LAMENTÁVEIS IMPRECISÕES…

No artigo anterior, A Temível Convergência, mencionei a grande preocupação que venho sentindo com a galopante tendência de nossas equipes de elite arremessarem de três, quase no patamar nos de dois pontos, que em se tratando de equipes referenciais, fatalmente servirão de exemplo para as divisões de base, numa escalada em que sistemas de jogo e arremessos de curta e media distâncias, mais precisos e confiáveis, cederão cada vez mais espaço ao descompromisso técnico tático, representado pelos longos, imprecisos e irresponsáveis arremessos de três, incensados pela mídia, como um apanágio de técnica superior, mas que na realidade é habilidade reservada a muito poucos, inclusive em âmbito universal, vide a tão propalada e divulgada NBA, com seus especialistas contados nos dedos de uma das mãos.

Ato contínuo à publicação do artigo, o jogo de terça feira entre o Flamengo e Franca, confirmou essa tendência de forma exemplar, vide os números estatísticos apresentados ao término da partida, com as duas cestas finais em arremessos de três pontos, dando a vitoria à equipe do Flamengo.

Foram 22/34 arremessos de dois pontos, e 10/29 de três pelo Flamengo (cinco a menos), contra 17/35 e 9/25 pelo Franca (dez a menos), onde os percentuais de acerto das tentativas da equipe rubro negra atingiram 64% nos dois pontos, e 34% nos de três, numa espantosa desproporção de 44 pontos em tentativas de dois, contra 30 obtidos com os de três, perdendo 19 arremessos que poderiam ter sido mais eficazes se realizados de curta distância( jogo quase inexistente de pivôs ou penetrações em velocidade), ou com a utilização do esquecido e desprezado DPJ (drible, parada e jump) por parte da esmagadora maioria de nossos armadores…

Os números de Franca são correlatos, com 34 pontos de acertos nos arremessos de dois (em 35 tentativas, ou 45.9%), e 27 pontos de três em 25, com 36% de aproveitamento, provando o quanto de desperdício foi cometido (e vem sendo cometido por todas as equipes da Liga) através, no caso deste jogo, de 54 tentativas de três pontos, com somente 19 acertos por ambas as equipes, ou seja, 35 ataques de imprevidência, imprecisão e enganosa auto suficiência, numa arte restrita a muito poucos, vilipendiada inclusive (e na moda…) por pivôs, que insatisfeitos em participar somente como reboteiros em suas equipes, vem para fora do perímetro duelar com seus próprios companheiros pelos pontos a eles negados, o que é profundamente lamentável e preocupante.

Mas outra, e também preocupante imprecisão leva a sutil e fluida  denominação de arbitragem caseira, artifício que alguns juízes aplicam em situações melindrosas, vide o exemplo de terça feira, num ginásio sufocante pelo calor emanado por uma torcida vibrante, numa noite de chuva intensa, deixando pairar no recinto uma névoa de humidade que cobrou dos jogadores escorregões perigosos, mas não tão perigosos como uma situação que já vai se tornando corriqueira em jogos do Flamengo no ginásio tijucano, que sempre ataca no segundo tempo no sentido da cesta contrário à sede do clube, propiciando uma descida em massa de torcedores mais exaltados para trás da mesma, numa pressão bem conhecida nos campos de futebol, ante o ataque adversário, acrescida pela impunidade flagrante com a ausência de um policiamento ostensivo no local. Neste jogo, não observei um único policial fardado dentro do ginásio, numa falta flagrante de organização (lugares e setores marcados, nem pensar..).

Pois bem (ou mal…), nos minutos finais a equipe de Franca exerceu uma reação bem típica em sua equipe, através a mobilidade de seu armador Benite, encostando, e até ultrapassando o Flamengo no marcador por um ponto. Nesse momento, a torcida desce da arquibancada lateral para trás da cesta defensiva do Flamengo, pressionando claramente os adversários e os árbitros pela não marcação de faltas pessoais, naquele momento, decisivas para a definição do jogo. E não deu outra, quando estando um ponto atrás a equipe francana exercendo uma pressão enorme vê seu jogador Spillers ser violentamente obstado pela defesa rubro negra, numa flagrante falta pessoal, e nada ser marcado, a não ser um simples ataque bola ( No blog do Prof. Byra Bello, Lance-Livre, um pequeno vídeo mostra esses minutos finais com razoável precisão), numa omissão que poderia ter mudado o resultado do jogo, logo a seguir definido com duas cestas de…3 pontos, dando números finais a uma vitoria justa da equipe da Gávea, que poderia ser bem mais lapidar se ainda preservássemos a tradição de lisura e comportamento de torcidas do grande jogo, que desde sempre se comportaram no contra ponto das do futebol, agora deslocadas em sua fúria nas quadras sem alambrados e barreiras dos ginásios, estando a um passo de sérias invasões se contrariadas. Sinceramente, temo que isso venha a ocorrer se providências não forem tomadas, o mais rápido que puderem ser cosumadas. A LNB deve se preocupar com isso, e o exemplo das ocorrências do Nilson Nelson no NBB2 devem servir de exemplo.

Com o campeonato se dirigindo ao seu final, e com o equilíbrio competitivo das equipes, urge que cerquemos de cuidados uma competição que poderá se tornar, junto com um trabalho aprimorado de base, num verdadeiro e esperançoso soerguimento do grande jogo entre nós. Assim torço e espero.

Amém.

OBS-Cique na foto para ampliá-la.

A TEMÍVEL CONVERGÊNCIA…

Nestas duas últimas rodadas do NBB3, pudemos constatar um aumento na convergência entre os arremessos de 2 e os de 3 pontos, que vem se acentuando a cada rodada do campeonato, numa tendência nem um pouco desejável ao nosso desenvolvimento técnico tático, visando um futuro menos constrangedor nas competições internas, assim como, e principalmente, nas internacionais.

Em seis dos últimos vinte e oito jogos, aconteceram convergências que variaram de um arremesso de diferença ( 28/29 -Pinheiros contra Brasília) a cinco nos demais cinco jogos, com uma equipe, o Vila Velha, se repetindo em duas ocasiões, isso quando mencionamos a convergência crítica de até cinco arremessos, cuja tendência de freqüência cresce a olhos vistos, bastando darmos uma simples revisão nas estatísticas das últimas cinco rodadas.

