opção da dupla armação, utilizada por todo o tempo por Sorocaba, e utilizar mais um armador, para superá-la em velocidade também, ou seja, e segundo a setorização do analista, armar o jogo com três “uns”, as vezes quatro, pois o Marcos  atuou fora do perímetro por quase todo aquele quarto, e de onde partia célere em suas constantes penetrações, sobrando o JP um pouco mais atuante dentro do mesmo, e com o qual dialogou com passes e finalizações de curta distância. Então, como caracterizar o 4 e o 5 dentro daquela formação, a não ser pelo vício arraigado pela especialização obrigatória de jogadores de basquetebol, de 1 a 5, que no atual panorama mundial vêm perdendo velozmente essa rubrica tutelada de fora para dentro das quadras pelos estrategistas, incapazes de aceitar a necessária e inadiável polivalência libertadora dos jogadores, os quais deveriam preparar nos fundamentos, orientar e dirigir neste sentido, e não encordoa-los como marionetes, prendendo-os aos seus esquemas ilusórios e irreais, que projetam em suas pranchetas mais ilusórias e irreais ainda, numa midiática tentativa de se fazer o centro decisório das ações dentro da quadra, anulando com sua infernal e constante  ingerência a plena criatividade dos verdadeiros protagonistas do grande jogo, os jogadores…

Naquela formação, todo e qualquer padrão teórico se torna pífio, pois três arquitetos de jogadas, para si ou para o grupo, se bastam, pela inata criatividade e adquirida habilidade técnica, frente a qualquer exógena indução comandada, onde os homens altos (3, 4 ou 5, segundo a classificação obtusa existente) complementam uma movimentação praticamente aleatória, dirigida e administrada pelo trio (ou dupla) de armadores, deixando os estrategistas pendurados na broxa, pois veem liquefeitos seus devaneios de passo marcado nos chifres e punhos, fator fundamental para todos eles, pela necessidade pública de comprovação de seus deificados e midiáticos conhecimentos de pretensos gênios do basquetebol, fator que seria bastante atenuado pela ausência televisiva transmitindo seus vazios e auto promocionais discursos…

Que absolutamente não são, muito pelo contrário, pois se apropriam de conhecimentos e experiências passadas, sem sequer referenciá-las (atitude impensada para a grande maioria), lançando-os ao arbítrio dos mais experientes e rodados jogadores (basicamente os americanos), que na maioria das vezes improvisam ao largo do sistema único de jogo, aquele que definem como o “basquete internacional”, o único que conhecem, ou pensam conhecer…

Então, porque a menção de inexistentes 4 e 5 numa situação de jogo em que suas denominações se perdem no vazio tático, e  não a analise técnico individual e coletiva dentro do campo de jogo? Por que não definir o que via como uma autêntica e inapelável pelada recheada de midiáticas enterradas e bolinhas de três, facilitadas pela inexistência defensiva e sequer esboçada, por que não? Ah, claro, poderia denegrir o “alto nível” da maior competição nacional da modalidade, que por conta de sua comprovada mediocridade técnica nos fundamentos básicos do jogo, e a mesmice tática endêmica, desde sempre implantada, formatada e padronizada, conta com minguado publico perdido nas imensas arenas, que nem os candentes pedidos de narradores e comentaristas o sensibiliza, a não ser aquele ligado a torcidas futebolísticas, que torcem em pé nas cadeiras, destruindo-as, brigando e vociferando contra arbitragens, seguindo o exemplo dos estrategistas postados ao lado das quadras, incentivando-os na barbárie…

Que me perdoem os profissionais de mídia que se encontram em volta do NBB 10 Anos, mas não será da forma ufanista e irreal como cobrem, narram, comentam e divulgam o grande jogo, que o levarão de volta ao proscênio ora ocupado pelo voleibol, pois este se destaca pelo poderio técnico e tático, pelos excelentes técnicos e professores, proprietários e desenvolvedores da forma, do sistema brasileiro de jogar sua modalidade, que outros países tentam copiar, alguns com grande sucesso, quando o espetáculo de seus jogos se concentra exclusivamente dentro da quadra e não cercados de penduricalhos comuns aos nossos irmãos basqueteiros do hemisfério norte (e aqui agora copiados), onde a disputa inter racial e política serve de arriete a suas manifestações desportivas, como batalhas a serem vencidas, degustadas e guardadas na memória desportiva do país, que são fatores que não se coadunam com a nossa realidade, onde todos se encontram embarcados num mesmo barco, carcomido e furado, resultante da nossa absoluta falta de uma política educacional na formação de base de nossa juventude, que são verdades que não se alinham com o circo que está sendo montado, em vez de concentrarmos todos os esforços e os parcos recursos na procura estratégica de novos caminhos e concepções técnico táticas, de uma formação conscienciosa e responsável de novos técnicos e professores, e de uma formação de base integra e completa, a fim de nos soerguermos do enorme e profundo buraco em que nos encontramos, fatores estes que jamais deveriam ter como espelho referencial o que vem sendo apresentado como exemplo de bom basquetebol, onde enterradas, hemorragias de três pontos, tempos técnicos absurdos e movidos a palavrões, pressões descabidas as arbitragens, ufanismos narrativos, inverdades e poucos conhecimentos comentados, jogadores robotizados de um lado e outros mais maduros reacionários de outro, téc…digo, estrategistas irreais, grosseiros e impositivos rabiscando incontrolavelmente suas risíveis pranchetas, num cenário em que uns poucos se salvam, dirigentes megalômanos contratando nominados jogadores e não os pagando, deixando de fora outros bons e menos dispendiosos, assim como muitos jovens, e uma liga que fecha os olhos para o maior de todos os óbices que nos estrangula e humilha, a ponto da CBB ir buscar lá fora o técnico da seleção nacional, o fator eminentemente técnico tático, onde jogadores da elite cometem erros terríveis de fundamentos (imaginem a base então…), e praticam um sistema ofensivo de jogo absolutamente ultrapassado, mas conveniente até bem pouco tempo a uma NBA voltada aos confrontos de 1 x 1, chave  de seu sucesso (inclusive com a permissividade de regras específicas), mas que hoje já encontra sucedâneo  com formas diferenciadas de jogar o grande jogo, a começar pela já notória busca pela polivalência de seus jogadores , onde a figura do pivozão já se encontra em processo de  extinção, assim como a enxurrada dos arremessos de três também e aos poucos já começa a ser contestada com vigor, fazendo valer sua mais importante e histórica  valência desde a formação, o ato de defender, defender, defender, que absolutamente não é a nossa matriz preferencial de comportamento…

