LEMBRANDO O MELHOR

Sintonizo a TV para o jogo Assis e Araraquara, que como todos os outros que acontecem em nosso país nos oferecem um espetáculo padronizado e previsível. Mas, no primeiro pedido de tempo feito por um dos técnicos, ouve-se a voz do comentarista Wlamir Marques, e como que impulsionado por uma potente mola vou aos controles da TV e mudo de canal, pois naquele momento se iniciava o programa de entrevistas do Juca Kfuri na ESPN, justamente com o Wlamir, e que eu havia indesculpavelmente esquecido. E valeu à pena, pois mesmo com uma pequena duração, dada à importância do entrevistado, algumas jóias puderam ser pinçadas, à começar pelo testemunho do grande jogador de que na sua época(e que época!) não existia essa classificação de jogador 1, 2, 3, 4 e 5, como são rotulados hoje em dia. “Todos nós fazíamos de tudo, e a única posição com certa especificidade era a de pivô”. A uma pergunta sobre os técnicos daquela época, comparando-os com os de hoje, respondeu-“ A grande diferença está no aspecto profissional que impera nos dias atuais, o que retira das mãos dos técnicos os longos períodos de treinamento que antecedem os grandes torneios internacionais, já que os atletas convocados têm de cumprir suas agendas com os clubes. Afora este pormenor, não vejo grandes diferenças”. Instado pelo entrevistador à falar sobre sua atuação como jogador decisivo e genial que foi, mencionou como exemplo o grande jogo contra o Real Madrid em 74, quando atuava pelo Corinthians, como tendo sido a maior partida acontecida em território brasileiro, com o placard final de 118 a 114 para sua equipe, numa época onde ainda não tinha sido implantado os arremessos de três pontos. Nesse jogo marcou 53 pontos. Mencionou ainda a beleza do basquetebol que era jogado, com os contra-ataques em linha de três, as pontes aéreas entre ele e Ubiratan, e a característica mais marcante, a do jogo aéreo, originado pela grande impulsão dos jogadores aliada à grande velocidade de que eram possuídos. Ou seja, a grande e hoje esquecida identidade do basquete brasileiro, bicampeão mundial e duas vezes medalhista olímpico. Infelizmente, apesar de mencionado, não comentou o célebre jogo contra o St,Joseph College, dirigido pelo célebre Jack Ramsey, que invicto por um giro pelas Américas, perdeu para sua equipe em uma de suas maiores atuações como jogador. Deve-se mencionar, que Jack Ramsey se notabilizou no basquete universitário como o introdutor de sistemas defensivos revolucionários, como o principio de Defesa Linha da Bola, e autor de um dos dez maiores livros de fundamentos em todos os tempos. Foi o primeiro técnico vindo dos Colleges a assumir uma equipe da NBA, os Blazers. Mas no jogo contra o Corinthians, não encontrou meios e recursos para se defender de atacantes como Wlamir, Amauri, Rosa Branca, Ubiratan, entre tantos outros.

O grande jogador ainda fez um pequeno relato de sua vida profissional, que sucedeu ao seu tempo de atleta, quando cursou Educação Física,tendo trabalhado em escolas, e também de sua função de técnico, que só abandonou por problemas de saúde, mas que ainda hoje leciona basquetebol em uma Faculdade de Educação Física. Teve tempo ainda de cursar jornalismo áudio-visual, o que o qualificou para a carreira que hoje exerce, a de comentarista. Uma trajetória perfeita, segmentada pela experiência, e fundamentada no estudo e pelo seu grande carisma. Pena que toda essa bagagem e reconhecimento público restrinja um pouco o teor de seus comentários, como se temesse ferir suscetibilidades ante o rigor do que realmente ocorre nas quadras, mundo este que ninguém conhece melhor do que ele nesse país. Se seus mais diretos comentários seguissem o extremo rigor de seu comportamento técnico enquanto jogador, seria imbatível, e forçaria poderosas reflexões daqueles que hoje dirigem nossas equipes. A experiência válida é a experiência vivida, e essa ele tem como ninguém. Fiquei emocionado com a entrevista, e advogo para mim, que desculpe o Juca Kfuri, também o título de maior fã deste formidável jogador, professor e técnico, Wlamir Marques

Depois da entrevista não tive a menor vontade de retornar ao jogo que via no inicio, e sequer sei o placard final. Me desculpem, mas aprecio acima de qualquer coisa as grandes lições que o basquete nos proporciona, principalmente vindo de quem realmente conhece.

ECOS DE UMA VAIA.