Casos extremos, como o de pivôs pesados voltarem aos arremessos de três estão se avolumando, como o Tiagão em suas 0/7 tentativas na rodada passada, numa prova inconteste de que sistemas de jogo estão sendo  abandonados em função dos fáceis (assim pensam ser…) arremessos do meio da rua, abandonando seus posicionamentos fundamentais próximos à cesta, indo rivalizar e competir com os lançadores de ofício (que também pensam ser…) de suas equipes, e com o aparente (já que não obstado…) beneplácito de seus técnicos.

E como toda sangria indesejada, o estancamento exige pressões acentuadas por sobre uma ferida que nos está levando a uma gangrena irreversível, cada vez mais nos afastando do bom senso ao jogar o grande jogo. Claro que temos de arremessar, mas não dessa forma irresponsável e suicida.

Como a utilização prolongada (mais de 20 anos…) e globalizada do sistema único já se tornou num concreto ciclópico, e na mais completa ausência de um sistema (ou sistemas…) que o pudessem contrapor, tornou altamente previsível TODAS as movimentações de ataque, facilitando sua contenção primaria de defesa, daí o artifício ( bem vindo pelos medíocres de fora e de dentro das quadras…), dos arremessos de três, com a desculpa singela, mas desprovida de qualquer fundamentação aceitável, de ser a arma letal para abri-la e contestá-la.

Imaginem e se conscientizem neste ponto ( encruzilhada?…) em que nos encontramos, quando desde as divisões de base tal exemplo se estabelece como um vírus indetectável, porém poderoso e maligno, na formação de nossos futuros jogadores, onde arremessos de longa distância cristalizam uma conquista sem os traumas de cansativos treinamentos de dribles, fintas, passes e corta-luzes, assim como os de defesa, já que, a exemplo das divisões de elite, não se antepõem aos mesmos, e sequer tentam fazê-lo?

Assistam, se puderem, o March Madness da NCAA que se inicia amanhã, e verão que dentre as 68 equipes classificadas muitas aderiram à moda dos arremessos de três, algumas de forma irresponsável (creio que já não se produzem técnicos da qualidade dos mais antigos e tradicionais da grande liga universitária americana…), frutos do marketing e da projeção midiática, mas ainda sendo mantido o fenomenal poder defensivo, e jogo interno poderoso e bem formulado, das melhores equipes da competição, aquelas que definirão as finalistas.

Precisamos com urgência estancar essa hemorragia que nos enfraquece aos olhos do mundo, estudando e pesquisando novos sistemas de jogo, que potencializem nossas melhores qualidades, que nos obriguem à volta dos treinamentos dos fundamentos, mostrando e demonstrando aos mais jovens os caminhos pedregosos e difíceis do controle do corpo, da mente e da bola, do sentido de equipe, do valor incomensurável dos arremessos curtos e médios, mais seguros e confiáveis, deixando os de longa distância nas mãos daqueles muito poucos especialistas de verdade, e mesmo assim em condições de liberdade e equilíbrio totais.

Não vejo outra forma de encararmos de frente essa nossa já histórica deficiência, a começar pelos novos técnicos, que deveriam ser instados a novas concepções técnico táticas, a novas formas de ensinar o grande jogo, com eficiência didática e metodológica (jamais alcançadas em cursos de 4 dias de duração…), onde o mérito de cada conquista, de cada etapa, deveria ser a meta a ser atingida, e não a cópia canhestra e o brilho enganoso do ouro dos tolos.

Que essa progressiva convergência seja combatida com vigor e inteligência, pois em caso contrário iremos às quadras para assistirmos constrangidos, desde as divisões de base, até as principais, torneios de arremessos absurdos e mentirosos, e para gáudio de uma certa imprensa, complementados com enterradas fulgurantes e circenses, pois segundo sua distorcida e bem orientada ótica, é disso que o povo gosta…

Honestamente não acredito nisso.

Amém.

OBS-Na foto(clique na mesma para ampliá-la) um  exemplo de arremesso de media distância como resultante de um trabalho no perimetro interno.

ÚLTIMO DIA EM CABO FRIO…

Creio que nada seja mais gratificante do que treinar uma equipe que luta para sobreviver à uma má fase, às derrotas seqüenciais, à baixa continua e inexorável da perda da auto-estima, do respeito a si mesma.

Não sinto qualquer atrativo pela direção de “nomes” e de fachadas, de cardeais e delfins, mas sim aqueles bons e até ótimos jogadores, depreciados e subutilizados no dia a dia de uma equipe de alta competição.

Maravilha, apresentar um projeto onde constam estrelas e candidatos às seleções nacionais, minorias que em muitos casos (as exceções não contam…) não refletem com alguma precisão o quem é quem da realidade técnica de uma modalidade tão complexa como o basquetebol, mas que locupletam uma pseudo elite bem promovida e magnificamente assessorada por marqueteiros profissionais. Por conta de tal distorção, menos técnica, e muito mais política, muitos reais valores se perdem pelos caminhos do ostracismo e da mais absoluta ausência de uma simples vitrine onde pudessem mostrar e demonstrar o que valem (daí o valor incomensurável da postagem de vídeos de jogos pelas LNB e pela CBB na grande rede…), como indivíduos, como jogadores, assim como, muitos e autênticos técnicos e professores, formados ao longo de reais experiências, estudos e pesquisas práticas, e não  provisionados   em cursos de 3 a 4 dias sentados às centenas num auditório da vida.

Coerentemente ligado a estas constatações, é que me comprometi treinar a equipe do Cabo Frio, não encontrando, lamentavelmente, um mínimo suporte econômico administrativo para um trabalho a médio prazo, como fora o combinado e estabelecido, tornando praticamente impossível qualquer resultado positivo contra as equipes que ponteiam a competição.

Mesmo assim, nos preparamos da melhor forma que nos foi possível para o jogo contra o Tijuca, definidor para a continuidade competitiva da equipe, visando sua classificação ao playoff semifinal.

