DESDE 2010…

Dando uma boa revisada nos 1482 artigos aqui publicados, me deparo com este de 1/8/2010, um pouco depois de me despedir do NBB, numa curtíssima temporada de 49 dias e 11 jogos, artigo este que preconizava um novo tempo que, passados 8 anos, muito pouco foi modificado em nossa forma de jogar o grande jogo, a não ser por algumas pontuais adaptações, como a agora generalizada dupla armação, e a contratação cada vez mais ampla de alas e pivôs rápidos, ágeis e flexíveis, sem, no entanto, ir fundo na fluidez ofensiva e o emprego de defesas fundamentadas nas flutuações lateralizadas, e acima de tudo, na preocupação estratégica do treinamento integral dos fundamentos individuais e coletivos do jogo, obrigatoriamente, pois se constitui no ferramental  básico para que o mesmo possa ser praticado com firmeza e conhecimento acerca dos sistemas ofensivos e defensivos escolhidos por cada equipe, independente de idade, posição e categoria, inclusive em seleções…

Eis o artigo:

domingo, 1 de agosto de 2010 por Paulo Murilo7 Comentários

A seleção brasileira se sagrou campeã no sul americano, e em cima do tradicional adversário, a Argentina, pena que somente por 10 pontos, quando, se de 2 em 2 pontos poderia ter chegado aos 20-30 de diferença, bastando que para tal tivesse concentrado o jogo no perímetro interno, onde nossos pivôs se impuseram pela velocidade, e não pelo embate físico. A síndrome dos 3 pontos ainda não foi debelada, por puro ciúme dos “shooters” com a dinâmica dos 4 pivôs móveis que se revezaram de 2 em 2, com o Murilo de regente, jogando de frente para a cesta, e não de costas como os pivôs grandalhões e pesados argentinos. E para 3 pivôs móveis faltou pouco, já que o Arthur e o Tavernari também se movimentaram em deslocamentos constantes dentro do perímetro, onde os 2 pivôs ágeis e móveis reinaram absolutos.

E tudo isto fundamentado nas ações de 2 armadores sempre em quadra, nas figuras do Fúlvio, do Nezinho e do Luis Felipe, todos armadores natos, ações estas menos decisivas quando o Duda destoava na função por não dominá-la como os outros 3, daí sua preferência pelos arremessos de 3 sempre que possíveis. E mais, com os armadores sempre próximos, e não como costumavam jogar se escondendo no fundo do ataque.

Tanta mobilidade também acrescentou uma melhora substancial na defesa antecipativa e veloz, falhando só e gravemente nas anteposições dos precisos arremessos longos dos argentinos, quando um posicionamento bem próximo e energico aos mesmos, os instigariam às conclusões de 2 pontos, numa troca de 3 por 2 altamente benéfica para a equipe.

E pensar que quando sempre defendi a utilização permanente da dupla armação no controle do perímetro externo, e da utilização de pivôs de grande mobilidade no interno, fui tachado de teórico e lunático, até o dia em que retornei às quadras e provei com o humilde Saldanha que as possibilidades existiam, e não só com dois pivôs móveis, e sim com três! Mas estamos aprendendo, e depressa. Por isso parabenizo o João Marcelo que conseguiu exequibilizar esse inusitado modo de jogar, com algumas boas adaptações, fruto do que observou também, quando sua antiga equipe do Paulistano enfrentou a minha no NBB2 e perdeu em casa, exatamente pela utilização que fizemos da dupla armação e dos três pivôs móveis que não soube, ou não pode marcar. Agora a Argentina que se cuide daqui para a frente, já que estamos, aleluia, evoluindo técnica e taticamente de verdade.

O engraçado nessa história toda foi a declaração do Magnano em uma entrevista cedida ao jornalista Rodrigo Alves do Rebote em 30/06/2010, sob o título Papo de Mundial – Ruben Magnano, quando declarou –“ No meu estilo não jogo com dois armadores, mas há uma possibilidade tática aberta”.

Acho que a comissão técnica que esteve na Colômbia nesse sul americano optou pela “possibilidade tática” e venceu os conterrâneos do excelente técnico argentino. Mas será ser possível que essa mesma “possibilidade” possa ser empregue no Mundial que se avizinha? E por que não, também, os 3 grandes pivôs?

Não sei se teria a coragem necessária para fazê-lo. Pena, pois seria instigante e revolucionário. Meu humilde Saldanha (hoje acabado…), o provou.

Amém.

 

7 comentários

  • Douglas Stapf Amancio01.08.2010· 
  • Quem assistiu o primeiro jogo contra o Chile, não acompanhou mais nenhum jogo e assitiu o jogo contra a Argentina não acreditou no que viu. Era um outro time vestindo a camisa do Brasil. Os chutes de 3 foram bem menos à esmo e a movimentação que os armadores impuseram deu a certeza que os argentinos iriam correr atrás dos brasileiros o jogo inteiro.
  • Ótimo trabalho da comissão técnica. E é uma pena que apenas o nezinho fora chamado para compor os treinos da seleção principal. O Fúlvio merecia uma chance também. Que venha o mundial.
  • Henrique Lima01.08.2010·
  • Professor Paulo, faz tempo que quero questioná-lo o seguinte.
  • Eu assisti alguns jogos do Boston Celtics, time da temporada 1986.
  • A linha principal era: Danny Ainge, Dennis Johnson, Larry Bird, Kevin McHale e Robert Parish.
  • Quando vi, me lembrei muito do sistema proposto pelo senhor.
  • Muito.
  • Neste vídeo talvez fique mais claro do que meu texto:
  • http://www.youtube.com/watch?v=pnm24AWHeMo&feature=related
  • É apenas um breve vídeo, mas a forma de jogar da equipe é muito interessante.
  • Bird ora no poste alto, ora no poste baixo, raramente recebendo parado a bola. Os outros dois pivôs, em movimentação constante, abrindo para passar se necessário.
  • E dois armadores. Ainge e Johnson, com disposição para os passes e depois sim para a conclusão, praticamente todas dentro do perímetro.
  • O Boston chutava pouquíssimo de três, aliás nesta época, os chutes de três pontos pouco representavam nas partidas, em termos de volume.
  • Isso, se considerarmos que o volume ofensivo de Larry Bird era de:
  • 19 chutes tentados por jogo, apenas 2 da linha dos tres e outros 17 dentro do perímetro.
  • Professor, quando vi, me lembrei e muito do que o senhor propõe.
  • Sei que Bird não é pivô. Não como os pivôs são referenciados hoje, como Shaquille O´Neal ou Dwight Howard. Mas, porque os pivôs não podem ter a qualidade de passe, visão de jogo, drible, arremesso de um Bird ? Porque negligenciá-los ?
  • Porque Kevin McHale e Robert Parish servem neste sistema do Boston como passadores, como definidores de jogadas de todas as formas, mas prioritariamente perto da cesta e recebendo em movimento e alguns outros pivôs de hoje, apenas estacionam e pedem bola parados ?
  • Enfim Professor, era essa minha dúvida.
  • Um grande abraço ! Henrique Lima
  • Henrique Lima01.08.2010· 
  • PS: O link que enviei Professor, não aparece, mas se selecionar o texto, o senhor verá.
  • Basquete Brasil02.08.2010· 
  • Sem dúvida foi uma outra equipe. Só discordo quanto aos arremessos de três, que foram vastamente tentados em detrimento do jogo interior, este sim, devastador. Nossos jogadores que atuam fora do perímetro ainda titubeiam na leitura do jogo, mais preocupados que sempre estão em suas produtividades finalizadoras, já que incentivadas por uma mídia equivocada.
  • Por estes comportamentos, prezado Douglas, torna-se urgente voltarmos aos fundamentos, intensa e dedicadamente.
  • Um abraço, Paulo Murilo.
  • Basquete Brasil02.08.2010· 
  • Sim Henrique, já houve um tempo em que o basquete era jogado magnificamente na NBA. Veja como dois eram os estilos de jogo, com sistemas antagônicos e ambos eficientes.Outras equipes da liga atuavam mais diferentemente ainda, numa profusão criativa e de técnica individual e coletiva refinada.Hoje, a globalização esmagou o bem jogar, substituindo-o pelas Battles under basket, dunks,e muito marketing. Sobrou o que aí está. Mas como sou teimoso, e não saudosista puro e simples, mantenho o sonho dentro de mim, espelhado nas equipes que, teimosamente ainda dirijo.
  • Um abraço, Paulo Murilo.
  • Henrique Lima03.08.2010· 
  • Professor, a parte da tática do passado da NBA é muito mais rica do que a atual.
  • Atualmente, devemos ter umas 20 equipes jogando da mesma forma e várias delas perdendo vários jogos e mesmo assim, ficando na mesmice e algo em torno de 7-10 equipes que jogam um pouco diferente ou com conceitos que não são habituais na NBA.
  • Alias Professor, acho que nunca na liga tivemos tão poucos técnicos excelentes. Tirando Phill Jackson, Popovich, Sloan, Adelman, Don Nelson e talvez mais um ou outro que esqueci agora, o resto não faz parte de uma tradição de grandes técnicos que a NBA tinha ao menos, no começo da década de 90.
  • Isso também contribui para que o jogo seja repetido várias vezes e repensando pouquíssimas.
  • Um abraço, Henrique Lima.
  • Basquete Brasil03.08.2010· 
  • A isto chamam de globalização, artimanha logística que justifica a linearização de uma atividade humana, facilitada e operacionalizada por um poder central. Criar novos caminhos ante tal poder, e que auferem grandes lucros a todos os envolvidos no processo, torna-se um fato raro, e frontalmente combatido pela ameaça de quebra de um monopólio aceito e degustado pela maioria, de técnicos à jogadores, de dirigentes a mídia, como um clube fechado, onde a mediocridade se disfarça de elite, todos em defesa do status quo.
  • O passado de tradições esportivas advindas basicamente do meio escolar e universitário, locais onde o estudo, a pesquisa e as inovações tecnológicos nasciam e se espalhavam, inclusive no âmbito dos desportos, cedeu seu lugar às grandes organizações que visam o lucro, as franquias, onde a pragmatização técnico tática garante o fluxo contínuo da riqueza mantenedora do poder e de seus seguidores.Uns poucos tentam quebrar essa corrente, como os Suns em um passado recente, rapidamente engolfado pelo poder maior.
  • Aqui entre nós, esse exemplo vem se esgueirando sorrateiramente, mas pela insipiência do combustível básico para a sua sobrevivência, o aporte financeiro, ainda existem algumas brechas onde as inovações e atitudes corajosas podem reverter esse provável quadro. Quem sabe aqui em nosso país possamos pelo menos equilibrar tais tendências. A pobreza de recursos pode, quem sabe , retardar a imposição vinda de fora. Talvez…
  • Um abraço. Henrique. 

