PESQUISA-UMA AVENTURA ALÉM-MAR III

O Dr.Kelo da Silva era uma figura enigmática,reservada e profundamente observadora.Foi pedido a ele pelo Departamento Ciêntífico do ISEF que me orientasse nos aspectos matemáticos, nas equações que definiriam meu estudo,apesar do pouco ou quase nenhuma afinidade e conhecimento do basquetebol.Era um matemático residente do célebre MIT nos EEUU, e pelos anos que lá esteve já havia perdido muito da compreensão da lingua portuguêsa prática e atual.Durante 4 meses,em reuniões quinzenais, iamos para um ginásio ou sala de aula, onde eu procurava em ações práticas ou dialéticas demonstrar o que pretendia com o estudo,as variáveis intervenientes,os estudos correlatos, a bibliografia existente e minhas concepções totalmente inéditas para solucionar as hipóteses sugeridas pelo estudo.Seu mutismo e profunda ação observadora me desarmava,me situava como um ET tentando justificar o injustificável,pelo menos para mim.Na última reunião,depois de 3 horas de um monólogo exasperante, eis que o Dr.Kelo se levanta,pega a bola de basquete e em 20 minutos me deu uma das aulas mais espetaculares que já havia assistido, em particular,minuciosa,técnica, e com as respostas muito além das limitações que eu havia impôsto pelas regras da boa pesquisa.Tive naquele momento a certeza de que havia ingressado em um círculo ultra restrito daqueles que dialogam pesquisa com o mais absoluto contrôle do que precisam e devem fazer.Três meses depois já tinha em mãos as equações e os algorítmos necessários ao prosseguimento do estudo.Era algo que 3 anos depois encontrei em uma publicação de computação gráfica com a denominação de X-Ray Method.O Dr.Kelo antecipou em três anos o modêlo que me permitiu
demonstrar a exequibilidade do estudo, numa concepção que se aproximava dos estudos que viriam embasar a computação tri-dimensional.Coincidência ou não os princípios se equivaliam, o que era sensacional.A seguir, com os equipamentos montados e testados,com o pessoal treinado e com as equipes das seleções nacionais masculina e feminina à disposição do estudo, e mais, com as cameras em ordem e os filmes comprados, pudemos iniciar a coleta dos dados em laboratório.A essa altura um outro problema se manifestava, a não mais existência em Portugal de laboratórios que tratassem filmes cinematográficos em 16mm , pois a era do video tape já havia se instalado. Com os filmes rodados fui encontrar na RTP (Radio e Televisão Portuguêsa)uma ajuda inestimável, pois a mesma reativou seu laboratório de revelação de filmes a côres somente para atender minhas necessidades,e o fez com maestria inigualável,com uma técnica sem par.Com os dados compilados e gravados em filmes iniciei aquela que foi a mais abrangente e dolorosa etapa do trabalho,a digitalização e tratamento do material coletado.Tive de desenhar e construir novos equipamentos que facilitassem a digitalização dentro de parâmetros rigidamente atrelados às equações propostas e desenvolvidas pelo Dr.Kelo.Estas,por intermédio do Engenheiro de Computação do ISEF,Eng.Nuno Pedro, foram transformadas em linguagem de computador em dois pequenos porém poderosos programas em linguagem, acreditem,linguagem Basic!Foram digitalizados 72000 pontos nas imagens cinematográficas, num trabalho exaustivo e extremamente demorado, dos quais somente 2500 foram efetivamente utilizados no estudo.Os demais já deixavam material aferido e catalogado para outros 5 ou 6 estudos
que porventura pudessem ser realizados no futuro, e que até hoje não foram aproveitados.Quis dar continuidade aos estudos no Brasil, mas nem UFRJ,UERJ e CBB se interessaram, mas que até hoje são utilizados na Europa e nos EEUU.Tento montar aos poucos em minha residência um local apropriado para desenvolver esta e outras pesquisas, agora com a tecnologia dos computadores de alta capacidade e das cameras digitais de grande poder e precisão.Mas custam caro e somente aos poucos tenho podido fazer frente aos vultosos gastos inerentes a um laboratório de pesquisa desportiva.A essa altura do trabalho eis que me vejo participante passivo de uma luta entre duas facções conflitantes dentro do ISEF.Uma, liderada pelo meu orientador, contrária a mudança do instituto para uma estrutura voltada a area de saúde, com um pragmatismo antagônico ao humanismo histórico do mesmo,e a outra liderada pelo Diretor que defendia a criação da FMH(Faculdade de Motricidade Humana)que é a denominação que persiste até hoje.Fui usado pela Direção como arma repressiva aos opositores da mudança,fator que atrasou a defesa da tese em 3 anos!Paralelamente à luta interna dei seguimento ao trabalho,com o tratamento em computador dos dados.(continua)