A opção pelo modelo feérico, e a não adoção  do desenvolvimento de formas diferenciadas de jogar, desenvolvidas desde a formação de base, assim como a procura de professores capazes de desenvolver projetos factíveis e realistas a nossa realidade econômica e cultural, existentes no país, porém afastados coercivamente pelo corporativismo implantado a pelo menos 30 anos, nos trava e nos joga cada vez mais para trás, e não será simplesmente lançando dois e até três armadores (majoritariamente estrangeiros) agindo aleatoriamente dentro da quadra, que nos remeterá de volta ao caminho perdido daquelas três décadas para cá, e sim girando 360 graus no que vem sendo feito até agora, que foi exatamente a feliz atitude tomada pelo voleibol brasileiro, com a ajuda inquestionável das vultosas verbas do Banco do Brasil, sem as quais jamais teria atingido o grau de eficiência que alcançou, nacional e internacionalmente, transferidas politicamente da modalidade que planejou, criou e iniciou aquele poderoso patrocínio (idealizado pelo grande professor e técnico Heleno Fonseca Lima) , o basquetebol, o grande, grandíssimo jogo, neste enorme, desigual e injusto país.

Amém.

Foto – Divulgação LNB.

EXPLIQUEM-ME, POR FAVOR…

O Flamengo venceu um Vasco (89 x 81) que mesmo convergindo violentamente (14/28 nas bolas de 2 pontos e 9/32 nas de 3), não se impôs ante um adversário que priorizou o jogo interno (28/47 nos 2 e 5/17 nos 3), provando a eficiência maior dos arremessos de curta e média distâncias, da permanente dupla armação, e da projeção interna de seus alas dialogando com o pivô, em velocidade com curtas e precisas conversões, mesmo permitindo a avalanche de fora, descalibrada e desconcertante de um adversário que demonstrava passividade defensiva incomum (talvez reflexo de três meses de atraso de salários, vide matéria a respeito no O Globo de 4/1/18), refém de seu confuso e inaudível estrategista, completamente fora do mais comezinho princípio de comunicação humana, necessitada de clareza, objetividade e coerência, e não embotada por um discurso irreal, errático e hermético…

Por outro lado, vimos duas convergências vencedoras, produtos de uma constrangedora ausência de fundamentos defensivos, individuais e coletivos, quando o Paulistano venceu Mogi por 84 x 80, arremessando 14/26 bolas de 2 e inacreditáveis 15/38 de 3 (Mogi arremessou 18/48 e 10/25 respectivamente), e Bauru venceu o Botafogo por 77 x 60, com a equipe paulista arremessando 17/33 de 2, e 12/38 de 3 (o Botafogo lançou 19/51 e 5/18), resultados que atestam com clareza o desastre defensivo do nosso maltratado basquetebol, originando um desastre maior com o sistema “chega e chuta”, sendo vítima praticamente indefesa de um “momento mágico” , como é definido pela esmagadora maioria das mídias especializadas, pagas ou não, para referendar uma falsa realidade técnico tática por que atravessa o grande jogo nacional, produto equivocado do que venha a ser basquetebol de alta qualidade, onde as estrelas mais divulgadas são seus estrategistas e suas pranchetas “que falam”, só que bobagens e irrelevâncias grafadas em garranchos ininteligíveis e altamente suspeitos…

Sim, suspeitos, pois não vemos em nenhuma situação de jogo qualquer resultado de suas explanações recheadas de palavrões e esgares midiáticos, a não ser a prova mais cabal do mais completo desprezo de suas mensagens por parte de jogadores mais comprometidos com seus particulares pontos de vista, do que o que lhes é lançado freneticamente a cada tempo pe(r)dido…

Recentemente, numa entrevista a Folha de São Paulo, o técnico Petrovic abordou com veemência esse aspecto dos lançamentos de 3 pontos, porém nada a mais do que edito neste humilde blog desde sempre, com uma diferença, é uma opinião de fora, logo…

Cabe então uma última, melhor, penúltima pergunta – Expliquem-me, por favor, o que vem a ser o video  que publico acima, o que?  

Agora mesmo o Balassiano publica uma matéria sobre o jogo das estrelas da NBA, mencionando em um dos parágrafos – (…) Como acontece há anos, no All-Star Games os titulares são eleitos pelo público (dois entre armadores e três entre alas e pivôs), com os reservas sendo selecionados pelos técnicos da liga…. (…), numa clara alusão ao modus operandi técnico que a grande liga vem desenvolvendo, onde a figura dos enormes pivôs perde terreno a cada temporada, assim como as estratificadas posições de 1 a 5 também, formulando um modelo proposto pelo coach K desde que assumiu as seleções nacionais americanas (hoje substituído por um outro veteraníssimo e ultra experiente técnico, como deve ser, o Gregg Popovich ), modelo que estudo e aplico a mais de 40 anos, vide o Saldanha no NBB2, evidência que não podem negar em hipótese alguma, mas tentam, pois humildade e reconhecimento passam a léguas de suas realidades comprometidas e alinhadas com o sólido corporativismo existente no bojo de um restrito mercado de trabalho, que se auto protege de avanços e novidades que possam colocá-lo em risco, gerando e mantendo a mesmice endêmica que grassa e reina absoluta para a desgraça de um grande jogo, apequenado e humilhado técnica, tática e estrategicamente…

Bem, creio que nada a mais deve ser dito, perguntado ou comentado…

Amém.

