“O BASQUETE MODERNO”…
Percorri todos os canais que transmitiram o Eurobasket, profundamente interessado pelas análises técnico táticas dos especialistas que cobriram os jogos de algumas das melhores equipes do mundo FIBA.
Aguardei ansioso analises sobre os sistemas de jogo empregados, suas concepções, evoluções, novidades, até mesmo retrocessos, mas o que nos era informado jamais ultrapassava o 5 x 5, imbatível num momento, inseguro em outro, inexistente mais adiante, ah, que em alguns momentos a zona 2-3 era utilizada, em outros a pressão ½ quadra, e só.
Mas os tocos fantásticos, os petardos de três arrasadores, as sublimes enterradas, as inenarráveis pontes aéreas e o coletivismo mágico dos espanhóis, galgaram o Olímpo reverencial, o supra-sumo da arte desportiva, o basquete moderno.
No entanto, por se tratar de um jogo de equipe, esperava que fossem salientados, discutidos e analisados aqueles aspectos que realmente pudessem concorrer para o desenvolvimento do nosso basquete, afinal de contas estavam se apresentando as melhores equipes européias, que junto à equipe norte americana serão nossos adversários diretos em Londres.
Esperei em vão por algo incompreensível para todos, já que definitiva e lamentavelmente atados ao sistema único, o único que conhecem e defendem.
Então, gostaria de apresentar a todos esses senhores a seleção do campeonato, eleita pelos bons entendedores do grande jogo na Europa, e cuja formação, na foto acima, conta não com dois, mas três armadores (vá lá, o Navarro é um ala-armador, mais armador do que ala…) e dois alas pivôs, rápidos, ágeis, flexíveis, e acima de tudo, hábeis nos fundamentos do jogo.
Kirilenko, McCalabbe, Parker, Navarro e Gasol, que juntos às suas seleções derrubaram os últimos resquícios do basquete paquidérmico, estático e marcado por jogadas coreografadas, fazendo eco à pequena revolução patrocinada pela equipe campeã mundial do Coach K, definiram o rumo e a concepção de jogo que será estabelecida em Londres, e que, infelizmente ainda é solenemente negada entre nós (mas, embrionariamente ensaiada na seleção), a da dupla armação e dos alas pivôs dinâmicos e tão bons nos fundamentos quanto seus companheiros de armação, guardadas as devidas proporções, que são concepções advindas do mais profundo e vasto preparo nos fundamentos desde as divisões de base, e sua manutenção nas divisões adultas, e mesmo nas seleções.
-Dois armadores e três alas pivôs? Alguém já pensou isso por aqui?
-Certeza que sim.
-Onde, quando, por onde anda?
-O que importa, não o tiraram de circulação?
-Triste…
Amém.