PESQUISA-UMA AVENTURA ALÉM-MAR II

Porque 14 travessias atlânticas? Como não tinha dinheiro suficiente para a compra de passagens com validade indeterminada,comprava as de ponto a ponto,que só permitiam a permanência no exterior por até 90 dias,e por serem bem mais baratas,e
poderem ser pagas em prestações,que ao término das mesmas me permitiam comprar outras sucessivamente.A estadia foi conseguida por amigos em Lisbôa aos quais serei eterno devedor, pois só me sobravam aproximadadmente 300 dólares por mês de meus vencimentos para a alimentação e o transporte. A maior fatia do salário ficava no Brasil a fim de fazer face às despesas com três filhos menores e a manutenção da moradia. Às vezes conseguia através pedidos insistentes à IBERIA,que os 90 dias fossem extendidos por mais 30 ou 40, no afã de ver o trabalho fluir com menos tropeços e atrasos,no que consegui por 3 vezes.Como forma de retribuição dei cursos no ISEF e palestras para técnicos,assim como colaborei intensamente junto ao Gabinete de Basquetebol daquela bela instituição. Durante a construção e montagem do equipamento no Laboratório de Biomêcanica procurava levar professores de outros departamentos para conhecerem o trabalho, conclamando a darem sugestões técnicas na linguagem própria de suas especialidades, fator que veio a somar bastante ao término dos trabalhos.Percorri longamente o comércio de Lisbôa atrás de materiais necessários na montagem dos equipamentos, e que fossem baratos, porém de ótima qualidade.Nas andanças,além de conhecer a cidade em minúcias consegui ter acesso a materiais e instrumentos de precisão a muito encalhados no comércio, e por isso mesmo com ótimos prêços.Em uma das vindas ao Brasil consegui por empréstimo na EEFD da UFRJ uma camera de 16mm que eu mesmo havia adquirido para a Escola 20 anos antes, e cujo aspecto ótico e mecânico era o mais precário possível.Em Lisboa consegui que um idoso relojoeiro desse um ajuste na Paillard Bolex, e para minha surprêsa só pediu como pagamento que fosse permitido a ele ficar com a camera por uns 15 dias, pois ficara maravilhado com as engrenagens de alta precisão da mesma, e por isso queria estudá-las.No entanto, um dos prismas mais importantes do sistema ótico havia perdido sua espelhação tornando-o impreciso.Consegui, depois de longa conversa que um mestre vidraceiro de Linda-a-Velha, um bairro de Lisboa, tornasse a espelhá-lo.Com aproximadamente 1,5cm de diâmetro podemos avaliar o tempo e o trabalho dispendidos na recuperação do prisma.O trabalho foi feito, e como paga pediu-me que mostrasse a ele o resultado do trabalho,o que foi feito quando o convidei para a defêsa de tese. Estes artífices e mais o marceneiro Manoel foram a base na construção do equipamento, com uma precisão tão alta que mereceu os maiores elogios do Professor Chefe do Departamento de Pesquisas Desportivas da Universidade de Leipzig em visita ao ISEF. Paralelamente à construção e validação dos equipamentos preparava os assistentes que me ajudariam na coleta dos dados, assim como iniciava os contatos junto a algum órgão público ou particular que ainda lidassem com filmes de 16mm em caráter experimental.A RTP (Radio e Televisão Portuguesa)foi a salvação do trabalho, como foi básica a participação acadêmica de um dos maiores matemáticos portuguêses, o Dr.Kelo da Silva,para que a pesquisa fosse levada adiante.Esses dois fatôres serão contados no próximo capítulo.(continua)

PESQUISA-UMA AVENTURA ALÉM-MAR I.