Ao contrário das opiniões de técnicos de arquibancada, em sua total maioria compostos de pusilânimes anônimos (jamais aceitos e postados aqui nesse blog…), foi um jogo onde a predominância técnica e  tática foi centrada na maior das deficiências da esmagadora maioria das equipes brasileiras, de todos os níveis e faixas etárias, a sempre omitida e depreciada, defesa.

Foi uma titânica batalha de defesas, quando imperou, no quarto final, aquela que possuía a melhor reserva de energias, combustível estratégico para seu sucesso final, a equipe tijucana.

Do lado da equipe de Cabo Frio, um posicionamento na linha da bola, e de marcação dos pivôs à frente por todo o tempo, enfrentando o sistema único de jogo utilizado por um adversário superior em estatura e velocidade.

Por outro, uma equipe pressionando forte e energicamente os dois armadores, na tentativa de evitar que os mesmos contatassem os três pivôs móveis que se deslocavam permanentemente em seu perímetro interno, originando arremessos curtos, mais precisos, e sendo beneficiados por lances livres em quantidade, e ambas, enfrentando uma quadra emborrachada e escorregadia com um aumento drástico da umidade ambiental, que levava os jogadores à estafa pelo esforço extra para se manterem em equilíbrio razoavelmente estável.

E com este cenário de luta permanente e estafante, dois ou três arremessos de longa distância determinaram o resultado da partida, demonstrativa da capacidade que temos, sim senhores, que temos de defender, na medida que treinemos a arte de fazê-lo, preferencial e estrategicamente desde as divisões de base, com técnicas específicas e evolutivas, e não explicitadas em ações de cunho físico, onde a força em muito tenta superar as técnicas defensivas, conotando desgaste e exaustão desnecessárias.

Terminado o jogo, me despedi dos coesos jogadores, contrariado pela situação originada pela não definição contratual, mas pleno de certeza do cumprimento da parte a mim reservada, leal e corretamente.

Quem sabe em um outro momento tornemos a nos encontrar?

Amém.

OBS-Clique na foto para ampliá-la.

O SÉTIMO DIA EM CABO FRIO…

Hoje, sétimo dia em Cabo Frio, treinamos para o jogo contra o Tijuca amanhã, quinta feira.

Conversamos muito sobre o jogo de terça com Macaé, quando previsíveis erros foram cometidos, pela premência de tempo, locais e estrutura para evitá-los. Antes, pela tarde, assistimos ao vídeo do jogo, realizado por um de nossos jogadores que não atuou, e editado pela esposa de outro, numa ação entre amigos elogiável, mas que deveria fazer parte de uma pequena equipe de apoio a sustentar um setor técnico indispensável a uma equipe de alta competição.

Dirimimos dúvidas técnicas e posicionamentos táticos, mesmo sabedores que alguns ainda deverão ser repetidos pela ausência de trabalho prático, impossível de serem corrigidos em um único treino antecedente ao jogo de amanhã. Mas todo esforço que pudéssemos despender seria valido em função da diminuição, e mesmo administração dos mesmos.

E assim foi, numa ação intensa, detalhada e disputada com atenção e cuidado. Aproveitamos para reintegrar um jogador ausente dos treinos iniciais, assim como colocar em jogo outro que não participara do jogo de ontem por problemas em sua inscrição na CBB.

Logo, teremos para o jogo cinco opções de banco, que poderá representar uma grande diferença, se comparada com as três do jogo anterior.

Estarei, como ontem, sozinho no banco, o que continuarei a lamentar, mas como o prometido e compromissado junto aos jogadores, me despedirei da equipe cumprindo o estabelecido, mesmo que a recíproca administrativa e econômica jamais pensou em ser verdadeira.

Como bom professor, e melhor aluno que sou, aprendi, e o mais importante, apreendi de forma presente, todo um processo rasteiro que levou o grande jogo de roldão nos últimos 20 anos, compreendendo-o agora, pelo lado de  dentro,  sua pseudo-estrutura,  confirmando em toda sua plenitude o lema constante do MSN do presidente da Liga Cabofriense de Basquete, que solenemente afirma – VENCER NA POLÍTICA NÃO É TUDO. É A ÚNICA COISA.

Bem intencionado, caí e me embaracei numa rede de falsas promessas contratuais,  fato indesculpável,  não tendo nada mais a dizer. Perdoem-me.

Amém.

NO MAN IS A ISLAND (O JOGO)…

Em inúmeros artigos aqui postados, discorri sobre a solidão do comando, de sua imutável e irrecorrível realidade, a da tomada responsável de decisões fundamentadas no conhecimento, na experiência e na irrestrita certeza de ter tomado o caminho mais correto possível, tanto no aspecto técnico, como no aspecto fundamentalmente humano.

Mas nunca a tinha experimentado na acepção do termo, quando na direção de uma equipe adulta, sozinho num banco de reservas acompanhado de três jogadores qualificados, e um impossibilitado de participar do jogo por problemas de inscrição, além de um outro fora da quadra com problemas de visto de trabalho a ser resolvido.

Um assistente técnico, nem pensar, assim como um fisioterapeuta, um estatístico, ou mesmo um mordomo. Do outro lado, uma equipe bem estruturada que ainda reclama melhores condições de trabalho, num flagrante descompasso perante a dura realidade de nosso basquete de elite(?).

Mesmo assim houve um jogo, que poderíamos ter ganho se pudéssemos ter contado com um dos dois armadores impossibilitados administrativamente de participar, fator que já previra quando do treino que antecedeu a partida.

Desculpas?  Falsas explicações? Não, somente uma constatação técnica e tática, pois os cinco pivôs móveis que se revezaram em trincas durante todo o transcorrer do jogo, o fizeram eficiente e consistentemente, ao contrário dos dois armadores de ofício, e do ala adaptado na função, que não puderam manter o equilíbrio linear, já que suas intensas funções ofensivas e defensivas, sem as devidas e fundamentais rotações, os levaram a um grau de exaustão limite, responsável por alguns erros pontuais, importantes no resultado final, além de um fator arbitral de monta, principalmente no quarto final da partida.

