JÁ VÍ ESSE FILME…

Passadas as emoções dos mundiais, volto à realidade do nosso basquete. Pela TV assisto ao jogo das equipes invíctas do campeonato paulista, considerado o melhor do país, entre Franca e Limeira. Escolho uma boa poltrona, um café bem quente, e estou pronto para o espetáculo.De saída um tremendo passeio de Limeira ante uma inexistente defesa de Franca.Um primeiro quarto em que só uma equipe atuou.Dai para diante as situações de jogo primaram pelo equilibrio, com diferenças nunca superiores a 10 pontos. No entanto, ambas as equipes primavam em um aspecto, os contundentes erros nos fundamentos. Atuando com idênticos sistemas de jogo, até nos sinais que os armadores usavam para definir as jogadas, como espelhos frontais, somente uma ou outra tentativa esporádica de utilização de defesas, ora individual, ora por zona, alteravam um pouco a mesmice tática na quadra. Numa situação de tal similitude tática, somente aqueles poucos jogadores que se encontrassem em melhor momento físico, seriam capazes de buscar resultados benéficos à sua equipe. E esse pormenor é que fez a diferença, para pior, pelos seguidos e constrangedores erros de fundamentos que cometeram assiduamente. Muitos foram cometidos, sendo que alguns deles primários, à saber: Armadores
contra-atacando pelas laterais da quadra; armadores executando sistematicamente o passe paralelo à linha final, inclusive em progressão à cesta(um passe desses retirou da equipe de Limeira a possibilidade de vitória ao final do tempo normal de jogo, assim como num momento crucial da prorrogação) ; alas trombando com a bola em tentativas de penetração driblando em
direção à cesta ; arremessos precipitados e desequilibrados da zona dos três pontos, numa quantidade inimaginável, executados por armadores, alas, e até pivôs! ; posicionamentos defensivos absolutamente equivocados, principalmente pelos alas; ausência absoluta de posicionamento defensivo à frente, na marcação dos pivôs; quando acionados ofensivamente, os
pivôs agiam solitariamente, ficando seus companheiros estáticos, somente observando sua ação;
o total desconhecimento dos jogadores no posicionamento corporal nos corta-luzes ; o total
desconhecimento dos posicionamentos corporais nos rebotes, defensivos e ofensivos. Enfim, um
corolário de erros dos fundamentos básicos do jogo, cometidos ano após ano, numa repetição
monocórdica lamentável. E se não bastasse tal panorama, fomos todos brindados com algo que vem se tornando corriqueiro entre nós, as mudanças comportamentais dos sempre disciplinados
jogadores americanos, quando em seu país, e que aqui começam a adquirir o hábito tupiniquim
de se insurgirem ostensivamente contra atitudes e decisões de alguns técnicos, useiros e veseiros
em discutirem e até xingarem seus jogadores, numa demonstração nada educativa para os jovens que assistem os jogos. A desculpa é que na divisão de elite essas atitudes “fazem parte” do
jogo, o que caracterizo de absolutamente reprovável e inverídico. Porém, verdade seja dita, a utilização de dois armadores conotam novos e benvindos ares ao nosso combalido basquete, mas que pouco virão a somar se não acontecerem profundas mudanças técnico-táticas que possam
vir a dinamizar a produção dos mesmos, pois na atual situação de utilização de um único sistema
de jogo, o passig game, pouco ou quase nada poderão produzir de evolutivo para o aperfeiçoamento do basquete entre nós. Voltando ao jogo, por causa do entrevero entre o americano e o técnico, a equipe de Limeira se desarvorou na prorrogação, e perdeu um jogo que deveria ter vencido no tempo normal, não fosse também os sucessivos erros de fundamentos da
equipe, e que culminou no último tempo pedido por seu técnico, onde o maior de todos os erros foi cometido, quando ante o baloiçar negativo de cabeça do americano, motivado pela instrução
de quantas faltas fossem necessárias( na terra dele geralmente os jogadores são exaustivamente
treinados para tenterem a posse de bola, sem faltas…) para ganho de tempo, recebeu como ríspida resposta, ao vivo e à cores -“tem de ser assim mesmo, para ganhar o jogo”. Desliguei a TV, e fui lavar a chícara de café, pois, e por muitas vezes, já ví esse filme…