No saguão do auditório do ISEF(Instituto Superior de Ed.Física)em Lisbôa,hoje FMH(Faculdade de Motricidade Humana)eu esperava o resultado da Banca Examinadora da minha defêsa de tese de Doutorado em Ciências do Desporto,quando um jóvem de barbas se aproximou e perguntou se o estava reconhecendo. Honestamente disse que não,foi quando disse ser o Paulinho do curso de mestrado da USP, uma turma após a minha, do qual eu havia sido desligado 14 anos antes por não concordar na mudança do teor de minha tese, que por ser experimental não encontrou boa acolhida por parte do meu orientador.O Paulo disse que estava fazendo o doutorado no ISEF da cidade do Pôrto, e que alí estava para se cientificar de que, apesar da descrença de todo o pessoal que cursou o mestrado da USP 14 anos antes, que eu conseguiria defender a mesma tese negada pela EEF da USP. E foi o que aconteceu,pois tive homologada com louvor a tese de doutorado “Estudo sobre um efetivo controle da direção do lançamento com uma das mãos no basquetebol” em julho de 1992,e que era no conteúdo a mesma que havia sido negada a defêsa,a nível de mestrado, pela USP.Foi um trabalho brutal e que me custou muito tempo, muito dinheiro e escasso reconhecimento em meu país. Mas vale a pena recordar um pouco daquela odisséia amalucada,porém solidamente ancorada numa certeza de muitos e muitos anos de estudo, a de que, apesar de todas as nossas limitações,de dinheiro e equipamentos,poderiamos desenvolver no Brasil setores que estudassem o gesto desportivo tão bem, e com aspectos de ineditismo, quanto os maiores e mais prestigiosos centros de estudos do desporto no mundo. Gostaria de contar um pouco dessa aventura, para demonstrar aos jóvens professores que se formam do quanto podemos realizar com uma soma de coragem, estudo e competência. O doutoramento na Europa difere de um nos EEUU por não exigir créditos a cursar, exige sim, um bem fundamentado projeto de pesquisa, que ao ser aceito confere ao pesquisador as cotas necessárias à consecução do mesmo, pelo tempo que for preciso para o seu término.Enviei meu projeto e aguardei a sua aceitação inicial por 4 meses, quando fui convidado a defendê-lo em Portugal.Como não tinha bôlsa oficial do govêrno brasileiro, pela pendente situação com o mestrado da USP,consegui a dispensa da Faculdade de Educação da UFRJ onde lecionava,somente com os vencimentos legais.Mesmo assim embarquei e aguardei por mais 3 meses que o Conselho Ciêntifico da Universidade Técnica de Lisbôa me convidasse para justificar a validade e expressão do projeto.Fui aprovado e tive um orientador designado,o Prof.Dr.Francisco Sobral do ISEF.Iniciei então a construção do equipamento que projetei e desenhei.Com a valiosa ajuda de um marceneiro genial,Sr.Manoel,consegui montá-lo em 2 meses, quando iniciei a organização das metodologias que empregaria no estudo.Nesse estágio do trabalho começaram os grandes problemas de caráter profissional e familiar que me obrigariam daí em diante a atravessar o Atlântico por 14 vêzes, antes de ver terminado o trabalho, iniciado em 1986 e que se estenderia até 1992 quando defendí a tese.Nesse espaço de tempo algumas etapas tiveram de ser vencidas com muito sacrificio e determinação, e são estas etapas que passarei a descrever nos próximos capítulos.(continua)