 

Como vemos, muito pouco mudou de lá para cá, principalmente no aspecto tático do jogo, onde o sistema único prospera a cada dia, adaptando-o a dupla armação e alas pivôs mais velozes, mantendo sua estrutura de comando fora da quadra, através imposições de jogadas “exaustivamente treinadas”, enxurradas de arremessos de três, atenção defensiva pífia, principalmente fora do perímetro, e o pior, fundamentos cada vez mais negligenciados, origem inconteste da ausência crônica da fluidez coletiva, por estrategistas mais ligados às suas midiáticas pranchetas, e pouco, muito pouco interessados em treiná-los, sequer ensiná-los, por um único e decisivo motivo, não saberem, em sua grande maioria, fazê-lo, ficando muito mais fácil trocar “as peças” claudicantes ao final de cada temporada, reiniciando o triste processo ano após ano…

Quem sabe um dia acordemos, quem sabe…

Amém.

Foto – Divulgação CBB. Clique na mesma para ampliá-la.

AMARGA INCOERÊNCIA…

No último artigo aqui publicado, apontei a enorme incoerência que separava a primeira entrevista dada pelo novo técnico da seleção brasileira, Petrovic, da realidade em que se encontra na direção de uma equipe que prioriza os arremessos de três pontos a cada ataque, somente cedendo nas intenções quando contestados fortemente, e mesmo assim, tentam as bolinhas, equilibrados ou não, como num primal impulso impossível de ser refreado. Sem dúvida alguma é o perverso reflexo, adquirido e sedimentado desde uma formação de base mais perversa ainda, pois privilegia o menor esforço e exigências frente à complexa e dificílima aprendizagem dos fundamentos básicos do jogo, substituindo-os pela chutação desenfreada a muitos metros da cesta, aparente e erroneamente protegidos de forte anteposição defensiva, num monumental erro de diagnóstico do que venha a ser o grande jogo e sua perene evolução, e que já começa a encontrar e desenvolver ações que muito mais cedo do que imaginam, inviabilizará a liberdade para empregá-los…

Tal incoerência é perfeitamente visualizada pela foto ao lado, onde a fugaz estatística apresentada na tela, confronta a enorme preocupação de um técnico frente a uma situação real de jogo que, ferindo seus princípios técnico táticos forjados em sua longa experiência européia, se vê refém de uma outra, diametralmente oposta, haja vista seu posicionamento explanado na entrevista mencionada…

Logo, a derrota pode ser perfeitamente explicada, porém não justificada, por contundentes números que conotam injustificadas situações, tais como o fato de ter perdido para uma equipe que convergiu em seus arremessos (19/32 nos 2 pontos, e 14/33 nos 3), pois não foi a sua equipe capaz de contestar a artilharia de fora, aparentemente preocupada com o poderio interior dos canadenses, que espremeram ao máximo a seleção em seu perímetro interno, abrindo totalmente a porteira para seus arremessos externos, e foram 14 bolas de 3, ou seja, 42 pontos dos 85 conquistados, praticamente a metade…

Por outro lado, viu sua equipe arremessar 28/49 de 2 pontos, ação que deveria ter tido continuidade, e amassar o aro num 5/20 de 3 em tentativas, perpetradas por nossos “especialistas”(só o Benite matou 1/7…), num erro de graves consequências, que poderia ter sido contornado se contestássemos os canadenses da mesma e competente forma com que nos contestaram, ocupando os espaços internos e externos com velocidade e estratégicos posicionamentos, técnicas que grande parte de nossos jogadores desconhecem, pois, desde cedo, são direcionados a chutação, e raramente a evitá-la por parte dos adversários, numa autofagia cruel e suicida, e cujos resultados aí estão…

O experiente técnico não pode cometer o erro dos dois estrangeiros que o antecederam, o de adaptar, ou mesmo esquecer seus princípios básicos do jogo, onde somente o conhecimento e a rude prática dos fundamentos poderá instrumentalizar os jogadores na difícil arte de defender, ou mesmo atacar com equilíbrio na busca dos arremessos mais precisos, os esquecidos e minorizados arremessos de curta e média distâncias, reservando os de longa para aqueles especialistas de verdade, e mesmo assim em condições plenas de equilíbrio e liberdade, como uma arma complementar, e não como uma ação prioritária de jogo…

Petrovic tem de se adequar aos seus princípios externados na entrevista inicial, sem exceções, exigindo e aplicando um competente preparo nos fundamentos, para que aqueles sejam exequibilizados nos jogos, e não se tornando refém de uma forma de jogar oposta a seus conceitos, pois em caso contrário não obterá os resultados que tanto persegue, e pelos quais é muito bem pago. Mas para tanto, necessita de competente ajuda, que no caso de seus atuais assistentes, vencedores de um sul americano marcado pela convergência que já se torna endêmica, à imagem e semelhança do sistema único, pouco ou nada frutificará, já que adeptos da chutação nas equipes que dirigem, obrigando-o a uma guinada técnico tática, na busca de algo diferenciado na maneira e forma de jogarmos, começando com a retomada de seus princípios, bem de acordo com o posicionamento inicial em terra tupiniquim. Vai conseguir? Torço para que sim, mas lá no fundo desconfio que não, infelizmente, pois o que vemos na LNB, porta de entrada da nossa elite, onde a incrível quantidade de erros de fundamentos ofensivos e defensivos, e o “chega e chuta” desenfreado, em nada recomendam nossos jovens talentos ao enfrentamento internacional de verdade, órfãos que são dos fundamentos do grande jogo, a começar pela ações mais básicas, como a de defender, passar com presteza, driblar com domínio do espaço, rebotear com firmeza, saber jogar sem a bola, arremessar com pleno conhecimento técnico, e acima de tudo, saber ler o jogo em suas partes e no todo, que são as portas de entrada do coletivismo consciente, todo um vasto arsenal de conhecimentos que têm de ser ensinados, duramente praticados, não importando idade, sexo, estatura, divisões, ou mesmo seleções municipais, estaduais e nacionais, pois se trata do ferramental inerente a prática do grande, grandíssimo jogo, terreno de propriedade daqueles que o conhecem, entendem e o amam…

Amém.

Fotos – Reproduções da TV. Clique duplamente nas mesmas para ampliá-las.

REFLEXIONANDO II…

No início deste ano publiquei o artigo que reproduzo abaixo, salientando, entre outros assuntos, a extrema pobreza de nossos jovens sub 21, nos fundamentos básicos do jogo, na ante sala da elite do NBB, cuja competição LDB, está sendo situada pela mídia especializada e técnicos graduados, como a NCAA tupiniquim, responsável pela alimentação das franquias da competição maior, e mesmo a seleção nacional, porém com um pormenor que, rigorosamente, não vem sendo levado muito a sério desde que a LDB foi criada a alguns anos atrás, o correto preparo da jovem turma nos acima mencionados fundamentos, e não só em suas equipes, como na base inicial do processo de aprendizagem, onde o “preparo” nos sistemas táticos, formatados e padronizados desde sempre, se sobrepõem as básicas necessidades técnicas do jogo, que constituem os pilares para a consecução dos sistemas táticos mais primários, quiçá os mais complexos e evoluídos, que se tornam inócuos sem tal fundamentação…

Naquele último torneio, a média de erros alcançou o absurdo número de 36,6 por jogo, fator crítico que exigia uma remodelação no processo de ensino/aprendizagem, para que no recém iniciado LDB 2018 pudéssemos, enfim, darmos o grande passo na direção de sistemas de jogo bem jogados, onde o coletivismo pudesse se impor ao individualismo grosseiro e destituído de fundamentação razoável, fator obrigatório a todos aqueles jogadores que aspiram a liga maior. Mas, não é o que atestamos até agora, quando a LDB atinge a quarta rodada, com a média de erros atingindo 36,2 por jogo, praticamente a mesma da competição anterior, com jogos atingindo 46 erros primários de fundamentos, sem contar com as convergências em arremessos de 2 e 3 pontos, onde a hemorragia dos 3 se situa ainda muito longe de ser estancada, e claro, contando com todo o apoio e incentivo dos estrategistas da maioria das equipes…

O amargo resultado desta mais amarga realidade ainda, constataremos com certeza, nas competições internacionais, onde arrivismos e aventuras irresponsáveis ecoarão a fragilidade de como “preparamos” nossas gerações, ano após ano, décadas, sem que seja destinadas aos nossos melhores técnicos e professores as responsabilidades fruto de estudo, pesquisa e árduo trabalho formativo, até mesmo na criação e desenvolvimento de novas formas de jogar o grande jogo, tendo como suporte inamovível e indiscutível, do pleno ensino e conhecimento dos fundamentos que o tornam realmente grande…

Daqui a um pouco a seleção masculina enfrentará o Canadá, na classificatória ao Mundial, com seu técnico expressando publicamente sua negativa ao jogo baseado no “chega e chuta” a que testemunhou logo após sua chegada, mas que não encontrou eco por parte de estrategistas e jogadores, cada vez mais concentrados na influência Curry/Warriors, modelo que nem mesmo a seleção americana pratica, e tendo em seus mais próximos assistentes a defesa e utilização deste modismo, o que revela uma incoerência de comando absolutamente incompreensível, e cujos resultados poderão ser perigosos, pois uma seleção reflete, em tese, a realidade competitiva de um país, sendo a mesma o espelho a ser refletido às gerações que a comporão…

Temos muitos jovens na seleção, inclusive na armação de jogo, onde a exigência de larga experiência e leitura tática de jogo é exigida, sem concessões, e mais ainda, o pleno e consciente domínio e conhecimento dos fundamentos, de todos eles, necessários ao desenvolvimento tático e estratégico nas competições mais  relevantes, fatores que vejo e pressinto como ainda muito falhos em nossos melhores jogadores, frutos que são, e continuarão sendo por um longo período, da fragilidade nos fundamentos, negados aos mesmos por uma geração de estrategistas pranchetados, que desconhecem a fulcral essência do grande jogo, sua estrutura maior, seus fundamentos…

Amém.  