PORQUE HOJE É NATAL…

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Pois é minha gente, hoje é Natal, data do congraçamento, do perdão, da esperança, do amor fraterno, da fé no amanhã, do soerguimento…

Homem forjado no desporto, como praticante visando qualidade de vida, professor, técnico e hoje jornalista bissexto, blogueiro a 15 anos, ligado ao basquetebol desde sempre, teimoso e lutador, me sinto agradecido aos deuses por ainda me manter ativo aos 78 anos, absorto no estudo permanente do processo educativo, e dos meandros do grande jogo em particular…

E é exatamente sobre ele que gostaria de tecer alguns pontuais comentários, principalmente nos aspectos técnico táticos por que vem passando nos últimos anos, num momento em que a mente permanentemente aberta de um experiente profissional se debruça sobre a realidade da modalidade em nosso imenso, desigual e injusto país…

Ontem assisti pela TV o jogo Franca e Flamengo, no qual algumas novas ações encontraram eco ao analítico caudal de apelos e sugestões que venho estabelecendo regularmente através artigos aqui publicados desde 2010, logo após a curta temporada que participei na direção técnica do Saldanha da Gama no NBB2, onde introduzi algumas idéias de treinamento e sistemas de jogo, totalmente contraditórias ao sistema único utilizado por todas as franquias, como tentativa mais do que válida de provar a possibilidade prática de poder jogar o grande jogo de forma diferenciada, com resultados bastante positivos, abrindo um enorme portal para sistemas inovativos, ousados, onde a criatividade fosse desenvolvida e incentivada, desde a formação de base até as divisões adultas…

Propugnava  e aplicava na prática a dupla armação, garantidora da posse de bola sem os sobressaltos do pressionamento defensivo, da amplitude organizativa em torno de todo o perímetro externo, pela constante movimentação abrindo linhas seguras para passes internos, onde os três alas pivôs, rápidos, flexíveis e atléticos, também em constante, ininterrupto e aleatória  movimentação (talvez o aspecto mais impactante da proposta, pois partia da criatividade dos jogadores a consecução das jogadas, naquelas situações de jogo que estavam vivenciando, e não produtos de jogadas de antemão imaginadas e armadas em pranchetas, por parte dos estrategistas ao lado da quadra) , abrindo espaços para a recepção segura dos mesmos, sempre um passo à frente dos defensores, provocando espaços, que por menores que fossem, os tornavam factíveis ao drible, a finta e o arremesso, exatamente por estarem sempre um tempo adiante da defesa. Por outro lado, essa formação propiciava o estabelecimento da defesa linha da bola lateralizada, pela velocidade de seus componentes e a ausência de jogadores pesados e lentos, logo plenamente aptos ao jogo antecipativo e constante contestação…

E foi o que vi um pouco em Franca no jogo de ontem, porém ainda um tanto atado ao sistema único, com seus chifres e punhos  castradores, que são jogadas que povoam o imaginário de jogadores utentes das mesmas desde a formação de base, com sinais pré existentes, posições estratificadas, e comportamentos mais voltados ao 1 x 1 do que ao coletivo tão ansiosamente desejado e buscado por todos, mas que infelizmente não o alcançam por não dominarem os fatores pedagógicos necessários às didáticas exigidas para sua aprendizagem efetiva e sustentável…

Foi um jogo com menos de 20 arremessos de três para cada equipe (8/19 e 7/19), e que no entanto alcançou a casa dos 100 pontos, demonstrando que de 2 em 2 e 1 em 1 podem as equipes pontuarem efetivamente, sem a trágica hemorragia dos insanos chutes de fora, e o mais instigante de tudo, sem contar com a presença de americanos individualistas, porém contando com talentosos jovens nacionais que merecem um sistema proprietário de jogo, e não serem encordoados como marionetes descerebrados de fora da quadra. Ensiná-los, treiná-los e orientá-los olho no olho, e não através midiáticas e cretinas pranchetas, é a chave para a reforma de que tanto necessitamos, para sairmos do terrível limbo em que nos encontramos. Seria um belo presente de natal se tudo o que ví se transformasse em realidade, após sete anos em que dei partida a essa até agora inglória luta para poder voltar a dirigir equipes da LNB, quando poderia  ter abreviado essa tão ansiada evolução em pelo menos cinco anos, após o que foi demonstrado no Saldanha no NBB2 (e nas equipes de base por mais de quarenta anos) ter sido tão revelador e importante, e que somente agora está sendo valorizado, não pelo Saldanha em si, e muito menos por mim (que santo de casa faz milagres?), mas pelo colonizador Warriors e já algumas equipes da NBA, aceitando o repto inovador do Coach K quando na direção das últimas e campeãs equipes americanas em olimpíadas e mundiais…

Em contraponto a tudo isto, aconteceu um jogo entre Vasco e Paulistano, vencido pelos paulistas por 77 x 71,quando foram perpetrados 20/63 arremessos de três e 31/59 de dois (15/29 de 2 e 10/32 de 3 para os paulistas e 16/30 e 10/31 respectivamente para os cariocas), com 24 erros de fundamentos (13/11), numa demonstração tácita de que convergências de tentativas de arremessos se firmam a cada dia entre as equipes,principalmente aquelas que são dirigidas por estrategistas que permitem, e até incentivam essa forma de jogar, e que são os verdadeiros responsáveis pela autofágica realidade em que vive o nosso indigitado grande jogo, pequeno, minúsculo para todos eles, precursores e mantenedores da tragédia que administram…

Torço para que o exemplo de Franca frutifique, que seu técnico evolua com firmeza, que sua tradição seja mantida, e que uma ou outra franquia siga seus passos, o que duvido bastante, a não ser que apareça uma que siga o exemplo do hoje extinto Saldanha, aquele do NBB2, brilhante, humilde e inovador…

Desejo a todos que me leem neste humilde blog, um Feliz Natal e um 2018 pleno de sucessos, muita saúde e amor ao grande, grandíssimo jogo…

Amém.

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UMA ESCATOLÓGICA DECISÃO PELA LANTERNA…

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Foi algo indescritível num momento decisivo do jogo, quando um atacante vascaíno irrompe poderoso pelo garrafão, absolutamente livre e, numa subida majestosa para a consagradora enterrada leva um toco de aro acachapante, originando um rebote de meio de quadra para o armador botafoguense, que investindo para o contra ataque serve seu pivô que em alta velocidade arremete para retribuir a enterrada anterior, e como aquela, também leva um toco de aro arrepiante e absolutamente lamentável, numa sucessão de indesculpáveis erros nessa divisão de elite (?), mas que de imediato recebem a aprovação do comentarista televisivo, que ainda complementa sua prestação defendendo o abaixamento do aro para os jogos femininos, a fim de que a “emoção máxima do jogo” (opinião dele…) estivesse ao alcance das jogadoras, que por serem mulheres saltam menos, em sua concepção. Engraçado que já se estuda na NCAA a elevação do aro, a fim de que as técnicas de arremesso voltem a ser desenvolvidas e aplicadas, pois enterrada é a antítese das mesmas, queiram ou não nossos colonizados especialistas tupiniquins…