O AMANHÃ

Desde setembro venho publicando artigos semanalmente,os quais têm sido republicados por outros sites a pedidos,com visualizações em alto número,o que me estimula na continuidade dos mesmos.Mas algo vem me intrigando,a quase total ausência de comentários e críticas sobre qualquer dos temas que abordei,alguns bem controversos,o que me leva a crer na existência de um alto grau de desinformação ou desinterêsse pelas coisas realmente importantes ao basquetebol.A massificação do modêlo NBA,e a consequente comparação do mesmo com a nossa realidade talvez tenha desencadeado esse desinterêsse por parte,principalmente dos jóvens,pelos problemas e desafios que tem levado a modadlidade ao processo de decadência em que se encontra.E indagações logo se fazem presentes,tem jeito? O basquetebol brasileiro poderá ressurgir no plano internacional?Como? De que forma? Creio,honestamente que tenha respondido essas questões no transcorrer dos artigos até agora publicados, mas não custa nada fazer uma pequena,porém objetiva síntese do que afirmei e escrevi,mesmo não tendo encontrado éco em meus pares, através esperados,mas não enviados comentários e críticas pertinentes.Então vamos à síntese: Por duas décadas adotamos o modêlo e a forma de jogar dos profissionais da NBA,mas sem atentar para o fato de que não possuíamos,nem de longe,a estrutura universitária que dava o respaldo para o sistema de jogo adotado por eles,o Passing Game,cuja finalidade básica era o de propiciar e garantir os embates de 1×1 por parte das estrêlas com salários estratosféricos, motivando o público para o espetáculo das lutas exarcebadas pelas rivalidades, pela força, e muitas vezes pelo apêlo de cunho racista.Defêsas por zona eram proibidas, assim como as coberturas a fim de dar espaço para as exibições de técnica e aos malabarismos tão apreciados pela platéia. Nosso basquetebol por causa dessa influência perdeu sua identidade,sua velocidade,e principalmente sua tradição.Nossos técnicos,mudando a forma de jogar de nossos armadores,nossos pivôs e entrando de cabeça na cultura dos três pontos, lançaram os fundamentos de nossa decadência, até na formação das categorias de base, substituindo o ensino demorado e detalhista dos fundamentos por “peneiras” oportunistas e desligadas da responsabilidade pela formãção básica. Sistemas de ataque foram padronizados, dando inclusive incumbências numeradas aos jogadores, rotulados de 1,2,3,4 e 5,como escravos de um sistema alcunhado de “basquetebol internacional”.Sem uma massificação
que lastreasse tal sistema, como mantê-lo ao nível internacional? Mesmo com a derrocada dos norte-americanos nos campeonatos da FIBA e as Olimpíadas, continuamos atrelados àquela cultura, muito mais pelos desejados lucros por parte de jogadores ansiosos pór lá atuarem, como por técnicos que com suas pranchetas, um batalhão de assistentes e um inglês tacanho teimavam em seguir as normas irreais para a nossa realidade emanadas pelos irmãos do norte, num verdadeiro espetáculo de colonização cultural-esportiva. Como saída desse emaranhado de más e destrutivas influências só vejo um caminho, o desligamento radical do modêlo NBA, e consequente aproximação com modêlos,que sabiamente se negaram ao dominio técnico dos norte-americanos, tais como a Lituânia, a Iuguslávia, a Argentina, a Itália, a Russia e a Espanha.Nossa tradição perdida e aviltada rivalizava com essas nações tendo-as liderado por muitos anos,por três campeonatos mundiais e por quatro medalhas olímpicas, tendo sido considerada pela FIBA a quarta potência mundial do Século XX. Para evoluirmos temos que mudar as mentes, estudarmos o passado e o somarmos à nossa presente realidade, e se fôr necessário com outros nomes, com aqueles que ainda subsistem na crença de nossos valores, de nosso talento, que de tão alto se fez vitorioso, mesmo com nossa pobreza material.Organizarmos cursos de atualização a pêso de ouro dentro da atual realidade técnica é puro desperdìcio, beirando ao crime, à estupidez. Estatais que patrocinam políticas conflitantes com as reais necessidades do nosso basquetebol deveriam pensar duas vezes antes de soltar vultosas verbas nas mãos de dirigentes despreparados técnicamente,mas ávidos em se manterem nesses “cargos de sacrifício” e que de tudo fazem para lá se perpetuarem. Técnicos da antiga, da atual e de futuras gerações têm de se reunir estadualmente, depois regionalmente, para em carater nacional discutirem nossas reais necessidades, no preparo dos jogadores pelo treinamento maciço dos fundamentos, nas escolas e clubes, pela adaptação de algumas regras, principalmente quanto ao tempo de posse de bola,a fim de adequar o jogo às limitações psiquicas e fisicas dos jovens praticantes,numa espiral ascendente que os levarão às categorias superiores com maior dominio das técnicas. Que nossos jovens de grande estatura sejam treinados visando basicamente a velocidade e a explosão, nunca a força bruta, pois dessa forma poderemos superar as descomunais e lentas massas musculares pela astúcia e rapidez de raciocínio. Que nossos armadores jamais deixem de estar presentes ao fóco das ações, correndo menos e atuando mais, gerando equilibrio e criatividade. Que nossos alas se destaquem mais pelo alto índice de arremessos curtos e de média distâncias, do que na aventura dispersiva dos três pontos.Este arremêsso deverá ser entregue aqueles poucos e privilegiados mestres na arte do direcionamento que é a chave do mesmo. Finalmente, que nossos técnicos desenvolvam soluções técnico-táticas de acordo com as características dos jogadores que tem sob sua direção, e não forçá-los a um modêlo pré-estabelecido e até rotulado como uma conquista da globalização, tão em moda nos dias atuais. Por tudo isso acredito que não será tarefa das mais fáceis reestruturarmos o nosso basquetebol,mas se torna mistér afirmarmos- Se não o fizermos estaremos enterrando de vez a oportunidade de voltarmos ao patamar de onde nunca deveriamos ter saído. Por que não discutirmos tão importantes questões, pois quem cala consente, admite o que aí está.Sozinho ou acompanhado jamais me calarei, disso tenho, como sempre tive, a mais absoluta certeza.