Eis o artigo:

REFLEXIONANDO…

sexta-feira, 2 de março de 2018 por Paulo Murilo Sem comentários

      Em recente artigo, Fabio Balassiano apontou avanços  substanciais no gerenciamento do basquetebol brasileiro, tanto pela CBB, quanto pela LNB, tendo como foco principal a reforma dos estatutos da primeira, estratificado desde sua fundação, e que finalmente galgou um patamar bastante positivo, principalmente na composição de seu colégio eleitoral, agora acrescido de jogadores e técnicos, algo tido como impossível a bem pouco tempo atrás. No entanto, um nevrálgico ponto deixou de ser analisado, o fato da escolha dos técnicos ter sido feita pelo presidente da ATBB (Associação dos Técnicos do Basquetebol Brasileiro), uma entidade que sucedeu a APROBAS, que deixou de existir pela baixa adesão dos técnicos, assim como a anterior ABRASTEBA, quando do falecimento de seu presidente e mantenedor Moacyr Daiuto, aspecto que parece pode se repetir, face a baixa adesão dos técnicos à nova associação, que com as antecedentes, contava quase que exclusivamente com técnicos paulistas…

Pois bem , numa recente matéria do Databasket pela internet, o presidente da ATBB comunica que pessoalmente indicou os dois técnicos para compor o colégio eleitoral da CBB, ao contrário da CBB que que se utilizou do voto universal para indicar os jogadores representativos, e era de se esperar que o mesmo acontecesse pela direção da ATBB, que inclusive se auto nomeou o representante no Conselho Administrativo da CBB, e mais, comunicou que propôs a administração da ENTB com a possibilidade de inclusão de cursos a distância, ou seja, uma entidade que de forma alguma alcançou representatividade nacional, pois conta com baixa adesão de técnicos, experiência que não chega a dois anos de atuação, e como suas duas predecessoras, sendo composta quase exclusivamente por técnicos paulistas, apontando claramente que, em hipótese alguma, permitirão que o controle técnico do basquetebol brasileiro saia de sua direta influência, que data da primeira administração do grego melhor que um presente, que garantiu sua eleição sobre o Renato Brito Cunha, com o decisivo apoio dos paulistas, em troca do domínio absoluto do setor técnico da entidade maior (é bom lembrar que até aquele momento a CBB, com sede no RJ, comandava o setor técnico, época em que o basquetebol brasileiro alcançou suas maiores conquistas internacionais, com três mundiais e cinco medalhas olímpicas), dando início a hecatombe que se instalou entre nós, e que aí está escancarada pela padronização e formatação do nosso indigitado basquetebol, inserido coercitivamente no tenebroso sistema único de jogo, da base até a elite, dando início ao corporativismo exacerbado que tanto nos oprime e humilha…

Mas não satisfeito, ensaia um convite para que durante o jogo das estrelas no Ibirapuera, os técnicos se reunam para num “brain storming” discutirem caminhos e sugestões para que a presidência os representem, mas onde, se já se decidiu fazê-lo sozinho e seus dois parceiros? Parece não, é realmente surreal ( e mais um lembrete, foi durante o Mundial Feminino neste mesmo Ibirapuera em 1971, durante um seminário técnico, que lancei a idéia de fundarmos uma associação de técnicos, que contou com a adesão imediata de mais de 180 técnicos nacionais e alguns internacionais, dando início àquela que seria a segunda associação nas Américas, perdendo somente para a NABC, fundada em 1926. Foi um consenso absoluto, fruto de uma iniciativa democrática discutida por todos os presentes  Abri mão da da unânime indicação a presidência (aos 32 anos me considerei jovem demais para o cargo, além de algumas rusgas com a CBB), em nome do técnico e professor Antenor Horta, tendo na vice presidência o professor Moacyr Daiuto, ficando como secretário da mesma. A ANATEBA foi dois anos mais tarde dissolvida pela negação da CBB em apoiá-la, quando do lançamento do Mini Basquete no país).

Honestamente, a CBB não pode repetir o brutal erro cometido quando do lançamento da ENTB, levando-a ao fracasso e praticamente sucumbir ao seu péssimo e incompetente projeto de ação. Uma Escola é algo de transcendente importância, e que deve reunir a nata de professores e técnicos, veteranos e alguns jovens promissores, inclusive aqueles que pertencem a associações estaduais de técnicos (aqui no RJ existe uma, e quem sabe em outros estados), para aí sim, reunidos em torno de uma imensa mesa, estabelecerem aquelas importantes discussões para a formação de base, e o estabelecimento de uma autêntica e séria ENTB, e não mais um capítulo de imprevidência e oportuno continuísmo, exclusivo de um grupo no perene comando técnico do grande jogo no nosso imenso e injusto país…

E um dos resultados nefastos dessa influência pode ser descrito por alguns e singelos números que ocorreram nas semifinais e final da LDB, categoria sub 20 de jogadores que já deveriam estar prontos para o NBB, onde alguns já competem e cujos erros nos fundamentos básicos são preocupantes, pois os tornam ineficientes no desenvolvimento de sistemas de jogo, ofensivos e defensivos, os quais somente se tornam produtivos com o pleno domínio dos mesmos, e por essa indiscutível razão, serão extremamente limitados nas ações que exigem criatividade e improviso consciente na consecução dos sistemas propostos, e consequente leitura de jogo. Aqui os resultados:

– Nos 24 jogos desta fase final, foram cometidos 871 erros de fundamentos, ou 36,2 por jogo na média.

– Por equipes :

– Pinheiros 112 (22.4 pj); Flamengo 108 (21.6 pj); Minas 108 (21.6 pj); Paulistano 98 (19.6 pj); Ceará 90 (18.0 pj);  São José 81 (16.2 pj); Franca 76 (15.2 pj); Curitiba 70 (14.0 pj).

– Finalistas :

– Pinheiros/Franca – 25/17 – 42 erros

– Paulistano/São José – 15/20 – 35 erros

– Jogo com mais erros – Paulistano/Minas (28/27) 55 erros.

– Para um razoável padrão na elite de 5-8 erros por equipe, alcançaram os novos jogadores : 1 jogo com mais de 50 erros; 6 entre 40 e 50; 4 entre 30 e 40; 5 entre 20 e 30, e absolutamente nenhum abaixo dos 20 erros. Seria interessante que fossem contabilizados os erros de toda a competição, com resultados assustadores, confiram, ou não se deem ao trabalho, para que, não? Noves fora a endêmica chutação de três…

Complementando o desanimador quadro, o jogo da primeira rodada da Liga Ouro entre Brusque e Cerrado apresentou os seguintes e absurdos números – 32 arremessos de 2 pontos e 74 de 3, sendo que ao fim do segundo quarto perpetraram 3 de 2 pontos e 26 de 3, simplesmente inacreditável!…

Agora a pouco o Paulistano arrasou o Botafogo arremessando 19/29 de 2 pontos e 21/43 de 3, sedimentando a “nova filosofia” de jogo tupiniquim (como ninguém defende, é uma excelente oportunidade de agregar vitórias e recordes aos currículos, e que se explodam os resultados nas seleções mais a frente), até o dia em que as equipes reaprendam a defender, a contestar, mas claro, se derem importância aos fundamentos básicos do jogo, desde a base, preferencialmente, ou mesmo praticá-los na elite, por que não, porque não?…

Mas algo de “positivo” que vem acontecendo nos jogos da seleção dirigida pelo Petrovic, a sua progressiva adesão aos chutes de três (vide o Magnano), inclusive nos contra ataques e por parte dos pivôs, num gritante contra ponto aos seus conceitos croatas de basquetebol, o que seria lastimável se olvidados, espero contrito que não…

No mais, fazendo coro ao meu permanente e atento interlocutor, que me considera um empedernido pessimista, alerto ao mesmo que, muito pelo contrário me considero um irremediável otimista, a ponto de vislumbrar uma tênue esperança em dias melhores para o grande jogo entre nós, na medida, mais tênue ainda, de que afastemos dele aqueles que no fundo o odeiam, pelo simples fato de não o entenderem naqueles pontos que tem de grandioso, sua inesgotável capacidade criativa, ousada e corajosa, mesmo  aviltado e agredido sem maiores contemplações, pois o que tem importado de verdade é a bola sagrada de três, a enterrada monstro, o toco transcendental, o duplo e o triplo duplo, as pranchetas que falam, os palavrões e coerções a jogadores e árbitros, a patética mímica extra quadra, as violentas torcidas de icônicas camisas, os tatibitates craques que exportamos antes do tempo, a importação dos que não servem mais para a matriz, e a continuidade da mesmice endêmica em nossa autofágica forma de jogar, negando as diferenças, o bom senso, o criativo e o ousado, em nome do que aí está  Um novo ciclo olímpico já foi iniciado, e nada parece que aprendemos técnica e taticamente, mas meus deuses, até quando, até quando…

Amém.

 

O ONTEM, O HOJE, E O AMANHÃ…

Me dei um tempo, até pensei prolongá-lo definitivamente, pois sinto cansaço extremo frente a tanta mediocridade, consubstanciada pela massacrante mesmice endêmica que nos agrilhoou, creio que por mais um ciclo olímpico, espelhada nessa vitória da seleção sub 21 no sul americano concluído no domingo passado, não que eu não a parabenize, já que conquistada na casa dos hermanos, vencendo-os por duas vezes de forma inconteste, onde bons e promissores jogadores se destacaram, lutando com denodo e entrega, mesmo que amarrados e sucumbidos por um sistema único globalizado, irmanado agora à moda dos longos arremessos, numa cópia canhestra do que pior se faz lá fora, ou fazia, já que severamente contestada pelo progressivo desenvolvimento e aplicação de defesas potentes no perímetro externo, premissa essa solenemente negada por nós em campeonatos onde as estrelas mais cobiçadas são as estratosféricas bolinhas e as enterradas monstros, produtos de ausências defensivas em ambos os perímetros, desde a formação de base, cujo resultado mais recente aconteceu em terra hermana…

Definitivamente adotamos a convergência como estratégia de jogo, seja ele qual for, independendo de faixa etária, sexo, ou qualquer que seja as classificações possíveis, mesmo que contundentemente criticada pelo selecionador master, Petrovic, em sua primeira entrevista dada em terra tupiniquim, quando afirmou não compreender a enxurrada de arremessos de três adotada e praticada no nosso basquetebol, com a mais plena anuência de treinadores e estrategistas, responsáveis e coniventes, coroada agora no sub 21 campeão, dirigida pelos seus dois assistentes técnicos, que passaram um recado mais do que claro do que pensam a respeito, já que aplicado em quadra, vencendo a competição, sugerindo um determinismo contrário ao posicionamento técnico tático do croata, numa contundente repetição do que ocorreu com seus dois antecessores, estrangeiros como ele, ficando em suspenso uma solene indagação – Perante a importante conquista, mudará seu posicionamento de décadas no basquetebol europeu, ou aderirá saltitante a moda imposta, ou sugerida por seus mais diretos colaboradores?…

