ESTRATÉGIA BÁSICA…

Arremessos de dois pontos – 14/29

Arremessos de três pontos  – 12/29

Numa convergência dessa ordem, como uma equipe de alto nível pretende chegar às finais de uma liga nacional?

Bastaria insistir um pouco mais no jogo interior, com o Teichmann e o Hátila, ou mesmo o Teague, para, possivelmente vencer uma partida onde seu melhor jogador praticamente concluiu a metade dos pontos da equipe, precisamente 40, numa brilhante performance, e…derrota.

Mencionarmos a defesa rubro negra, impossível, pois desatenta e confusa, dentro e fora do perímetro, nos quais os habilidosos jogadores francanos (sem dúvidas, os que melhor dominam os fundamentos ofensivos do jogo na LNB, exceto, como regra geral na liga, na defesa do perímetro externo, pois, sim senhores, posicionamento defensivo é fundamento, talvez o mais importante do grande jogo) evoluíram com liberdade plena de ações, mesmo quando pecavam por excesso de ansiedade, afinal, se tratava de um playoff semi final.

Repito o que afirmei no artigo anterior, se a equipe do Flamengo não mudar de estratégia (não confundir com sistemas, métodos ou jogadas) para o terceiro e decisivo embate, perde a série por 3 – 0, sem contestações.

Qual estratégia? Qualquer uma que privilegie o jogo coletivo e solidário, a começar por seu maior jogador, capaz mais do que suficientemente, de fazer funcionar o grupo a que pertence, no seu todo.

Quanto a Franca, elogiar sua permanente recriação por sobre, e através jogadores experientes, tanto os veteranos, como os mais jovens, lutadores e muito bem treinados, por seu competente e calejado técnico, que soube com maestria fazer sua equipe explorar o perímetro interno, tanto nas conclusões, como na origem de passes para um perímetro externo, desguarnecido pela apática e equivocada defesa rubro negra. Sua vitória foi inquestionável.

Na capital paulista, Pinheiros e Brasília travaram um duelo singular, também, e monocordiamente, através o desvario institucional dos arremessos de três, ambos com 9 acertos, para um total de 43 tentativas, num desperdício de esforços ante defesas frágeis e confusas. E se equilíbrio existiu nas conclusões de dois pontos (21 para o Pinheiros, e 24 para Brasília), e até nos lances livres (6 perdidos para o Pinheiros e 7 para Brasília), foram os rebotes e roubos de bola de Brasília que definiram intensos e velozes contra ataques na conclusão de pontos preciosos, gerando a mínima vantagem final, que foi posta em perigo através uma falha incontestável de arbitragem, fruto de uma tendência perniciosa que vem se instalando no comportamento de alguns árbitros, absolutamente cônscios de suas infalibilidades, resultantes e engrandecidas por uma critica ufanista, a de que temos a melhor arbitragem do mundo, que é um fator sutil e melindroso para alguns dos nossos internacionais. Houve uma falha de arbitragem, num momento crucial a poucos segundos do final, ao ser marcada uma falta cometida bem antes do atacante se jogar para o alto, na tentativa de induzir a arbitragem que estava no processo de arremesso, no que foi bem sucedido ante um critério equivocado de interpretação, ao ser confundido intenção com ação, onde no primeiro fator houve a intenção do defensor de parar o atacante antes de um arremesso de três pontos, e este, de se lançar para o alto, forjando uma ação de arremesso, após a falta cometida. E se tal intencionalidade defensiva fosse levada ao rigor da regra, uma falta ante desportiva deveria ter sido aplicada ( o defensor deliberadamente obstou faltosamente um adversário), com dois lances livres e uma reposição de bola ao centro da quadra. Preferiu o árbitro manter sua decisão, que por sua sorte não influiu no resultado do jogo, pois a última das três tentativas foi perdida. Mas o fator mais importante, é que poderia ter influenciado…

Na terça feira, os destinos destas quatro equipes serão determinados, seguindo em frente, para as finais, aquelas que optarem pelo acréscimo do jogo interior, e maior economia na sangria dos três.

Quem viver verá.

Amém.

PS- Fotos LNB

 

(IN)DECISÕES & CONTESTAÇÕES…

Depois de uma sexta repleta de basquete, na Europa, aqui no NBB, e um quarto final de NBA, fui dormir com a vista e a mente mais cansadas que o corpo, mas nem um pouco surpreso, ou mesmo confiante de que algo venha a ser mudado, já que os modelos vindos de fora se coadunam com o que é macaqueado pela maioria esmagadora de nossas equipes, de nossos técnicos, com raríssimas exceções.

Uma delas, a equipe de Franca, que mesmo sendo para lá de veterana, e de teimosamente não se basear exclusivamente em “pivô referência”, mas atuando com dois mais rápidos, e que jogam de frente para a cesta, e que se utiliza permanentemente da dupla armação, todos em permanente movimento, com uma distribuição de pontos homogênea e eficaz, pode mesmo não vencer a competição, mas é de longe aquela equipe que melhor se comporta, exatamente como, uma equipe. Se abrir mão das dobras defensivas nos momentos críticos do jogo, e com isso manter anteposição permanente aos arremessos de três de seus adversários, contestando-os firmemente, obrigando-os às penetrações na busca dos dois pontos, terá fortes chances no final.

