“DEU NO QUE DEU”…

Acabo de ler no blog do Fabio Balassiano ,“Da linha de 3”, que o Ricardo Probst foi convocado para os treinamentos da seleção brasileira, já que os homens altos Varejão, Nenê e Paulão ficaram impossibilitados por motivos de saúde, e que treinará na seleção B, sendo aproveitado na A se repetir suas recentes atuações na Super Copa.

Fez-se justiça, que tarda, mas não falha, ainda mais quando alicerçada em conceitos exclusivamente técnicos. De correto teria sido sua convocação direta para o grupo do Pré-Olímpico, e não para ter de passar por um estágio probatório condicional e nada impossível , excludente. Mas acredito firmemente, que se o ótimo jogador fizer sobressair sua enorme habilidade reboteira, eximir-se de aventurar nos três pontos, que é território e domínio dos cardeais ainda em ação, manter acesa sua inegável valentia na busca incansável da bola, servindo-a quantas vezes forem necessárias a seus companheiros finalizadores, marcar com eficiência o pivô adversário pela frente, como sabe fazer muito bem, e manter-se eficiente nos arremessos curtos e lances-livres, sem dúvida alguma ganhará a seleção um jogador com poder de rebote considerável. Torço para que tenha o merecido sucesso, que se faz merecedor por sua luta e persistência.

Mas, sempre um mas, tivemos nessa semana alguns capítulos da novela: “Leandro vai? Leandro não vai? Qual é a do Leandro? E que culminou com sua visita ao Moncho no treinamento da seleção B, aqui no Rio, onde afirma ter aparado as arestas no relacionamento dos dois.

Muitas historias e ilações têm vindo à público sobre a participação do Leandro no Pré-Olímpico, mas nenhuma foi mais esclarecedora do que a sua participação no programa da ESPN “Juca Kfouri entrevista”. Para quem gosta de ler nas entrelinhas, ainda mais quando as colocações do entrevistador são extremamente inteligentes, foi um prato cheio, principalmente quando perguntado, de forma até tímida, pelos fatos ocorridos em Las Vegas, e seu relacionamento com alguns jogadores daquela problemática equipe. Muito bem assessorado e orientado profissionalmente, o Leandro afirmou que a princípio teve alguns desencontros de pontos de vista com elementos da equipe, mais que superados, mas que nem tudo correu como desejava, e por isso “deu no que deu”.

E por que “deu no que deu? Pergunta que nem o Juca ousou fazer, já que foram fatos ocorridos entre quatro paredes de um vestiário muito diferente dos da NBA, que ele conota como uma das experiências inesquecíveis em sua carreira, com toda aquela mordomia de gatorades e barras energéticas à disposição, além, é claro, de seu nome gravado no armário dos uniformes de jogo.

E nesse ponto vem a pergunta que não foi feita, aquela que poria em pratos limpos o futuro disciplinador e ético das futuras seleções nacionais, aquela que determinaria o principio de comando, de prestígio, de liderança e respeito dos jogadores para com seus técnicos, somente vivenciada por quem participou intrinsecamente da mesma, mesmo sendo voto contrário, se é que o foi, mas que lá esteve, e cujo conteúdo foi divulgado pelo Marcos, penalizado e expurgado pelos companheiros e pela CBB por fazê-lo. O que ocorreu e foi determinado naquela reunião fechada? Foi a pergunta omitida, mas cuja possível resposta foi sutilmente mencionada num “deu no que deu”.

E após tantas versões, de achismos e interpretações válidas ou não, vemos nosso craque da NBA embarcar numa ponte aérea e vir encontrar o espanhol num treino da seleção B, e posar de pacificador, ante o perigo de ver ruir sua imagem de bom moço e bom caráter, que acredito possuir.

Mas, um penúltimo mas (nunca um último…), como agirá o técnico espanhol na direção de uma equipe que é capaz de se reunir para discutir habilitações de uma comissão técnica, em pleno Pré-Olímpico, determinando comportamentos e funções técnico-táticas, liderada por cardeais mais do que conhecidos, e que estarão no próximo e decisivo Pré?

Creio que a foto da Luciana Paschoal do O Globo, com a frieza de sua objetiva, demonstra na clareza dos semblantes expostos que desta vez ( assim contritamente espero…) o “deu no que deu” não torne a acontecer, pois se reuniões houverem, lá estará liderando-as o moncho carrancudo da foto.

Amém.

SELECIONÁVEIS…

“Quem tem paidrinho não

morre pagão”.

(filosofia popular)

Foto: Fernando Maia de O Globo.