Naquele quarto, a imprecisão defensiva por parte da equipe de Macaé sobre os três pivôs  que concluiam dentro do perímetro interno, forçaram seus defensores a um jogo extremamente físico, e em muitos casos faltoso, sem que os juízes interviessem pela marcação das faltas que se fartaram de existir. Compreende-se que perante um sistema compressivo dentro da zona restritiva, onde seis homens se defrontavam, o grau de dificuldade, motivado pela velocidade das ações, confundissem um juiz, ou outro quanto ao descumprimento das regras em vigor, mas nunca os três juntos, que assistiram defensores puxarem, se dependurarem e bloquearem faltosamente os atacantes impunemente, conseguindo com estas ações reverterem o placar em seu favor, somando-se ainda o cansaço dos armadores sem as rotações necessárias.

E mais, naquele quarto final, face aos fatores acima apontados, uma situação conflituosa ia sendo deflagrada, como resultante da ausência das marcações de faltas, ostensivamente expostas, e negligenciadas pela equipe arbitral. O não costume de arbitrar jogos com seis homens lutando na zona restritiva, pode ser até reconhecido, face a total similitude ofensiva da grande maioria das equipes brasileiras, sugerindo com isso uma padronização de critérios de arbitragem. Mas daí, deixarem de aplicar o rigor das regras, quanto a faltas pessoais realmente ocorridas, mesmo fora dos padrões e critérios existentes pela mesmice técnico tática, é outra bem diferente história, e que precisa ser discutida e referenciada, pois, caso contrário, será quase impossível a adoção de novos sistemas onde a participação massiva de jogadores nas zonas restritivas se façam presentes.  Se me for possível, veicularei o vídeo deste jogo, para que todos nós possamos analisá-lo e discuti-lo, inclusive os árbitros.

Enfim, jogamos um bom jogo, parabenizamos os vencedores, e não gesticulei nem me indispus, mesmo revoltado, com qualquer dos juízes, como sempre ajo nos jogos. Finalmente, não me conformo, em hipótese alguma, com a situação de indefinição material e técnica por que passa toda uma equipe composta de bons e dedicados jogadores, e torço, sincera e honestamente, para que encontrem um porto seguro, a fim de darem prosseguimento a sua pungente saga, assim como seguirei meu destino, na initerrupta busca de condições dignas e justas, onde compromissos de trabalho sejam devidamente honrados.

Amém.

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O QUARTO E QUINTO DIAS…

Quarto dia- Fizemos um treino matutino de fundamentos específicos para armadores e pivôs, numa tentativa de anteciparmos as etapas de ajustes entre as ações de fora e de dentro do perímetro, ações estas que necessitam de um bom espaço de tempo para serem dominadas, pois a coordenação entre os dois segmentos é difícil e exige que muito tempo seja despendido. Mas, o primeiro jogo sendo no dia seguinte, algo deveria ser tentado, mesmo com uma perda de precisão, acentuada pela quase certeza de que o armador chileno recém chegado teria poucas chances de participação, dado a pequenos detalhes burocráticos necessários a sua inscrição junto à CBB.

Três armadores é o mínimo necessário à rotação obrigatória no sistema que empregamos, e a ausência do bom jogador chileno teria de ser coberta por uma improvisação, no preparo de um ala, objetivando sua nova e difícil missão. Logo, nossa maior carência tática já se delineava para o jogo.

Os exercícios específicos constavam de dois pequenos circuitos delineados por cadeiras, onde as movimentações de armadores e alas pivôs tentavam recriar situações de jogo e suas peculiaridades.

Finalizamos a pratica com exercícios de arremessos, principalmente os DPJ (drible, parada e jump), e os lances livres.

No treino vespertino, a impossibilidade de utilizarmos uma quadra de jogo, emborrachada, e limpa com detergente de base oleosa, tornando-a perigosamente escorregadia, fez ruir nossa pretensão de aplicarmos e desenvolvermos as ações de coordenação entre os armadores, atuando fora do perímetro, com os alas pivôs dentro do mesmo, agregando mais um atraso na preparação técnico tática da equipe.

Quinto dia- Conseguimos o ginásio da Associação Atlética Cabofriense para o treino da manhã, cuja quadra de jogo apresentava somente uma das cestas em condições, permitindo sua utilização para exercícios em meia quadra. Enfatizamos ao máximo que podíamos o entrosamento entre armadores e pivôs móveis, repetido e detalhadamente, sabedores, no entanto, que muito e muito mais teríamos de praticar o novo sistema, diferenciado em tudo do que era realizado por todos os integrantes da equipe, mas num ritmo mais contido a fim de não nos desgastarmos para o jogo da noite.

Foi um treino de boa qualidade, no qual já começava a se desenhar as soluções ofensivas criadas pelos próprios jogadores, ao desenvolverem com mais precisão a leitura da defesa que enfrentavam, meta prioritária do sistema proposto.

Terminamos com uma longa exposição sobre os problemas técnico táticos que a equipe estava enfrentando, e os muitos obstáculos que ainda teria de enfrentar, para alcançar um patamar de boa qualidade nos jogos, assim como tornei claro a todo o grupo minha insatisfação sobre os graves problemas técnico administrativos que estava a enfrentar até aquele momento, quando não descortinava muitas e razoáveis probabilidades de vê-los equacionados pela direção administrativa da equipe. Afiancei meu compromisso de prepará-los da melhor forma possível dentro do escasso tempo disponível, visando os dois jogos da semana, difíceis e decisivos para a classificação ao playoff semi final, e também estabelecendo um prazo final na cobrança da promessa contratual estabelecida para a minha vinda e estada a Cabo Frio, que até o momento se exequibilizava pelo empenho deles próprios, os jogadores, nas reservas hoteleiras, na alimentação, para que o básico conforto de minha estadia fosse preservado, numa experiência inédita e tocante que experimentava na minha longa carreira de técnico e professor.

Perante tal realidade de descompromisso unilateral financeiro, anunciei constrangido e muito triste que manteria minha palavra e trabalho até o final do segundo jogo da semana, pois, ao iniciar uma reforma técnico tática de tal monta e importância no comportamento técnico de todos, tornava-se prioritário que os mesmos experimentassem, pelo prazo que fosse, as realizações e conseqüências de tão profundas atitudes e ações no sentido prático, aceitas e exaustivamente trabalhadas por eles até aquele momento. E ao preferir e optar por aquele desabafo algumas horas antes do primeiro jogo, bem sei, e avaliei, o impacto que poderia implodir o trabalho até ali realizado, mas, também, quis dividir com todos, o sentimento maior que amalgama os integrantes das grandes e verdadeiras equipes, o sagrado compromisso do comprometimento, compromisso este que me acompanhou por toda uma vida, e que seria preservado até o momento em que ela terminasse.

