LAMENTÁVEIS IMPRECISÕES…
No artigo anterior, A Temível Convergência, mencionei a grande preocupação que venho sentindo com a galopante tendência de nossas equipes de elite arremessarem de três, quase no patamar nos de dois pontos, que em se tratando de equipes referenciais, fatalmente servirão de exemplo para as divisões de base, numa escalada em que sistemas de jogo e arremessos de curta e media distâncias, mais precisos e confiáveis, cederão cada vez mais espaço ao descompromisso técnico tático, representado pelos longos, imprecisos e irresponsáveis arremessos de três, incensados pela mídia, como um apanágio de técnica superior, mas que na realidade é habilidade reservada a muito poucos, inclusive em âmbito universal, vide a tão propalada e divulgada NBA, com seus especialistas contados nos dedos de uma das mãos.
Ato contínuo à publicação do artigo, o jogo de terça feira entre o Flamengo e Franca, confirmou essa tendência de forma exemplar, vide os números estatísticos apresentados ao término da partida, com as duas cestas finais em arremessos de três pontos, dando a vitoria à equipe do Flamengo.
Foram 22/34 arremessos de dois pontos, e 10/29 de três pelo Flamengo (cinco a menos), contra 17/35 e 9/25 pelo Franca (dez a menos), onde os percentuais de acerto das tentativas da equipe rubro negra atingiram 64% nos dois pontos, e 34% nos de três, numa espantosa desproporção de 44 pontos em tentativas de dois, contra 30 obtidos com os de três, perdendo 19 arremessos que poderiam ter sido mais eficazes se realizados de curta distância( jogo quase inexistente de pivôs ou penetrações em velocidade), ou com a utilização do esquecido e desprezado DPJ (drible, parada e jump) por parte da esmagadora maioria de nossos armadores…
Os números de Franca são correlatos, com 34 pontos de acertos nos arremessos de dois (em 35 tentativas, ou 45.9%), e 27 pontos de três em 25, com 36% de aproveitamento, provando o quanto de desperdício foi cometido (e vem sendo cometido por todas as equipes da Liga) através, no caso deste jogo, de 54 tentativas de três pontos, com somente 19 acertos por ambas as equipes, ou seja, 35 ataques de imprevidência, imprecisão e enganosa auto suficiência, numa arte restrita a muito poucos, vilipendiada inclusive (e na moda…) por pivôs, que insatisfeitos em participar somente como reboteiros em suas equipes, vem para fora do perímetro duelar com seus próprios companheiros pelos pontos a eles negados, o que é profundamente lamentável e preocupante.
Mas outra, e também preocupante imprecisão leva a sutil e fluida denominação de arbitragem caseira, artifício que alguns juízes aplicam em situações melindrosas, vide o exemplo de terça feira, num ginásio sufocante pelo calor emanado por uma torcida vibrante, numa noite de chuva intensa, deixando pairar no recinto uma névoa de humidade que cobrou dos jogadores escorregões perigosos, mas não tão perigosos como uma situação que já vai se tornando corriqueira em jogos do Flamengo no ginásio tijucano, que sempre ataca no segundo tempo no sentido da cesta contrário à sede do clube, propiciando uma descida em massa de torcedores mais exaltados para trás da mesma, numa pressão bem conhecida nos campos de futebol, ante o ataque adversário, acrescida pela impunidade flagrante com a ausência de um policiamento ostensivo no local. Neste jogo, não observei um único policial fardado dentro do ginásio, numa falta flagrante de organização (lugares e setores marcados, nem pensar..).
Pois bem (ou mal…), nos minutos finais a equipe de Franca exerceu uma reação bem típica em sua equipe, através a mobilidade de seu armador Benite, encostando, e até ultrapassando o Flamengo no marcador por um ponto. Nesse momento, a torcida desce da arquibancada lateral para trás da cesta defensiva do Flamengo, pressionando claramente os adversários e os árbitros pela não marcação de faltas pessoais, naquele momento, decisivas para a definição do jogo. E não deu outra, quando estando um ponto atrás a equipe francana exercendo uma pressão enorme vê seu jogador Spillers ser violentamente obstado pela defesa rubro negra, numa flagrante falta pessoal, e nada ser marcado, a não ser um simples ataque bola ( No blog do Prof. Byra Bello, Lance-Livre, um pequeno vídeo mostra esses minutos finais com razoável precisão), numa omissão que poderia ter mudado o resultado do jogo, logo a seguir definido com duas cestas de…3 pontos, dando números finais a uma vitoria justa da equipe da Gávea, que poderia ser bem mais lapidar se ainda preservássemos a tradição de lisura e comportamento de torcidas do grande jogo, que desde sempre se comportaram no contra ponto das do futebol, agora deslocadas em sua fúria nas quadras sem alambrados e barreiras dos ginásios, estando a um passo de sérias invasões se contrariadas. Sinceramente, temo que isso venha a ocorrer se providências não forem tomadas, o mais rápido que puderem ser cosumadas. A LNB deve se preocupar com isso, e o exemplo das ocorrências do Nilson Nelson no NBB2 devem servir de exemplo.
Com o campeonato se dirigindo ao seu final, e com o equilíbrio competitivo das equipes, urge que cerquemos de cuidados uma competição que poderá se tornar, junto com um trabalho aprimorado de base, num verdadeiro e esperançoso soerguimento do grande jogo entre nós. Assim torço e espero.
Amém.
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