O CONTRAFLUXO

Anos atrás,quando fui cursar o mestrado na USP, me deparei num cruzamento com a seguinte advertência-“Atenção, elétricos no contrafluxo”- Confesso que fiquei meio inerte naquele cruzamento até entender o significado da placa. Queria dizer, contramão. Semana passada, lí nos jornais que a CBB apresenta como desculpa ao não pagamento das diárias de jogadores e jogadoras de suas seleções nos dois mundiais e sulamericanos, assim como seus normais e obrigatórios seguros, a falta de fluxo de caixa. Mas no contrafluxo das despesas com seu próprio pessoal, seus terceirizados, as benesses em hotéis e resorts que viabilizam os votos federativos, garantia de perpetuação no poder, na publicidade, nas estatísticas, e sabe-se lá mais quantas e não auditadas despesas, os pagamentos estão em dia, porque se não estiverem, adeus cargos de sacrifício, nomenclatura dada às suas dedicadas horas, semanas,meses, anos, e possivelmente década de trabalho desinteressado e altruísta. Com que direito, no fluxo de suas vidas, vertem lágimas de desesperança e dor as consagradas Janeth e Alessandra, quando no contrafluxo da política desportiva de baixo nível, sorriem os dirigentes donos das chaves dos cofres? Lágrimas são inócuas ante a frieza glacial de felpudas raposas, sempre na tocáia para o decisivo bote, ou a oportuna fuga, ambos nos obscuros meandros de seus porões. No profuso fluxo de idéias e sugestões para um soerguimento do nosso infeliz e estuprado basquete, se antepõe o contrafluxo
criminoso de um bando incapaz e incompetente, para os quais lágrimas são sinônimo de fraqueza,
que devem ser desprezadas e convenientemente omitidas. E no fluxo pela luta do poder entre CBB e NLB, nada se apresenta como factível, como evolutivo, como esperançoso em dias melhores, no contrafluxo das verdadeiras acões e reações que deveriam ser tomadas para a emancipação do grande jogo entre nós. Faltam-nos líderes, preferencialmente aqueles que obtiveram na prática do basquetebol ensinamentos básicos para suas vidas, e que hoje, em postos de mando e importância técnica e política, poderiam participar ativamente em pról da atividade desportiva que tanto somou em suas vidas. Fluxos e contrafluxos, são movimentos antagônicos em suas funções, porém indissoluvelmente coligados ao processo evolutivo de qualquer manifestação humana. Que as lágrimas de nossas brilhantes atletas gerem o fluxo emancipativo do basquetebol, se antepondo ao contrafluxo das forças negativas que o dirigem e aviltam.Amém.

SOU UM PROFESSOR

Dias atrás, amparado por uma campanha de mídia poderosa, e cara, comemorou-se o que designaram de “Dia do Profissional de Educação Física”. Ontem, sem qualquer alarde, a não ser uma oportunista menção por parte de um dos candidatos à presidência do país, foi lembrado ser o “Dia do Professor”, no qual orgulhosamente me incluo, em conjunto com todos aqueles que utilizam o magistério como força educacional e fonte de cultura. Minha formação e especialidade? Educação Física, que somada às demais disciplinas forjam cidadãos para o país. Nas escolas de primeiro e segundo graus, e nas universidades, propugnamos por mais e melhores ações na difícil arte de educar gerações. Também junto à associações e entidades públicas damos o nosso contributo sedimentado em muitos anos de estudo, pesquisa e dedicação missionária. E todos somos sindicalizados, unidos pelo ideal conjunto e amplo de princípios éticos que regem o sagrado dever de ensinar, perpetuando o saber e as conquistas sociais. Honrosamente me situo como um Professor, e não um profissional de educação física, atrelado e subjugado por um conselho que se acha no direito de manipular o trabalho, e pasmem, até a formação universitária de seus futuros e incáutos agregados. A nação brasileira, através suas Universidades e Faculdades de Educação e Ed.Física, preparam os futuros mestres, aráutos do sistema educacional, licenciando-os para o magistério, e que de forma alguma podem ser questionadas por um grupo de oportunistas que se apoderaram dos crefs da vida para imporem atitudes lastimáveis e condenáveis pelo país afora. Recentemente, invadiram, isso mesmo, invadiram o sagrado solo da UFRJ na Praia Vermelha, para, acintosamente prenderem e conduzirem sob escolta policial uma professora de Ed.Física que ministrava aula na piscina do campus, numa atitude torpe, covarde e destituida de qualquer amparo legal, já que em próprio autônomo universitário. Não vemos a mesma atitude tomada pelos valentes e corajosos crefianos, para não permitirem o trabalho ilegal, segundo seus princípios pseudamente legais, de um técnico de seleção brasileira de futebol, que em publicação na imprensa tem garantido seu trabalho por ser outro, formado, que assina por ele, garantindo a irregularidade. Cadê a coragem de enfrentar uma CBF, ou mesmo uma CBV cujo técnico, justamente laureado e competente, é formado em Economia? Mas uma professora, igual a muitas que labutam honestamente pela sobrevivência do dia a dia, pode ser humilhada e levada a uma delegacia de polícia, como se criminosa fosse, por se negar a pagar a soma que sustenta as benesses da corajosa horda, que ousa se imiscuir em um campo em que são incapazes? Urge que a sociedade brasileira atente para a perigosa escalada de um conselho que, sob a égide de uma lei conquistada nos bastidores do poder, se insinua, agora também no campo político, para perpetrarem um dos maiores crimes contra o sistema educacional do país, dicotomizando do mesmo um dos seus pilares, a educação fisica, que em conjunto com as artes, a musica e as matérias teóricas e práticas, formam a base da formação integral do cidadão, formação esta garantida pela constituição vigente. Que os milhares de leigos, autorizados e sem formação universitária, pelos cursos bem pagos pelos crefs regionais, e que formam sua massa crítica de associados, sejam por eles monitorados ainda pode-se entender, mas quererem controlar e dirigir a formação dada pelo ensino superior do país, é audácia demais. Para ganharem respeitabilidade, comecem pelos gramados dos grandes estádios, perante milhares de assistentes
no país afora, sob as lentes das cameras de televisão, coibindo o trabalho irregular sob sua ótica celetista, para aí sim, se situarem sob os artigos da lei que sorrateiramente impuseram ao país.
Prender uma honesta e desconhecida professora é papel de covardes e despreparados para exercerem o sagrado papel de professor. Por tudo isso me sinto honrado em comemorar(?) na data de ontem o Dia do Professor, junto aos milhares de colegas e companheiros que trabalham o dia a dia da nação. Não fui, não sou, e nunca serei um profissional de educação física, e sim um
orgulhoso PROFESSOR.