A BURLA CONSENTIDA

Mais um exemplo prático,mas com uma bola de basquetebol.Coloque-a sobre a palma
de uma das mãos,na altura da linha da cintura,e execute os seguintes movimentos:1-
Dê um passo para um lado e depois rapidadmente para o outro lado.2-Faça a mesma coisa,agora com passos à frente e atrás. 3-Gire em torno de um dos pés por 360º.Todos os movimentos aqui propostos deverão ser executados sempre com a bola
depositada em uma das mãos.Muito bem! Agora repita todos os 3 movimentos driblando a bola,e veja se consegue repetí-los com eficiência.Claro que a inclusão do drible
complicará em muito a realização dos mesmos,e em alguns casos os inviabilizarão.Mas o que vem se dissiminando no meio dos armadores(autênticos ou enganadores)é a interrupção do drible com a bola ficando depositada na palma de uma das mãos a fim de exequibilizar os movimentos mais complexos(frenagem,troca de direção,hesitação,
passos atrás,etc.) que só seriam factíveis sem a presença incômoda e indesejável da mesma.Claro, que os armadores de verdade,aqueles que conseguem anular as diversas
rotações desencadeadas na bola pelas forças exercidas sobre ela,tanto no contato com o sólo,quanto no produto emanado pela ação da mão em sua superfície, originando vetores dos mais complexos quanto maiores forem as velocidades alcançadas, conseguirão dominá-la,direcioná-la a seu bel prazer, pois o ato técnico será alcançado dentro do espírito das regras do jogo, e não utilizando um artífício doloso e profundamente desleal para com aqueles possuidores de técnica,duramente conquistada e àrduamente treinada. O que vem se popularizando por intermédio de pseudos armadores,treinados e ensinados por treinadores não muito interessados em tempo a perder,é um movimento de quebra do drible,alguns muito rápidos,e outros escandalosamente longos, com o intúito de tirar o máximo proveito da interrupção, para executar movimentos de finta sem o entrave do drible progressivo e initerrupto,como determina a regra, pois o não cumprimento da mesma caracteriza a infração dos dois dribles, ou mesmo a de andar com a bola, já que a mesma é paralizada em sua trajetória durante a ação.O pior é a omissão dos juízes,se não por mêdo de técnicos truculentos,ou por puro desconhecimento das regras do drible,e em último caso por comodismo ante uma generalizada atitude técnica(?). O que se observa
é a penúria cada vez mais evidente na técnica de nossos armadores,desde as categorias de base,onde o”macête”da travada da bola já encontra campo fértil e desprovido de punição perante as regras do jogo.Confunde-se a pega lateral da bola,com o intúito de anular sua rotação reversa(quando a bola é lançada ao sólo pela mão impulsionadora desenvolve uma rotação inversa, e ao tocá-lo,gera uma força contrária e de igual intensidade-Lei de Newton-que fará com que volte de encontro a mão com uma rotação reversa,daí a necessidade de anulá-la com a pega lateral e um pouco acima da mesma). Esta ação é complexa e exige muito treinamento e dedicação, que aumentam na proporção direta às exigências decorrentes de movimentos pluridirecionais exercidos pelo jogador.E para que treinar tanto se é permitido uma interrupção extra-regras na trajetória ascendente da bola, que permite toda e qualquer ação de finta sem os percalços de rotações e desvios? Ora convenhamos,se podemos nos exibir em malabarismos estonteantes,que poderão inclusive culminar com uma enterrada deslumbrante,ou uma assistência genial,para que perder tempo com leisinhas de um newton qualquer,ou treinar até a exaustão os movimentos e ações dentro de regras que foram feitas para serem burladas? Mas, será que os juizes internacionais ficarão alheios a essa tendência? Creio seriamente que não,e aí é que mora o perigo,pois estamos perdendo um tempo precioso com comportamentos circenses, e esquecendo que a técnica não perdoa os mediocres,sejam eles os que aprendem ou os que ensinam.Mas mantenho a esperança em que o melhor sempre prevalece,mesmo que demore um pouco mais.