Acredito firmemente que todos compreenderam, e mesmo sem aceitarem o futuro desfecho, partiram para Macaé com a plena disposição de que todo o esforço despendido não teria sido em vão. E parti com eles.

Amém.

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COMEÇAR DE NOVO (OS TRÊS PRIMEIROS DIAS)…

Estou em Cabo Frio, e até hoje cedo afastado da internet pela incompatibilidade de meu laptop com a rede do hotel, sem a mais remota possibilidade de se darem bem.

Por isso, não tenho tido acesso ao blog nos últimos cinco dias, defasando-o lamentavelmente, no que peço sinceras desculpas.

E foi um dos jogadores que me propiciou a retomada do blog, ao me emprestar um Vivo 3G, que devidamente espetado me devolveu  o controle do mesmo.

E que formidável grupo de jogadores, que fazem de tudo para exequibilizar  sua equipe, desde a minha reserva no hotel, a alimentação de todos num restaurante conveniado, da reserva dos horários no ginásio municipal, até a manutenção de uma unidade de pensamento que une e fortalece a todos por um objetivo comum, o de disputar com orgulho e dedicação a Copa Brasil da região sudeste.

São onze ao todo, completando a equipe comigo na direção técnica, sem assistente, sem equipe de apoio, e contando com mais um abnegado na função de diretor plenipotenciário.

Realmente são um grupo carente de quase tudo, mas que retiram dessa situação anômala toda uma força contagiante e promissora, na qual creio estar inserido neste exato momento, e se me perguntarem seriamente- Como, e porque?-  só teria uma resposta convincente a dar – Por que me contagiei pela bela promessa que todos eles representam.

Treinamos duro a três dias, como sempre gostei de treinar, partindo dos fundamentos, os velhos, tradicionais, básicos e sempre esquecidos fundamentos, sim senhores mestres do grande jogo, fundamentos com jogadores adultos, alguns para lá de veteranos, alguns que nunca treinaram dessa forma, mas todos, respeitosamente imbuídos da dura e sacrificada proposta que propus, sem falsas promessas, sem pseudos enganos, mas plena de sinceras e bem vindas esperanças.

Pela premência de tempo, já que na próxima terça feira enfrentaremos o Macaé em seus domínios, e na quinta, o Tijuca em casa, fomos obrigados a saltar algumas etapas do plano inicial de treinamento, etapas estas que pretendemos retomar na semana do carnaval.

E como já tinha feito quando dirigi a equipe do Saldanha da Gama no NBB2, passo a partir de agora a relatar dia a dia todo o trabalho de formação, organização e treinamento dessa corajosa equipe de Cabo Frio, bela cidade litorânea de meu amado estado do Rio de Janeiro, como um preito de respeito aos jovens técnicos do país, tão sequiosos de aprendizagem, não aquela de 4 dias assistindo palestras e relatórios estéries, e sim acompanhando uma real e impactante experiência, da qual podem e devem participar sempre que desejarem, mesmo cercada de carências materiais e orçamentárias, mais plena de força e coragem de enfrentar o novo, o inusitado, com responsabilidade e conhecimento.

E fico a pensar seriamente ao me debruçar por sobre a bela Praia do Forte, do quanto de potencial existente nessas belas e ricas cidades da costa fluminense, poderia influenciar, desenvolver e soerguer o grande jogo em nosso país, tão carente de novos rumos, de novos e determinantes desafios.

Então, vamos à luta, e quem sabe…

Amém.

OBS-Foto do circuito inicial de fundamentos, e o treino em si.

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MORIR O VIVIR CON LOS TRES PUNTOS…

EIS UMA DEFESA CONSISTENTE DE SUA OPINIÃO SOBRE OS 3 PONTOS.

Pedro Rodrigues

Morir o vivir con los tres puntos:

De: Víctor (Vitito)  Ojeda

El  Tiro  de Tres Puntos: (Análisis)

De: Víctor (Vitito)  Ojeda

El  tiro  de tres puntos  ha revolucionado  el  baloncesto  de tal  manera  que ha creado  situaciones de análisis  profundo  entre los entrenadores buscando los puntos que afectan o  de beneficios en  la posición ofensiva y  defensiva a tomar.

La regla de  tres punto  fue introducida en  la liga ABA en  el 1967-68, Luego  en  el  1975-76  fue utilizada  en  el  NBA.

Esta regla de tres puntos versus dos punto  ha  transformado   a los entrenadores  en  matemáticos.

Los entrenadores inteligentes han analisados  y  establecidos  que tirando un 33% de la línea  de tres puntos  pueden  anotar hasta un  50%  mas que los tirados de 2 puntos.

La regla de tres puntos en NCAA fue establecida  después  que se utilizo  en  el  NBA.

Esta regla  revoluciono  el  baloncesto  dándole  una nueva dimensión  al  juego  ofensivo  y defensivo.

La regla cambio todos los sistemas de entrenamiento  al  igual  que los jugadores tuvieron  que mentalizarle para poder ejecutar  al  tener que utilizar mayor  esfuerzo  en  la ejecución .

Cuando  el  NBA se decidió  extender  el  arcos  de los 3 puntos, 21”  hacia atrás después  un análisis previo, se establecieron   3 teorías o  argumentos  para establecer la linea de 3 puntos estos los siguientes:

1.      Argumento  1- (Bueno) -Los jugadores  buscaran  un mejor  tiro.

Con la extensión  se tomaran  menos tiros  de 3 puntos   y los equipos comenzaran  a tomar más tiros adentro, cerca del  canasto para  lograr un mayor por ciento  de tiros. Solo  los tres puntita  utilizaran  el  área de 3 puntos.

2. Argumento  2-  (Mejor) -Los jugadores  tendrán mas  espacio  disponible  en  la cancha  para sus tiros.

Por lógica  hay  mas  alternativas, espacio  y  recursos  para el  jugador tomar sus tiros.