E foi a ausência de contestação aos 6/15 arremessos de três do Marcelo(32 pontos no jogo), que quase roubaram sua justa vitória, contra uma equipe que teve em seu melhor pontuador 46,3% dos pontos conseguidos, provando no final das contas, que a homogeneidade de uma equipe é fator mais convincente que uma mantida pela força inconteste de um só jogador.

Mas outro elucidativo fator numérico salta aos olhos, as quantidades de lances livres tentados por ambas as equipes, 25 para o Flamengo (dos quais perdeu 10), e apenas seis para Franca (com um não convertido), mostrando quão falho foi o setor defensivo da equipe carioca, assaltada que foi por 19/40 finalizações de 2 , e 10/25 de 3 ( um exagero desnecessário), tendo a seu favor 12/31 de 2, e 10/28 de 3.

Enfim, venceu a equipe mais equalizada em todos os seus setores, que a manter tal comportamento poderá fechar a série lá mesmo em Franca, a não ser que ocorra uma mudança importante na estratégia de jogo do Flamengo, a começar pela mais forte ainda utilização de seus pivôs e de seu inteligente americano, com seus DPJ’s  rápidos e altamente eficientes.

Em Brasília, duas outras dominâncias, e ambas pela mais completa ausência de contestação aos arremessos de três, como se os mesmos compusessem um duelo para ver quem “termina na frente”, ainda mais nas mãos de dois bons arremessadores, altos e ousados, O Guilherme(36 pontos, com 3/7 de 3, 10/15 de 2 e 7/7 de LL), e o Marcos(32 pontos, com 4/6 de 3, 5/6 de 2, e 10/10 de LL), num jogo com 4 pontos de vantagem para os candangos, e que apresentou ao final um número que está se tornando corriqueiro em nosso basquete, 16/48 nas tentativas de 3(37,2%).

Agora, imaginem esse número se trocado por tentativas de dois pontos, cujos acertos são em media, de 50% ou mais, para avaliarmos os nefastos resultados dessa sangria que impuseram ao nosso basquete, que para alguns comentaristas -“não podem existir equipes vencedoras sem chutes de três”. Contesto, e já provei que estão equivocados, por se tratar simplesmente de um exercício aritmético, de contar nos dedos, quando arremessar de perto é bem mais eficiente que de longe, ou do meio da rua ( vide o concurso nos intervalos dos jogos, inoculando nos jovens essa distorção do grande jogo…)., a não ser como uma ação complementar, e nas mãos de especialistas, e não como comportamento prioritário de jogo.

Saindo um pouco dessas válidas contestações, que tal jogadores que na bola decisiva erram nos fundamentos de passe, drible, colocação, e em muitos casos negligenciando instruções recebidas, não obtendo qualquer comentário de analistas contumazes em enaltecer os “gatilhaços de três, os “fantásticos tocos” e as “enterradas monumentais”, como exemplos a serem seguidos pelos jovens iniciantes, e que simplesmente esquecem, ou não sabem, ou mesmo se negam a reconhecer que- “se cercado por dois ou mais jogadores no ato de driblar (no caso eram três), basta passar a bola para um dos dois companheiros soltos, e vencer a partida”. Tão simples, e tão ignorado, e olha que era um americano…

Amém.

PS- Fotos LNB

AS DECISÕES DO ARGENTINO…

E o Flamengo aos poucos vai mudando sua forma de jogar, numa hora decisiva do campeonato, onde erros contumazes cobram altos juros, e sem alternativas de correção. Num mata –mata  feroz como os que estão acontecendo, vence aqueles que conseguem diminuir seus erros mais notórios de ataque, já que defensivamente todas as equipes se constituem num erro só, nivelando por baixo tão importante e fundamental elemento do jogo.

Deixando um pouco de lado a sangria dos arremessos de três, e investindo nos de média e curta distâncias, a equipe da Gávea se impôs ao Bauru, apresentando um jogo interior mais intenso, que atingiu a boa marca de 25/45 (55%) nos dois pontos, 7/17 ( 41%) nos três e 11/15 (73%) nos Lances livres, contra os 19/30 (63%) de dois, 10/26 (38.4%) de três e 11/19 (57.8%) nos Lance livres do Bauru, que agindo ao inverso do Flamengo, viu suas chances de continuar na disputa se perder sem contestações. A fórmula de jogar de 2 em 2 se saiu muito melhor do que o tiroteio indiscriminado de três, pois diminuiu substancialmente o número de bolas perdidas pela inquestionável imprecisão dos longos arremessos, se comparados pelos de curta e medias distâncias.