No jogo final de domingo, enquanto a equipe argentina se desdobrou nas coberturas externas contestando os longos arremessos de nossos brazucas, conseguiu se manter à frente do placar, no entanto, acumulou muitas faltas pessoais nas tentativas de barrar o forte jogo interno dos bons e fortíssimos alas pivôs brasileiros, fator este determinante para sua derrota, já que no quarto final perdeu sua força reboteira, deixando-se vencer por 8 pontos, e sem nunca ter tentado marcar os pivôs pela frente, que é a certeza mais absoluta do que acontecerá nas competições mais duras daqui para diante, já que aos poucos a realidade de que trocar possibilidades de penetrações que valem 2 pontos, ao longo de uma dura partida, se torna mais rentável do que abrir a porteira dos 3 pontos, pela quantidade que forem as tentativas…

E os números não mentem, ao contrário, escancaram a dura realidade de uma forma midiática de jogar, onde a evolução natural de técnicas defensivas, sem a menor dúvida, estancarão essa hemorragia autofágica promovida por quem ouviu o galo cantar e se encontra perdido sem saber de onde ele vem, afinal de contas copiar o que aparente e rapidamente dá certo, cai melhor do que ir fundo no grande jogo, algo desconhecido e tabu para a maioria daqueles que se intitulam estrategistas, já que técnicos e professores não o são, de forma alguma, ao omitirem seus saberes, principalmente no ensino dos fundamentos do grande jogo…

E os números? Aí vão:

– Nos 6 jogos classificatórios (tentativas certas e erradas das equipes):

– 2 pontos – 156/324   48,1%

– 3 pontos – 102/297  34,3%

– L Livres  – 97/133 72,9%

– Erros      – 136 22,6 pj

– Nos 4 jogos mais significativos – Argentina-(2),Uruguai e Chile (Idem):

– 2 pontos –   83/224 37,5%

– 3 pontos –   59/171 34,5%

– L Livres  – 66 / 86 76,7%

– Erros      – 75  18,7 pj

– Jogo final:

– 2 pontos –    36 / 73 49,3%

– 3 pontos –    21 / 60 35,0%

– L Livres  – 25 / 33  75,8%

– Erros      – 25

 

O que eles dizem? Que na classificação, a presença das fracas equipes do Paraguai e Peru, fizeram aparecer mais arremessos de 2 pontos (48,1%), suplantando os de 3 (34,3%), mas mesmo assim, no jogo contra o Uruguai, vencido por 3 pontos, a seleção nacional arremessou 15/34 de 2 e inacreditáveis 17/43 de 3, continuando sua saga artilheira perpetrando 38 bolinhas contra o Chile (vencido por 4 pontos), e 30 contra a Argentina, vencendo por 12 pontos. No jogo final, a seleção arremessou 29 bolas de 3, e a Argentina 31, sendo este o único jogo em que a equipe arremessou abaixo de 30 nas indefectíveis bolinhas. Vejam que nas três tabelas o percentual de bolas de 3 se mantêm praticamente igual, ou seja, para cada 10 bolas arremessadas de fora do perímetro, somente 3,5 caem, num desperdício de energia ofensiva que, se bem administrada por defesas bem treinadas e postadas, anularão a tão decantada supremacia das bolas de 3, ação que a Argentina conseguiu nos três quartos iniciais da partida, cedendo no quarto final pela perda de seus homens altos na defesa interna, já que na externa vinham se saindo além da expectativa. E nesse ponto vale lembrar as continhas que tanto divulgo nos artigos antes publicados, ou seja – se a seleção substituísse a metade das bolas perdidas de 3 pontos por tentativas trabalhadas para os 2 pontos, venceria as mesmas partidas com diferenças que beirariam os 20 pontos, economizando esforço físico com eficiência pontuadora de 2 em 2, e se somarmos a estes números os graves erros nos fundamentos do jogo (com números acima de 16 na maioria dos jogos), onde as falhas nas contestações defensivas não são computadas (se fossem apontariam uma catástrofe a cada jogo), concluiremos que continuamos a trilhar o mesmo caminho obscuro e nem um pouco inteligente que nos lançou no limbo técnico tático que tanto nos prejudicou no concerto internacional, culminando na autopromoção burra e incompreensível de uma liderança revolucionária na concepção de um modernoso basquetebol, escravo vicioso da cópia canhestra de uma forma de atuar tecnicamente restrita a muito poucos jogadores, detentores de uma técnica superior e quase exclusiva no manejo direcional de uma bola de basquetebol, lançada de longas distâncias, fator este que ilustra com precisão alguns trabalhos e pesquisas acadêmicas muito sérias, nas quais incluo a tese doutoral “Estudo sobre um efetivo controle da direção do lançamento com uma das mãos no basquetebol”, defendida em 1990 na FMH/UTL de Lisboa, de minha autoria, com alguns tópicos aqui publicados, e ainda sem estudos que a contradigam na esfera internacional até a data de hoje…

Por que a menciono? Pelo simples, simplíssimo fato de que, frente ao desastre estratégico. a curto, médio e longo prazos, nada fazemos na preparação de base e nas quadras da elite, para evitarmos um equívoco tão descomunal, aquele de nos acharmos imbatíveis no jogo exterior, com seus “afastamentos e aberturas” e imprecisa artilharia se convenientemente contestada, caminho que começa a ser trilhado pelas melhores escolas de fundamentos mundiais, e que nos relegará a praticantes arrivistas de tiro aos pombos, sem a contrapartida de sólidos fundamentos e de preciso e forte jogo interior como opção primeira, postergando a bolinha infalível ao seu lugar de direito, como um recurso complementar, e não principal de uma equipe que preza o coletivismo agregador e uníssono, antítese do que praticamos…

Poderíamos começar pela salvação dessa geração de bons jogadores, reunindo-os numa equipe espelho, fonte de estudos práticos de uma séria ENTB, mantida pela CBB, participando do NBB, dando a seus jovens integrantes um treinamento sólido e evolutivo nos fundamentos básicos, destinando horas do dia para seus estudos em boas instituições de ensino médio e superior (oportunidade de uma relação da CBB com instituição privada de ensino, dividindo despesas), fator básico para seu futuro após os anos de competições, abrindo oportunidades, inclusive, para concluir sua formação em escolas do exterior. Seria uma conjugação de interesses esportivos, educacionais e culturais, inédito em nosso país, servindo de exemplo para o desporto escolar e universitário, clubístico também, pois após a cessão de um ou dois de seus jovens por no máximo duas temporadas, os teriam de volta mais maduros, e tecnicamente embasados, com tempo precioso de ação prática, e não esquecidos nos bancos de equipes recheadas de nomões escorados contratualmente em minutos a ser jogados, manipulados por interesses de agentes e franquias agregadas ao status quo vigente…

No vértice desta retomada, uma ENTB realmente representativa, e não avidamente buscada pela mesma coligação que domina o grande jogo desde sempre, ativando e desativando na mesma velocidade, associações de técnicos majoritariamente de um mesmo estado, alijando os demais de seus projetos hegemônicos e monetariamente atrativos, onde o comando baila pelas mesmas mãos, trocando somente as siglas que as denominam, esquecendo que o espírito de qualquer escola que se preze passa pelos conhecimentos de ontem, que sedimentam o hoje, e projetam o progresso para o amanhã, não importando de onde venham, onde o trabalho alicerçado pelo mérito, em tudo e por tudo, deveria ultrapassar os interesses, as trocas, e os favores requeridos por quem quer que fosse, prestigiando a qualquer custo o processo democrático e o direito ao contraditório, cernes do progresso equânime e constitucional de todos os envolvidos no processo de ensinar a ensinar. aprender fazendo, estudar e pesquisar todas as questões inerentes ao grande jogo, obrigatoriamente presencial, com apoio suplementar virtual. Assim deveria se constituir uma verdadeira Escola Nacional de Técnicos de Basquetebol.

Amém.

Fotos – Divulgação CBB, CABB, reprodução da TV. Clique duplamente nas mesmas para ampliá-las.

  

A CRÔNICA DE UMA VIDA…

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Faz um mês que nada publico neste humilde blog, e para ser bem franco, muito pouco poderia ter escrito, muito menos pensar seriamente basquetebol, sem me repetir ad infinitum, frente a endêmica mesmice imposta ao grande jogo desde sempre…

Talvez (palavra ícone deste nosso tempo),  ou quem sabe, reportando a um incoerente Petrovic, afirmando em sua primeira entrevista que não entendia, e não aceitava  a enorme quantidade de arremessos de três pontos perpetrados por nossos jogadores, mas, no entanto, permitindo 5/25 bolas de três na derrota contra a Venezuela (72×56), e uma convergência na vitória contra a Colômbia (98×71), quando arremessaram 20/37 bolas de dois pontos e 16/34 de três, em nada alinhado a seu posicionamento inicial em terra tupiniquim…

E que dizer, pela milésima vez, sobre os números finais das quatro partidas do playoff que decidiu a Liga Ouro, quando foram lançadas 160/292 (44,7%) bolas de dois pontos, 60/207 (28,9%) de três, e 154/224 (68,7%) em Lances livres, acrescidos de uma média de 25 erros de fundamentos por partida? Absolutamente nada…

Quanto a ciranda das “peças” e estrategistas no âmago das franquias, agora somados aos “managers caboclos e caipiras”, todos mancomunados com a mesmice endêmica que os fazem existir, já que pareados “filosoficamente”,  técnica, tática e administrativamente, não vale mais a pena perder tempo com nenhum deles…

Tenho me dado um tempo junto aos filhos, aqui e lá fora, vindo a pouco de uma passeio fantástico por uma Europa antiga, tradicional, mas que tenta se renovar, quando aqui sequer pensamos em simplesmente, crescer…

Oito anos atrás me dei um tempo, o publiquei, e agora o republico, pois nada mudou no grande jogo, e que, infelizmente, se encontra atual.

 

ME DEI UM TEMPO…

terça-feira, 1 de junho de 2010 por Paulo Murilo–  18 Comentários

Me dei um tempo, precisava muito, não por cansaço físico, mas porque necessitava me situar com rigor ante a reviravolta que dei assumindo a direção de uma equipe da LNB, e numa situação de alto risco técnico, já que última classificada e muito depreciada.

Substituir o blog pela equipe não seria algo que desejava, já que profundamente arraigado aos princípios que nortearam a criação do mesmo, a luta pelo soerguimento do basquete em nossa terra, sob todos os aspectos, do político ao técnico tático, e sempre primando pelo respeito e a ética.