No final dos anos 50, fui ao Maracanã para assistir um espetáculo inesquecível.Era um sábado, numa tarde de verão, e lá fui eu para o inesperado. A Miami University, apresentaria para o público brasileiro uma autêntica exibição de Football, o deles é claro, e no maior estádio do mundo.Naquela época, assistências de 180 mil pessoas era lugar comum nos grandes jogos. Entrei para as arquibancadas, e o que vi meu Deus? Pra começar, dois enormes chifres pregados nas balisas sagradas, e um monte de faixas pintadas no gramado dividindo-o em pequenos espaços. E o mais espantoso, 5 pessoas sentadas naquele mundaréu de concreto, eu e mais 4 incautos. Nem cachorro quente Geneal, nem mate Leão, nadinha. De repente, da boca de um dos túneis emerge um batalhão que já prenunciava as vestimentas intergaláticas que fariam furor na década seguinte. Começa o jogo com um chute de bico numa bola(?), ou algo parecido com um quibe gigante. Daí para diante foi um tal de conversas ao pé do ouvido, entremeadas de pancadaria explícita, e uma corrida desenfreada de vez em quando, só que não entravam no gol. E os chifres?Para que serviriam? E de repente ouviu-se uma vaia estrondosa emitida por três dos presentes, como um uivo numa pradaria. Naquele dia descobri que o majestoso Maracanã tinha eco. Termina o primeiro tempo com o humilde placard de 14 a 14 se bem me lembro. Para não morrer de sede descubro uma torneira no grande corredor, e volto para o segundo tempo, que não houve, pois a formidável Miami University se mancou de que aquele não era,decididamente, um local amistoso ao seu football. Aquele insignificante estádio era de soccer, um jogo menor.Na minha concepção, aquela vaia emitida pela trinca infernal, ecoou como uma bomba de indignação ante tal sacrilégio, e só sentia ao sair uma tremenda tristeza em não ter vaiado também.

No final dos anos 60, lá estava eu no país do football, o deles é claro, fazendo um estágio técnico em basquetebol. Como que um castigo, fui convidado a assistir, com acessória técnica e tudo, que me explicaria tintim por tintim todos os aspectos técnicos e táticos, assim como as claras regras do jogo, aquele jogo nacional. Confesso, que apesar de me considerar razoavelmente inteligente, não pesquei absolutamente nada daquela demonstração de violência e catarse coletiva. Chovia,o que tornava o campo um lamaçal só, e o numero de contusões foi muito elevado.Só de fraturas foram duas. Foi um espetáculo edificante.Há , a cidade era Baltimore. À noite, numa pequena recepção, perguntaram-me o que tinha achado do football, que de inicio apelidei de Talkball, pois mais se falava do que jogava, e quando o faziam o pau cantava. E que football era o jogo que se jogava com os pés, como nós e o resto do mundo adotavam, e que no dia que os americanos descobrissem o lado democrático do jogo, do nosso football, as coisas tenderiam a mudar por lá. Nada mais me foi perguntado, e me isolei na minha insignificância.

Ontem, como numa provação bíblica, ou penitência por alguns erros cometidos e por outros que o serão no futuro, assisti, na íntegra.o Super Bowl, o campeonato mundial, a supremacia desportiva, acima de qualquer outra no planeta. Mas, um pouco antes do inicio da contenda(termo adequado, já que não uma partida, ou simples jogo), lembrei-me de um editorial escrito por um dos jornalistas do Sports Illustred na semana do inicio do Campeonato Mundial de Futebol da Alemanha, quando mencionava, com todas as letras, que não entendia como o mundo seria paralisado por 15 dias para que assistisse e torcesse para um jogo que se utilizava dos pés como instrumentos, em vez das mãos, que era o aspecto que diferenciava os homens dos animais na escala evolutiva. E que os Estados Unidos aguardavam o encerramento de tão inditoso evento para retomar a hegemonia política do mundo. Quem duvidar recorra à internet e leia o editorial na Sports Illustred. Pois bem, depois de três horas de terror, consegui chegar ao fim da pancadaria, e a lembrança mais presente que me assaltou foi a voz afetada pelo sotaque de caipira do Alabama,ou congênere, do comentarista brasileiro da ESPN, em suas tiradas lingüísticas absolutamente ininteligíveis, e mais do que nunca tive uma imensa saudade daquele vagido em forma de vaia ecoando pela imensidão do Maracanã, emitido por aquela brava trinca de indignados cariocas.E mais uma vez me assalta um outro pesadelo, o do próximo All Stars da NBA, a vitrine dos votados e coroados reis do basquete, com seus milhões de dólares e empáfia além do imaginável, prontinhos para se verem de frente com o resto do mundo no Torneio Pré-olímpico e até mesmo nas Olimpíadas, e que como eles, também se utilizam das mãos para jogar o grande jogo.Só com uma sutil diferença, jogado dentro de regras internacionais, aceitas democraticamente por todos, com uma exceção, a deles mesmos, os norte americanos, para os quais o mundo não vai além de um Super Bowl.