A HERANÇA…

È uma sexta-feira radiosa, e bem cedo pego meu velho Fiat 95 e parto para a cidade via Barra da Tijuca. Como moro na Taquara prenuncia-se uma viagem e tanto até meu destino. Mas o que vejo? O transito fluindo calmamente, sem atropelos, mudança esta sentida desde antes um pouco do inicio dos Jogos Pan-Americanos, quando estações do metrô foram inauguradas no sentido Barra-Penha e Barra-Botafogo, transformando a ida de carro praticamente num tour turístico pela belíssima orla do Rio.

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ASSUNTANDO MAIS UMA VEZ…

Franca venceu a Super Copa com total merecimento, fechando um torneio com imenso sucesso de público, na contramão do Nacional com seus ginásios semi-desertos, inclusive o majestoso Maracanãzinho, ex-palco de decisões inesquecíveis num passado recente, onde clubes defendiam, e não alugavam , suas gloriosas camisas. Reafirmam os clubes-cidades paulistas seu poderio e grande comprometimento com o soerguimento do basquete brasileiro, somente faltando a integração, que se faz tardia, com os clubes dos demais estados na formação de uma Liga poderosa e politicamente forte, obrigando ao comando da CBB uma tomada de consciência e bom senso para sua implantação. Acredito seja esta uma solução factível e promissora para o futuro do grande jogo entre nós.

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O FLAMENGO DA PATRÍCIA…

O Flamengo foi o campeão, lídimo campeão, pois se fez merecedor pelo grande esforço de estruturar uma boa equipe, aqui no glorioso Rio de Janeiro, enquanto seus co-irmãos alugavam suas também gloriosas camisas como vendilhões de suas tradições e história. Parabéns pelo feito, parabéns pela teimosia, marca registrada rubro-negra. E muitos parabéns aos jogadores e ao técnico Paulo Sampaio, e sua competente comissão técnica.

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NOSSA SELEÇÃO…

Logo mais, por volta das 19 horas teremos duas partidas que poderão ser as decisivas nos campeonatos paralelos mais importantes do basquete brasileiro, quando Flamengo e Brasília pelo Nacional, e Assis e Franca pela ABCB jogarão suas terceiras partidas, com Flamengo e Franca vencendo suas respectivas series por 2 x 0.

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ASSUNTANDO…

Quarto final, a equipe de Assis fica bem perto de equilibrar o jogo, mas seus jogadores, intranqüilos, cometem erros em profusão, e que nem mesmo seus melhores jogadores, o Probst, em mais uma exibição de como deve se comportar um pivô nos rebotes, além de comparecer eficientemente nos pontos de sua equipe, e o Nezinho em uma noite inspirada no ataque, conseguem superar a equipe de Franca, com seu armador Helio sem apresentar o melhor de seu condicionamento, mas jogando num sentido coletivista elogiável.

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O HINO…

Fala-se tanto em educação através o esporte, onde a escola se vê cada vez mais órfã de incentivos, objetivos, planejamento, verbas e vontade política. Mas, paralelamente a tanta ineficiência testemunhamos inertes ao desperdício de verbas com atividades faraônicas, onde jamais faltam reais e dólares para empreiteiras, firmas estrangeiras em organização e planejamento esportivo, com retorno quase nulo para a população, a não ser os impostos cada vez mais altos, e a conta a ser paga por tanto descalabro e falta de patriotismo.

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ETAPA VENCIDA…

Chegam ao fim os dois campeonatos mais importantes do ano no cenário nacional, o Nacional da CBB e a Super Copa da ABCB, onde atestamos uma significativa mudança técnico-tática no cenário imutável dos últimos anos, a redescoberta da dupla armação, hoje empregada pela maioria absoluta dos clubes participantes dos dois torneios, numa demonstração importante de evolução e bom senso coletivo. Foi uma mudança muito mais forçada pela ausência de bons alas, engolfados que foram pela mediocridade do sistema de jogo único, adotado pela massa praticante do país, de todos os quadrantes e categorias, dos mirins ao adulto, onde as ações quase que na totalidade priorizavam o passe, em detrimento do drible e das fintas. Com o tempo o declínio destes fundamentos foram se tornando um lugar comum, principalmente entre os alas e os pivôs, salvando-se um ou outro armador, mais pela especificidade de suas ações, do que mais propriamente um produto de preparo apurado nos fundamentos. Armadores se destacam dos demais jogadores por uma particularidade imutável e de difícil, senão impossível restrição, o amor pela posse da bola, seu manuseio, pela descoberta de suas potencialidades, pelo descortino do improvável, pela importância tática, pela ausência de medo em controlá-la. São jogadores quase imunes ao poder ditatorial dos técnicos, como os felinos, que aceitam a presença humana, sem se deixar domesticar. Por isso são preciosos e fundamentais dentro de uma equipe, mesmo que liderada por um técnico antagônico a tanto e rival poder.