Foi então que resolvi postar o dia a dia do preparo da equipe, num trabalho que encontrou respostas positivas no seio dos jovens técnicos, e de todos aqueles que amam o grande jogo.

No entanto, nossa participação se encerrou, após 49 dias de muito sacrifício, perdas, derrotas e vitórias inquestionáveis e redentoras, mas não suficientes para nos afastar da última colocação na Liga.

Mas algumas conquistas foram determinantes, principalmente a utilização de sistemas ofensivos e defensivos diferenciados dos restantes membros participantes do NBB2, e que comprovaram serem eficientes, apesar do pouco tempo de treinamento. Muitos desejaram ver jogos da equipe em vídeos, aficionados e mesmo jornalistas, aos quais oferecí dois exemplos no blog( e que me custaram imensas preocupações e trabalho), aceitos e elogiados pelos primeiros, e decididamente omitidos pela maioria dos segundos, os mesmos que ansiavam assisti-los.

E o mutismo dessa imprensa altamente especializada tem uma explicação que prima pela simplicidade, não tinha, a grande maioria, a menor idéia do que assistiram ( se é que o fizeram…), já que profunda e irremediavelmente engessada e compromissada com o sistema único e divino de jogo utilizado em nosso país, calcado e colonizado pelo éden sagrado e desejado por todos, o World Championship basketball da NBA, pelo qual muitos são pagos e patrocinados ( o DraftBrasil foi o único site interessado no assunto).

E como o Eurobasket, aos poucos vem perdendo sua independência técnico tática por força do trator financeiro da matriz americana, haja vista a última final vencida pelo Barcelona, com um basquete cópia fidedigna do sistema único, inclusive nas interpretações arbitrais, antecipamos o que ocorrerá no próximo Mundial onde o reino dos jogadores 1, 2, 3, 4 e 5 ainda fluirá majestoso por um longo tempo, imutável.

Não à toa os argentinos subverteram a ordem olímpica e mundial a bem pouco tempo, mas aos poucos foram sendo engolfados pelo sistema único, fruto da mais bem urdida campanha publicitária de que se tem notícia na história do esporte, cujo peso político econômico não tem paralelo nos tempos modernos, juntamente com a religião mundial do futebol.

Estamos vivendo a decisão do NBB2, com jogos que raiam ao inconcebível, onde somente nos três últimos do play off final 201 arremessos de três foram tentados, ou 603 pontos possíveis, numa impossibilidade técnica de vê-los convertidos, numa média de 67 por jogo, furtando do mesmo o mais primário sistema coletivo, o princípio de equipe, o princípio do jogo. E todos, assim como as demais equipes da Liga, utilizando o sistema único.

Ainda conceituamos jogos de baixíssima qualidade, como exemplos de técnica apurada, numa proposital confusão onde se misturam emoção e agressividade, mas tudo em nome da preservação do status quo, onde jogadores, técnicos e muitos jornalistas se aliam para o bem comum, o monopólio do mercado de trabalho, no qual um sistema único, padronizado e de conhecimento de todos, garante as trocas de equipes e de regiões, viabilizando curtos espaços para treinamentos e pré temporadas, pela similitude de ações, e mesmo de sinalizações de jogadas, numa cumplicidade que raia ao absurdo.

E o público ignaro, aceitando e difundindo tais princípios, promove seus preferidos dentro das posições de 1 a 5, estratificadas pela rigidez do sistema, onde o 1 é o armador, o 2 é o armador arremessador, o 3 é o ala, o 4 é o ala-pivô, e o 5 é o pivô ( última classificação dos narradores da sportv), variando na votação para os melhores do anos da LNB que classifica os jogadores em 1 o armador, 2 o ala-armador, 3 o ala, 4 o ala-pivô e 5 o pivô.

E quando a LNB me contatou para que eu designasse os melhores da minha equipe, a fim de que os mesmos pudessem ser votados pelos demais técnicos para os melhores do ano, designei-os como 2 armadores e 3 pivôs móveis, ou se quisessem, 3 alas-pivôs, o que deixou meu interlocutor embaraçado, já que fora do padrão, do sistema único, no qual, tenho a certeza, ele encaixou os jogadores que designei.

E veio a convocação para o Mundial, onde a discussão inicial e monocórdia é de que o Huertas é o 1, e seu reserva o Valter, e que o Alex e o Marcelo são 2, e que o Guilherme é o 3, o Spliter 4 e o Nenê 5. E o Varejão? Ah, esse será um ótimo 6, seguindo o bonde do “padrão mundial”.

Mas se o exemplo fugaz do meu humilde Saldanha merecesse um mínimo de estudo e consideração por parte dos “entendidos”, assim poderia jogar a base da seleção, com Huertas e Valter de armadores puros, e Spliter, Varejão e Nenê de pivôs móveis, não fosse o Nenê em sua origem pré-engorda um ala poderoso e atlético (Aliás, essa era uma das intenções do Moncho, em entrevista na TV logo em sua chegada). Vejam e analisem os vídeos que postei e tentem visualizar o óbvio, uma forma sugerida de jogo diferenciado, e que adaptado, ou na forma apresentada, tumultuaria profundamente as equipes adversárias, também engessadas e viciadas num sistema altamente previsível, por ser único.

Mas Paulo, e aqueles que só sabem( ou pensam saber…)arremessar de três, como ficariam? No banco, ou em casa, vendo que é perfeitamente possível vencer jogos e campeonatos de 2 em 2, com a maior precisão dos arremessos de curta e média distâncias, onde os de três se constituiriam num recurso pontual, e não a base de uma equipe, como se transformou o basquete brasileiro, e agora o internacional também.

E muito mais grave do que os acontecimentos extra jogo no Nilson Nelson de Brasília, onde a não permissão de qualquer público dentro da quadra em momento algum, antes ou depois dos jogos, evitaria o espetáculo hediondo a que todos assistimos ( onde não absolvo alguns jogadores do Flamengo em agressões gratuitas, pois deveriam estar nos vestiários, ato contínuo ao término de uma partida nervosa e agressiva, numa ação de comando, inexistente na equipe, mas que poderá beneficiá-la numa bem provável inversão de mando de campo, no caso de uma quinta partida…), é o fato inquestionável de que transformamos o grande jogo, numa competição absurda e irracional de arremessos de três, demonstrando e exemplificando aos jovens ser esse o caminho a ser seguido, onde os fundamentos deixam de ter importância na medida em que de 10 tentativas de 3, se converta uma ou duas bolas, pois se assim todos se comportam, a começar pelas estrelas(?), por que então não tentar?

Mas lá no Saldanha, se obtiver os patrocínios prometidos, garanto que nada disso ocorrerá, mesmo que sozinhos neste grande e imensurável deserto de idéias e coragem para enfrentar novos caminhos e concepções, rompendo as ditaduras de um sistema único e dos arremessos de três.

Amém.

 