FRAGMENTOS

Mexe daqui, futuca dali, e de repente, do meio de uma tremenda papelada salta um pequenino recorte de jornal, publicado no O Globo de 8 de junho de 2006, que se reporta a um testemunho do Sr.Geschwindener, capitão da seleção alemã de basquetebol nas Olimpíadas de Munique-72, que há 12 anos atrás iniciou o treinamento do ala Dirk Nowitzki, então com 16 anos, e que foi considerado o melhor jogador do Mundial-2002 em Indianápolis. O interessante em seu trabalho foi a inclusão de algumas atividades extras, tais como esgrima, remo, balé, guitarra e saxofone. Perguntado sobre em que Nowitzki pode melhorar, Geschwindener respondeu: Arremesso. E provavelmente aspectos intelectuais, mentais e psicológicos. Obviamente, Não refinou muito a defesa. Mas diminuímos esta lacuna nos últimos dois anos- declarou ele.

Como Dirk é considerado por muitos o melhor jogador do mundo, tais declarações e colocações de seu técnico inicial, aquele que o introduziu nos fundamentos do jogo, define um campo de influência com tal ordem de importância na formação do jogador e cidadão, que muitos duvidarão de tais afirmativas. Dança, remo, esgrima e música? O que é isto? Só pode ser invenção e autopromoção. E o máximo do absurdo, aspectos intelectuais? Filosofia? O cara é maluco! Pois é, caros técnicos brasileiros, isso é o usual na formação de um jovem atleta no velho mundo, pois cultura e educação se coadunam magnificamente com atividades desportivas, com a música, com a dança. Algum técnico brasileiro já tentou incluir a dança no treinamento daqueles jovens muito altos, e por isso muito descoordenados? Não? Pois saibam que funciona muito bem, já que ritmo é a base de um bom trabalho de pernas. E que o remo desenvolve o trabalho de equipe, e que a esgrima apura os reflexos, e que um instrumento musical aguça a disciplina. Mas, para que todas essas bobagens se temos a perfeita solução dos problemas de formação? Temos a peneira! E estamos conversados. Retorno o papelzinho para uma caixa mais segura, e deixo-o lá como prova inconteste de que bons técnicos de formação existem nesse mundão que gravita por fora de oportunas, desleais e ineptas peneiras.

Vou ao site Rebote, sempre muito boa leitura, e me debruço sobre um texto Do Rodrigo Alves sobre o Boston Celtics. Muito bom e bem alinhavado, e que culmina com sugestões ao Danny Ainge, superintendente da equipe, para o soerguimento do atual e falido plantel no campeonato da NBA. Mas algo ficou faltando. Talvez a existência do Rebound, site congênere publicado nos states com as matérias do Rebote nacional, para que o Danny tivesse a oportunidade de ler as sugestões, se é que o faria, ainda mais de um articulista brasileiro.E ai me deparo com uma evidência que me assustou. Um ótimo jornalista, articuladíssimo, e trabalhador, direcionando grande parte de seu talento a um basquetebol de sonho, de quimeras, quando o daqui se debate com a ausência de talentos como ele, que foi tão presente nos mundiais do ano passado, e que fizesse tão brilhantes análises, como a de hoje, sobre as equipes que disputam nosso campeonato tupiniquim. Como amaria tê-lo na trincheira,como bem definia o Melk, nessa luta sem muito ibope pelo nosso basquete, que pela ótica dos irmãos do norte é tão inexpressivo que sequer merecerá a presença dos mesmos no Pan, um verdadeiro chute no nosso traseiro, fato que ainda não foi analisado e comentado por nenhum site que se dedica ao basquete lá de cima.

Dois pequenos fragmentos de nossa realidade, mas que me fizeram pensar bastante, e sonhar com dias melhores. Amém.

AGAIN?

De 12 a 22 de julho vindouro, a seleção masculina juvenil disputará o Campeonato Mundial, em um local ainda a ser definido.O promotor inicial, o Canadá, desistiu de sediar, e a FIBA procura um outro local. Por aqui, a nossa seleção encerrou a primeira fase de sua preparação, após 16 dias de treinos em Rio Claro,onde,inclusive,participou de cinco amistosos contra as equipes adultas de Limeira, Rio Claro e Araraquara. “(…) Trabalhamos os conceitos de parte tática para poder ver como os jogadores podem ser úteis tecnicamente ao grupo. Foi uma importante parte da preparação”, analisou o técnico José Alves Neto.

“Foi uma etapa muito boa. Saiu tudo de acordo com o que planejamos. Tínhamos um bom número de jogadores treinando. Agora vamos fazer uma avaliação para ver quem se adaptou melhor aos sistemas de jogo que vamos utilizar no Mundial.(…)”, comentou Lula Ferreira, coordenador técnico da seleção juvenil.