Como Organizar Basquetebol (COB)

Fico imaginando como será possível um homem,que se diz pacificador(vide exemplo incensado pela mídia no caso do judô em 2000), vir em socorro do basquete, com alguns pequenos e insignificantes detalhes ainda por serem resolvidos para a realização dos Jogos Panamericanos do próximo ano, tais como: O imbróglio criado com as obras da Marina da Glória; o significativo atraso nas obras no complexo do autódromo; a dragagem e término das obras no estádio de remo; as obras na Vila Militar; a morosidade nas obras do complexo do Maracanã; a infra- estrutura ao redor do Estádio Olímpico João Havelange; as pistas de cross e montainbyke; a imundice das raias de vela na Baía da Guanabara; a não exeqüibilização das vias e dos transportes de massa na Baixada de Jacarepaguá; a despoluição das lagôas ao lado da Vila Olímpica; a montagem das arenas no Riocentro; o delicado problema da segurança durante os Jogos; o transporte das delegações; a pequena capacidade hoteleira; o enígma das vias amarela e vermelha; a pobreza explícita nas praias e cruzamentos desta abandonada e despoliciada cidade; enfim, um corolário de pequenos problemas que, pasmem, conotam o Sr.Nuzman como o personagem que poderá vir a resolver o impasse no basquetebol, da mesma forma como está
administrando os da organização do Pan, a não ser pelo aspecto puramente político, atividade em que é mestre e doutor de inamovível qualificação. O problema do grande jogo tem de ser resolvido pelos basqueteiros, e somente por eles, tanto no campo político, como, e principalmente no campo técnico, e por isso lanço a sugestão de um movimento, o de Como Organizar o Basquetebol, o nosso COB, sem a intromissão política de quem quer que seja que não esteja comprometido com a modalidade, tecnicamente falando. O que ocorre com o basquete é a perniciosa, e já longa presença, de um grupo incompetente na direção da CBB, situação que só poderá ser resolvida com a substituição do mesmo, através um bem articulado projeto junto às federações, visando as próximas eleições naquela entidade diretiva. Fora esta solução o que resta é golpe político, ou virada de mesa, ou intromissão indevida de quem tem outras e importantes tarefas a executar, a não ser que queira, mais uma vez, se projetar como o salvador e pacificador do esporte nacional, conquistas importantes para futuras escaladas no âmbito internacional. Como organizar o nosso basquetebol? Eis um belo ponto de partida para profícuas discussões, bons e exeqüíveis projetos, bom-senso e determinação em encontrar o melhor caminho a ser trilhado, e tudo isso envolvendo basqueteiros, e não importando políticos, com suas políticas disfarçadas em projetos não muito esportivos, que se aceitas e desenvolvidas traçarão um caminho sem volta para o futuro da modalidade. Basquete é com os basqueteiros, e ninguém mais. Logo, tratem de se organizar, discutir e encontrar soluções viáveis, pois ao contrário estarão todos de pázinhas nas mãos lançando areia na cova que ajudaram a cavar.