18 comentários

  • Douglas Stapf Amancio02.06.2010· 
  • Merecido o descanso professor.
  • Tomara que dê certo o patrocínio para o Saldanha e através do seu blog o senhor nos presenteie com mais aulas de como se treinar uma equipe de basquete e continue fazendo meus finais de semana mais interessante com um diário aqui em seu blog.
  • Gostaria também de que comentasse as finais da NBB.
  • Um abraço e bom repouso.
  • Leandro Areco02.06.2010· 
  • Gostei dessa análise que o Senhor fez do sistema “engessado” que toma conta do basquete brasileiro. A divisão 1-5 na minha opinião só funciona nos EUA. Bem lembrado o fato de que a Argentina utilizou por muito tempo o sistema 2-3 (Sanches/Ginobili/Nocioni/Scola/Oberto) além de Hermann/Delfino/Kammerichs para dar suporte. Será que funcionaria assim no Brasil? Splitter, Nenê e Varejão são muito lentos para serem pivôs móveis… seria como?
  • No mais, bom descanso Professor!!!
  • Basquete Brasil02.06.2010· 
  • Prezado Douglas, me parece que as coisas vão cominhando razoavelmente para o Saldanha, e que a equipe se mantêm compromissada com o trabalho realizado, originando boas perspectivas para o proximo NBB. Com o reinicio dos trabalhos, penso não um diário sobre a preparação, mas uma resenha semanal mais detalhada e ilustrada com fotos, graficos e eventualmente com videos. Vamos estudar uma maneira mais pratica para exequibilizar esse projeto. Quanto às finais do NBB, tenho implicitamente feito alguns comentários nos artigos publicados, principalmente sobre a orgia dos arremessos de três. Um abraço, Paulo Murilo.
  • Basquete Brasil02.06.2010· 
  • Prezado Leandro, você me pergunta se o Nenê, o Spliter e o Varejão poderiam se adaptar como pivôs moveis, se na sua opinião os mesmos são lentos. Discordo da mesma, pois o Spliter e o Varejão são na realidade alas pivôs de formação, e o Nenê o era quando foi “modificado” para se transformar num pivô de choque, o que não deu certo e o magoou fisicamente bastante.No entanto, nesse sistema não necessariamente os três tenham de ser velozes por igual, já que funções reboteiras têm de ser levadas em consideração. E não só os três exerceriam tais funções, já que temos outros alas pivôs ágeis e flexiveis atuando no país. Seis deles comporiam duas trincas que se revezariam em “n” situações, e mesmo formações, sempre servidos e alimentados por duplas de armadores de qualidade. Em síntese, seria esta uma excelente oportunidade de apresentarmos algo inusitado para fazer frente à mesmice técnico tática que está implantada no mundo do basquetebol internacional, e cujo alto grau de imprevisibilidade tática se chocaria com o jogo, também altamente previsível do sistema único praticado pelas demais equipes.
  • Um abraço, Paulo Murilo.
  • Gustavo03.06.2010· 
  • Eu nunca tinha lido uma reflexão sobre basquete que viesse acompanhada de uma reflexão anti-capitalista. Muito interessante.
  • Me faz lembrar de movimentos como o slowfood.
  • Será que foi lançado agora o movimento slowbasket?
  • Certamente revolucionário, visionário.
  • Por favor, continue escrevendo e faça uma conta no twitter para podermos acompanhar suas reflexões durante os jogos.
  • Como diz o Paulinho da Viola: Faça como um velho marinheiro. Que durante o nevoeiro. Leva o barco devagar!
  • Guilherme de Paula03.06.2010· 
  • Não tenho dúvidas que se trata de um dos textos mais importantes da história de nosso basquete.
  • Parabéns pela potência e pela análise, professor.
  • Sou suspeito, você sabe, mas achei, outra vez, brilhante.
  • Um abraço
  • Basquete Brasil04.06.2010· 
  • Antes de serem reflexões, se constituem em conceitos amalgamados e sedimentados ao longo dos anos de estudos, experimentações, pesquisas e muito, muito trabalho, prezado Gustavo, desde as divisões de base até as adultas, desde as escolas até o magistério superior, e sempre estudando e discutindo democraticamente o grande jogo. Slowbasket? Quem sabe se uma degustação refinada e sofisticada não se constituisse numa bela viagem pelo magnetico mundo da bola laranja, tão coisificado e mediocrizado por gente que no fundo o odeia, por não dominá-lo, não compreendê-lo.
  • Sim, continuarei a escrever sobre esse amor incontido, verdadeiro e puro, o amor ao esporte como mecanismo educacional, como veiculo de cidadania.
  • Twitter? como adotá-lo se sua conotação basica é a Fastnoticia? Prefiro a Slownoticia, pensada, pesada e equilibrada, brotando de um teclado antigo, como de uma Olivetti classica, originando textos simples, objetivos e profundamente pensados.
  • E como Paulinho da Viola descreveu sua amada Portela, como “um rio que passou por sua vida”, assim também descrevo a emoção perene e fascinante representada pelo basquete na minha.
  • Um abraço, Paulo Murilo.
  • Basquete Brasil04.06.2010· 
  • Guilherme, ninguem é suspeito por professar honestamente um conceito de verdade, que pode, não, que é sempre composto de três vertentes- a nossa verdade, a do outro, e certamente a verdade verdadeira, como resultante da discussão, do dialogo, do bom senso. Mas, infeliz e comumente, certas verdades afloram de uma só vertente, o que as tornam discutiveis, por unilaterais, e muitas vezes aprovadas sem discussão. E este é o caminho que desaprovo, dai a provocação ao dialogo, permanente e democratico, mas quase sempre, ou na maioria das vezes, solitario e amargo. Fico profundamente triste, mas prossigo na luta, entrincheirado permanentemente contra a omissão, o maior pecado de nossos dias, eivados do mais abominavel egoismo.
  • Um abraço, Paulo.
  • Andre Neto04.06.2010· 
  • Professor, concordo que poderíamos utilizar o sistema de dupla armação na seleção e vejo que temos peças para tal. Só discordo quanto à formação proposta. Não deixaria Leandro de fora desse time. Ele poderia formar a dupla de armação com Huertas, não acha? Acredito que, com ele, teríamos até uma gama maior de alternativas ofensivas, dada a sua superioridade neste aspecto em relação ao Valtinho.
  • Pedro04.06.2010· 
  • Professor Paulo, gostaria que você analizase a equipe do Flamengo, que é uma equipe que concentra seu jogo nas invidualidades e nos arremessos de 3 pontos. E pode se tornar tri-campeã nacional, você acha que o esse êxito que eles vem obtendo é pelas defesas fracas das outras equipes ou pelo fato de serem excepecionais na sua maneira de jogar ?
  • Basquete Brasil04.06.2010· 
  • Como deixar o Leandro de fora prezado André? Uma equipe nacional é composta de 12 jogadores de alto nivel(assim deveria ser…), prontos para jogar 40, 30, 20, até um minuto, e repito, sempre no mais alto nivel. Os cinco que exemplifiquei foi uma base de pensamento, um posicionamento referencial, onde armadores o são de verdade, puros e irretocáveis. O Leandro, para mim, sempre foi um armador, mas deslocado para uma dessas posições hibridas de arremessador, marcador, e até velocista, como muitos o definem, lá mesmo na meca sagrada. Claro que, numa concepção de jogo como essa, muita gente tida como referência técnica sobraria, já que são outras as exigências, os posicionamentos. Enfim, novos rumos, novos tempos. E isso não é mudado de repente, daí a minha certeza de que tudo continuará intocado, inclusive o posicionamento do excelente Leandro. Um abraço, Paulo Murilo.
  • Basquete Brasil04.06.2010· 
  • (…)”que é uma equipe que concentra seu jogo nas individualidades e nos arremessos de 3 pontos. E pode se tornar tri-campeã nacional(…).
  • Melhor analise do que essa impossivel, prezado Pedro.
  • Agora, quanto ao exito ser reflexo de pessimas marcações, ou pela excepcionalidade de seus jogadores, somente lembro que, na ausência de um sistema defensivo grupal por parte de uma equipe,sempre florescerá as habilidades do oponente que ataca, por mais mediocres que sejam, ou bons de ofício. Excepcionalidade só poderia ser realmente reconhecida quando anteposta a defesas de verdade, atestando, ai sim, um padrão de excelência. Um abraço, Paulo Murilo.
  • Gil Guadron05.06.2010· 
  • John Wooden, murio ayer.
  • Considerado el mejor entrenador que jamas haya existido, el ex-entrenador de la Universidad de Los Angeles ( UCLA ) murio ayer.
  • Coach Wooden fue un extraordinario filosofo, un educador , y por supuesto un extraordinario entrenador de basquetbol,gano 10 campeonatos Universitarios en NCAA .
  • Alguna vez le preguntaron si estaba orgulloso de que un gran numero de jugadores de la UCLA, estuvieran pre-seleccionados al equipo olimpico de USA y el respondio : ” que de lo que realmente estaba orgulloso era de la cantidad de profesores, abogados,doctores y otro tipo de profesionales en que la inmensa mayoria de sus ex-jugadores se habian convertido, pues a UCLA se llegaba a estudiar. Que el basquetbol deberia de ser una escuela para la vida, mas alla del deporte”.
  • Tuve la oportunidad de aprender de el, alla temprano en los 70’s, cuando aun yo vivia en El Salvador.Posteriormente viviendo ya en USA asistiendo a sus Clinicas en mi ciudad adoptiva, Chicago.
  • A los jovenes entrenadores les recomiendo leer del Coach Wooden :
  • — Practical Modern Basketball –, originalmente publicado en 1966, con ediciones posteriores. Es un libro clasico que deberia ser obligatorio en la biblioteca de todo entrenador, tan valido ayer como tan valido hoy.
  • — John Wooden’s UCLA OFFENSE , este libro incluye un DVD –, publicado el 2006.
  • Ambas obras estan escritas en Ingles.
  • — La Piramide del Exito — en Idiona Español. Editorial Peniel, Buenos Aires, Argentina. Posee un concepto filosofico tipico del gran maestro que fue.
  • Les dejo con estos pensamientos del Coach Wooden:
  • “Este mas preocupado con su caracter, con su personalidad que con su reputacion, porque es su caracter quien usted realmente es , mientras que su reputacion es apenas lo que otros piensan de usted”.
  • ” Usted no a tenido el dia perfecto sino no a hecho algo por alguien, que lo mas seguro es que jamas se lo agradecera”.
  • ” Todo lo que le pido es que ponga el maximo de su esfuerzo, y eso solo usted lo sabra , de tal manera que al finalizar el partido, y al margen del resultado, usted debe tener su frente en alto “.
  • Rezo una plegaria por Coach Wooden, de quien aprendi no solo basquetbol, a enriquecerme como ser humano , a ser mejor entrenador de basquetbol.
  • Descanse en paz , maestro.
  • Gil Guadron.
  • Basquete Brasil05.06.2010· 
  • Amigo Gil, seu texto é o artigo de hoje no Basquete Brasil. Obrigado.
  • Paulo.
  • Gustavo06.06.2010· 
  • Caro Professor, hoje houve mais uma prova desta incapacidade criativa do basquete campeão brasileiro.
  • Um jogo com pouquíssimos pontos e muitos arremessos de três. Quase que uma loteria.
  • O Universo levou, mas do começo ao fim do jogo não conseguiu romper uma simples marcação zona rubro-negra 2×3.
  • Gostei da reflexão sobre o Twitter, mas ainda assim valeria uma conta sua por lá pelo menos para divulgar as novidades do blog.
  • E que bom que esta reflexão está avançada, é uma novidade brasileira ou já há pessoas pensando nisso à nível mundial?
  • Basquete Brasil07.06.2010· 
  • Olhe prezado Gustavo,também fiquei muito triste pelos baixos indices técnicos da partida. Arremessarem 56 bolas de 3, e cometerem 26 erros computados( fora os que não foram…)é constrangedor demais. Já nem toco mais no assunto zona 2-3, e a incapacidade das nossas equipes para enfrentá-las, quando desde sempre teimei em mostrar e demonstrar como fazê-lo, sempre calcado na máxima guerrilheira do “dividir para destruir”, tarefa mestra para as infiltrações, jamais o jogo de contorno.Mas este é a chave mestra para os arremessos de 3, logo…
  • Mas o que realmente me preocupa é o fato de mais da metade da seleção brasileira ter estado na quadra, às vésperas de um Mundial, todos passando o recado de como atuarão, e do paredâo que o Magnano terá de demolir, ou escalar…
  • Quanto às resenhas semanais prometidas durante o preparo da equipe para o NBB3, nem desconfio se é inédito no mundo, pois não conoto primazias neste assunto. O que importa é a informação didático pedagógica que elas possam transmitir, principalmente para os jovens técnicos, nada mais.Um abraço, Paulo Murilo.
  • Laline Oliveira09.06.2010· 
  • Professor Paulo, faço votos de que o sr. possa continuar atuando em equipes do basquete brasileiro nos presenteando e nos fazendo SEMPRE refletir sobre o jogo de basquetebol. Para mim e outros colegas daqui que estamos fora do país a algum tempo estudando, suas reflexões são sempre motivadoras e nos fazem acreditar num futuro melhor para o basquete no nosso país, com um caminho longo, mas que valerá a pena.Ai, como eu gostaria de ver o senhor frente a uma de nossas seleções nacionais, orientando nossas jovens atletas, essas sim tão carentes de uma formação completa.
  • Bueno, por aqui despeço-me lhe desejando felicidades e parabenizando-lhe pelos excelentes comentários sempre.
  • Um abraço
  • Laline Oliveira
  • Basquete Brasil10.06.2010· 
  • Fico imensamente feliz com os votos a mim dirigidos, prezada Laline, e pode estar certa de que contunuarei a escrever o que sinto sobre o grande jogo, sempre.Quanto à dirigir uma seleção brasileira, de a muito deixei de acreditar nessa possibilidade, pois somente possuo o conhecimento e a longa experiência, muito pouco no que concerne a indicações que não primam pelo mérito. Mas seguirei no comando do Saldanha, agora numa temporada com principio, meio, e fim.Torça pela equipe e por mim também. Um abraço,Paulo Murilo.