Foi um jogo horrendo, centrado na atuação dos americanos encerando a quadra de uma lado ao outro, na procura de um brechinha para forçar suas individualidades, onde sistemas de jogo ofensivo passavam a léguas do que imaginaram seus estrategistas nos garranchos apostos nas indefectíveis pranchetas, sob o soslaio indiferente da turma lá de cima, que em nada por nada jamais se entregará aos caprichos sem tradução de seus comandantes (?). Era um enfrentamento algo equilibrado de americanos contra americanos, até o momento que o melhor do lado botafoguense se machucou, saindo da refrega, dando aos vascaínos a vantagem que faltava, mesmo sob a saraivada de bolinhas de três (8/30 com 13/31 de dois pontos), numa convergência que desmentia ser a equipe lanterna do campeonato a de melhor defesa da competição, que mesmo optando pelo jogo interno (foram 20/34 de dois e 5/21 de três), viram seu esforço ofensivo se perder com um 13/25 nos lances livres, contra 22/30 de seu adversário…

Uma equipe, que incoerentemente é reconhecida como a melhor defensora e segue na lanterna da competição, só pode ostentar uma única explicação, a ausência absoluta de um sistema organizado de jogo, assim como uma maior ainda ausência de fundamentação individual e coletiva, prato mais do que bem vindo a americanos bem mais versados, mesmo sendo de terceira ou quarta linha, que dominam as mesmas com razoável técnica e conhecimento, se comparados com a nossa incompetência nos fundamentos mais básicos do jogo…

Enfim, essa é a realidade que nos tem sido imposta, em que tudo que beneficie o espetáculo é permitido, a começar pela padronização e formatação do modelo técnico tático que aí está, onde a mesmice impera soberana, servindo de base facilitadora na formação de equipes, pelo relacionamento padrão entre técnicos e jogadores, com imediata assimilação de sistemas comuns a todas as franquias, variando somente quanto aos mais nominados jogadores, na maioria das vezes produtos de um bem realizado projeto mercadológico, bem acima do real posicionamento técnico dos mesmos, deixando de lado muitos bons jogadores desamparados pelo marketing vigente. Some-se a tudo isto toda uma publicidade voltada ao “público consumidor”, na forma de lazer e diversão copiada de uma NBA, que é produto de uma outra realidade sócio econômica desportiva, que não encontra quaisquer resquícios no âmago da nossa, a não ser o proposital esquecimento e alheamento na forma de ver e jogar o grande jogo, esquecida e aviltada através a canhestra e covarde cópia de uma matriz antítese da nossa, e cujo maior interesse é o econômico, e nada mais…

Escrevi e publiquei muitos artigos sobre este “interesse” nesse humilde blog,  que parecem inócuos até os dias de hoje, mas que continuarei publicando, como um solitário e indignado alerta sobre o absurdo que representa tanto interesse assim, mas claro, sendo mantido o status quo técnico e tático que apoiam, opostos aos que deveríamos estabelecer na busca de nossa identidade perdida, mas tão do agrado e aceitação do corporativismo mafioso beneficiário que nos esmaga e humilha…

Começam a tardar as reformas prometidas pela nova administração da CBB no que concerne aos novos rumos técnicos que deveríamos trilhar, principal e estrategicamente na formação dos novos técnicos e reformulação dos existentes, ações estas que se proteladas nos manterão neste inescrutável limbo, muito bem exemplificado pelo jogo que comentei nesse artigo, e de muitos outros que se sucederão daqui para um futuro que prevejo nada positivo, a começar pela formação de base, que emula sofregamente o que assiste na elite, cujos exemplos são aterradores…

Que os deuses, em sua infinita paciência e sabedoria inspire algo de novo e arejado em nosso tão maltratado basquetebol.

Amém.

Foto – Divulgação LNB. Clique duplamente na mesma para ampliá-la

OS CONTRAPESOS…

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Quem já não comprou um bom filé num açougue, sem ter que enfrentar um ilegal contra peso de músculo, que só pode ser incluído com a autorização do comprador, e que mesmo assim, sofre pressão do açougueiro para aceitar a pelanca?  Pois é, cada vez mais vemos contra pesos nacionais complementando trincas de americanos compondo os quintetos básicos de algumas equipes deste NBB10, como imponentes e carnudos filés tendo de suportar dois contra pesos tupiniquins, que de uma forma bem realista, quebram o protagonismo dos mesmos, originando duas equipes dentro de uma, pois os dito cujos atuam dentro de seus conhecidos padrões, onde prancheta nenhuma os fazem mudar de comportamento tático, ainda mais frente a sua inquestionável superioridade de técnica individual sobre a minoria nacional em quadra…

E tome individualidades em pencas, nas penetrações e nas conclusões de fora, sempre prestigiando o conterrâneo, amigo de fé camarada. Pois é o que temos visto rodada após rodada, de um NBB de mãos dadas com uma NBA rindo de orelha a orelha ante tanto servilismo da patota estrategista que se arvora em dona da casa, mídia inclusa, assim como seus vivíssimos agentes…

Quanto aos nossos patrícios, buscar rebotes e ter uma ou outra chance de arremesso, é o que pinga aqui e acolá, numa desproporção assustadora, na medida da quantidade de americanos em quadra, que cada vez mais vai se tornando desejo de muitos ter em suas equipes a trinca salvadora, ou mesmo redentora de seus sonhos de prancheteiros incorrigíveis, para os quais sugiro aos que os assistem pela TV (ao vivo é impossível, mas quem sabe já já  incluam seus brados e estertores no serviço de som das arenas, para a glória de alguns…) tentarem “entender”, ou mesmo acompanhar com um mínimo de compreensão o que expõem freneticamente naqueles pedaços de nada, certamente nada mesmo, informações que os gringos, mesmo arranhando o português, esnobam claramente…

Por tudo que vem ocorrendo num galope de dar medo, é que me impressionou de forma razoavelmente positiva assistir a equipe de Franca no jogo de ontem contra o Mogi das Cruzes, ou melhor, o Cross Mogi, quando perdeu por um ponto de um placar de 72 x 71, num jogo altamente defensivo e bastante contestador na maioria dos longos arremessos, mas que mesmo assim atingiu os absurdos números de 10/30 tentativas para Mogi e 6/26 para Franca nos três pontos, mas que foi decidido mesmo nos curtos arremessos, de 2 em 2, se antepondo a desvairada enxurrada de fora (16/56), demonstração inequívoca do que impera entre nós, na lastimável e ignorante certeza de que somos os “reis e introdutores”  dessa cretina forma de atuar, que já começa a ser atenuada na matriz, digo, filial nesse pormenor, como afirmam patrícios luminares que deram inicio a essa forma de jogar individualmente um jogo eminentemente coletivo, fator determinante na queda e desprestígio de nossas equipes e seleções, em contrapartida de suas premiadas conquistas individuais,,, 