MICHAEL NO OPHRA WINFREY SHOW

Foi uma entrevista gravada em 25 de outubro de 2005, reprisada hoje no canal People+Arts.
Junto ao Jordan o grande e polêmico jogador Charles Barkley, que produziram um excelente programa, não só sobre basquetebol, mas, e principalmente, sobre o ambiente em que viveram intensamente por muitos e gloriosos anos. Num momento do programa, a entrevistadora Ophra
pergunta sobre os filhos do Jordan, ambos jogadores de basquete, e que influências e obstáculos enfrentam pelo sobrenome famoso e mítico. Jordan, objetivo e pragmático, confessa estarem os mesmos sendo avaliados pelo potencial que possam desenvolver nos próximos 4-5 anos, critério já muito empregado por diversos patrocinadores e investidores junto a jogadores cada vez mais jovens, o que, em sua opinião é um grave erro, pois jogadores devem ser avaliados pelo trabalho desenvolvido através os anos, com sacrificios e talento, e apresentado no devido momento, no que classifica como a “ética do trabalho”. No momento ajuda seus filhos ensinando aos mesmos os fundamentos do jogo, incentivando-os ao trabalho árduo e ao prazer de jogar. Deseja que os mesmos sejam julgados pelo trabalho, e não pelo potencial que ostentam. Trata-se de uma posição de extraordinária importância, principalmente no desenvolvimento das categorias de base, na formação de futuros bons jogadores. Infelizmente, vai se tornando corriqueiro entre nós
a promoção de jovens atletas em sites e blogs personalizados, superestimando seus potenciais valores técnicos e atléticos, numa idade em que o importante é absorção maciça dos básicos fundamentos do jogo, e como afirmou o Jordan, a verdadeira alegria e prazer de jogar. E mais,
definiu o grande jogador, correm o perigo de se deixarem envolver pela notoriedade precoce, em vez de se dedicarem ao trabalho, cujo resultado é que deve se constituir em parâmetro de julgamento e avaliação. Pelo trabalho chegou ao estrelato, e é pelo trabalho que quer ser lembrado, como exemplo a ser seguido. Mirins, Infantís, Infanto-Juvenís e Juvenís devem ser incentivados ao trabalho árduo na conquista e aprendizado dos fundamentos, no desenvolvimento sadio dos principios competitivos, no bom aproveitamento escolar, no preenchimento culturalmente positivo de seus tempos vagos, no aprimoramento de seus potenciais valores, para, e de acôrdo com seus esforços e intenso trabalho, serem avaliados e encaminhados às divisões superiores.Nem sempre o investimento em um potencial valor atinge o objetivo esperado. Mas o resultado de um trabalho a longo prazo poderá atingí-lo.E é no longo prazo que as grandes nações investem seus recursos e bons projetos de formação. Investir em potencial não se coaduna com trabalho, pois permite que o jovem afrouxe sua disposição em enfrentá-lo, como deveria fazê-lo.São palavras do grande Michael Jordan. Alguma dúvida?

REPLAY( MESMO SEM PEDIDOS…)

Em 12 de setembro de 2004 publiquei um artigo, que como a maioria, não foi alvo de um comentário sequer, mas, que teimosamente republico, como um alerta a certos maneirismos que insistem em impor ao nosso combalido basquetebol, principalmente em seu futuro técnico-tático.

Triângulos, Passing game, Pick and Roll e outras bobagens afins…

Peguemos um pedaço de giz e desenhemos na lousa as figuras geométricas de um círculo, de um quadrado, de um pentágono, de um triângulo e uma reta. Em cada uma das figuras tentemos distribuir os cinco jogadores de uma equipe. Em duas delas é possível distribuir igualmente os cinco jogadores, o circulo e o pentágono. No quadrado somente quatro jogadores, na reta, dois, e no triângulo, três. Tanto ofensiva quanto defensivamente, a distribuição no círculo e no pentágono mantém os jogadores distantes entre si, propiciando grandes espaços ao domínio dos jogadores oponentes. No quadrado também se formam esses distanciamentos com menos um jogador. Na reta só é possível a participação de dois jogadores, tornando a ação dos oponentes majoritária. Somente na forma do triângulo podemos exercer superioridade numérica, tanto pela proximidade física quanto pela abrangência visual. Por essa singularidade as formações triangulares sempre foram objeto de estudo pelos grandes técnicos, a partir de Clair Bee, no longínquo ano de 1932, quando da publicação de sua coleção clássica de livros voltados para o estudo do basquetebol. Recentemente alguns técnicos norte-americanos redescobriram a roda, tentando convencer o mundo da criação do sistema mágico dos triângulos. Aqui no Brasil, nos anos sessenta quando as marcações por zona reinavam absolutas, sugeri ao técnico Paulo Cesar do Grajaú T.C., que decidia com o Botafogo o campeonato carioca juvenil, que utilizasse uma movimentação fundamentada em triângulos móveis dentro da defesa por zona, o que resultou em total domínio ofensivo.Um pouco mais adiante utilizei a mesma movimentação no Campeonato Brasileiro Feminino em Recife, quando vencemos a grande equipe paulista, magnificamente treinada pelo mítico Campineiro. A movimentação dos triângulos móveis é utilizada até os dias atuais por alguns técnicos que não se deixaram enfeitiçar pelo modelo NBA de passes quilométricos em contorno do perímetro da cesta. Há de se convir que para um limite de 24 segundos, o excesso de passes torna os arremessos precipitados e, por conseguinte, desequilibrados. A figura da reta somente propicia uma ação ofensiva, que é o “Dá e Segue” (Pick and Roll?), que muitos narradores teimam em rotular como uma ação triangular, pelo fato de um dos jogadores se deslocar de um ponto para outro para conseguir a posse da bola.Toda ação ofensiva visando a supremacia numérica em uma determinada área da quadra é fundamentalmente triangular, fator descrito desde os anos trinta pelos autores clássicos do jogo como Nat Holman, Clair Bee, John Bunn e Forrest Allen, nenhum deles mencionados pelos descobridores do Sistema dos Triângulos. Oportunistas também existem pela terra de Tio Sam, ainda mais pelo peso dos dólares do profissionalismo desenfreado.