Mas nada desse processo de mudança seria factível, se alguns jogadores chaves não dessem sua cota de colaboração necessária ao sucesso de tais mudanças, principalmente aqueles que se estabeleceram como paradigmas dos longos arremessos, como o Marcelo, o Helio, o Jefferson e o Duda. Desses ,  os dois primeiros realmente se adaptaram, ou pareceram se adaptar à nova conceituação da equipe, ao passo que os outros dois não, daí suas prolongadas estadias na reserva da equipe, que de tal modo os influenciaram negativamente, que ao entrar no jogo no segundo quarto, a primeira atitude tomada pelo Duda foi a de arremessar…de três, acertando, mas colocando em cheque as determinações do técnico, que um pouco mais adiante o retirou, não mais voltando ao jogo, numa ação correlata imposta ao Jefferson, tido até aquele momento como titular absoluto. Ou seja, o técnico argentino esperou até o momento das grandes decisões, para determinar o rumo ofensivo que sempre pretendeu dar a equipe, não o fazendo antes no intuito de dar a todos os jogadores as oportunidades de se enquadrarem às propostas que ia pacientemente incutindo no comportamento técnico tático de todos, e cujas respostas não poderiam sofrer mais protelações numa fase eliminatória da competição. Foi um jogada de quem conhece o grande jogo, e que sabe se arriscar e ousar, mesmo cercado de algumas personalidades teimosas e individualistas. Fica devendo ainda uma interferência mais concreta no sistema defensivo, bastante melhorado, mas ainda insuficiente ante adversários que atuam sob o sistema único, principalmente no perimetro externo.

Mas o mais enfático progresso motivado pela mudança, ou opção do jogo interno, ocorreu entre os homens altos da equipe, que passaram a participar mais e efetivamente das manobras ofensivas, encorpando o sentido coletivista e participativo de todos no processo tático, fatores que conotaram um potencial formidável a uma equipe que se tornará difícil de ser superada se aqueles jogadores ainda ausentes da proposta do hermano, resolverem optar pelo enquadramento ainda timidamente aceito pelos demais.

No entanto, numa rodada tão importante como essa, onde definições se fizeram presentes, ainda pudemos testemunhar resultados simplesmente inacreditáveis, como o de uma equipe repleta de grandes jogadores, como a do Pinheiros, perder para uma outra que simplesmente arremessou 11/34 bolas de três, e 12/32 de dois, numa convergência negativa que fere princípios clássicos do jogo, e que são a prova inconteste da mais total e comezinha ausência defensiva, por mais primaria que fosse. E mais, também colaborando com uma cota de 8/26 arremessos de três e 14/34 de dois, também pouco contestados pela equipe de Joinville, constituindo-se numa partida onde uma uniformidade foi regiamente alcançada, a da quase total ausência defensiva de ambas as equipes, perdendo aquela que praticamente eliminou o “quase”… E não precisava ter assistido o jogo, pois tais números explicam e esclarecem tudo.

Neste domingo os dois últimos semi finalistas serão conhecidos, que juntos às equipes de Franca e Flamengo poderão se constituir no mais ferrenho final de um NBB, com muita emoção e luta, mais ainda muito pobre em sistemas ofensivos de jogo, e ausência quase completa dos defensivos, infelizmente, e às vésperas de um pré olímpico fundamental.

Amém.

PS-Foto LNB.

O IMPASSE DO ARGENTINO…

Noite chuvosa, me tomei de coragem e lá fui para a Arena, alguns quilômetros de minha casa.

De saída, 15 reais para estacionar num imenso deserto ocupado por outros 19 carros (27 ao sair no fim do jogo…), mais 15 de meia entrada (um direito para os da terceira idade…), e finalmente, o local do jogo, circundado por não mais que 250-300 pessoas perdidas numa arena para 15000 espectadores, tristemente vazia, como as três bandeiras soltas no nada, mais solenemente dispostas numa irregularidade chocante, tanto na forma, como na precedência hierárquica, num significativo retrato do esporte que aqui é organizado.

Olho em volta e não reconheço ninguém (talvez tenha me colocado no lado errado…), a não ser dois terríveis torcedores que já havia visto no Tijuca, que vociferaram o jogo inteiro, sendo regiamente recompensados em suas sandices pelo eco tonitruante originados nas bancadas vazias, lastimavelmente vazias.

Assisto a um jogo atípico, pois a linearidade técnico tática da equipe de Bauru se faz presente por todo o tempo, onde a quantidade de arremessos de três (6/28 – 21%) joga por terra suas aspirações de vitória, que nem os 51% nos arremessos de dois (22/42) e os 79% nos lances livres (11/14) conseguem equilibrar o brutal desperdício de pontuação, principalmente nas tentativas de três.

E porque atípico? Pelo comportamento da equipe do Flamengo, agindo em oposição ao que sempre propugnou ao dar preferência ao jogo exterior, principalmente através seu forte homem nessa proposta, o Marcelo. Mas neste jogo, voltaram-se em boa dose para o jogo interior, onde seu cestinha somente converteu 1/3 nos arremessos de três, 4/9 nos de dois pontos e excelentes 8/8 nos lances livres, num razoável aproveitamento de 19 pontos, mas acrescidos de uma participação interior nos passes e nas assistências de grande e decisiva qualidade, quase ao nível de nossos melhores armadores, e com 2m de altura.

O outro armador, vamos assim conceituar, o Helio, também foi pródigo nos seus 21 pontos, com 2/4 nos três, 5/7 nos dois e 5/5 nos lances livres, compensando em muito o baixo aproveitamento do Theague, com 1/6, 2/7 nos arremessos de três e de dois, e muito bem nos 4/4 de lances livres.