Franca teria feito a partida ideal se tivesse trocado ( de novo as continhas) a metade das bolas perdidas de três pela tentativa de dois, pois seu jogo interno era poderoso, rápido, incisivo e competente, coletivo mesmo, mais do que suficiente para vencer  por boa margem, fator que o Mogi não enfrentaria, pois a trinca jamais aceitaria abrir mão de seu auto determinismo em quadra, até mesmo o fato de somente atuarem para valer no quarto final, como o fazem a maioria das equipes da NBA (é quando suas arenas realmente ficam lotadas)…

Duas contratações estrearão em janeiro por lá, ambas nacionais, em uma equipe que demonstra enorme bom senso quando aposta em jogadores, bons jogadores nacionais, e não em estrangeiros, que exceto uns poucos, nada agregam ao nosso basquetebol, a não ser na explosão salarial que, já vimos acontecer, e que fizeram desaparecer franquias que não aguentaram tais gastos, quando poderiam ter aplicado suas apertadas verbas em valores, mesmo jovens, nacionais, e em técnicos comprometidos com o progresso dos mesmos, e não fantasiados de estrategistas e precursores de uma tendência fadada ao esquecimento, logo que se fizerem impor as contrapartidas defensivas em natural desenvolvimento, até mesmo na matriz…

Franca pode dar partida a essa independência internacional, pois já conta com bons armadores, homens altos, rápidos e de boa técnica, e um técnico que poderá passar a realmente promissor no momento em que se desfizer do biombo que o separa dos jogadores, como no seu último pedido de tempo, quando se perdeu num emaranhado de rabiscos ininteligíveis naquele momento de decisão, enfrentada muitas vezes quando jogador, perante jogadores cansados e ávidos de algo simples e objetivo para os dois pontos, ou mesmo um ponto, colocando a bola na mão daquele que agredindo a cesta provocasse a obtenção dos mesmos, que foi exatamente o que repetiu o Shamell do outro lado, vencendo o jogo…

Precisamos urgentemente repensar o grande jogo, da formação a elite, na busca de uma identidade perdida, de técnicos e professores compromissados e comprometidos com essa tarefa, e não atrelados a midiáticas pranchetas como o que vem parecendo ser, herméticas pranchas de náufragos, e nada mais…

Amém.

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A SUTIL OBVIEDADE…

 

SuzanovsBrasilia_IMG_2336-640x426Publiquei há alguns anos o artigo Engenharia Reversa, que seria interessante ser revisto, para que esse de hoje fosse entendido em toda sua extensão, pois se trata de um assunto básico para o desenvolvimento técnico tático do nosso basquetebol, que necessita com a máxima urgência se livrar dos grilhões do sistema único de jogo, utilizado às raias da exaustão em nosso país…

Comentaristas e narradores televisivos e da mídia, tem divulgado com imensa satisfação o grande equilíbrio nas rodadas iniciais deste NBB10, como prova inconteste da enorme evolução técnica das equipes em confronto, apresentando, inclusive, resultados surpreendentes por parte de franquias com ranqueamento inferior às que sempre lideraram as temporadas, face a investimentos muito superiores em jogadores e técnicos nomeados como os melhores entre nós, além de contratações cada vez mais amplas de muitos americanos, e alguns latinos, infestando cada vez mais equipes que, em alguns casos entram em quadra com três deles e dois nativos, não sendo novidade nenhuma estarem seis deles atuando ao mesmo tempo, desvirtuando, em muito, a decantada premissa acerca de nossa evolução…

Mas, bem para lá dessa triste realidade, um fator de sutil obviedade não é sequer relacionado para análises dos jogos até aqui realizados, o por que de algumas equipes consideradas “top de linha”, estarem sendo derrotadas, algumas fragorosamente, ante outras tidas e havidas como inferiores, preferindo os tonitroantes arautos da técnica nacional, mencionarem o salto qualitativo do grande jogo, de seus técnicos e jogadores, fugindo, ou ignorando os reais motivos de tanta e pujante “evolução”…

Se tiveram a paciência, ou curiosidade de ler o artigo sugerido acima, poderão entender a sutil obviedade que ele exemplifica analogamente, e que tentarei explicar. Desde muito aprendi, estudei, apliquei e sempre divulguei o princípio de que sucedendo a toda evolução técnica ofensiva, através sistemas bem planejados de jogo, emerge uma contrapartida defensiva da mesma intensidade, gerando ajustes compensatórios, que são os fatores básicos ao desenvolvimento do grande jogo, e de todo desporto coletivo. Um sistema novo ofensivo, gera outro defensivo para enfrentá-lo, ou mesmo anulá-lo, gerando uma troca de influências, fundamentais ao progresso técnico da modalidade…

Então, o que estamos assistindo, com um substancial atraso de dez anos, é o fato de que algumas equipes começam a se utilizar de alguns princípios de engenharia reversa, pela antecipação defensiva às jogadas marcadas do sistema único, que como tal, sendo praticado por todas as equipes em confronto, são similares entre si, principalmente pela utilização das mesmas jogadas e movimentações coletivas, gerando uma uniformidade e previsibilidade tática generalizada, sendo passíveis de interceptações em suas linhas de passes, responsáveis pelas coreografias de passo marcado desenvolvidas e exigidas pelos estrategistas, através, inclusive, de explanações gráficas em suas midiáticas pranchetas, que entra ano e sai ano em nada mudam, quiçá inovam, a não ser a agregação de um palavreado cada vez mais chulo e vulgar, fato aceito por narradores e comentaristas como “naturais” face às pressões inerentes a competição, numa reprovável e lastimável cumplicidade com os mesmos…

No entanto, esta evolução defensiva que deveria vir acontecendo desde sempre, encontrou na sua permissividade o campo ideal para o surgimento da festança autofágica das bolinhas de três, lançando o nosso indigitado basquetebol ao estágio em que se encontra, no famigerado “chega e chuta” desenfreado e altamente irresponsável, até que num tênue lampejo de inteligência, uns muito poucos começam a desconstruir o próprio sistema de jogo utilizado, percebendo o quanto de eficiência defensiva pode ser agregada pela antecipação à movimentação tática de seus adversários, gerando eficiência defensiva e resultados mais eficientes ainda, principalmente contra equipes mais bem ranqueadas…