3.     pos. Argumento  3-(Muchos mejor)- Las  estadísticas  demuestran l   los pocos  tiros adentro tomados históricamente por los equipos.

Estas estadísticas les  indico  y le dio  la razón   para mover la línea.

En  el  1997 por ejemplo el  equipo de la NCAA  tuvo  el  mejor  por cientos de tiros  tomados  del  área  de 2 puntos y el por ciento mayor  de anotaciones en  su  liga .

También  el  estudio  nos indica que  el  equipo  tomo  muy  pocos tiros de  3 puntos  tomado  solamente  10 tiros  de 3 puntos por juego y fue el líder   ofensivo entre los mejores de  liga.

Luego  de un  estudio  prolongado  sobre el  uso  del  tiro  de tres punto  para abrir más  el  área ofensiva. Los técnicos de baloncesto   se han  tenido   que convertir  en  matemáticos descifrando  que factor es el  mas conveniente  para su  equipo , tirar del  área de 2 puntos  para obtener  un 44% o  tirar  de 3 puntos  para conseguir   un 34%.

La disyuntiva estriba  y se entiende  que un  que un 33%  anotado   desde la línea de 3 puntos  se puede anotar mas puntos  que un 50 %  desde el  área  de 2 puntos.

Pregúntate ¿Qué prefieres  tu  un 34 % desde la línea  de 3 puntos  o un  50%  del  área  de 2 puntos.

Lógicamente hay  que tener  en  consideración   muchos factores  sobre  los quilates  de los tiradores , pero  en  términos del  valor  del  tiro, hay que examinar  el  producto.

La formula  es simple: Si  Larry  Ayuso  anota  34 tiros de 3 puntos  de un total  100 tiros.

¿Cuantos puntos anoto?

La repuesta  102 puntos (34 x 3)  Si  Carlos Arroyo  toma  100 tiros  y anota 44 puntos ¿cuantos puntos anoto?

88 puntos (44 x 2). ¿Gano  Carlos   Arroyo?

Siendo realista  en  la evaluación  del  producto .¿ Prefieres tirar  de un 33% del área de 3 puntos  o un 44 de 2 puntos?.Les presento  este pequeños análisis   ya que  se ha desarrollado  un  abuso de forma desmedida  la utilización  del  tiro de 3 puntos… máxime que el  tiro  es tomado por jugadores que no son  especialista  en  este tiro.

Debemos preguntarnos  si  un equipo con 15 puntos  de ventaja  debe  desarrollar o mantener  su  juego  en  el  perímetro de los tres puntos o debe trabajar en otras areas del  juego   para ir debilitando  al  oponente como  es ir a los rebotes , lograr faltas personales e ir  la linea  y trabaja mas en  equipo.

Veamos:

Queda establecido  que el  juego  de 3 puntos  limita  el  juego  ofensivo de los hombres grandes en  el  área de la pintura.

Por tal  razón  la oportunidad  de poner  la defensa en  dificultades   por faltas personales, disminuye,  la oportunidad  de ir a la línea de tiro libre que tan importante es merma y los hombres en  la defensa juegan  mas sueltos  ya que la bola no  llega adentro  de la pintura con la frecuencia deseada.

Ante  esta situación  los hombres altos  se mantiene mucho  mas tiempo  en  el  juego  ya que no  cometen  faltas personales.

Sea usted  el  juez.

Si la línea  se movió  hacia atrás con  el  propósito  de conseguir   un mayor espacio  y  lograr  un mayor por ciento  de tiros de 2 puntos en  ese perímetro. Eso  no  ha ocurrido , básicamente  son  muy  pocos los jugadores que   desarrollan  un    tiros de  2 puntos,  se tira de 3 puntos o  se penetra esa es la mayor acción que se vine desarrollando  en  el  baloncesto  actual. Eso  contradice  lo  el  propósito del  cambio  de la regla de 3 puntos.  Esto  contradice  lo  anterior establecido.

¿Se debe utilizar   los 3 puntos  para vivir  o  morir  en  el  juego o  solamente  como  táctica de juego?

Veamos  varias situaciones que ocurren  en  el  juego, con  9: 54 por jugar  del  primer parcial  y  de inmediato  un jugador utiliza un tiro  de 3 puntos .

Nos preguntamos.

¿Que razón  lógica  para tirar de 3 puntos hay  en  ese  momento para benéfico  del  equipo   y del  jugador?

Todavía  el  jugador  y el  equipo no  se han  mentalizado  y no  han  identificado  el  tipo  de defensa que utilizara el  equipo B.

En  esa misma  línea de acción   falta 23  segundo  por jugar   con la anotación  empatada  a 85 puntos.

Usted cree que  la decisión  correcta  a tomar  es tirar de la línea de 3 puntos para ganar por 3 puntos o   para jugar un tiempo  extra o  el  jugador debe buscar penetración  para lograr un tiro  de 2 puntos y  conseguir  una falta personal.

Otra situación  para analizar es beneficioso  tirar de 3 puntos ganado  por 1 punto faltando  10 segundos  para finalizar el  partido.

¿La jugada  o tiro  de 3 puntos  limita  al  jugador  a emularse  en  el  juego  de conjunto?

El  tiro de 3 puntos levanta pasiones es  el equivalente   al  cuadrangular en  el  béisbol  y  el  gol  en  el  balompié.

Por tal razón  es un gran  atractivo para el  jugador  como  para el  fanático.

Cuando  el  tres puntista manifiesta su   pensamiento   solamente en  su  tiro   se olvida de otras responsabilidades de mucha importancia  en  el  juego , como  es la defensa , tirar cortinas , velar el  balance defensivo  , ayudar  en  la defensa las  penetraciones , lo  cierto  es que nada se ve  en  este tipo  de jugador, no  cumple con sus roles.

Limita la creación  de nuevas situaciones de juego y  no  juega  para el equipo ya que no tiene otras responsabilidades en  el  juego.

No  demuestra mucho  interés el  la defensa.

Debemos tener en  cuenta que esto   tipo  de juego   se refleja  en  los niños, creando  un individualismo  muy  marcado  en las categorías menores.

¿Cuál  es tu  opinión?