Caramba, os conceitos já estavam pré-estabelecidos antes dos treinamentos, assim como os sistemas de jogo, ou seja, aqueles que não se “adaptaram” aos mesmos estarão fora, seguindo “as ovelhas de plantão”. Um absurdo inominável sob qualquer ótica que se queira analisar tais perolas de planejamento. Qualquer técnico com razoável conhecimento do jogo sabe que deve planejar seus sistemas, sejam de defesa, sejam de ataque, adequando-os aos comportamentos e habilidades dos jogadores sob seu comando, E NÃO, bitolando-os a sistemas pré-estabelecidos. Em outras e singelas palavras, quem não jogar dentro do criminoso padrão, que aliás é o único que essa corriola conhece, o passing game, está fora da seleção, da seleção juvenil, os futuros jogadores que integrarão a equipe principal para as grandes competições internacionais. E perdem 16 dias, nos quais deveriam estabelecer critérios de aprimoramento nos fundamentos, rigidamente, exaustivamente, pois se tratava de uma elite de jovens, ansiosos em melhorarem suas habilidades e destrezas, para mais adiante, as utilizarem em sistemas montados para que as mesmas se expandissem, dentro e nos limites de suas performances. Mas não, a sapiência absoluta desse quarteto de falsos estetas, que teima em impingir goelas abaixo um sistema tão ou mais fracassado que eles mesmos, não encontra limitações que a faça parar, nem perante o mais clássico de todos os argumentos, o histórico do jogo, o exemplo e as heranças dos grandes técnicos, os princípios que regem os desenvolvimentos cognitivo, afetivo e psicomotor dos jovens, a arte da construção de uma equipe, a pesquisa e o conhecimento do gênero humano, ou seja , o grupamento de conhecimentos que forjam um técnico de verdade. Esse é o grande e ausente argumento que nos falta quando o assunto é o futuro de nosso basquetebol, o desconhecimento do que seja ser técnico, verdadeiramente técnico do grande jogo.

A cultura unificada, e agora estratificada no preparo de nossas seleções de base, o passing game, que nos tem custado um inominável fracasso internacional nos últimos 20 anos, mais do que nunca se torna em um caminho sem volta, pela ignorância de uma elite técnica que nos impinge princípios e sistemas criminosamente falidos, e com o aval de uma mais falida ainda instituição, a CBB. Que os deuses se apiedem dessa juventude entregue à mediocridade de seus tutores. Acredito contritamente que eles mereciam ser orientados e ensinados por técnicos, e não por pseudos donos de uma verdade capciosa e doente, profundamente doente.

MOMENTOS MÁGICOS

Tenho de confessar não ter mais o menor resquício de paciência para assistir, sequer comentar os jogos desse desértico, de público e de técnica, Campeonato Nacional. Mesmo assim, encarei o jogo de Franca e Flamengo, com até razoável público, bom ginásio e boa arbitragem. O que se viu e testemunhei não difere muito das análises dos jogos em que a equipe de Franca atuou, ou seja, com três habilidosos armadores, um ala rejuvenescido e veloz, e um pivô recuperado de contusão, poucas chances tiveram os limitados jogadores do Flamengo para o enfrentamento, ainda mais com a decisiva ausência de seu muito bom armador, Fred. Franca segue inovando com seu jogo aberto e instigante, e que se tornará melhor quando puder contar com seu outro pivô, o Estevan.

Mas o que me chamou mais a atenção foi a participação, nada inédita do comentarista da Tv, principalmente quando afirmou com todas as letras que”os momentos mágicos do basquete eram o toco e a enterrada”, e que “os analistas e cronistas deveriam dar realce aos pontos positivos do jogo, e não os negativos”.

Pelo que sabemos, e é de conhecimento público, o comentarista em questão é professor de basquete em vários cursos superiores, e técnico em compasso de espera, sendo reconhecido como um bom profissional em ambas as funções. Exatamente por estas qualificações, e por ter em mãos um instrumento poderoso na formação de opiniões públicas, o que sempre referencia ao lembrar o que transmite a seus alunos e atletas, é que fico em dúvida ante o teor de suas afirmativas. Sempre acreditei que os grandes momentos mágicos do basquetebol fossem todos aqueles que esprimissem a excelência da utilização inteligente e altamente técnica dos fundamentos do jogo, assim como a precisão e eficiência dos sistemas ofensivos e defensivos, dos contra-ataques magistrais, das improvisações de quem sabe o que faz no seio de suas equipes. Mas pela opinião do comentarista, restringindo os tocos e as enterradas como os momentos mágicos do jogo, e a influência capital que suas opiniões despertam nos jovens tele-ouvintes

podemos avaliar quais os movimentos que os mesmos conotarão como os de real valor, principalmente para “o delírio das torcidas”.