De tal forma a inusitada dupla armação do Flamengo foi eficiente, que os outros três armadores da equipe sequer influenciaram no jogo, pois ficaram na reserva grande parte do tempo.

E mais, saltou aos olhos a imensa subida de produção dos três pivôs que participaram do jogo, principalmente o Teichmann, com sua velocidade e elasticidade, fatores importantes, tanto no ataque, como, e principalmente, na defesa. O jogo interior beneficiou em muito a produção deles, ao contrário de Bauru que se pautou quase que exclusivamente pelo jogo exterior, numa enorme perda de eficiência e qualidade.

Os números finais da equipe carioca não deixam margens a dúvidas sobre a excelência da escolha pelo jogo interior, pelo jogo de 2 em 2, senão vejamos: 5/18 – 28% nos arremessos de três.

22/38- 58% nos arremessos de dois.

20/21-95% nos lances livres.

Para uma equipe cujo grau de convergência entre os arremessos de dois e de três pontos vinha se estreitando a cada partida, arremessar 20 bolas a mais de dois pontos se constitui num tremendo feito, e ai aparecendo a mão de um técnico que aos poucos vai catequizando seus estelares jogadores para um jogo interior mais freqüente e decisivo, sem abandonar o exterior, mais ai conotando sua complementaridade tática, e não prioridade de jogo.

E é nessa fase de seu trabalho que um tremendo impasse estará para ser deflagrado, o inevitável choque entre os egos e as lideranças exercidas dentro da equipe, onde um banco de reservas é, e sempre foi olhado e avaliado por alguns de seus jogadores como algo secundário, algo depreciativo, e não um segmento fundamental de um plantel competitivo, sem o qual nenhuma equipe de alta competição chega a lugar nenhum.

Esse é o grande impasse que determinará o sucesso, ou insucesso de seu trabalho, sutil e até timidamente ensaiado nesse jogo com Bauru, quando a equipe rubro-negra se despiu de estrelismos e buscou novos caminhos no rumo de uma classificação possível se insistir no mesmo. Aguardemos o quarto jogo, que poderá consolidar a inusitada escolha.

Mas espera lá Paulo, você não falou de defesas, esqueceu-as?  Não, prezado amigo, não se fala do que não existiu, ou venha existindo no basquete tupiniquim, e ai sim, se constituindo um  impasse que abrange, não só o hermano, mas a quase todos os técnicos da liga. Mas essa é outra conversa…

Amém.

PS-Clique nas fotos para ampliá-las(mas não se assustem com o imenso vazio…).

GUNFIGHTER…

Foi um chá de cadeira, assistindo duas partidas seguidas pelo NBB3, sem qualquer prerrogativa de ver algo de inusitado, de ousado, mas sim uma repetição monocórdia de algo requentado e até certo ponto, sonolento.

No primeiro, em Uberlândia, um inicio fulgurante da equipe de Brasília, utilizando o seu já comentado sistema de quatro jogadores bem abertos, mas que deixa de sê-lo após os primeiros passes, quando seus homens altos começam a se deslocar em cruzamentos pelo perímetro interno, se lançando de fora para dentro do mesmo, em velocidade e com bastante precisão, tornando seu jogo dinâmico e muito eficiente. Mas de repente, no ápice de se distanciar no placar, interrompe a ação, voltando ao rame rame do jogo tradicional, acrescido da enxurrada de arremessos de três, atitude tomada pelo seu adversário desde o inicio do jogo. No segundo e terceiros quartos tentam um enfrentamento mais direto no perímetro interno, onde seus pivôs se sobressaem com eficiência, tornando o jogo bastante equilibrado.

Mas foi no último quarto que algo degringolou na equipe candanga, quando o Nezinho e o Alex desandaram nas tentativas de três, falhando muito, e não retornando ao jogo interior onde se avantajaram no inicio da partida. Também nesse quarto final, a defesa da equipe da casa resolveu contestar as tentativas de arremessos de seus adversários, fossem estas de média ou longa distâncias, numa atitude que ajudou a reverter o jogo a seu favor, levando alguns jogadores de Brasília a focarem no fator arbitragem, concorrendo dessa forma para sua flagrante queda de produção.

Essas atitudes focadas na arbitragem, que foi um dos fatores mais restritivos que encontrei na equipe do Saldanha no NBB2, fez-me compreender e caracterizar uma realidade embutida na mente de alguns jogadores, com larga experiência, a criação inconsciente de um álibi para uma derrota que aparenta inexorável num determinado momento da partida, desencadeado possivelmente pela auto constatação de uma inferioridade física, ou mesmo técnica, passando a serem atribuídas unilateralmente ao fator arbitragem, e não a falhas pessoais e comportamentais que viessem a professar no transcorrer do jogo.

Extirpar e corrigir tais comportamentos foi a grande luta que travei naquela temporada, com razoável sucesso, mais não o suficiente para obtermos resultados ainda mais favoráveis.

E com a equipe campeã da temporada passada perdida num mar de queixas e reclamações contra a arbitragem, sua adversária saiu na frente desse playoff, no qual uma enérgica correção de rumos por parte de seus dirigentes, técnicos e jogadores, ainda poderá determinar sua classificação às finais, tarefa difícil, mas não impossível.

