
Este foi o placar ao final do terceiro quarto do jogo com a equipe do Minas, e que se manteve até os três minutos finais da partida, quando três arremessos de três definiram a partida para os mineiros. Como havia previsto anteriormente, a nossa equipe seria adversária temível à partir do momento que chegasse ao quarto final em iguais condições físicas e técnicas, mesmo após todos os percalços por que passou, sedimentada num sistema de jogo diferenciado e eficiente.
A diferença final foi de 9 pontos, dois a menos dos 11 lances livres perdidos por nossa equipe, num processo oscilatório por que passa esse fundamento no contexto da mesma, e que vem se tornando de difícil, mas não impossível correção. Mas alguns pormenores devem ser considerados, principalmente quando nenhum de nossos jogos é veiculado pela mídia televisiva, a não ser as imagens captadas obrigatoriamente pela LNB e repassada às equipes em duas cópias e uma outra para a própria liga. O grande público somente tem conhecimento de alguns jogos transmitidos em rede à cabo, jamais em rede aberta, e mesmo assim os disputados pelas equipes ponteiras.
Uma mudança técnico tática de vulto, inédita e audaciosa como a nossa, e que muito representaria para a nossa evolução, mesmo não apresentando resultados imediatos, mas repleta de indagações e que contradiz 20 anos de um posicionamento padronizado, formatado, pasteurizado, de um sistema único de ataque, calcado na NBA, e que é somente veiculado aos técnicos da liga e a uns poucos torcedores presentes aos nossos jogos, mereceria uma análise bem mais ampla, pois afinal de contas é algo realmente diferente, e que muda radicalmente o enfoque exclusivo de um único sistema de jogo para todo o nosso basquetebol, em todas as categorias, em todas as faixas etárias, a começar por todas as nossas seleções, municipais, estaduais, nacionais.
Exatamente por tudo isto, é que me propus veicular um ou dois jogos da equipe do Saldanha da Gama nesse blog, e para tanto requeri via email a permissão da direção da LNB, da qual faço parte como técnico de um de seus filiados, mas não obtive resposta, o que me entristece sobremaneira, já que os maiores beneficiados seriam os muitos jovens técnicos, e mesmo os veteranos, espalhados por esse imenso país, curiosos que estão em tomar conhecimento deste sistema que propus por longo tempo, e que ora emprego no Saldanha, e não tão somente os demais técnicos das demais equipes, concorrentes aliás.
Mas voltando ao jogo, analisemos alguns importantes aspectos:
– Com 29/58 arremessos de 2 pontos, fomos mais eficientes que o Minas com 25/41, numérica, e não percentualmente falando.
– Nos arremessos de 3 pontos, mantivemos o baixo número de tentativas em 2/7, ao mesmo tempo que ao utilizarmos a defesa linha da bola, reduzimos as 12/26 tentativas do Minas contra Brasília no seu jogo anterior, para 6/17 contra nossa equipe.
– Nos lances livres a decisiva diferença, 8/19 nossos em confronto aos 13/17 da equipe mineira.
– 26 rebotes nossos contra 27 do Minas, assim como 10 assistências nossas contra 9.
– 17 e 16 faltas pessoais respectivamente. 6 erros contra 3 de Minas, e 7 roubos de bola contra 1, provando a eficiência defensiva.
– E o mais instigante, 29/54 pontos vindo dos reservas, contra 3/9 dos mineiros.
Num confronto em que o jogo interior vem sendo resgatado em pleno jogo a jogo, os nossos pivôs móveis André, Amiel, Casé , Jesus e Roberto, com seus 48 pontos se rivalizaram com os 44 pontos alcançados pelos pivôs Drudi e Murilo, para um total final de 72 e 81 pontos respectivamente para nós e o Minas, restando somente um ponto em que a desigualdade foi patente, os 11 lances livres perdidos que selaram nossa sorte. Paciência e reconhecimento de que muito mais trabalho teremos de desempenhar daqui para frente.
Mais um jogo perdido, mais uma prova do nosso crescimento, da consolidação de nossa opção técnico tática, tanto ofensiva como defensiva, lastimando tão somente que a mesma fique restrita a um nicho de técnicos de elite, e não à analise e discussão da grande massa composta dos técnicos jovens do país.
Mas quem sabe, a autorização da LNB chegue…
Amém.
Adendo 2 – A pancadaria continua imperando embaixo das cestas, até um dia que um acidente de graves proporções venha a acontecer, Por enquanto alguns rasgões, dentes quebrados e luxações se tornam lugar comum em todos os jogos, onde as regras da FIBA são omitidas por uma arbitragem cada vez mais permissiva e ausente. Torno a repetir, técnicos e juízes tem de se reunir para discutirem pormenores e particularidades do jogo, principalmente aquelas que se desenrolam embaixo das cestas. O bom senso tem de se fazer presente nestas situações, para que as regras do grande jogo sejam plenamente obedecidas.
Paulo Murilo.