Artigo enviado pelo Prof. Pedro Rodrigues de Brasilia, corroborando com a luta que

travo pela utilização responsável dos arremessos de três por nossos jogadores e técnicos.

SURGINDO…

Foi uma vitoria fundamentada na inteligência, do grande conhecimento de uma forma de jogar, que mesmo sendo plenamente conhecida, e altamente previsível, encontrou respostas objetivas e espantosamente óbvias.

Obviedade esta que foi negligenciada pela equipe do Pinheiros, que partindo do principio de que sua constituição estelar, de alta capacitação técnica em todas as posições, seria por si só suficiente para estabelecer supremacia territorial, se viu surpreendida por um outro e decisivo fator, o emocional.

Emoção aquela que define comportamentos físicos e técnicos, onde duas enterradas pinherenses sofrem o “toco de aro”, e uma outra sutilmente não concretizada determina o fim do jogo através uma singela bandeja do Bambu, após primoroso passe de um Eric que arrastou dois marcadores para fora do garrafão temerosos  de que penetrasse, como fez durante todo o jogo. Terminar uma partida tensa e emotiva como aquela com uma singela bandeja, e não uma enterrada midiática, nos conduz a uma reflexão do quanto se perdeu, e se perde de eficiência num jogo, num campeonato, com tresloucados arremessos de três, e tentativas individualistas de enterradas, cujas motivações passam pelo apoio de narradores, comentaristas, cinegrafistas e diretores de vídeo, todos defensores do que creditam como as “grandes atrações do jogo”.

E quando menciono ter sido a conquista de Limeira fruto do pleno conhecimento de uma forma de jogar, que teve em seu técnico um dos maiores representantes dentro de  quadra do sistema único, onde liderou equipes e seleções em suas armações de jogo, referendo sua agora incontestável qualidade de repetir suas atuações fora da mesma, para o qual,”chifres”, “punhos”, “cabeças”, “Hi-lo’s” etc, não apresentam segredos e restrições, principalmente se seus adversários atuarem, como atuam, de forma idêntica, exceto pelo fato de não “alcançarem” seu conhecimento teórico prático do sistema, infelizmente, único, que nos tolhe e esmaga quando posto à prova nas grandes competições internacionais.

Somemos ainda o fator antecipativo, ou seja, a capacidade de uma equipe, profunda conhecedora do sistema único, do técnico aos jogadores, de seus caminhos e atalhos percorridos por longos anos de intensa pratica e memorização, de antever situações analogamente empregadas pelos adversários, antecipando suas ações através atitudes defensivas enérgicas e velozes, para entendermos como Limeira, com uma equipe de jogadores menos badalados pelas mídias profissionais e amadoras, conseguiu com brilho superar equipes tidas como superiores.

Pena, muita pena, que um talento que surge no cenário técnico, não cumpra um bom estágio na formação, a verdadeira escola e laboratório para sistemas, de treinamento e de jogo, esquecendo que sua bela performance se escuda numa situação de mesmice técnico tática em que nos situamos nos últimos 20 anos, nos quais reinou como um de seus artífices, e que nem sua declaração de pretender se aperfeiçoar junto ao Magnano quando de sua participação na Sub-17 nacional, poderá substituir uma experiência a ser obrigatoriamente vivida para quem, um dia, pretenda e deseje liderar uma seleção sênior.

A experiência válida é a experiência vivida, principio imutável na formação, desenvolvimento e concretização de um objetivo profissional de vida, seja em que campo for. Saltar etapas não se coaduna com o conhecimento de uma função, de uma profissão, pois viola os principios e fundamentos da credibilidade, vindos da sociedade e, principalmente, de si mesmo.

Mas uma sutil brecha poderia viabilizar tal transposição de etapas didáticas, pedagógicas e técnicas, a introdução de novos conceitos, de novos e ousados sistemas, de novas concepções técnico táticas, que nos tirassem definitivamente deste marasmo, deste incompreensível limbo em que patinamos a longos anos, mostrando ao mundo algo antagônico ao sistema NBA, ao sistema único, repetindo o extraordinário salto do vôlei ao inaugurar o sistema hibrido entre a força européia e a velocidade asiática, que os levou e guindou ao olimpo internacional, onde também já estivemos, fruto da audácia e da ousadia em inovar, jamais copiar impunemente.

Prezado Demétrius, parabéns pela conquista, merecida e brilhante, de sua comissão técnica, diretores, e de seus abnegados jogadores, e me perdoe pela mensagem aqui contida, sincera e acima de tudo, honesta.

Amém.

O GRANDE E VERDADEIRO IMPASSE…

Estamos em plena temporada, com as ligas masculina e feminina a todo vapor, assim como as divisões de base em suas federações, e mais do que nunca uma discussão tem estado presente em todas as mídias especializadas, o  futuro técnico da modalidade, a sobrevivência do grande jogo entre nós.

Aos poucos, os campeonatos vão encontrando suas formulações dentro da nossa realidade e de nossas limitações econômicas, com a predominância daqueles estados mais tradicionais no basquetebol, mas também em outros que se apegam na tradição e no amor de alguns abnegados, que não deixam morrer o jogo de suas vidas. Tenho recebido muitos relatos e notícias vindas das mais longínquas fronteiras de nosso imenso país, todas voltadas ao soerguimento e a manutenção do outrora segundo esporte no coração e na mente do povo brasileiro, e isso, por si só, nos enche de esperanças em dias melhores.

No entanto, vejo como entrave gigantesco a essa perspectiva renovadora, o maior de todos os nossos problemas, a mesmice coloidal que nos escravizou e colonizou técnico taticamente a um sistema único de jogo, calcado numa forma também única de jogar, com regras especificas e contrarias às estabelecidas pelo restante das nações sob a égide da FIBA, o sistema NBA.

Essa é a grande encruzilhada em que nos encontramos depois de décadas de subserviência técnico tática, quando a grande maioria de nossos técnicos abraçou o modelo prét a pôrter de consumo imediato e sem maiores elucubrações mentais, padronizando e formatando um sistema único de jogar, sem maiores implicações técnicas, mas esquecendo o básico, o primordial, o fato de que tal maneira de jogar e que privilegia as ações individuais, o 1 x 1 sistemático e contínuo, tem como suporte estratégico, toda uma estrutura de base, das escolas às universidades americanas, no fornecimento contínuo de matéria prima para o consumo, e a ser consumida, fator inexistente à nossa realidade desportiva.