QUE TAL UMA ASSOCIAÇÃO VIA INTERNET?

É chegado o Natal,e um novo ano se aproxima trazendo fé e esperança para aqueles que professam a amizade e o bem estar de todos.Nosso basquetebol necessita de pessoas que acreditem em fé,esperança e principalmente trabalho e técnica. Para 2005 tentarei dar prosseguimento a essa tarefa que me propús desde 1954,o de divulgar
tudo o que porventura aprendesse sobre técnicas de basquetebol,como técnico,como professor primário,secundário e universitário,como autor, pesquisador e divulgador de tudo que acumulei por todos esses anos.Creio que tenho sido fiel à proposta feita a tanto tempo,e no limiar de um novo ciclo proponho, na qualidade de fundador das duas primeiras associações de técnicos de nosso país,a ANATEBA e a BRASTEBA,que fundemos uma associação verdadeiramente nacional,que englobe a todos de norte a sul,de leste a oeste, através esta maravilhosa ferramenta,a Internet.Por que não uma ANATEBA(Associação Nacional de Técnicos de Basquetebol)via Internet? Enviem sugestões,movimentem os blogs e sites de basquetebol em nosso país,orkuts,multiplys,etc.para um movimento que,se bem intencionado e bem executado poderá revolucionar nosso querido basquetebol.Desde já me coloco como sócio N°1,como fui das outras vezes.Fica a idéia,trabalhemos por ela.
Feliz Natal para todos e um próspero Ano Novo.
Do amigo de sempre,Paulo Murilo.

UM DIA PARA SER LEMBRADO E RELEMBRADO

UM DIA PARA SER LEMBRADO E RELEMBRADO

Ontem o Congresso Nacional vetou o projeto que constituia o Conselho Federal de Jornalismo,profissão a que também estou habilitado pela ECO/UFRJ.Com absoluta firmeza a classe jornalística lutou por sua independência,base de sua profissão.Os professores também necessitam do elemento vital em sua ação educativa,a liberdade de pensamento,a liberdade de interagir com a sociedade e a juventude.Exatamente por tudo isso que as nações desenvolvidas preparam com eficiência seus professores,dando aos mesmos a grande responsabilidade de preparar as gerações futuras.Entre nós essa capacidade formativa vem se deteriorando com o passar dos anos,das décadas,e só não afundou de vez por ser a formação dos futuros mestres responsabilidade dos centros humanístas de formação,dos centros de filosofia e ciências humanas,com uma exceção,a formação dos professores de educação física,entregues aos centros pragmáticos de ciências da saúde.Estes, por força de sua formação são integrados a um Conselho Federal de Profissionais da Educação Física, e que mesmo com uma formação universitária se vêem equiparados a um exército de leigos e praticantes empíricos de atividades ligadas a desportos,e que as têm legalizadas por cursos de curtíssima e duvidosa duração,patrocinados e organizados exatamente pelo Conselho em questão.É uma atividade altamente rentável,assim como as ações exercidas fora do âmbito escolar,hoje a segunda fonte de grandes negócios em nosso país,e que têm no Conselho seu grande patrocinador.São os profissionais da educação física que subjugam a figura do professor,que os reduzem ao triste papel de coadjuvantes no universo escolar.A não existência de conselhos federais de profissionais da geografia,da matemática,de português,biologia,história,etc,atestam uma realidade que compromete a educação física na realidade escolar.Por tudo isso,os jornalistas estão de parabéns por se manterem independentes e gestores de seu futuro.Quanto a Educação Física,ora, quem vai querer largar o grande velocíno de ouro,quem?