Outrossim, me preocupa mais sua opinião quanto aos comentários negativos expressos pela maioria da crônica blogueira em detrimento dos fatores positivos ocorridos nos jogos. E aí cabe uma pergunta ao preclaro jornalista- Quais fatores positivos? Enterradas e tocos? Cornuópia de arremessos de três? Perdas bisonhas de bola nos dribles e nas fintas? Posturas comprometedoras nos posicionamentos defensivos? Total ausência de conhecimento do que venha a ser um simples e corriqueiro corta-luz? Andadas e conduções de bola absolutamente primárias? Rabiscos desconexos em prosaicas pranchetas? Pedidos de tempo eivados de palavrões e expressões chulas? Pressões descabidas em arbitragens? Embates jogador versus técnico de amiúde constância? Embates técnico versus técnico em um ambiente no qual o cavalheirismo e os exemplos deveriam coexistir? Enfim? Que aspectos positivos deveriam ser ressaltados pelos cronistas? Há, descobri um, a grande e infindável esperança que torcedores, bons técnicos e alguns desportistas em funções diretivas, têm em dias melhores, aqueles que o amor pelo basquete não permitirão que morram jamais. Amém.

INVÍCTOS DE BASQUETEBOL…

Quatro da tarde de uma quinta-feira, ginásio às moscas e uma temperatura ambiente rondando os 35°. Eis o cenário perfeito para o encontro de duas equipes invictas no campeonato nacional.Maior absurdo e total incoerência, impossível. E ainda querem popularizar o basquete no país. Foi um jogo cansativo, medíocre e profundamente chato,muito chato. Duas equipes jogando rigorosamente iguais nos dois primeiros quartos, até na utilização de dois armadores, marcando deficientemente, e com erros de fundamentos acima da media. No segundo tempo, a equipe de Brasília inovou com o lançamento em quadra de quatro armadores, reforçando dessa maneira seu sistema defensivo, e contra-atacando em velocidade,

movida pela maior habilidade de seus jogadores nos passes e nos dribles.

Claro, que para o consumo interno, a utilização de quatro jogadores afeitos

aos movimentos e comportamentos de armação,deram à equipe o domínio e firmeza necessários para efetuarem mais e melhores ações de ataque, assim como, reforçaram o jogo de antecipação defensiva pelo aumento da velocidade. Mas quando digo para consumo interno, refiro-me à drástica redução da média de altura da equipe em quadra, fator altamente restritivo se a mesma estivesse disputando uma competição internacional, o que será uma realidade ao se situar nas primeiras colocações ao final do campeonato. E é exatamente nesse ponto que o nosso basquete se torna frágil e com poucas chances internacionais. Temos, com urgência de redimensionarmos o treinamento e preparo de nossos homens altos, alas e pivôs, para que os mesmos consigam atingir o domínio dos fundamentos o mais próximo possível dos armadores, principalmente nos passes, no drible e nas fintas. Podemos e devemos jogar com dois armadores, hoje na faixa dos 1,85 a 1,90 m., que para os nossos padrões é mais do que razoável, mas também necessitamos que alas e pivôs não continuem à destoar tecnicamente daqueles. E isso só será possível com treinamentos especializados desde à formação, e realizados por quem realmente conhece o ensino dos fundamentos.

Como disse anteriormente, foi uma vitória para consumo interno,

Para justificar investimentos feitos, para garantir uma liderança muito mais de valor político do que técnico. Em se tratando de uma equipe que representa a elite do basquete brasileiro, torna-se altamente preocupante o que possamos esperar dela quando, mais adiante, participar dos campeonatos sul-americanos, e quando alguns de seus jogadores vierem à representar o país pela seleção nacional.

Foi o jogo das péssimas defesas e do elevado índice dos arremessos de três pontos, mas também foi o jogo das bolas roubadas pelos quatro armadores do vencedor. Foi esse o diferencial. Cinco bolas interceptadas, dez pontos no marcador. Muito pouco para um jogo de lideres invictos, muita pobreza técnica, muita ausência tática. Mas é o que temos de melhor, o que nos coloca numa situação de indigência preocupante e profundamente angustiante. Sinto medo do que ainda está por vir. Sinto medo de não podermos estar competindo em London-2012.

REALIDADE CONSTRANGEDORA

Recebo o telefonema de um técnico amigo de longa data, e que hoje se dedica à administração de uma grande equipe que disputa o Campeonato Nacional. A conversa aborda a temática de sempre, que vai da nossa triste realidade aos esforços que uns poucos insistem na tentativa de soerguer a modalidade. Lá pelas tantas, nosso amigo descreve o esforço que seu técnico, da novíssima geração que ai está, despende no planejamento da equipe, nos acurados treinamentos, no estudo de soluções para o enfrentamento desgastante de jogos em diversos locais do país, e que sistematicamente é ignorado pelos jogadores de sua equipe, quando exigidos no cumprimento das táticas previamente treinadas e acordadas.