Recentemente o técnico Magnano declarou que urge deixarmos de jogar pela formula NBA, tendo sido levado um pouco mais a sério do que se tal citação partisse de um técnico tupiniquim, mas que mesmo assim soa como um alerta na busca de outras perspectivas técnico táticas, de outras soluções mais caseiras.

E uma boa reflexão poderá ser estabelecida numa simples troca de comentários aqui no blog, quando do artigo Outras Notas,  entre mim e o leitor Ricardo, onde tão importante colocação pode ser avaliada:

  • Ricardo 13.10.2010 ·

Caro Prof. Paulo Murilo,

Tenho muito apreço por sua forma de pensar o basquete, servindo como contraponto ao que é amplamente difundido. Contudo, apesar de eu não ser um letrado nas minúcias do esporte, dou-me o direito de discordar do senhor em alguns aspectos no que tange a atual situação do basquete nacional.
Apesar da prevalência do modelo usual de jogo entra as equipes, vejo alterações sensíveis na forma de jogar de várias delas no cenário nacional, as quais tentarei expor sob meu ponto de vista:
– equipe de Brasília: atual campeã nacional, conquistou o título principalmente pela polivalência de alguns atletas, como Giovanoni e Alex, capazes de atuar em várias “posições”, conseguem quebrar os esquemas defensivos de seus oponentes;
– equipe do Flamengo: nos últimos anos tem apostado em 4 atletas altos e leves alternando posições, com o quinteto sendo completado por um homem forte na posição 5.
– equipe de São José: atual campeã paulista, tem na versatilidade dos jogadores uma grande arma, jogando com 2 armadores o jogo todo, e contando com alas altos jogando tanto dentro quanto fora do garrafão, completando um quinteto com um pivô leve.

Apesar de ainda ser evidente em vários casos a limitação técnica dos quintetos, vejo neles uma forma de jogar mais parecida ao que o senhor prega do que com o esquema usual de jogo.
Todas essas formações se baseiam, e neste ponto concordo com seu ponto de vista, no bom domínio dos fundamentos do jogo por praticamente todo o time, ou ao menos vários dos seus integrantes, chegando ao ponto de em várias situações a armação estar a cargo de um jogador de 2,0 m de altura.

Obviamente, este é meu ponto de vista. Aguardo ansiosamente sua resposta, contribuindo para o debate.

  • Basquete Brasil 13.10.2010 ·

Prezado Ricardo, se você tem acompanhado artigos anteriores em que discuto e critico o sistema único de jogo, não pode deixar de considerar que:
– Desde muito tempo venho defendendo a utilização de dois armadores em nossas equipes de elite, e claro, nas de base também.
– Que de dois anos para cá algumas equipes tem se utilizado dos dois armadores, mas em nenhum momento modificaram suas formas táticas de atuar, continuando no sistema único, acrescido de maior qualidade técnica pela presença de jogadores com melhores fundamentos, no caso, os armadores, só que um deles adaptado à função de um 2 ou 3(na nomenclatura vigente e genérica), mas dentro do formato e das jogadas do sistema, vide os “punhos”, “polegar”, “hi-lo”,”pick and roll”, etc, utilizados por todas as equipes.
– Sempre afirmei que numa mesmice granítica desse porte, onde todos atuam taticamente iguais, venceriam as equipes que possuíssem em cada posição de 1 a 5, os melhores jogadores, os mais caros, os mais habilidosos, e por conseguinte,formando as melhores equipes, dando uma falsa idéia de conjunto afinado e uníssono, quando na realidade se tratam de uma constelação de solistas, um em cada posição.
– E a grande maldade desse sistema, todo ele produzido para os solos estelares das competições da NBA, é a quase absoluta ausência, no nosso caso em particular, do jogo no perímetro interno, já que as “estrelas” dos três pontos não permitem que as bolas que avidamente disputam, cheguem naquela zona de jogo, daí nossa crescente fraqueza de homens altos de qualidade.
– Quando propus algo diferente na direção do Saldanha, consegui provar, ganhando inclusive de grandes equipes, que poderíamos jogar de uma outra forma além do sistema único, sem jogadas marcadas e previsíveis, sem concentração no jogo externo, e sim dividindo-o igualmente em ambos os setores, propiciando maiores oportunidades a todos os jogadores, altos e baixos, de fora e de dentro dos perímetros, e principalmente, interessados em suas performances através o treinamento e a pratica indistinta dos fundamentos do grande jogo.
Enfim Ricardo, creio ter podido provar num breve espaço de tempo que podemos alçar vôos maiores do que o estratificado e altamente previsível sistema único de jogo.
Um abraço, Paulo Murilo.

Quando reitero continuamente da necessidade de mudarmos nossa forma de jogar, indo, inclusive às quadras, para exemplificá-la, tento lançar um repto, um desafio aos nossos bons técnicos, para que abandonem o modelo que nos lançou ladeira abaixo no cenário internacional, e mais propriamente aos da base, da formação, que ousem criar, que ousem tentar algo além do que nos é imposto a mais de vinte anos, que invistam maciçamente nos fundamentos, e que, ao inicio de mais um curso de 4 dias presenciais e demais virtuais, promovido pela ENTB, e voltado aos jovens técnicos, onde serão orientados à continuidade de uma padronização e formatação do modelo atual, certamente o único que o corpo docente aceita, haja vista os cursos de atualização da CBB, onde coerentemente vêm estabelecendo a continuidade deste coercitivo  modelo, pelo país em seu todo, exijam maior diversidade, acesso democrático às diferentes formas de treinar, dos fundamentos às formulações técnico táticas, e não se deixem seduzir a aceitar padrões e formatações voltadas aos interesses do que ai está determinado,  plenamente estabelecido, lembrando desde sempre, que dependeremos destas mudanças para alcançarmos padrões aceitaveis na formação de uma geração apta à participação olímpica em 2016, e tendo como apreciavel reforço a plena discordância do bom argentino frente ao atual modelo. Espero que o ouçam.

Amém.