O que vimos acontecer foi uma adaptação do sistema único, onde alas improdutivos, por não treinados e preparados nos fundamentos, foram substituídos por armadores, que com suas habilidades agilizaram e preencheram o tal sistema com melhores passes, dribles e fintas, abrindo um enorme leque de opções a arremessos mais livres de marcação e muito mais equilibrados. E apareceram, e como apareceram, muitos bons armadores, desde a formação recente, inspirados pela novidade da dupla armação, levando os técnicos à adotarem , com inegáveis vantagens para o nosso basquetebol.

Acredito que a tendência daqui para diante passe pela necessidade de prepararmos nossos alas da mesma forma com que preparamos armadores, para daqui um médio prazo tenhamos alas com habilidades fundamentais de armadores, aliadas à estatura , mantendo a velocidade daqueles, na constituição de uma nova e promissora geração de bons praticantes do grande jogo.

Um outro momento será o responsável pela movimentação e flexibilização dos pivôs, a fim de poderem se inserir em sistemas que priorizem o deslocamento constante, em vez do imobilismo reinante, marca registrada da maioria dos pivôs brasileiros.

Estas duas etapas, concomitantes ou não, fatalmente tropeçarão na vontade dos técnicos em evoluírem ou se manterem em seus berços intocáveis e de acomodação consentida, facilitadora de um comportamento distante do estudo e da pesquisa, pré-requisitos inseparáveis da profissão que abraçaram.

No entanto, a etapa mais importante a ser vencida e vivenciada, é a da adoção de novos sistemas, onde a mobilidade constante e ininterrupta de jogadores bem preparados nos fundamentos, somente se viabilizará se substituir totalmente o que se emprega nos dias de hoje, um jogo de passes, movimentação inócua lateralizada e arremessos despropositados, e muitos outros no limite dos 24 segundos, em tentativas desequilibradas, técnica e taticamente falando.

Estes novos sistemas deverão primar pela ação simultânea de dois setores estanques na concepção, porém comunicantes na conclusão , ou seja, a armação em todos os setores fora do perímetro, somente possível pela coordenação entre os armadores, o trabalho em deslocamentos constantes dos três homens altos dentro do perímetro, e a conexão inteligente e incisiva entre esses dois compartimentos, numa mistura sofisticada pela simplicidade, já que somente viável se executada por jogadores plenamente preparados nos fundamentos do jogo.

Algumas equipes, que mesmo ainda profundamente ligadas ao sistema tradicional, conseguem, pela criatividade e habilidade de seus armadores e uns ainda poucos bons alas, executar um basquete bem próximo do que propomos, mais ainda distante do que sonhamos, mas que mesmo assim tentam abrir caminho a novos tempos e novas concepções. Franca, Flamengo, Paulistano, Assis, Minas, Brasilia, tateiam esses caminhos, e se dedicarem tempo, paciência e curiosidade técnica, sem dúvida alguma descortinarão um novo caminho que nos levará a um futuro melhor e mais bem jogado.

A etapa da dupla armação está sendo vencida. Tentemos a segunda, preparando melhores alas e mais dinâmicos, rápidos e flexíveis pivôs, provocando e incentivando uma era de criatividade e produtividade, retirando um poder quase absolutista de técnicos que teimam em participar de todas as ações da equipe, ofensivas e defensivas, como se fosse possível um pedido de tempo a cada movimentação da equipe, restringindo o livre e responsável arbítrio de seus jogadores, que no frigir dos ovos são os responsáveis diretos pelo jogo dentro da quadra, quando vivenciá-lo em todas as suas proporções aplaina o caminho do entendimento coletivo nos porquês das derrotas e nas perspectivas das vitorias, tornando-os responsáveis e cúmplices de um trabalho, e não marionetes de um poder fora da quadra.

E bons ares já se fazem sentir, quando pranchetas já vem sendo substituídas por conversas olho no olho, apesar de alguns técnicos ainda não abandonarem o habito dos palavrões, das mímicas ridículas ao lado da quadra e da pressão descabida nas arbitragens, transmitidos pelos absurdos microfones de lapela e por câmeras exclusivas, focalizando exemplos nada educativos para a juventude que os assistem pelo país afora.

Torço honestamente que as etapas acima descritas sejam ultrapassadas, para o bem e o progresso do nosso tão maltratado basquetebol.

Amém.

QUEM FAZ UM CESTO,FAZ…

Minha saudosa avó materna sempre afirmava quando se deparava com situações e criaturas reincidentes: “Quem faz um cesto, faz um cento”! Boa e oportuna citação nordestina, e que se encaixa com perfeição na atual e triste situação do basquete tupiniquim.