Gostaria de tentar explicar o que vem a ser e o porquê da existência do Sistema de Passing Game, tão apaixonadamente adotado pela maioria dos técnicos brasileiros, e de tão funesta influência sobre o nosso modo de jogar. Como é do conhecimento de todos, até os anos sessenta vigorava no basquetebol universitário americano o tempo ilimitado de posse de bola após a ultrapassagem do meio da quadra. Essa característica dava aos técnicos o tempo que quisessem para fazer com que suas equipes utilizassem não uma, mas quantas movimentações fossem necessárias para suplantar a defesa. Com o advento dos 45 segundos tornou-se necessária a adoção de uma movimentação que mantivesse os jogadores presos ao comando tático exercido pelos técnicos de fora das quadras. A troca seqüencial de passes propiciava esse comando, e mesmo quando da diminuição de 45 para 35 segundos de posse de bola ele foi mantido.O jogo baseado no drible determinava ações que fugiam do rigor tático e, por conseguinte, do controle das ações pelos técnicos. O Passing Game preenchia essa necessidade de controle das ações ofensivas por parte dos técnicos, dando aos mesmos todo e qualquer poder decisório.Transformaram as ações ofensivas em coreografias, onde quase todos os movimentos eram determinados pela vontade deles, mesmo não participando das ações diretas. Nascia também a influência das pranchetas, até hoje presente na maioria esmagadora dos jogos. O jogo com a limitação de posse de bola nos 24 segundos só é utilizado nos Estados Unidos entre os profissionais, mas a utilização do Passing Game ainda é mantida, graças a um estratagema inteligente, a obrigatoriedade das defesas individuais ou por zona não se beneficiarem das flutuações, fator que inviabiliza o confronto de um contra um. No caso do basquetebol jogado pelas regras internacionais, com a permissão de flutuações laterais ou longitudinais à cesta, o Passing Game como o empregado pelos profissionais americanos transformou-se em um festival de erros e precipitações nos arremessos ocasionados pela premência de tempo, pois 24 segundos sob as ações permitidas às defesas pelas regras internacionais limitam criticamente as liberdades que as mesmas detêm sob as regras da NBA. Esses fatores só se tornam visíveis quando os profissionais jogam sob as regras internacionais, e mesmo seus fracassos recentes não fazem com que nossos técnicos reconheçam o quanto estão enganados ao adotarem tal sistema. O poder da propaganda, com uma mídia bem direcionada e mundialmente divulgada obliterou em muito a capacidade de pensar e de analisar de técnicos, críticos e jornalistas envolvidos com os fundamentos do jogo, quando para a maioria as “enterradas”, os “double-doubles” e os “triples-triples” passaram a ser a essência do jogo. Alguns países já tentam superar essa globalização do “basquete internacional” e o resultado das últimas olimpíadas atesta bem isto. Só espero que os técnicos brasileiros acordem de seus berços esplêndidos e voltem a estudar e a soerguer nossa verdadeira maneira de jogar, pois não foi jogando como jogamos hoje que conquistamos dois campeonatos mundiais e três medalhas olímpicas entre os homens, e um campeonato do mundo e duas medalhas olímpicas entre as mulheres. Muito trabalho temos pela frente, e podemos começar pelas atitudes mais básicas em qualquer manifestação humana, humildade e muito estudo.

OS ÓRFÃOS DA ENTERRADA.

É disso que o povo gosta! Enterradas que levantam a galera! Enterradas que intimidam os adversários! É o espetáculo máximo do jogo! Viva a enterrada! São narradores, comentarístas e até alguns técnicos, os cultores desse absurdo importado de um basquete totalmente voltado ao espetáculo, que quanto mais circense melhor. No entanto, de muito já não vencem nada, mas é claro, são referenciais pelos salários astronômicos que ganham, e pela arrogância com que olham o restante do mundo, a serem enterrados de preferência. No entanto, ao vermos pela TV os jogos femininos universitários e profissionais americanos, não testemunhamos essa preocupação quase que ritual do masculino, a volúpia das enterradas, que despertam um misto de prazer e poder no seio da audiência. E continuam perdendo os torneios internacionais, principalmente quando a eles não são facilitadas,ou mesmo permitidas as enterradas. E de repente, surge uma jovem universitária que, pasmem os deslumbrados de plantão, ENTERRA! E ela aqui aporta como uma das estrêlas da seleção de seu país, e desde sempre estabelece-se o suspense hitchcoquiano:
“Quando será que nos deslumbraremos com tal façanha?” E jogo após jogo, a Candice Parker se esmera nos arremessos de 2 e 3 pontos, nos potentes e técnicos rebotes, na primorosa marcação,
no jogo tático, e na exibição de sua técnica refinada. Mas, e a enterrada? Por que não a tenta,
já que autorizada pela técnica Donovan, ela mesma, que do alto de seus 2 metros jamais teve potência para enterrar? Que tristeza pessoal, vai ficar devendo… E ela se foi com sua medalha de bronze, e sem enterrar, deixando para trás um hiato indesculpável naqueles nichos que tanto empobrecem o basquete brasileiro, o dos órfãos das enterradas. No entanto, levaram os premios
de maior pontuadora de 3 pontos, a Diana Turasi, e de maior passadora, a Sue Bird, numa prova
inconteste de que a qualidade de um arremesso passa inexoravelmente por um belo e decisivo passe, e uma apuradíssima técnica de lançamento, que são valores não muito apreciados pelos
admiradores, e pelos praticantes do grande jogo, adeptos das enterradas. E a excelente Parker,
em nenhum momento se deixou levar pela doentia expectativa de sua redentora enterrada,pois
aqui veio jogar basquetebol, e não se exibir para uma platéia que ignora os verdadeiros preceitos
do jogo, e que, infelizmente, são os responsáveis na divulgação e formação opinativa dos jovens,
voltando-os para o culto às enterradas, em vez das muito e mais complexas técnicas dos arremessos. Nesse mundial não foram vistas enterradas, mas uma quantidade incrivel de bem lançados arremessos de todas as distâncias possíveis e imagináveis, provando definitivamente
que enterradas é terreno de quem não sabe e não domina a arte dos arremessos. O dia que nossos jogadores substituirem o tempo que perdem nos treinamentos com as enterradas pelos lançamentos de 2 e 3 pontos, alcançaremos melhores performances, seguro caminho para as tão
sonhadas vitórias. As mulheres, por mais uma vez, e não só as americanas, já descobriram a muito tempo que enterradas não ganham jogos, e sim muito, muito treinamento daqueles quase
simplórios, para os homens, arremessos de 2 e 3 pontos. Benditas e sábias mulheres.