Eureka ! Faz-se a luz, e muitos poderosos começam a ruir, pelo simples fato de trilharem os mesmos caminhos a cada ataque realizado, tentando emular as trilhas rabiscadas nas pranchetas manjadas de seus estrategistas, não muito diferentes das que enfrentam, pois é tudo igual, a não ser pela sutil obviedade que está sendo descoberta, o porque não desconstruir as estratificadas trilhas, repetitivas, gestualmente mais do que previsíveis, e por isso facilmente de serem fragmentadas, por que não interceptá-las ?…

É isso aí, prezados estrategistas, já se torna tardio o momento de fugir da mesmice endêmica que implantaram impunemente até os dias de hoje, pois como sempre afirmei, e agora repito – Que sucedendo a toda evolução técnica ofensiva, através sistemas bem planejados de jogo, emerge uma contrapartida defensiva da mesma intensidade, gerando ajustes compensatórios, que são os fatores básicos ao desenvolvimento do grande jogo – Então mãos à obra, estudem o sistema que utilizam, desconstrua-o passo a passo, e treine seus jogadores a o negarem, mesmo que teimosamente continuem a usá-lo, para enfim obter o antídoto para o mesmo, e quem sabe encontrarão algo de novo, intuitivo, ousado, e acima de tudo, evoluindo acima da mesmice endêmica em que dormitam desde sempre…

Esta era uma das minhas metas a ser alcançada no comando do Saldanha no NBB 2, e que me foi negada, não só esta, como as demais, que muito ajudariam na fuga de tudo o que aí está formatado e padronizado por um comportamento medíocre e corporativo, típico de todos aqueles que negam o pensar, o novo, a inquestionável e sutil obviedade…

Amém.

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NOVIDADES SEM FUNDAMENTOS? NÃO VALE…

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Oi Paulo, que tal as novidades que se acumulam a cada ano do NBB, tornando-o hoje um produto, como afirmam, de primeira? Com este chamado do amigo sócio benemérito deste humilde blog, sou forçado a tecer alguns comentários sobre tais novidades, mas não antes de reforçar minha opinião de que ainda continuaremos afastados da matriz por um bom par de décadas, sem perspectivas de evolução antes deste prazo, e talvez nunca, pois são realidades tão diferentes, que inviabiliza a compreensão colonizada da turma fascinada por algo poderoso que a manipula a seu bel prazer e interesses, de uma forma metódica e estratégica…

Metódica, porque sedimenta a cada temporada, os princípios técnico táticos do que definem como “basquete internacional”, realidade sistêmica padronizada e formatada pelo corporativismo vigente, imune a novas interpretações do grande jogo, num clube fechado composto por técnicos, jogadores, diretores, agentes, empresários e mídias, que a mantém intocada…

Estratégica, pelo fato direto de ser nosso país um mercado futuro promissor aos declarados interesses da matriz, não fosse nossa liga atrelada de maneira única no mundo basqueteiro à mesma, e que ensaia atrevidamente, inclusive, incidir no desporto escolar, numa ação que não lhe diz respeito a nível constitucional…

Visto e colocado isto, quais novidades são estas que apregoam estar fazendo evoluir o grande jogo entre nós? Segundo a mídia dita especializada, a introdução de espetáculos de entretenimento para o público (?), até circenses, líderes de torcida, mascotes, premiações, estão gerando maior interesse pelos espetáculos, trazendo para as quadras assistentes que os valorizam até mais que o jogo em si, atraindo cada vez mais os diferenciados torcedores de futebol, com sua cultura violenta e passional, desvirtuando a tradição desportiva do basquetebol, onde a imagem de um alambrado soa como uma injúria, assim como as agressões verbais e físicas comuns aos mesmos, mas que mesmo assim mantém os ginásios e arenas semi vazios. Basqueteiros de verdade são adeptos do quinto tempo, quando discutem técnica e taticamente suas equipes, com respeito e acima de tudo, educação. Foi sempre assim, e deveria continuar sendo assim, mas no entanto se ausentam pelo péssimo nível das partidas, pois emoções dissociadas da técnica, não vale…

Mais novidades? Vejamos, a cópia canhestra e fora de nossa cultura na apresentação de nossas equipes, em tudo e por tudo emulando as americanas, com suas rodinhas tribais, túneis e cumprimentos movidos a tapas e peitadas, e claro, as reuniões midiáticas de técnicos e jogadores em quadra antes da bola subir, ações estas que deveriam ter ocorrido nos vestiários, assim como a última novidade, as reuniões de técnicos e assistentes nos pedidos de tempo, deixando os jogadores com um mínimo de segundos que sobram de tão “importantes e básicos” encontros, demonstrando a cada temporada que passa a perda de comando consciente e determinante de um técnico de fato. Mas que diferença pode fazer se todos eles pensam e agem dentro da formatada padronização de onde se originaram como jogadores?…

Então caro amigo, que novidades foram estas, senão um baita atraso, retrocesso mesmo, diante do que éramos como verdadeiros conhecedores do grande jogo, ou não?…

 

P1010302-1Então, sem fundamentos e presos a um sistema único de jogo, quais as novidades que tanto apregoam, quais? Transformar um segundo armador em ala, mantendo a integralidade dos chifres, punhos e camisas? Não vale. Arriscar timidamente atuar com dois pivôs, dissociados pelas distâncias, mantendo-os na linha dos três pontos? Não vale. Abrir os cinco para ter mais espaços, a fim de chifrar desordenadamente em penetrações onde as técnicas no controle de bola e do corpo inexistem? Não vale. Deixar um pivozão sozinho e de costas enquanto o restante da equipe aplaude? Não vale…

Porém, o que deveria valer, de verdade, seria o reestímulo ao treinamento severo dos fundamentos para todos, adultos e jovens, orientados por quem realmente conhece fundamentos, para que conhecessem e dominassem as ferramentas básicas do jogo, o corpo e a bola, nessa ordem, para que bem mais tarde se colocassem a serviço consciente de sistemas de jogo criados para destacar suas competências, e não os acorrentarem a um sistema no qual qualquer deslocamento ou ação parte dos devaneios infantis e descerebrados de estrategistas e suas midiáticas pranchetas, num espetáculo chinfrim de desconhecimento quase total do que venha a ser o grande jogo, aquele em que a criatividade e o improviso se sobrepõe ao passo marcado, pois só improvisa que sabe, quem domina a arte de jogar basquetebol ensinada e aprendida através do esforço e dedicação de uma vida, cujos exemplos em quadra e fora dela sempre foram os assuntos discutidos nos quintos tempos, pelos verdadeiros torcedores, hoje ausentes em jogos previsíveis pela mesmice endêmica que se apoderou inexoravelmente dele, até um dia em que…

Meus deuses, até quando, até quando?