Jogadores que integraram e integram a seleção nacional se dão ao direito de ignorarem o estabelecido, tomando em mãos decisões que deveriam, por direito, serem tomadas pelo técnico, numa verdadeira prática de lesa direitos. Esse é o preço que a grande maioria dos técnicos tem pago pela adoção insensata do sistema único de jogo.A dedução atinge uma obviedade assustadora, pois, se todos, jogadores e técnicos, comungam os mesmos princípios e regras do jogo a ser desenvolvido, nada impede os jogadores de se acharem merecedores de exercerem o mando das decisões,já que calejados pelas repetições sistemáticas das mesmas,ano após ano,

independendo que técnico esteja no comando. É o preço que os mesmos pagam pela mesmice de suas orientações e pseudo-lideranças. É uma realidade que tem se avultado de forma tão contundente, que nos pedidos de tempo alguns jogadores falam e orientam mais do que alguns técnicos de elite. Claro, que se existissem opções técnicas como marca pessoal dos técnicos, muito desse nefasto processo de interferência seria anulado. No entanto, como num clube do bolinha, onde todos, técnicos, jogadores, dirigentes, e até jornalistas, estão engajados sob a égide de um basquete globalizado e prêt-à-porter, onde a fatia do bolo é dividida de acordo com o status de cada participante, manda mais quem cobra e ganha mais, quase sempre os jogadores, antepondo-se aos meios salários que muitos técnicos admitem receber. E aí de algum deles se resistir ao processo, pois entre um “jogador vencedor” e um técnico de ocasião, o dirigente nem pestaneja, sobra quem?

Recentemente assistia eu um dos jogos do campeonato em uma Tv portátil na varanda, quando nos segundos finais do jogo o técnico da equipe que estava atrás no marcador por dois pontos pede um tempo com a posse de bola. Sentou-se impoluto, empunhou a prancheta e iniciou a construção da jogada do jogo, aquela que levaria a equipe à vitória consagradora. Ávido para testemunhar em tela de 29 polegadas tão formidável e transcendental jogada, corri para a sala, troquei o canal onde minha filha assistia um filme, claro, sem antes me desculpar pela intromissão ( ela já está acostumada com os rompantes basquetebolísticos do pai), e assisti lívido, mas não decepcionado, a uma demonstração do que são capazes jogadores em não levar, nem em pensamento, à serio, determinações de seu técnico. Fizeram o que quiseram e perderam o jogo, assim como perderiam se tivessem seguido os rabiscos de seu técnico na prancheta. Uma prova inequívoca de insensatez coletiva, que é aceita e tolerada como norma comum, e que vem destruindo os poucos alicerces dos que restaram do nosso brilhante e saudoso basquetebol, dos grandes e inteligentes técnicos, dos grandes e verdadeiramente jogadores deste país.

Voltei ao canal original, onde ainda pude ver as cenas finais do filme em cartaz, A gaiola das loucas. Tudo à ver.

TÉCNICOS E TÉCNICOS II

Mesmo seriamente desfalcada de seus dois pivôs mais técnicos e experientes, Franca ofereceu resistência à equipe do Paulistano até os derradeiros 3 minutos da partida, demonstrando quão acertada tem sido sua opção de jogar permanentemente com dois armadores em quadra.Com essa atitude, seu sistema defensivo se tornou mais rápido e efetivo no perímetro, e exercendo a flutuação lateralizada, mesmo quando em zona,obrigava a equipe do Paulistano aos passes longos e em elipse, facilitando as recuperações lineares de seus defensores. Em algumas ocasiões essas recuperações eram tão efetivas, que os atacantes da equipe paulistana passavam da linha lateral, na ânsia de dominar a bola, após um longo e curvo passe. Sem dúvida nenhuma, a equipe de Franca, se estivesse completa, equilibraria a conquista dos rebotes, quando poderia, inclusive, vencer a partida. Sua tentativa de mudar um pouco o panorama técnico-tático do nosso basquete, torna-se elogiável, dentro da triste realidade com que nos defrontamos, testemunhando uma atitude estratificada por um único sistema de jogo, adotado pelas demais equipes.

Quanto aos técnicos, dois comportamentos de ambos, demonstram o quanto ainda teremos de evoluir para atingirmos patamares mais elevados no âmbito das relações humanas. Por parte do técnico de Franca, uma agressão verbal ao técnico oponente, quase provocou uma situação de conflito, o que seria lamentável em se tratando de dois professores e líderes de suas respectivas equipes. Pelo outro lado, em um pedido de tempo a três minutos do final, e sob a inclemente presença dos microfones e câmeras, saiu-se o técnico paulistano e da Seleção Brasileira, com uma lapidar frase –“Faz a p….. do chifre duplo c….!” . Com uma audiência de muitos jovens espalhados por esse enorme país, exemplos como estes, advindos de um centro mais evoluído tecnicamente, com certeza darão a eles péssimos exemplos comportamentais, os quais, com a repetida freqüência com que são externados, passarão a ser tornar naturais e difundidos, o que seria uma péssima influência, daqueles que deveriam, por formação, darem exemplos de desportividade e refinada educação.