24 SEGUNDOS-COMO USÁ-LOS.

Se dividirmos 24seg. pelas 3 ações básicas de um ataque coordenado,ou seja,a transposição da linha central da quadra,que pelas regras do jogo deverá ser executada em 8seg.(muitos chamam de transição, que na realidade significa o passe rápido do campo de defesa para o de ataque,característico dos contra-ataques),o processo de organização do ataque e a conclusão do mesmo,quando seriam alocados 8seg. para cada etapa.No sistema de jogo adotado por todas as equipes brasileiras,masculinas e femininas,nas categorias de base e nas principais,essa divisão de tempo é quase um padrão de comportamento coletivo,quase sempre comprometido pelo prévio e notório conhecimento das ações que serão desenvolvidas.Se todos atacam de forma semelhante,logicamente as defesas atuarão da mesma forma. E nessa situação previsível é que os 16 seg.se mostram insuficientes para conclusões equilibradas.O correto e plausível é que destinassemos o máximo de tempo no campo de ataque,e que as ações fossem centradas na cêsta,com um mínimo de passes no perímetro,com a utilização dos dribles incisivos e de corta-luzes dentro do garrafão,tanto contra defêsas individuais ,como por zona.Essas ações,bem treinadas, coordenadas e com um alto têor de discernimento quanto ao improviso,concluiriam com arremêssos equilibrados e com tempo suficiente para executá-los com precisão.Como tudo isso seria possível? Inicialmente preparando os jogadores nos fundamentos básicos,tais como:No aspecto genérico,que todos,sem exceções pratiquem o drible,as fintas,os passes,os rebotes,os arremêssos e a marcação independendo se forem armadores,alas ou centros,e nos aspectos específicos de algumas funções,aí sim obedecendo suas características. Porém,alguns ajustes têm de ser observados,e os principais são:1-Passes paralelos à linha de fundo não podem ocorrer em hipótese alguma.2-A zona externa delimitada pela linha dos 3 pontos não poderá ser utilizada como campo de manobras do(s)pivô(s)da equipe.3-A utilização de 2 armadores na zona em questão deverá ser incentivada,pois tal atitude técnica otimizará penetrações em tão vasto território,certamente o mais amplo para ações de ataque.4-Que tanto alas,como pivôs recebam os passes em movimento,pois dessa forma se anteciparão sempre aos defensores,deslocando-os e minorando possíveis coberturas.5-Que em qualquer movimentação de ataque,mesmo as mais simples,todos os atacantes se movimentem permanentemente.6-Que todas as disputas nos rebotes tenham a participação de pelo menos 3 jogadores.7-Que as triangulações ofensivas tenham dois de seus vértices dentro do garrafão,local ideal para que se estabeleça a supremacia ofensiva.8-Que todos os jogadores fintem antes da recepção dos passes.9-Quando de posse da bola os jogadores mantenham-se em posição básica de ataque,jamais elevando a bola acima da cabeça.10-Que os arremêssos fluam com naturalidade,equilibrio e técnica,e com o tempo necessário para sua execução.
Finalmente,que toda movimentação ofensiva seja comum,tanto contra defesas individuais como por zona.O grande desafio dos técnicos é exatamente encontrar respostas para essa circunstância,o de organizar,treinar e desenvolver um ataque polivalente,que se adeque a qualquer tipo de defêsa,pois se trata de uma ação extremamente complexa,mas de eficiência recompensadora. É claro que as ações inerentes ao sistema utilizado de maneira universal pelas equipes brasileiras,com jogadores exercendo funções padronizadas,sendo inclusive numerados como 1,2,3,4 e 5, inviabilizam toda e qualquer tentativa de atuarem dentro de um sistema fundamentado no improviso e na criatividade
pura. Logo podemos concluir que a proposta aqui mostrada só será exequivel com um rompimento radical sobre o que tem sido empregado nos últimos 20 anos,o modelo NBA.
Não custa lembrar que os 24seg.deveriam se transformar em 35seg.para as equipes mirim e infantil,30seg.para as equipes infanto e juvenís,e 24seg.daí para diante.Essa atitude técnico-pedagógica,adaptando-se às características comportamentais nas diversas categorias,propiciaria uma progressiva e segura aprendizagem das técnicas coletivas,assim como reforçaria o amadurecimento dos jóvens praticantes.A idéia de que essas atitudes de mudança,principalmente nas divisões adultas seriam inócuas,por já terem enrraizados hábitos técnicos é discutível,pois jogadores de qualidade seriam os primeiros a se submeterem a treinos intensos de fundamentos,pois sempre haverá lugar para novos gestos e novas técnicas,na medida que sejam incentivados a adquirí-los.Enfim,muito se poderia ainda dizer,mas um fator não poderá ser esquecido,a total e urgente necessidade de sairmos da mesmice que se instalou entre nós,e do já mais do que demorado momento da reforma.Técnicos,tomem coragem,estudem,pesquisem,trabalhem e salvem o nosso querido basquetebol.