‘Amém.

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TUBO DE ENSAIO…

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Recebi um convite vip da CBB, através seu diretor administrativo Carlos Fontenelle, e lá fui para a arena da Barra assistir o segundo jogo da seleção nesta qualificação ao mundial contra a Venezuela. Naquela vastidão olímpica foi difícil encontrar o estacionamento, ainda mais embaixo de chuva, mas encontrei. Acessei a arena e me vi no recinto vip, coalhado de figuras conhecidas de longa data, e outros bem mais jovens que não poderia reconhecer, e daí para diante foi um festival de  boas e esplêndidas reminiscências, e umas tristes daqueles que já se foram, além de muitas histórias e causos sempre presentes em ocasiões como esta, que eram frequentes no passado, e tão raras no presente…

Dialoguei com algumas gerações que vi jogar, que treinei, e que admirei ali estarem com o eterno sorriso de felicidade de pertencerem a uma confraria respeitosa e saudosa de tempos que marcaram sua educação desportiva e cidadã, e da amizade sincera mesmo pertencendo a equipes rivais. Foi uma excelente decisão da CBB reunir a todos, e somente espero que a repitam daqui para diante, pois o soerguimento do grande jogo dependerá, em muito, da união de todas as gerações que povoaram as quadras do país com sua técnica, alegria e comprometimento com a sua grande causa…

Então, fomos para a quadra, com um bom público para uma segunda feira chuvosa nos confins da Barra, para um jogo, que de antemão se apresentava bastante fraco, face aos sérios desfalques da seleção venezuelana, por motivos noticiados pela imprensa, de caráter político, fruto da enorme crise por que passam. De nossa parte, também desfalcada dos jogadores da NBA e Euroliga, mais o pedido de dispensa do Marcos, deixando as equipes num mesmo patamar de equilíbrio de forças, mas não de técnica, prenunciando uma oportunidade de testagem dos mais novos e pouco experientes jogadores convocados pelo novo técnico. E foi exatamente o que ocorreu…

Como já tinha tentado na primeira partida com o Chile, manteve o croata a formação inicial em dupla armação, com o Yago e o Benite (desculpem os analistas, mas o Benite foi, é, e sempre será um armador, jamais um ala, e inclusive não tem estatura para sê-lo), escalando o Varejão, o Lucas Dias e o Alex como o trio do perímetro interno, numa configuração que envolveu os venezuelanos, anulando-os, inclusive, com uma defesa muito forte e antecipativa, e que evoluiu decisivamente com a entrada do Fulvio, e depois do Fisher, numa combinação variada de armadores que propiciaram aos homens altos, Varejão em particular, ações incisivas e determinantes próximas a cesta, como deve se comportar uma equipe que deseja valorizar cada ataque em pontos, sejam de 2 ou 1 de cada vez, e não desperdiçar energias em ataques equivocados, com arremessos despropositados de 3 (foram 8/22), que é um vício nosso a ser extirpado e colocado em seu devido lugar, ou seja, como uma arma a ser utilizada naqueles momentos em que o perfeito equilíbrio e liberdade do especialista sejam alcançados, e não ser estabelecido como padrão de jogo, como foi utilizado pela Venezuela, com péssimo e esperado resultado…

E é nesse ponto em particular, que soa constrangedor o fato do Hettsheimeir toda vez que entra numa partida vindo do banco, execute em sua primeira ação um arremesso de três, errando sucessivamente, quando o técnico estreante, porém largamente experiente, lança-o em conjunto com o outro pivô, Lucas Mariano, para serem servidos pela dupla armação, numa tentativa corajosa para aumentar a velocidade e o tráfego dos gigantes próximos a cesta, numa antevisão do que pretende desenvolver na seleção pela busca do coletivismo tão ansiado por todos, e que encontrou no Varejão, no Alex e no Lucas Dias a resposta inicial ao seu repto. No transcorrer da partida realizou o croata muitas trocas e combinações, utilizando até uma tripla armação, mas foi num momento do terceiro quarto quando reavivou a armação única, com o Yago e a dupla pesadona Lucas Mariano e Hettsheimeir, que por poucos minutos a seleção se viu praticando o sistema de jogo que em hipótese alguma podemos mais permitir que aconteça, e que foi ironicamente o momento em que o jovem armador arremessou suas duas bolas efetivas de três, como única opção frente a ausência de mobilidade de seus companheiros no âmago da defesa venezuelana…

Ficou bem claro que um armador de 18 anos, muito baixo, porém veloz e temerário, que ainda se perde em firulas desnecessárias, ainda terá que evoluir e praticar muita  leitura de jogo, até o momento em que estará apto para liderar uma seleção nacional, pois em caso contrário poderá ser bastante prejudicado pela precoce antecipação a certas e obrigatórias etapas que terá de percorrer e jamais saltar, para adquirir e sedimentar as técnicas e o raciocínio lógico necessários a função, assim como os alas incensados por uma mídia carente e ansiosa por estrelas, o Meindl e o Lucas Dias, necessitarão de um vasto preparo nos fundamentos do drible ambidestro, nas fintas com e sem bola, passes e arremessos velozes, curtos e médios, para se situarem como efetivos e indispensáveis valores a serviço do grande jogo, e não restritos a esporádicas penetrações unilaterais, e arremessos de fora imprecisos e muitas vezes desnecessários. Fundamentos e mais fundamentos, é a receita que o técnico croata deveria implantar seriamente, ainda mais sendo ele advindo de um país líder no desenvolvimento e ensino dos mesmos, para aí sim, com a turma afiada em seus instrumentos básicos de trabalho, o corpo e a bola, partir para sistemas ousados e corajosos de jogo, como tem ensaiado, com a dupla armação e a turma gigante, ágil, rápida e flexível, trafegando no perímetro interno, e disposta pelo preparo e vontade combativa, desenvolver o básico e inicial sistema, o defensivo, que é o responsável direto pelo sucesso do outro, o ofensivo…

Enfim, é o que desejaria que fosse desenvolvido pelo croata, pois é o que faria se lá estivesse, com a mais absoluta certeza, pois é o que precisamos implantar, para servir de exemplo aos jovens que se iniciam, numa formação de base estratégica a espera de uma radical mudança para melhor. Creio que é chegada a hora…

Amém.