 

No outro jogo, quando a equipe de Joinville recebeu a do Pinheiros, num ginásio abarrotado de torcedores, o que foi exposto pelas mesmas desde o levantar da bola, foi algo constrangedor, pela consciente alternativa de tornar o jogo num duelo de arremessos de três, das distâncias que fossem, onde os pivôs se tornaram, por mais uma vez, platéia de seus companheiros finalizadores, mas tendo direito a uma ou outra bolinha que conseguissem recuperar nos rebotes, mas tendo como prioridade a volta da mesma para outra e outra tentativas de seus companheiros.

Um só pormenor quanto às estatísticas definiria esse jogo, o fato de que bastassem que 1/3 das bolas de três perdidas pela equipe catarinense, fossem tentadas para dois pontos, e venceriam com boa margem, fator esse que a equipe paulista se deu conta nos minutos finais da partida, quando se utilizou do jogo de penetração, assegurando arremessos mais seguros e eficientes.

Foi um jogo muito ruim, e que tem de ser melhorado consubstancialmente para os demais encontros, pois correm o grande risco de se tornarem  a serie mais fraca tecnicamente dos playoffs.

Amém.

Fotos do site da LNB.

OS VÍCIOS…

Grande parte de nossos analistas, perante números como os mostrados a seguir, fatalmente concluiriam que a derrota do Pinheiros ante a equipe argentina do Obras Sanitárias se deu pelo baixo índice nos arremessos de três pontos, quando arremessou 10 bolas a mais nessa especialidade, que aliás, faz a cabeça da maioria esmagadora de nossos jogadores (de armadores a pivôs), muitos dos técnicos, e a esmagadora maioria da midia televisiva, como a meta a ser atingida, seja no jogo que for, e valendo como exemplo para os mais jovens.

Vamos aos números:

Pinheiros – 24/47 nos dois pontos com percentual de 51%.

4/22 nos três pontos com percentual de  18%

17/23 nos lances livres, percentual de    73.9%

 

O.Sanitárias-24/40 nos dois pontos com percentual de 60%

5/12 nos três pontos com percentual de 41.6%

17/22 nos lance livres, percentual de      77.2%

 

 

Pela similitude dos números nos arremessos aproveitados de dois pontos e lances livres, 24 e 17 para ambos, explicariam a derrota pela mínima diferença de 4 para 5 arremessos de três, a favor dos argentinos. E pronto, estariam esclarecidos os três pontos na diferença final, relevando a diferença percentual de 18 a 41.6%, como uma noite pouco inspirada para nossos qualificados especialistas nos longos tiros.

Mas a verdade verdadeira não condiz com a conveniente frieza de tais números, quando evidências mais profundas vão muito além dos mesmos, convenientes, ou não…

Vejamos outros números, aqueles que realmente explicariam a realidade deste jogo decisivo, a realidade de todos os jogos realizados, e que se realizarão no NBB3, quiça, em todos os jogos, de todas as categorias e faixas etárias em nossos campeonatos municipais, estaduais e nacionais.

Os três pivôs do Obras converteram 47 pontos, contra 28 dos pivôs do Pinheiros( frize-se que estavam numa excelente noite, nos rebotes e nas conclusões…), assim como os demais jogadores, armadores e alas do Obras converteram 33 pontos, contra 49 dos do Pinheiros, num cruzamento de tendências que decidiram o jogo, onde o aproveitamento nos lances livres, 17 para cada, não determinava supremacias. Logo, o jogo de 2 em 2 pontos da equipe do Obras, centrando sua estratégia coletivista no jogo interior, superou o evidente jogo exterior do Pinheiros calcado nos arremessos de três para deterninados e conhecidos jogadores, acrescido de um outro fator de estratégia individual, a tentativa bem sucedida de diminuição na eficiência pontuadora dos jogadores Shamell e Marquinhos, de 20 ou mais pontos por partida(Shamell foi o maior pontuador da competição), em 5 pontos para menos de ambos(fizeram 15 pontos cada), dando ao Obras um significativo handicap que os levariam a vitoria.

Somemos a todos esses fatores, a evidência mais cabal de nossa forma de jogar teimosa e preferencialmente no perímetro externo, forma esta incentivada desde as categorias de base, pela frouxidão endêmica de nossas defesas no mesmo, originando um conseqüente, e até proposital desinteresse pelos fundamentos de dribles e fintas, que são os pontos primordiais para o ingresso consciente no perímetro mais próximo a cesta, desencadeando um processo de abandono dos pivôs, numa quase marca registrada no atual panorama do nosso basquetebol como um todo.

Todos estes fatores deram origem a um certo tipo de comportamento de conivência entre muitos técnicos e jogadores, onde os primeiros fingem instruir, e os segundos fingem aprender, e onde ambos se locupletam ao seguirem a mesma regra, num terreno minado de interesses e pouquíssimas, ou nulas cobranças de verdade.

A derrocada de todas as quatro equipes brasileiras nesse Torneio Interligas, onde cumpriram o mesmo ritual de jogo externo, e negação do interno, obrigaram, ou incentivaram os pivôs a abandonarem seu perímetro, para virem tentar a sorte num espaço onde se transformaram em figuras patéticas de jogador, já que destituídos dos fundamentos necessários e obrigatórios a essas novas funções, sempre negados e jamais ensinados a esses jogadores.