Outrossim, os comentaristas cada vez mais se tornam ambíguos em suas análises, e tomemos um triste exemplo no jogo de hoje.Quando a equipe do Paulistano retornou para o segundo tempo, repetindo a escalação do começo do jogo, mereceu o seguinte comentário:“Não concordo com essa atitude do técnico, pois o Leandro, que terminou o segundo quarto com ótima atuação, deveria ter sido mantido como prêmio, e não retirado do jogo”. Logo a seguir, menciona o fato de que o técnico do Paulistano teria agido dessa forma por conhecer melhor seu jogador, e que a substituição é um direito dele. Ora, se essa é a realidade do jogo, melhor seria se tivesse ficado calado, e não lançando através seus esclarecedores comentários, um posicionamento de como agiria se estivesse no lugar do técnico paulistano. Afinal, sua função é a de comentar “o que vê, o que está sendo jogado”, e não o que faria se lá estivesse. Este é o maior erro cometido por alguns de nossos comentaristas, os quais ainda não se desligaram das ânsias e desejos de atuarem ao lado das quadras, e não fora das mesmas. São situações bem parecidas daqueles técnicos que há bem pouco tempo atuavam como jogadores, e que exigem de seus comandados atitudes e ações que “eles” tomariam se dentro das quadras estivessem. Trata-se do pior comportamento possível na prática do comentário e da técnica, entraves poderosos ao bom exercício profissional.

Como vemos, ainda teremos de evoluir muito para alcançarmos os níveis das nações mais desenvolvidas desportivamente, a começar pela qualificação dos técnicos, hoje promovidos por um sistema de apadrinhamento e marketing, pertencentes a um clube fechado e envoltos em interesses de políticas municipais, estaduais, e até nacionais para os mais abastados. No momento que a meritocracia for replantada entre nós, muito das mazelas que hoje testemunhamos deixarão de existir, pois passaremos a um estágio fundamentado no estudo, na pesquisa e na experiência acumulada, fatores estes fundamentais para a valorização profissional, e não, como hoje, representados e “autorizados” por um Cref fajuto da vida, que só tem como função o recolhimento pontual dos dízimos, daqueles que iludidamente se deixam convencer de que tal“obrigação” os tornam técnicos qualificados de basquetebol. Puro engodo, puro e criminoso engano. Urge uma formação melhor e mais responsavelmente qualificada, pois em caso contrário continuaremos a incorrer no erro da incompetência institucionalizada, que é a origem da nossa derrocada técnico-tática. Infelizmente essa é a nossa triste realidade.

ENGENHARIA REVERSA.

Quando nos anos 80 a Apple apresentou ao mundo seu computador Macintosh, com a primeira interface gráfica, depois copiada pelo IBM PC, uma pequena indústria no Brasil recriou o computador da Apple com tal perfeição, que foi processada pela mega companhia americana, tendo de encerrar o seu produto que tinha o nome de PC UNITRON. Para alcançar tal feito, já que o produto americano apresentava uma tecnologia fechada, os técnicos da Unitron se utilizaram de um recurso inovador, o que recriava a maquina à partir de seus efeitos finais, no que ficou conhecido por engenharia reversa. Foi um trabalho fantástico de inteligência desconstrutiva, mas que não pode prosperar ante os rigores da lei internacional de patentes.

Mas o que tem a ver Apple’s com o nosso basquete? Uma razoável tendência, bendita tendência, que já se vem manifestando no plano defensivo de umas poucas equipes, ante a completa dominância ofensiva que se efetivou em nosso país, através a utilização maciça de um sistema de jogo fundamentado no passing game, e que tanto nos empobreceu taticamente nos últimos 20 anos.

Como em todas as categorias e faixas etárias o mencionado sistema único ofensivo é integralmente aceito, desenvolvido e cristalizado, a dedução óbvia é a de que em tudo, e por tudo, todas as equipes se emulem nas movimentações, nas atitudes, nas posições estratificadas, nas exigências padronizadas e coreografadas, nos sinais de comando, e clímax dos climaxes, no comportamento consensual de jogadores e de seus mentores, os técnicos.

Num cenário tão assustador de aceitação explicita perante uma única escolha técnico-tática, torna-se também óbvia a possibilidade do surgimento de uma tendência antagônica, como em tudo que ocorre na natureza e em nossas vidas. Só que no caso do basquete, o emburrecimento se tornou tão ciclópicamente concretado, já que para a grande maioria funcionava dentro de seus limitados, porém pseudo lucrativos horizontes, que uma retomada antagônica somente agora, vinte e tantos anos depois, começa a se tornar, bem timidamente, numa possível e ansiada realidade. Em outras palavras, se todo mundo joga igual, percorrendo os mesmos caminhos ofensivos pela similitude coreográfica, que tal antepor ações defensivas a estes mesmos caminhos? Uma solução de simplicidade franciscana é a de treinar as equipes com 70% de enfoque defensivo se antepondo às movimentações que esta mesma equipe se utiliza em seus ataques, de uma forma sistêmica e repetitiva. Se todos os técnicos ao interromperem uma movimentação ofensiva em seus treinamentos, para instruir a defesa a um comportamento antecipativo, estará realizando, tal qual os técnicos computacionais acima mencionados, a mesma engenharia reversa empregue pelos mesmos ao reconstruírem de trás para frente o Macintosh da Apple. Essa atitude técnica, se torna de fundamental importância para que surjam, por uma questão de sobrevivência também técnica, novos sistemas e novas concepções táticas, pois a cada evolução técnico-tática ofensiva, deverá se suceder outra de caráter defensivo, e vice-versa, num caudal evolutivo, responsável pelo desenvolvimento progressivo da modalidade.