A SAGA DE UMA TOALHA E OUTRAS…

Que não era grande, de rosto e outrora branca, amarfalhada pelas centenas de rotações a que foi submetida nos rompantes patrióticos de seu mentor, e que recolheu em suas malhas as lágrimas da Iziane, o suor do rosto da Janeth, e, a glória suprema, foi emprestada à grande Laura Jackson
para mais uma rodada de suor e maquilagem em verde e amarelo, enxugadas de seu rosto. Ao se retirar da entrevista Laura esquece de devolver o pano sagrado, desencadeando no técnico- comentarista-torcedor e tiéte, uma inenarrável corrida ante as cameras de tv na busca de seu precioso troféu, para o espanto de quantos ali estavam. Volta triunfante com sua toalha, que será enquadrada, sem lavar, é claro, para ser colocada na parede de sua sala, em companhia da tiara
esportiva usada pela Janeth, e pedida no ar, sendo atendido pela grande atleta. Pena que não coloque ao lado do quadro uma foto de seu beijo reverente na mão da Alessandra, também ao vivo e à cores. Um pouco antes, durante os comentários revela estar maravilhado com a descoberta do basquete feminino, e que já pensava em dirigir uma equipe da modalidade, o que suscitou uma intervenção da Maria Helena: “Você está chegando agora, está deslumbrado, e precisa saber que nosso trabalho no feminino vem de muitos anos, 50 anos, e que tem filosofia própria, que é passada de geração a geração, entre jogadoras e técnicos”. Estranha afirmativa do técnico-comentarista de estar descobrindo o basquete feminino, logo ele que em 1997 estava na Hebraica do RJ assistindo jogar na decisão do campeonato feminino infanto-juvenil, sua filha, jogadora do CR Flamengo, contra a equipe do B.da Tijuca. Ou será que a grandiosidade de uma competição mundial, e toda sua exposição de midia televisiva, patrocinada em canais abertos e fechados pela holding onde seu irmão é, merecidamente, um dos expoentes do jornalismo brasileiro, o fez redescobrir o que já conhecia, mas nunca promoveu e se interessou anteriormente? E para culminar seus fundamentados pontos de vista, afirma que os técnicos brasileiros estão completamente desatualizados, sendo contestado pelo técnico da seleção brasileira: “Não, não estão. O que falta é uma “liga”, união, trabalho em conjunto de todos os técnicos”, bandeira levantada pelos dois, propondo, inclusive, um seminário de técnicos para discutirem os problemas que afligem o nosso basquete, bandeira essa que nunca, em tempo algum, pensaram em hastear. Ao final do programa, numa bela e sensível iniciativa, o estúdio foi
preenchido por um sem número de verdadeiros batalhadores do basquete feminino, que foram apresentados pela Maria Helena, desde a Noca ao Rosa Branca, passando par Elzinha e Heleninha, que sempre preparou novas jogadoras, e que teve da Maria Helena um contundente
desabafo: “Trabalhamos há muitos anos, e ela nunca quis o meu lugar”! Algumas carapuças foram imperceptivelmente encabeçadas, e captadas por quem conhece profundamente o meio, e que através dos inúmeros programas durante todo o mundial, sutil ou declaradamente se tornaram presentes ante aos “prestigiados” técnicos, e seus respectivos cargos, nas seleções brasileiras. Foram travados discursos dialéticos, conceituais, filosóficos, políticos, sociais, psicológicos, e eventualmente técnico-táticos. Porém, todos, tendo como fundo, a premente necessidade de parecerem os únicos capazes de salvarem o basquete nacional. Hoje mesmo, o técnico da seleção feminina se queixava dos técnicos-comentaristas, aos quais definiu como antiéticos em suas análises, com o qual concordo, excetuando-se os ligados à modalidade, como a Maria Helena, o Vendramini e a Hortência, que em nenhum momento o responsabilizou pelas derrotas, bem ao contrário dos técnicos ligados ao basquete masculino, numa prova cabal da inadequação de suas escolhas para comentar o que pouco,ou quase nada conhecem de uma modalidade na contra-mão do fracassado basquete masculino. E na quadra, onde as verdades verdadeiras acontecem e fazem história, venceram aquelas equipes que melhor se apresentaram, as mais organizadas, as lastreadas por políticas desportivas eficientes e sempre presentes em seus países ao contrário do nosso, que mesmo assim, como um pequeno grande milagre, realizado por um punhado de idealistas, conseguem alçar uma equipe a uma quarta colocação no cenário mundial.Formidável basquete feminino brasileiro. Parabéns e vida longa, ao largo de oportunos, injustos e idesejáveis descobridores de última hora, com seus discursos, conceitos modernos e inefáveis toalhas.