E num jogo decisivo como o de hoje, todos esses fatores acima apontados vieram escancaradamente à tona, principalmente nos minutos finais, onde uma equipe muito bem treinada atuou e perseverou no jogo seguro e mais eficiente dos dois pontos de cada vez, ao passo que nossa valente equipe optou por dois arremessos de três quando a diferença no placar não excediam os dois pontos, às vezes um, como num recado vindo dos dois jogadores mais marcados pelos argentinos, pressionados e nervosos que se encontravam, exatamente por estarem sendo levados ao estado de imprecisão pretendido pelos dois eficientes argentinos, num solene “agora eu decido, sou mais eu”, esquecendo o coletivismo, marca indelével do grande jogo, esse mesmo jogo que contumazmente pune aqueles que negam seus princípios e tradições.

Quanto aos técnicos, parabéns ao hermano, que soube optar por estratégias (não confundir com táticas, sistemas ou jogadas…) excelentemente desenvolvidas e aplicadas por seus jogadores, principalmente seus dois armadores puros e três homens altos que se movimentaram incessantemente no perímetro interno, com bons reservas e controle mental elogiável, demonstrando a maturidade alcançada pelo seu eficiente basquete. O técnico do Pinheiros aos poucos vai se aprimorando, e um dos aspectos mais favoráveis é a sua nova postura de diálogo aberto e direto com os jogadores nos tempos pedidos, onde a prancheta perdeu seu foco estelar, apesar de ainda ocupar seu espaço. Somente um fator ainda o prejudica, o ainda não resolvido domínio por sobre determinados vícios que se instalaram em alguns jogadores, principalmente o mais serio de todos, o de acharem que ter ou não um técnico no banco se torna de menor importância, já que decidem eles mesmos o que fazer e como se comportar. Um bom chuveiro de vez em quando não faria mal nenhum, até que aprendessem a ganhar um jogo despindo-se daqueles injustificáveis e inconvenientes individualismos nos momentos onde um sentido de equipe se faz presente e altamente necessário. Essa é a função maior de um técnico numa equipe de alta competição. Mas ele chega lá, com certeza.

Amém.

COMISSÕES & COMISSÕES…

“É um momento importante que estamos vivenciando aqui em Las Vegas. Está sendo muito proveitoso e a nossa pretensão é aproveitar ao máximo a oportunidade de estar aqui para aprimorar a forma de treinamento”

( Declaração do técnico da seleção brasileira masculina sub-19, publicada na matéria Alto-Falante do blog Bala na Cesta, em 16/4/11).

Esclarecendo, a seleção brasileira sub-19, que se prepara para o Mundial da categoria na Estônia, estagia numa organização denominada Impact Basketball (Clique e tome conhecimento da mesma), na cidade americana de Las Vegas, onde seus jovens jogadores são entregues a treinamentos, testes, medições e controles nutricionais a técnicos e especialistas americanos, voltados à técnicas de aprimoramento, tendo como modelo todas as exigências requeridas para o ingresso na NBA( ações estas expostas no folder da organização, e avalizadas por um bom número de jogadores daquela liga), cujos préstimos técnicos, médicos e nutricionais devem custar um bom dinheiro, já que atende desde equipes de várias categorias, até atendimentos personalizados, em programas, tanto para jogadores, como para técnicos( e americanos não fazem benemerência com essas coisas…).

Para entender melhor, vejo que a comissão técnica da equipe, formada pelos melhores, mais atualizados e altamente competentes profissionais na formação de base tupiniquim, entrega seus comandados nas mãos de estrangeiros, a fim de que os mesmos os preparem nos…fundamentos? Na… sistemática de jogo? Na…preparação física? Na… forma de se alimentar e se cuidar? Quem sabe, na forma de se trajar ou rezar…

Ou seja, a CBB está gastando com uma firma particular, fora do país, e em dólares, para fazer o trabalho que é obrigação de uma comissão técnica alta e indiscutívelmente(?) capacitada e competente, fruto da meritocracia que nos é tão comum na realidade do grande jogo? E mais, a equipe feminina também engrena tal programa nessa semana, algo que custo a acreditar esteja ocorrendo com nosso histórico basquetebol.

Deduz-se que, cada vez mais se perpetua e cristaliza a utilização do sistema único de jogo, mola mestra da grande liga americana, agora aprimorado por nós, através a  volúpia escancarada pela hemorragia dos três pontos implantadas na maioria de nossas equipes, vide os recentes playoffs nacionais, onde a convergência entre os arremessos de três se aproxima, e até supera os de dois pontos, como a equipe do nosso técnico nacional da sub-17, que por uma questão de coerência tenderá a implantar esse conceito avançado a nossos jovens, fator catastrófico se consumado, pois é fruto e produto de nossa recusa em implantar e desenvolver sistemas confiáveis de defesa, na maior falha de nossa formação de base, que não será resolvida num estágio turístico.

