CRITÉRIOS…
Fala-se muito em que condições o voleibol brasileiro atingiu os altos parâmetros de qualidade que o tornaram líder no mundo, das categorias de base até as seleções principais, num processo evolutivo ímpar na modalidade. Bons dirigentes e excelentes técnicos? Planejamento de alto nível e estratégias adequadas à nossa realidade? Inovações técnicas e bem planificadas campanhas publicitárias? Efetivo aproveitamento de mídia na cola das conquistas de alto nível em competições internacionais, ante a aridez de resultados nas demais modalidades, com uma ou outra exceção de praxe? Boas e efetivas administrações federativas, alinhadas ao projeto confederativo? Ou simplesmente a implantação de critérios de qualidade em todas as valências interrogativas acima descritas?
Creio não, tenho a certeza de que a correta e objetiva adoção de critérios de qualidade foi o motor impulsionador do grande sucesso do vôlei em nosso país, tão carente de bom senso administrativo e objetivos que primam pela excelência e pelo planejamento altamente técnico e responsável. E esses critérios estabeleceram um modus atuanti em todos os escalões, administrativos, gerenciais, publicitários e, principalmente técnicos. Enxutos, claros, coerentes, e por tudo isso, entendíveis e irrecorríveis.
“Os critérios adotados para a convocação eram estar bem fisicamente, ser titular no seu clube e estar junto à seleção quando convocadas.”
Com esse correto e coerente critério, o técnico da seleção feminina que disputará as próximas Olimpíadas, deu como encerradas as divagações em torno da convocação de uma jogadora afastada das competições, e sua disposição de retornar à equipe, ao largo das disposições contidas no critério adotado pela CBV.
“Lamento, mas não seria justo com as jogadoras que participaram de toda a preparaçãol(…)”. definiu o técnico.
Imediatamente, ante tais e tão importantes fatos, a imagem inversa do que vem ocorrendo, desde longa data, se faz presente na realidade do nosso basquetebol. Imagino o quanto de erros teriam sido evitados se tais critérios tivessem sido aplicados em convocações recém passadas , onde jogadores inabilitados em seus três componentes tomaram lugar de outros perfeitamente sintonizados com os mesmos? Um, dois, três, ou a maioria, para os quais o simples fato de atuarem no exterior já os qualificavam para a seleção? Quantas injustiças, aspecto enfatizado pelo técnico da seleção de vôlei, poderiam ter sido evitadas, injetando otimismo na busca de melhorias técnicas entre os que aqui atuavam?
Perguntas, perguntas, e quantas mais poderiam ser feitas, cujas respostas só poderiam, ou mesmo, poderão ser respondidas se fundamentadas em critérios de qualidade, estabelecidos à priori, como La Régle de Jeux , base de todo grupamento organizado em torno de um ideal, de uma meta a ser arduamente alcançada.
Agora mesmo, na presença real de um Pré-Olímpico que definirá nossa participação, perdemo-nos em discussões de quem deveriam ser convocados, quando já estamos cansados de saber quem eles são, donos do pedaço, proprietários de suas capitanias hereditárias, todos discursando opiniões e deliberações, a maioria deles com pouquíssima participação em suas equipes estrangeiras, conseqüentemente com sérias limitações físicas e de ritmo de jogo, e pendentes de liberação para os treinamentos junto à seleção. Exatamente os critérios restritivos que conotaram e conotam qualidade às seleções de vôlei quando das convocações e organização de suas equipes vencedoras.
Duas concepções díspares, dois destinos diferentes, nos quais podemos identificar a variável que os tornam básica e radicalmente opostos, a existência de critérios, onde comando e comandados obedecem a uma hierarquia que jamais poderá ser rompida, sustentáculo que é para a formação de equipes, verdadeiras e fortes equipes, e não remendo de vaidades e personalidades equivocadas.
Amém.