LIDER E COMANDANTE

Se auto-assumindo como tal, o técnico-comentarista, ou comentarista-técnico, divulga que estava organizando com os técnicos participantes do programa, e outros que compareceram ao mundial, um encontro para discutirem e divulgarem novos paradígmas para o basquete nacional, e que já havia escolhido o tema de sua palestra- Sistemas e situações de jogo-Questionado pelo
jornalista mediador do programa Basquetemania qual a diferença entre sistema e situações de jogo, para o esclarecimento do público telespectador, esclareceu o lider e comandante que, sistema era uma ação de 5 x 5, e situações de jogo eram ações de 2 x 3, 3 x 4 ou 4 x 5. Acredito que os telespectadores devem ter ficado confusos, pois pelo Dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa, Sistema é o conjunto de partes coordenadas entre si; conjunto de partes similares; (…) método; processo;(…) , e que dessa forma poderiamos determiná-lo como um Método de jogo, e não um 5 x 5! Mais adiante, depois de conseguir uma foto ao lado da Laura Jackson, entoou uma óde à jogadora Micaela, enaltecendo suas qualidades de futura craque, e sua maravilhosa humildade, e tudo ao vivo, com a presença da própria Micaela, fazendo com que a técnica Maria Helena interviesse, afirmando que a mesma somente atingiria o status de grande atleta no dia que trocasse o excesso de humildade por um posicionamento mais vaidoso, necessário para sua afirmação estelar. Finalmente, como grande coroamento estende suas mãos ao congraçamento de todos os técnicos, para o futuro do basquetebol nacional, como determinam os principios básicos de um lider e comandante. Discursos à parte, pouco, ou quase nada foi discutido sobre a derrota da equipe brasileira, pois diante da grande performance da comissão técnica na vitoria de ontem contra a equipe tcheca, os técnicos presentes se sentiram tolhidos a uma critica mais profunda e contundente. Sobrou para os comentaristas fixos do programa, que pouco puderam acrescentar, a não ser a frieza das análises estatísticas. No entanto, existiu um ponto fulcral justificando a derrota, o gravissimo erro técnico cometido no início do 4º quarto da partida, a quebra de uma estratégia bem montada e melhor executada nos três quartos anteriores, que deu à equipe uma vantagem de 7 pontos, logo aumentada para 9 no limiar do quarto final. Mas a estratégia de concentrar o jogo ofensivo no miolo do garrafão adversário, alimentado pelas duas armadoras, e do enérgico posicionamento nos rebotes defensivos, foi quebrada com a entrada da jogadora Cintia no lugar da Ega, pois a mesma praticamente atuou ofensivamente, no limite do perimetro externo, pelo tempo em que ficou na quadra, deixando a luta pelos rebotes ofensivos nas mãos da Erica, assim como em duas trocas defensivas deixou a Adriana no combate da temível e mais alta Snell, grande pontuadora do jogo. A equipe, deveria ter sido mantida dentro do estratagema de maciça participação dentro dos garrafões, e anteposição aos tiros de três pontos, e por isso, a entrada da Alessandra em dupla com a Erica, daria ao quarto final todo o poderio reboteiro possivel, retardando ao máximo uma reação das australianas. Quando somente nos 2:30min finais a Alessandra entrou no jogo, a diferença de 11 pontos já era intransponível. Some-se a esta falha na estratégia, o fato do não pedido de tempo quando a equipe perdeu a vantagem dos 7 pontos levando 11 sucessivamente. Toda montagem estratégica deve se basear em ações que preencham todo o tempo de duração de um jogo, bastando uma omissão, por menor que seja,para derrubar inexoravelmente o sucesso da mesma. Mas são águas passadas, pois no sábado a equipe terá de disputar a medalha de prata com as americanas, sim senhor, AS AMERICANAS, que para desilusão da maioria dos lideres e comandantes, fãns de carteirinha do basquete modelo NBA/WNBA, se viram pendurados na brocha com a descoberta inimaginável pela grande maioria deles, a de que existe basquetebol fora das fronteiras do Uncle Sam.E que basquetebol senhores, que basquetebol! Russas e australianas demonstraram o que vem a ser coletivismo e dominio dos fundamentos do jogo, estratégia e táticas contundentes, que são produtos de sistemas de treinamento e fortissimo
trabalho de base, com o emprego de métodos técnicos e pedagógicos que valeriam à pena aprendermos e apreendermos. Cairam por terra os esteriótipos massivos das pivôs, pelas presenças longilíneas, ágeis e flexiveis de russas, australianas, lituanas, thecas, assim como o banimento pela maioria das equipes, a brasileira inclusive, de jogadoras abaixo dos 1,70m, vide
as formidáveis armadoras australianas, baixas e potentes. Vimos técnicos sessentões darem aulas de conhecimento técnico e sábia experiência, na contra-mão de certos setores brasileiros
que defendem a nova geração para nossas equipes nacionais, esquecendo que liderança e conhecimento técnico-tático somente se aprimora ao longo dos anos, e não através de lobbies,
politicagem e oportunismo, sem contar o poder dos Q.I’s. de midia e de outros interesses que não os desportivos. Neste sábado apreciaremos as finais, esperando que sejam compreendidas como
lições de padrões duramente alcançados, pelo trabalho, pela pesquisa e pela união daqueles que são os responsáveis desde sempre, pelo progresso de qualquer modalidade desportiva, os técnicos, cujos líderes são escolhidos por seus pares, democraticamente, e sempre pelo critério do mérito, e jamais permitindo, ou se deixando levar por oportunistas, auto-proclamados lideres e comandantes. Que assim seja, e nos permitam os deuses, amém.