E o mais trágico, o fato de termos levado para a toca do lobo a única equipe que enfrentou em igualdade de condições a equipe americana na última Copa América, sabendo nós da importância político esportiva que o título no próximo mundial representa para os americanos, que já tinham capitalizado para a sua comissão técnica, na função nada sutíl de “observador das equipes adversárias”, o nosso técnico naquela Copa, e o pior, ele aceitou…( naqueles pagos currículo vale ouro…).

Bem, com tanta fartura de competências estratégicas e técnico táticas, torço para que, pela enésima vez, não fiquemos pendurados na broxa, quando tantos e competentes professores e técnicos são alijados de uma ENTB, que deveria ser formulada para que aberrações dessa ordem inexistissem, desde a formação de técnicos de verdade ( e não em encontros de 4 dias…), ao estabelecimento de centros de treinamento, que mesmo custosos, manteriam nossos suados impostos por aqui mesmo. Mas, desculpem o óbice, pois estava a esquecer as sagradas comissões ( não as técnicas, as outras…claro).

Amém.

NILZA…

Foi um jogo dificílimo, a final do brasileiro feminino de 1966 em Recife, entre cariocas e paulistas, ou seja, com praticamente toda a seleção brasileira em quadra, conotando o alto nível daquela memorável final.

Dirigindo a seleção carioca, enfrentei, aos 26 anos, um dos mais instigantes desafios de minha vida como técnico, ainda mais em uma partida que só foi decidida na prorrogação por 69 x 66, dando-nos o tri-campeonato da categoria.

Mas algo de muito especial ocorreu nesse inesquecível jogo, o único que teve a participação da grande Marlene Bento, contundida seriamente no tornozelo direito, e somente semi apta momentos antes da decisão, na qual contabilizou incríveis 38 pontos, mesmo marcada sequencialmente pela jovem Odila, pela veterana Odete, ainda tendo que duelar nos rebotes com a formidável Nilza, que marcava nossa segunda pivô, ora a Delcy, ora a Marly.

No inicio do segundo tempo, ousei algo inusitado, na tentativa de afastar por algumas jogadas a Nilza do rebote defensivo direto, trazendo a Delcy para uma das alas, e levando a Angelina para exercer a função de segunda pivô, mesmo sendo uma armadora de baixa estatura. Esta ação afastou a Nilza do rebote em três ataques nossos, colocando a Marlene  numa ótima situação de domínio, pois a Odila, por ser muito jovem, não conseguia enfrentá-la sem a ajuda direta da Nilza, propiciando seis preciosos pontos a nosso favor, fundamentais para igualarmos o marcador.

O técnico Campineiro atento ao estratagema, optou pela zona, trazendo a Nilza para dentro do garrafão, mas àquela altura, com o placar igualado, conseguimos acessar a prorrogação e vencermos o jogo.

Esse relato demonstra com fidedignidade a grande importância da Nilza como um bastião poderoso nos rebotes das equipes das quais participou, além de também ter sido uma excelente pontuadora nos arremessos de media e curta distâncias, vide sua decisiva atuação no Mundial de 1971, onde conseguimos o terceiro lugar.

Após o jogo, somente duas jogadoras paulistas vieram me cumprimentar, a Nair e a Nilza, que além de grande jogadora era uma desportista brilhante e elegante.

A grande Nilza se foi nesse domingo, fazendo-me retroceder no tempo, a uma época de extraordinárias e inesquecíveis jogadoras, das quais me tornei eterno devedor pelo muito que me ensinaram de técnica, luta e dignidade.

Muito obrigado Nilza, você foi sensacional.

Amém.

UCONN 68 X BUTLER 34…

Este o verdadeiro placar da final da NCAA deste ano, e não os enganosos 53 x 41 que constam da sumula do jogo. Exatamente os 30 anos que separam um técnico veterano (duas vezes campeão da NCAA, e o mais velho a sê-lo desde o surgimento das competições universitárias), e um jovem aspirante a Head Coach, que ainda deveria estagiar por uns bons anos como assistente, para aprender como se deve dirigir uma equipe, para enfrentar com alguma chance, e numa final, uma outra liderada por um velho experiente e rodado.

UConn jogou de forma tradicional, no sistema único, idêntico ao da NBA( alguns de seus formandos estão, ou estiveram na grande liga), acrescentada de uma defesa fortíssima (na extensão de todos os 35seg, e não os 24seg da NBA e da FIBA), principalmente na proximidade da cesta, e com um ataque que privilegiou os curtos e médios arremessos ( 18/44 de um total de 19/55, totalizando 34.5% , em contraste aos seus 1/11 arremessos de três, com um ridículo 09,1% de aproveitamento), numa demonstração de opção tática orientada ao jogo interior, por penetrações ou acionamento persistente de seus pivôs.

Butler, apostou na artilharia de três, tendo complementado em toda a partida somente 3/31 arremessos de curta e media distâncias, num total de 12/64 tentativas de campo (18.8%!!), o que perfazem 9/33 (27.3%) de tentativas nos longos e falhos ( a maioria contestados pela defesa de UConn) arremessos da moda no Brasil, e agora também…nos States!.