Foto – Divulgação CBB. Clique duplamente na mesma para ampliá-la. 

BRAND, BRAND NEW!!!…

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Foi um jogo com resultado mais do que previsível, dada a fraqueza do basquetebol chileno, principalmente quanto a estatura, desproporcional a da equipe brasileira, que se saída dominaria os rebotes, o que realmente aconteceu. Com uma defesa permanentemente na linha da bola, por sobre um sistema de jogo correlato ao que praticamos, formatado e padronizado desde sempre, bastou anteciparem-se às manjadas jogadas para forçarem os andinos aos arremessos de três, em que são para lá de medíocres, originando uma torrente de contra ataques de extrema facilidade. No entanto, quando os chilenos conseguiam chegar mais próximos à cesta, pudemos atestar que ainda nos falta muito de técnica e posicionamento defensivo, principalmente nas coberturas, demonstrando o enorme trabalho que o técnico croata terá pela frente para afinar sua defesa no âmago do perímetro interno, e mais trabalho ainda para forçar o grupo às contestações no externo, pois ficou bem claro que as inúmeras oportunidades de arremessos longos dos chilenos protagonizariam um outro desfecho fosse o adversário uma equipe com bons especialistas da longa distância, dos muitos que encontraremos daqui para diante…

Daqui a pouco, na arena da Barra, duelamos com os venezuelanos, equipe bem mais capacitada que a chilena, quando poderemos atestar a quantas estamos defensivamente, pois lá na frente insistiremos no sistema único, até que o novo técnico encontre tempo hábil para um treinamento mais específico dentro de suas convicções técnico táticas, vagamente esboçadas com a utilização positiva da dupla armação (Yago, Fisher e Benite se revezaram nas funções), e que hoje a noite poderá contar com mais tempo em quadra do Fulvio, formando duplas permanentemente ativas na armação da trinca de alas pivôs, poderosos dentro do perímetro, pois a partir do momento em que o Lucas e Hettsheimeir perderem uns quilinhos a mais, e o Varejão recobrar um pouco mais de sua mobilidade, atuando em constante movimentação com os alas Alex, Lucas Dias e Mendl, estará a seleção muito próxima do que melhor se faz em algumas seleções mundiais, a americana e a espanhola, como exemplos, até o dia em que entenderemos que a dependência pelos jogadores da NBA e da Euroliga, em muito poderá ser minorada com a adoção de um sistema de jogo realmente fluido e veloz, com o mencionado equilíbrio entre jogo externo e interno que o novo técnico expôs em suas recentes entrevistas, e pela aferição que externou sobre a fraqueza defensiva de nossos jogadores, frutos da enorme permissividade na arte de defender seu território, marca registrada do basquetebol de onde é originário…

Como vemos, o nosso bilíngue croata é fã de carteirinha da dupla armação e de uma trinca de homens altos, ágeis e vigorosos trafegando sôfregos e ariscos pela cozinha de seus adversários, levando lá para dentro um problemão para resolverem, e não esse pastiche de jogo de passes periféricos e chutação desenfreada que praticamos sob a égide e bênçãos de estrategistas que agora, no umbral de um possível sucesso croata, rapidamente adotarão o sistema brand new, pois novidades como essa nunca aparecem, ou são reconhecidas por aqui…

Mas pera lá! Como não são conhecidas por aqui, como? Por acaso não o introduzi em nosso país no NBB2 dirigindo o Saldanha da Gama por 11 jogos no returno daquela competição, vencendo equipes poderosas, mesmo estando em último lugar na tabela? Já contei essa história em dezenas de artigos aqui nesse humilde blog, não esquecendo o fato inconteste de que vinha desenvolvendo e aplicando essa sistema a mais de 40 anos, por todas as equipes que dirigí, seleções estaduais inclusive, sempre divulgando e discutindo uma forma diferenciada de jogar o grande jogo, desde que o Basquete Brasil iniciou sua jornada em setembro de 2004. Porém, o que ninguém explica o porque de não mais ter tido oportunidade em qualquer equipe brasileira, mesmo tendo sido apontado como o melhor técnico daquela competição pela maioria dos blogs de basquetebol, numa marginalização injusta e indesculpável, criminosa até…

A mídia explode agora veiculando a grande novidade, e inclusive O Globo abre o espaço que divulga a NBA (honestamente, o que ela representa para o nosso basquetebol, o que?) para matérias como esta que reproduzo, onde “descobrem” encantados algo que fizemos e dominamos a décadas, porém sem o apoio, a divulgação e o reconhecimento da irmandade corporativa que se apossou do grande jogo no país, tornando-o cada vez menor, até quase o extinguir, mas que agora, graças a um inteligente e astuto croata, nos redimirá com seu sistema de dupla armação e três homens altos, velozes, ágeis e ariscos, praticando o basquetebol total, sem especialistas em posições e sim especialistas no jogo, exigindo para tal uma completa revolução na arte, por nós esquecida, do competente e exigente ensino dos fundamentos, detalhes abominados por estrategistas mais preocupados em jogadas de passo marcado, e não fruto das técnicas individuais e coletivas, da criatividade e da sublime arte da improvisação…

Ele não usa a prancheta, e segundo um embevecido comentarista, se relaciona olho no olho (alguém já discutiu isso até a exaustão…), mostrando falhas e brechas a serem exploradas, incentivando e apoiando seus jogadores, não dando chiliques ao lado da quadra, nem pressionando teatral e  agressivamente a arbitragem, ele simplesmente cuida de seus jogadores, dentro e fora da quadra, e por isso tudo prevejo que poderá fazer um bom trabalho por aqui, pois traz algo de Brand New a esse pago tupiniquim, algo que não conhecemos, ou…

Será que não conhecemos, mesmo? Meus deuses, como são hipócritas e omissos, propositalmente omissos todos os componentes desse corporativismo mafioso que odeia o grande jogo, pois incapazes de reconhecerem minimamente sua grandeza, sua complexidade de grande, grandíssimo jogo, e que não é para qualquer um, pranchetado, ou não…

Amém.

Foto – Reprodução do O Globo de 26/11/17. Clique duplamente na mesma para ampliá-la.