A VITORIA DO MÉRITO.

Foi sem dúvida nenhuma um grande jogo. Nossa seleção de guerreiras atuou com magistral precisão, principalmente naquele setor em que mais vinha falhando, o defensivo. Com um forte rebote defensivo, marcação antecipada, e pressão nas arremessadoras tchecas de três pontos, tiveram todo um respaldo para se lançarem em contra-ataques efetivos, assim como, dada à desestabilização emocional das adversárias, puderam evoluir com segurança no ataque armado, onde, repetindo o setor defensivo, souberam explorar ao máximo o jogo pesado no interior do garrafão. As pivôs foram formidáveis, como também as armadoras, pois jogamos com duas por todo o tempo, onde a Helen em dupla com a Janeth( Repetindo suas atuações de armadora da equipe do Houston), e depois Adriana com a mesma Janeth, deram uma aula de como municiar as pivôs no miolo do garrafão, encontrando-as sempre em movimento com passes antecipativos e por cobertura, além de pontuarem sempre que preciso. As duas alas, Iziane e Micaela, se revezaram com alto grau de eficiência e devastadora velocidade. Todas foram brilhantes, assim como seu técnico, que foi extremamente feliz na armação técnico-tática, e no transcorrer de toda a partida. Por mérito, a seleção se coloca como uma das sérias pretendentes ao título, bastando que agregue ao precioso arsenal hoje apresentado, mais um componente, que de certa forma contradiz sua vencedora performance. A equipe australiana tem jogado exatamente dessa forma por todo o campeonato, e sem dúvida tentará dar continuidade à fórmula vencedora. Ora, se as duas equipes tenderão a se apresentar com tal similitude técnico -tática, que estratégia poderia ser montada para que nossa seleção, não só surpreendesse a fortísssima equipe australiana,como pudesse manter uma performance estável sem resposta contundente? Analizando bem essas variáveis, destaca-se uma, que por ser comum às duas equipes, é a que poderia definir o resultado da partida, a velocidade. Aquela que pudesse quebrar o rítmo imposto por suas armadoras nas jogadas de velocidade, principalmente nas passagens da defesa para o ataque, obrigando-as a um rítmo menos frenético, levaria substancial vantagem ao fim do jogo. Uma marcação implacável, porém exaustiva nas armadoras, o que exigiria um rodízio defensivo frequente, além de diminuir substancialmente o ritmo, prejudicaria passes precisos e calculados para as duas principais jogadoras e pontuadoras australianas, a Jackson e a Taylor, responsáveis a cada partida de praticamente 50% dos pontos da equipe. Essa é a variável que poderia desestabilizar uma ou outra equipe, vencendo aquela que a controlasse primeiro. Mas isto é um mero exercício de quem sempre procurou estudar estratégias, sistemas e táticas, mas que na situação atual somente deve ser considerado como uma sugestão a mais, e somente isto. Torço
para que esta valorosa equipe vença, e vá para a final pelos méritos que ostenta, e somente lastimo que suas emocionantes partidas sejam analisadas por técnicos que nada tem a ver com o basquete feminino, tirando dos verdadeiros batalhadores da modalidade a oportunidade de virem a público mostrarem porque fazem parte da elite mundial. Maria Helena, Vendramini, Lais, Heleninha, Bassul, Hortência, Paula, Norminha, e tantos e tantos outros que fazem do basquete feminino ser o que ostenta hoje, é que lá deveriam estar, para que o país os conhecesse e homenageasse, ao contrário do masculino, cujos técnicos tem a petulância de retirar do podium televisivo quem de direito, e o pior, ousando dar aulas de sapiência num desporto onde, em sua categoria só acumulam fracassos e baixarias. Que vão rodar toalhinhas nas arquibancadas, que são os seus lugares, pagando ingressos de preferência.