Calhoun venceu por ter sido coerente com a realidade da maioria dos técnicos americanos, tradicionalistas, personalistas e altamente comprometidos com a continuidade de um sistema tradicional, algumas vezes contestado por técnicos realmente revolucionários, como Bee, Wood, Dean, Knight, Rupp, Iba, e mais recentemente, o Coach K, com sua proposta radical apresentada no último Mundial, mas suficiente para, pela terceira vez, levantar a taça mais ambicionada do basquete americano, além de acrescentar mais um anel em sua coleção.

Stevens, tentou apostar na aventura juvenil da infalibilidade de seus especialistas de três, que se felizes fossem poriam por terra um século de tradições under table, com seus pivôs (fixos e móveis) eficientes e marcadores. E o grande paradoxo é que também os possuía na sua equipe, mas abandonados pelo canto da sereia de fora do perímetro, onde falharam bisonha e constrangedoramente, tendo em toda a partida somente convertido 3 arremessos de curta distância, e isso exprime tudo.

Foi um jogo triste, em contraste com alguns eletrizantes nas fases classificatórias, principalmente os da Elite 8, deixando os 70 000 mil espectadores meio decepcionados com a técnica apresentada, mas felizes e exultantes pela manutenção da tradição universitária do país, forja de seus futuros líderes, treinados nas salas de aulas, laboratórios e quadras esportivas, reserva intelectual do grande país, igualzinho ao que temos aqui… ou não?

A lamentar somente a incrível quantidade de tempos debitados aos técnicos, que se aproximam velozmente de sua conquista maior, um pedido de tempo por ataque de suas equipes, quando, enfim, reinarão dentro, e não somente fora das quadras.

Amém.

E NÃO É QUE CONVERGIRAM?…

Folheando o jornal, tendo ao fundo a TV ligada num filme do Mel Gibson (O Patriota, se não me engano…), me chamou a atenção uma cena que já tinha visto centenas de vezes, em centenas de filmes de guerras coloniais, quando dois exércitos se encaram (na acepção do termo…), a uns 50-60  metros de distância, e sequencialmente, um de cada vez, disparam seus rifles de tiro único, varrendo a cada salva dezenas de combatentes enfileirados ombro a ombro, quando do recarregamento de suas armas, num ritual de morte anunciada, como num duelo de quantos permanecerão de pé ao fim da carnificina, e onde a ação de se defender inexiste, resumindo-se tudo numa simplória (porém mortal) questão de pontaria.

É o que vemos no nosso atual basquetebol, com duas equipes duelando nos arremessos de três pontos, com defesas também inexistentes (e olha, que em distâncias bem inferiores aos 50-60 metros do exemplo bélico acima…), para contabilizarem ao fim da refrega “quantos” petardos foram encaixados.

Quando do artigo A Temível Convergência, chamava a atenção sobre a galopante tendência que se apresentava nos últimos jogos da NBB3, por conta de algumas equipes que preocupantemente convergiam os arremessos de 3 com os de 2 pontos, caracterizando um desligamento proposital de seus sistemas de jogo, numa teimosa e mais preocupante ainda, atitude de insurgência, nem sempre sutil a seus técnicos, mentores dos referidos sistemas, treinadores dos mesmos, cobradores e penalizadores de suas execuções em quadra,  que por conta da “chutação” desenfreada e aleatória, estariam sendo coniventes(?) com uma situação, para a qual não encontrariam soluções aceitas pelos jogadores.

E a convergência se deu no jogo entre o Flamengo e a equipe de Brasília na rodada passada, quando alguns números deveriam ser seriamente analisados por todos, técnicos, jogadores, analistas e torcedores, pois exibem um momento perigoso e sorrateiro para o grande jogo, já que o minimiza a extremos, que se não corrigidos, nos levarão a um modelo de comportamento em tudo correlato aos confrontos dizimadores das batalhas coloniais. Vejamos esses números:

– O Flamengo arremessou 19/32 bolas de 2 pontos, e 12/32 de 3 pontos,numa convergência absoluta.

– Brasília arremessou 12/29 de 2, e 12/26 de 3 pontos, numa quase total convergência.

– O total de 31/61 arremessos de 2 pontos perfizeram 50,8%, e os 24/58 de 3, 41,3%, ou sejam, foram perdidos 30 arremessos de 2 e 34 de 3 pontos, numa prova altamente preocupante de desprezo pelos sistemas ofensivos, em mais da metade das tentativas perdidas, e tudo isso por ambas as equipes!

A continuar tal tendência, numa divisão referência para os jovens iniciantes, muito em breve assistiremos, não mais um jogo de inteligência e sagazes habilidades em direção às cestas, para arremessos mais precisos pelo menor distanciamento, e sim um duelo em tudo similar aos combates coloniais, onde o aniquilamento sem defesas se tornará o paraíso dos menos capazes, ai incluídos com todas as honras e fanfarras, aqueles omissos técnicos.

E pensar que afastaram a linha de três em 50cm no afã de redimir o jogo técnico e tático, mas não o suficiente para, de uma vez por todas, voltarmos a praticar o grande jogo, através grandes jogadores, e não jogadores que se julgam grandes, e na companhia de técnicos não tão grandes assim…

Temos de encontrar uma, ou varias soluções técnico táticas, a fim de não reduzirmos nosso basquete a um confronto de egos e falsos especialistas, numa hemorragia de arremessos de três inconsequente e suicida.

Amém.

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