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Logado como Basquete Brasil

Comentário: 

 Paulo Murilo – Sabemos muito bem e tristemente como tudo terminou.

Foto – Com o filho João David em Madrid (Clique duplamente na mesma para ampliá-la)

 

 

“AS PEÇAS” (FROM ROME)…

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Tirei o dia para descansar, depois de mais de 110 km percorridos a pé por ruas antigas e novas, ruínas e modernas avenidas, museus, restaurantes, praças e tudo o mais que um visitante ousa usufruir aos 78 anos, ao lado do filho de 36, em plena vitalidade, porém paciente com um ritmo nada peculiar a sua idade. E lá fomos nós trilhando caminhos em Madrid, Lisboa, Dublin, Paris, Florença, e agora Roma, a caminho de Valência, de novo Madrid e volta ao Rio para mim, e Dublin para o João David, num mês repleto de descobertas e excelente convivência, a ser repetida, quem sabe, para o ano…

Com seus conhecimentos profissionais, o João me privilegiou com sinais televisivos pelos dois computadores que levamos, nos quais as notícias pátrias não faltaram, assim como os jogos do NBB e da NBA quando solicitados, permitindo que esse humilde blog se mantivesse atualizado, fatores que me satisfizeram plenamente…20180606_151520

Por conta desses avanços tecnológicos, pude manter o relacionamento com os poucos leitores que ainda se mantêm assíduos nas discussões e comentários, e muito bem sei de outros que o visitam velada ou anonimamente, num exercício de mão única que já me acostumei nos últimos 15 anos de vida dessa longeva e teimosa trincheira de resistência a estupidez, que permanece baloiçando sobre a cabeça do grande jogo (como a espada de Dâmocles), pronta para liquidá-lo, uma vez que o odeiam por não compreendê-lo, sequer jogá-lo como deveria ser jogado…

O basquetebol está tão apequenado por essa corriola de pseudos benfeitores, aspones e agregados, que os verdadeiros artífices do grande jogo agora são tratados de “peças”, que como as de máquinas são trocadas a cada fim de temporada, repondo posições e insatisfatórias atuações pelos endeusados estrategistas, notórios dirigentes e agentes, valorizando ou desvalorizando a todos num mercado alimentado por empresários que priorizam os rápidos resultados, e não projetos com prazos definidos, e uma mídia ávida pelo modismo técnico tático que, nem de longe e com raríssimas exceções, domina a informação, com o mínimo necessário para formar opiniões públicas esclarecidas e de real e evolutivo interesse da modalidade…

“Peças” são jogadas de um lado para o outro, num desleal tabuleiro a serviço da insana busca pela notoriedade de estrategistas que, ano após ano, repetem o mesmo discurso incensado e deificado pela mídia, ávida pelas migalhas de um sucesso com cartas marcadas pela combinação de “peças” que se encaixam automaticamente, num único tipo de engrenagem, a do sistema único, onde vez por outra surge uma nesga de “genialidade”, como a da moda, a chutação de três, valorizando aos píncaros seus pseudos introdutores e “peças” especiais…

Modas vão e vêm, num ciclo repetitivo na história, umas permanecem um bom tempo, outras nascem e somem rapidamente, e essa da chutação pouco vingará, pois lá na matriz, de onde 99 em 100 estrategistas daqui copiam até o tamanho e formato dos calções (notaram que bem mais curtos agora?…), terá seu merecido arrefecimento pelo simples fato de que já está sendo contestada em todos os quadrantes fora do perímetro, conforme demonstram as estatísticas dos últimos jogos do playoff final da grande liga, e que, teimosa ou interesseiramente, nossa mídia estabelece ser o erro ofensivo, e não o acerto defensivo, fato que qualquer razoável observador atesta sem dúvidas. Mas claro, logo agora que a equipe das multidões está a poucos passos de ingressar no seleto clube dos Curry’s boys, com seu novo estrategista contratado berrando aos ventos que “seu estilo paulistano” será continuado e elevado com “peças” escolhidas a dedo para dimensioná-lo e capacitá-lo a todos os títulos que disputar, como reconhecer que, técnica e cientificamente, são muito poucas aquelas “peças” que dominam os longos arremessos, mesmo lá na sagrada matriz? Baixar um pouco o facho seria, a essa altura, algo a ser considerado, ou não?…

Logo mais, se me der alguma vontade (serão 3 da madrugada aqui em Roma), tentarei ver o quarto jogo do playoff americano, onde a artilharia do Warriors, mesmo já bastante e seriamente contestada, ainda assim poderá ser suficiente para vencer a equipe do “vovô” LeBron, que na sua idade ainda dá os seus pitacos de excelente jogador que é, jamais um gênio, mas não suficiente para definitivamente transformar um jogo coletivo em individual, como alguns têm tentado na duas últimas décadas, inclusive por aqui. Quem sabe na próxima…

Amém.

Fotos – Arquivo pessoal. Clique duas vezes nas mesmas para ampliá-las.

A REVOLUÇÃO RUBRO NEGRA (FROM ROME)…

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Depois de um dia cansativo visitando o Museu do Vaticano, com sua monumental Capela Sistina, voltei ao hotel praticamente me arrastando, pois foram, segundo o pedômetro digital do meu filho, 11 km de incessante caminhada entre salões de beleza absoluta, e riqueza material e iconográfica de tirar o fôlego, valendo cada passo dado, mesmo ressentido pelo extremo cansaço…

Tomo um revigorante banho, faço um pequeno lanche, e acesso os blogs que costumo percorrer, mesmo em viagem, e num deles, o Bala na Cesta, ouço o podcast com o técnico campeão do NBB, Gustavo de Conti, de onde pinçei alguns depoimentos, que em tudo e por tudo, consubstanciou todos as críticas que fiz ao seu trabalho no campo profissional, jamais no pessoal, pois como sabemos se trata, assim como eu, de um professor de educação física e técnico com qualificação superior, onde princípios éticos tem de ser respeitados, mesmo perante fortes divergências que possam ocorrer, as quais mantenho, mesmo na presença inconteste de seu título nacional, que é o fator definidor e definitivo do sucesso em nosso inculto país, principalmente por parte da mídia, que se alimenta basicamente do mesmo, não importando muito sua significação cultural ou educacional, pois a fundamentação mercadológica tem maior peso por tudo que esteja envolvido pelo desporto como profissão, do sucesso, e acima de tudo, dos títulos…

Ao vencedor os louros e a glória, aos perdedores…as batatas. Foi com esse raciocínio frio e objetivo, que transcorreu a entrevista, na qual dois pontos foram abordados, e que definiram o autor e a obra – O primeiro foi a óbvia revelação de que perante um basquetebol em que as defesas são muito fracas, o estilo de jogo do “chutar e chutar estando livre” foi incentivado e treinado fortemente, onde, pela velocidade imprimida não facultava pensar muito, e sim reagir velozmente perante a ausência defensiva. – Segundo, com exceção do pivô DuSommers, todos os demais tinham plena liberdade de chutar sempre que pudessem e se sentissem desobstruídos defensivamente, que era o lugar comum encontrado. Logo, a grande revolução que foi desencadeada à sombra dos exemplos do Warriors e do Huston, e que segundo ele, também de algumas equipes europeias, foi o fator decisório ao implantar esse estilo de jogo, aplaudido pelos midiáticos como de extrema coragem e sabedoria absurdamente vitoriosa…

Esqueceram porém que, agora mesmo na matriz, a chutação de fora já está sendo contestada com maior vigor, e que somente aqueles poucos que realmente são especialistas nos longos arremessos, ainda conseguem pontuar com precisão, e onde a quantidade de bolinhas falhadas crescem a olhos vistos, e as estatísticas aí estão atestando a cada jogo da grande liga. Claro que não se trata do caso tupiniquim, onde por um longo tempo adiante, conviveremos com defesas frouxas e até inexistentes, pelo simples fato de que nossa formação de base começa pecando exatamente no aspecto defensivo, entre outras e lamentáveis falhas nos fundamentos básicos do jogo…

O desafio rubro negro, que apesar dos grandes investimentos não vence a duas temporadas, contará com essa possibilidade importada dos jardins paulistas, totalmente calcada na falência defensiva da maioria das equipes da LNB, acrescida agora de nomes de maior peso na sua formação de quadra, e nada mais óbvio do que contratar o corajoso e destemido introdutor do “formidável e revolucionário chega e chuta”, que dispensa videos de preparação, muita conversa, diálogos, centrando o treinamento no binômio velocidade e tiro livre aos pombos, e logo agora que o decano dessa “filosofia”acaba de se aposentar (mesmo?…)

Fim da entrevista e aplausos dos entrevistadores, com exclamações de “genial”…

Paro e penso (ações que a nova revolução dispensa nos jogadores), o que nos aguarda se ‘isso” aportar oficialmente (já que oficiosamente lá está) em nossas seleções, inclusive as de base, pois segundo o genial desbravador, uma das suas funções preferidas, mesmo quando não solicitado pelo empregador, é a de prestigiar e orientar a formação de base (ou administrar “peneiras”com jovens advindos dos verdadeiros e sempre esquecidos formadores locais, ou mesmo de fora), e é nesse ponto que me arrepio só de imaginar oficializada, não mais a mesmice endêmica técnico tática que nos esmaga e humilha, mas sim a chutação desenfreada (agora promovida a sistema de jogo) e absurdamente oportunista, produto direto e natural da mais endêmica ainda, ausência defensiva em nosso indigitado basquetebol, que é o que não ocorre, com a mais absoluta certeza, com países que enfrentaremos mais adiante nas competições internacionais, e aí quero ver e testemunhar  como vai se comportar a tal de “revolução”……

Paro e penso um pouco mais na absoluta covardia que se perpetua no âmago do grande jogo em nosso imenso e desigual país, órfão do mérito e escravo do colonialismo cultural daqueles de dentro e fora das quadras, que pensam e afirmam a existência do grande jogo concomitante ao início de suas vidas, revigorando em mim, num crescendo inamovível, a vontade de continuar nesta humilde trincheira batalhando uma luta ainda não perdida, a boa luta, aquela que me faz pensar o quanto ainda posso mostrar a esse corporativismo que se apossou do basquetebol nacional, como vencê-lo nas quadras, defendendo e atacando, treinando e preparando jogadores pensantes e proprietários de sistemas de verdade, nossos, dentro da nossa realidade, exatamente como fiz no NBB 2, inclusive contra o agora revolucionário campeão nacional, e o campeão daquele NBB, vencendo-os…

Mas Paulo, segundo ele e seus contemporâneos, hoje o grande jogo mudou, pensa-se menos e corre-se mais, corando de vergonha e nojo aqueles que corriam menos e pensavam suas ações inteligentes sobre a cultura inalienável do grande, grandíssimo jogo, desde sempre, deixando uma questão no ar – Caminhamos celeremente de encontro ao jogo instintivo, onde o livre pensar é dispensável, levitando no vácuo da ignorância absurdamente consentida? Pensem e escolham, pois sempre será esta a minha pensada e coerente resposta…

Amém.