No entanto, trata-se de um trabalho complexo pelo aspecto decisório, corajoso, evolutivo e coerente para consigo próprio, para com a modalidade, e principalmente, para com o futuro. O que foi aparentemente ótimo ontem, e que se mantém temerariamente bom hoje, pode, com certeza ser péssimo amanhã, se não nos cercarmos de lastros fundamentados no saber, na autocrítica , e no bom senso. O basquetebol agradecerá penhorado todo e qualquer esforço que façamos pelo seu desenvolvimento, pelo seu bem fundamentado amanhã.

Amém.

SEM PIVÔS

Com três de seus quatro pivôs inabilitados por diversas razões, a equipe de Franca enfrentou a de Rio Claro, pelo Campeonato Paulista,com somente um pivô, o Estevan, que logo no primeiro tempo torceu o tornozelo, atuando mancando até o final do jogo. Mesmo assim, venceu a partida muito bem, pois atuou, como vem fazendo ultimamente, com dois armadores, um outro muito habilidoso na função de ala, e um veterano, porém disposto ala, completando a equipe. E tudo isso dentro do sistema usual, empregue por todas as equipes brasileiras. O diferencial foi, como vem sendo, a qualidade nos fundamentos de seus jogadores. Com um jogo veloz, controlado e eficiente, mesmo sem praticamente um pivô, envolveu o adversário com tal facilidade, pelo simples fato de serem superiores no manejo dos passes, do drible, das fintas, e consequentemente nos arremessos, já que, pela movimentação de toda a equipe, sobravam espaços para lançamentos livres, e consequentemente, equilibrados, sem contar os fulminantes contra-ataques originados pela grande velocidade imposta ao jogo. Foi uma vitória da técnica individual, mesmo manietada por um sistema caduco e inócuo.

As últimas atuações da equipe francana, deixa transparecer o grande e trágico equívoco em que se encontra o basquete brasileiro, a meio caminho de uma total reformulação técnico-tática, freada pela adoção maciça de um sistema único de jogo, que só nos trouxe atraso e derrotas no plano internacional, mesmo com a desculpa de que no plano nacional era o que bastava. E ironicamente, o técnico que mais se beneficiou no plano interno, com suas continuadas e repetidas vitórias, pela repetição ad eternum do tal sistema, apelidado pelo mesmo como “o moderno basquete internacional”, utilizado inclusive nas seleções nacionais que dirigiu, é o mesmo que, premido por uma tentativa de mudança, ou mesmo, convencido de que a mesma deva ser tentada, se dispõe à novos rumos, inclusive em seu comportamento no banco.Tem sido uma mudança claramente para melhor, e oxalá permaneça como atitude permanente e muito bem vinda.

Por outro lado, técnicos da nova geração se mantêm radicalmente à favor do sistema único, perdendo todos uma grande oportunidade de evoluírem e de fazer evoluir o basquete num todo, salto este iniciado e mantido pela equipe de Franca. Não se trata de adotarem um novo, e único sistema, e sim tentarem fugir da fatal armadilha da mesmice instituída, que é a panacéia dos preguiçosos e curtos de idéias, mas sempre prontos a usufruírem das “vantagens” de um sistema pronto, acabado e devidamente testado no plano de consumo interno, o que para a maioria deles é o suficiente e seguro para enfrentarem as toscas exigências de um mercado restrito e fechado. Se tem dado certo, para que mudar? Mudanças exigem investimentos em estudo, em pesquisas, e denotam um tempo que não admitem perder. Time is money, é a lei a ser seguida e obedecida, mesmo que os resultados nos afastem cada vez mais do cenário internacional.

E é nesse ano crucial que disputaremos, mais uma vez, a chance de uma competição olímpica, em torneios que nos classificarão, ou não, numa triste repetição de tentativas anteriores. Urge que mudemos nossa maneira de jogar, de pensar e de agir de conformidade com a verdadeira vocação de nossos jogadores, o jogo rápido, técnico e instintivo, características intrínsecas de nosso povo. Não acredito, honestamente, que alcancemos os resultados tão ardentemente desejados, mas, temos a obrigação de tentar mudanças arejantes, para num futuro à médio prazo termos reais chances de classificação olímpica. Até lá, muito trabalho pela frente, muito estudo e pesquisa, e acima de tudo, muita vontade de realmente mudar, para melhor.