Mal saída do forno requentado, a convocação do espanhol já começa a suscitar cruciais dúvidas, principalmente quanto às verdadeiras intenções da turma da NBA, em contraste com as juras de fidelidade da turma européia, confrontados em suas afirmações pelo defenestrado Marcos, único amotinado em Las Vegas a ser alijado do processo, exatamente por incorrer no pecado mortal de expor as mazelas ocorridas intramuros naquele nefasto Pré-Olímpico. Foi ele, que magoado ou não, infantilmente ou não, arrazoado ou não, mas sem dúvida alguma sincero em sua catilinária, quebrando o principio mafioso do segredo inter pares, que escancarou ao mundo a atitude pusilânime de um grupo, que ao quebrar e romper o principio de comando, aceito por todos, inclusive ele, ao inicio da organização grupal, lançou aos porões da infâmia todo o trabalho realizado, que se por acaso não vinha tendo bons resultados, jamais caberia uma ação de rebelião por parte de quem estava ali para jogar, e não tomar indevida e absurdamente em mãos o comando técnico-tático da seleção. E por conta do lembrete de minha avó, foi o amargo Marcos retirado do processo antes de “fazer um cento”, que se colocou na posição de poder observar de fora a possibilidade real de que “outros centos” possam vir a ocorrer com os que lá se mantêm.

No blog UOL de ontem, sob o título “Trio da NBA pode desfalcar Brasil no Pré-Olímpico da Grécia”, segundo o Estado De São Paulo, a comissão técnica da equipe, liderada pelo espanhol Moncho Monsalve, teme que Leandrinho, Nenê e Anderson Varejão não se apresentem até o dia 8 de junho. Ao largo das explicações sobre contusões e tratamentos por que passam os jogadores mencionados, os dois últimos parágrafos da matéria é que sugere em suas entrelinhas alguns dos motivos que põe em cheque as possíveis ausências : – A lesão dos jogadores, no entanto, pode não ser o único obstáculo para a participação do trio no Pré-Olímpico na Grécia. Isso porque os atletas contavam com a contratação de um treinador norte-americano e não de um europeu para comandar o Brasil.

– O ala Marquinhos, deixado de fora da convocação de Moncho Monsalve, confirmou o interesse dos atletas da NBA em março. “ A gente queria um técnico americano, mas ninguém deu bola”, afirmou o jogador ex-New Orleans Hornets.

Como vemos e podemos imaginar, os resquícios do motim em Las Vegas ainda rende frutos, amargos frutos, colhidos pela traição de um grupo que se considera acima de comandos e decisões, de leis e princípios desportivos, acobertados por uma direção confederativa acéfala e suspeita, e que tudo faz e realiza para se manter “de bem” com uma pseudo liderança de jogadores travestidos de donos do pedaço, encastelados em suas capitanias hereditárias, ao largo do bom senso e compreensão dos verdadeiros e autênticos princípios de esporte e da convivência humana. Se auto convocam, dão entrevistas, definem comportamentos e emitem opiniões sobre grupos fechados, assim como desfilam argumentos sobre maneiras de atacar e defender, como arautos do conhecimento pleno do grande jogo, que ante seus posicionamentos se apequena, até sumir no caudal de derrotas humilhantes, engolfadas pelos seus lastimáveis e despropositados egos.

Não só erros de comando de técnicos e comissões devam ser responsabilizados por fracassos. Também jogadores podem ter participação determinante no processo de formação, sucesso ou fracasso de uma equipe, basicamente quando se insurgem contra a hierarquia de comando, inviabilizando a consecução do mesmo, assumindo um papel que não o seu, que é o de jogar e defender uma camisa, uma bandeira, uma equipe. Hoje até se negam a fazê-lo, em quadra e fora dela, e até quando interesses financeiros vultosos estão em jogo.

No entanto, muitos jogadores de bom nível técnico, assim como excelentes técnicos são omitidos em convocações, e que nem a capacidade inovadora corajosa de alguns, sensibiliza um departamento técnico desprovido de conhecimento, de discernimento e de comprometimento com o basquete nacional. Quando muito (ou pouco…) premia acólitos e protegidos, diluídos, porém garantidos, no rol de até bons jogadores, que serão preteridos mais adiante, em prol de interesses que transcendem os verdadeiros e justos objetivos que compõem uma autêntica seleção.

“Quem faz um cesto, faz um cento”. Creio que todos nós já vimos esse filme, em estéreo e a cores, porém com um final trágico e infeliz, fazendo com que perguntemos indignados : Quando vamos aprender? Quando vamos aprender de verdade? Quando meus deuses?

Amém.