Fotos – Arquivo pessoal. Clique duplamente nas mesmas para ampliá-las.

O QUE NOS AGUARDA (FROM ROME)…

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Toda vitória final deve ser enaltecida, por isso parabenizo o Paulistano pela conquista do NBB 10, merecida e inconteste, principalmente pelo coerente alinhamento com o atual panorama do basquetebol nacional, onde o “chega e chuta” parece ter encontrado seu nicho de sucesso encastelado nos Jardins Paulistas, e quem sabe um pouco adiante, nas seleções nacionais, da base a elite, sem dó e a mais comiserada piedade, pois, capacidade, inventividade, criatividade e inconformismo passaram a ser as qualidades básicas para a implantação de um sistema de jogo, que apesar de se sagrar campeão, é o que de mais retrógrado poderá acontecer com o nosso combalido grande jogo…

Mas algo deve ser dito sobre o jogo de ontem que decidiu a competição, a começar pelo fato de que o vencedor e campeão convergiu mais uma vez (foram 19/31 arremessos de 2 e 11/32 de 3, contra 16/39 e 10/30 respectivamente por seu adversário), atuando com o claro objetivo tático de privilegiar os arremessos de 3, encontrando um oponente que “pagou para ver” seus longos arremessos, assim como, ao reconhecer a incapacidade operativa de um sistema de jogo inexistente, decidiu emular nas bolinhas, culminando, ao faltarem dois minutos, estando seis pontos atras, que o Larry Taylor atravessasse a quadra por três vezes seguidas, para desferir três petardos na corrida, falhando irresponsavelmente, quando se investisse nos dois pontos, provavelmente empataria a partida. Ironicamente porém, foi um curto e singelo DPJ de dois do Elinho que sacramentou a vitória e o campeonato…

Indo um pouco mais fundo, que capacitação é exigida de um técnico para liberar todo e qualquer arremesso de três, por parte de qualquer um de seus jogadores, em qualquer situação de jogo?

Que inventividade pode ocorrer num tipo de ação ofensiva, em que qualquer jogador se considera capacitado nos longos, imprecisos e temerários arremessos de três?

Criatividade? Como conotá-la em uma forma de jogar o grande jogo exatamente com sua mais completa ausência, pois chutar de fora, espaçar jogadores, passou a definir excelência ao confrontar ausentes defesas?

Inconformismo? É o estado em que me encontro ao ver prosperar algo vazio de inventividade, criatividade, capacitando competências técnico táticas que muito pouco auxiliarão o grande jogo a sair do profundo poço em que se encontra, já que arrivista, descompromissado e aventureiro para com o mesmo, ao copiar canhestramente a matriz, no que de pior ela representa, arrastando a vassalagem para o descomunal fosso em que inevitavelmente cairá, como os imensos impérios que desapareceram sem data precisa, num repente, onde estertoraram em sua incomensurável  riqueza e efêmera grandeza …

IMG-2160Agora mesmo me deparo com magníficas ruínas aqui nesta monumental Roma, protagonista do mais vasto império da antiguidade, hoje impressionantes ruínas, preservada como um alerta para o que nos aguarda, inexoravelmente. Modismos e pseudas genialidades no grande jogo também seguem os mesmos princípios…

Amém.

Fotos – Arquivo pessoal. Clique duplamente nas m mesmas para ampliá-las.

A ETERNA ESPERANÇA (FROM PARIS)…

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Os dias passam rápido quando viajamos, pois muitas são as novidades, atrações, belos passeios, visitas obrigatórias a museus, experimentações culinárias, mil fotos, pequenos vídeos, tudo isso na companhia do filho mais jovem que aqui vive, numa europa antiga e tradicional, mas plena de tecnologias, tradições, dignas de serem conhecidas e visitadas…

A gostosa correria não permitiu que eu pudesse acessar o terceiro jogo do playoff entre Paulistano e Mogi, mas tomei conhecimento dos números do jogo, os quais não me surpreenderam nem um pouco, a não ser por um pequeno pormenor, foi a primeira vez que o Paulistano não convergiu, pois arremessou 10/32 de 2 pontos e 15/29 de 3, contra um Mogi que investiu no jogo interno com 23/43 de 2 e 10/28 de 3, me parecendo ter perdido, por mais uma vez uma partida contra o Paulistano ao permitir cinco bolas a mais de 3, com certeza com muito pouca ou nenhuma contestação eficiente, no que vai se tornando uma rotina de sua equipe e das demais que ainda não aprenderam a jogar contra artilharias de fora, e por conseguinte perdendo, até o dia que aprenderem a defender, com técnica e inteligência…

Honestamente não acredito que aprendam, pelos vícios adquiridos em longos anos de permissividade defensiva, e pelo inconteste fato de que seus estrategistas não estão nem aí para suas deficiências, pois findo o campeonato simplesmente promovem  a troca das peças que julgam carentes nos fundamentos por outras mais nominadas, num mercado de baixo nível ético e profissional, pois partem do princípio de que jogadores adultos nada somam com os fundamentos, pois em sua distorcida ótica, eles nada aprenderão de novo, num erro brutal de julgamento, confirmando cada vez mais que o verdadeiro problema é o de não saber ensiná-los, pois pouco mais sabem do que eles…

Pranchetas é a primordial questão que estará em julgamento agora, na reformulação de algumas das equipes, onde as exibições pirotécnicas de “vasto conhecimento” tático é grafado nas mesmas, para delícia de dirigentes,  mídia e de muito torcedores, avalizando um conhecimento muitos furos abaixo do mínimo exigido de um técnico na acepção do termo…

Esperanças para sábado, num jogo que poderá ser decisivo e finalizar o campeonato? Creio que pouco mudará, a não ser que mudem sua forma de pensar o grande jogo como uma competição de “tiro aos pombos”, e se convençam de uma vez por todas de que defender com denodo, e atacar com a cabeça e não com as pernas, metódica e friamente, é o único caminho que conheço para atingir uma performance aceitável, e quiçá vencedora, que é o mínimo necessário a ser perseguido…

Consegui assistir os últimos jogos dos playoffs semifinais da NBA, e que tal o que sempre publiquei sobre a brutal anomalia dos chutes de 3 na grande liga, e por consequência nas ligas muito menores dos países que a seguem? Desastre total, exceção feita aos grandes e verdadeiros especialistas na arte altamente precisa dos arremessos de 3, que mesmo assim pouco tem levado suas equipes a vitória, onde o vovô LeBron (33 anos mesmo?…) partindo ferozmente para a cesta classifica sua equipe para lá de medíocre ao playoff final. Que tal?…

20180530_134239Hoje, na despedida aqui de Paris, fui ao Louvre, monumental Louvre, depois de bater pernas por essa bela cidade, onde a arte e o conhecimento humano chegou aos píncaros do humanismo que conhecemos, onde o desporto galgou degraus evolutivos dignos do gênero humano, e que na presença de algumas obras imortais de arte, coloquei humildemente o ofício de ensinar, ao qual dediquei toda uma vida, em cheque, concluindo que fiz o melhor que pude, estudei o que me foi permitido, pesquisei na medida dos meus valores e possibilidades, e apliquei o pouco que aprendi da forma mais honesta e dedicada possível, que foi o que fizeram muitos dos mestres que ali estão na forma de suas telas, esculturas e livros. Não sou um deles, mas me sinto perto de seus ideais e amor ao seu ofício, o de passar as novas gerações a esperança em dias melhores…

Logo mais estarei em Florença, e ao final em Roma, na caminhada de um pouco mais de conhecimento e esperança nos homens…

Amém.

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O DEVER DE CASA (FROM DUBLIN)…

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Foi trabalhoso acessar a Sportv ontem a noite, o que ocasionou a perda de todo o primeiro quarto da partida, retomada daí para diante sem maiores percalços. O que vi e observei daí para diante, com o Mogi 10 pontos a frente, foi a constatação óbvia de uma equipe que, afinal, fez o dever básico de casa, marcando forte os armadores, contestando todo e qualquer arremesso,  brigando nas duas tábuas pelos rebotes, cadenciando o jogo, enquanto o Paulistano redundantemente manteve a “convergência revolucionária”(11/29 nos 2 pontos e 12/36 nos 3, contra um Mogi também convergente, com 20/36 e 12/33 respectivamente), se aferrando a bolinhas que não caiam, contestadas ou não, protagonizando um “espetacular” jogo com números que em hipótese alguma atestam qualidade e alto nível a um playoff, com 31/65 bolas de 2 e 15/69 de 3, números que deve ter deixado o grande Wlamir Marques presente ao ginásio que leva o seu nome, mais decepcionado de quando na entrevista no intervalo do jogo comentou que – o basquetebol deve ser jogado com a cabeça e não com as pernas, numa velocidade insana que “deixa o jogo muito feio”-, num depoimento que deveria ser levado a sério, mas que infelizmente cairá no esquecimento dessa turma de estrategistas que sequer sabe copiar o que emana da matriz. Aliás, ontem mesmo, o Huston anulou o “revolucionário” Warriors, empatando o playoff, ficando a uma partida da  final da conferência, provando que o “chega e chuta” começa a ser decisivamente contestado, mesmo que sua equipe professe algo parecido, numa contradição que explica muita coisa que nossos luminares sequer imaginam do que se trata, afinal, o aprendizado osmótico passa a muitas léguas da complexa realidade do grande jogo, do outro jogo que lá, na matriz, é praticado…

Creio que na próxima partida do playoff tupiniquim, desça as cabeças dos litigantes o mais do que tardio bom senso, fazendo com que joguem como deveriam jogar, e não duelar no insano bangue bangue dos 3 pontos, para enfim qualificar uma competição cansada da mesmice endêmica que se apossou do nosso indigitado basquetebol. Gostaria imenso que isso ocorresse, e quem sabe saltaremos a mais cruenta fase por que passamos por algumas décadas da mais profunda e obscura mediocridade técnica e tática…

Como a esperanca é sempre a ultima que morre, torco ardentemente por ela.

Amem.

Foto – Divulgacao LNB. Clique na mesma para amplia-la.