ARREMÊSSO:VISUALIZAÇÃO GESTUAL

Isto é um exercício,e para tanto tenha em mãos,se possível, uma bola,que necessariamente não precisa ser de basquetebol.Muito bem,comecemos- Empunhe a bola como para um arremêsso com uma das mãos. Execute o lançamento bem devagar e para cima, utilizando pouca força. Com a flexão do pulso observe detalhadamente como a ponta dos dedos se mantêm em contato com a bola até que os mesmos percam o contato com ela, e como o movimento gera uma enérgica aceleração que faz com que a bola gire para trás em torno de um hipotético eixo diametral, ou seja, uma rotação inversa. Repita o movimento algumas vezes procurando observar o comportamento da bola no ar. Agora, tente determinar qual, ou quais dedos são aquele(s)que tocam por último na bola. Após três ou quatro tentativas você será capaz de determinar qual(is). Feito esse reconhecimento, imagine a seguinte figura- Como a bola gira em torno de um eixo diametral após o lançamento, como se comportaria se esse eixo se mantivesse paralelo ao aro da cêsta, e que os extremos deste eixo se mantivessem equidistantes dos bordos externos do mesmo? Sem dúvida teríamos um grau de direcionamento perfeito. Os outros fatores intervenientes ao arremêsso, força e trajetória complementariam a ação, mas o fator determinante para o sucesso do mesmo seria, sem dúvida alguma, o correto enquadramento com a cêsta, o direcionamento sob controle. Aprimorando um pouco mais o estudo fixe, desenhe ou pinte por cima de uma das linhas que delimitam uma das circunferências da bola, uma faixa de cor branca com aproximadamente 1cm. de largura. Feito isto, empunhe a bola com a faixa perpendicular a mão e execute os lançamentos para cima. Observe agora, com muita atenção o comportamento da faixa branca girando inversamente, e quais os desvios que sofre em sua perpendicularidade. O eixo estará sob controle, e dentro do padrão exposto anteriormente, quanto menor forem os desvios e oscilações sofridas pela faixa fixada na bola. Lançando em uma parede e mais adiante na própria cêsta poderemos observar se o eixo diametral estará paralelo e equidistante ao aro. No entanto, esse alinhamento dependerá basicamente de quais dedos ou dedo que por último tocar a bola, pois definirá o controle do eixo. E quanto maior for a distância do arremêsso mais crítico será o micro controle sobre o eixo diametral em sua rotação inversa. Esse controle é a chave, o “pulo do gato” na arte do arremêsso, seja qual ele fôr, mas com ênfase no de 3 pontos, pois a distância torna crítica a empunhadura, fatôr que muito poucos jogadores dominam com precisão. Se depois do que aqui foi expôsto você sentir que tem condições de dominar com precisão a técnica do direcionamento, teremos um especialista nos arremêssos, e se conseguir desenvolver metodologias para aprimorá-los, teremos um excelente técnico nos fundamentos. E se fôr um jornalista ou comentarista especializado talvez se dê conta do quanto de técnica e precisão independe do ato de “enterrar”, e quanta falta nos faz dominar as técnicas dos arremêssos, pois estamos perdendo um tempo precioso conotando brilhantismo a quem não tem.Vamos treinar gente, e se souberem o que estão fazendo tanto melhor. Tentem, e mãos à obra, digo, na bola!

UM DIA PARA SER LEMBRADO E ESQUECIDO.

Hoje foi lançado na Confederação Nacional do Comércio,aqui no Rio,o Atlas do Esporte no Brasil,por uma equipe de pesquisadores liderada pelo Comandante Lamartine DaCosta,que argumenta-O Atlas do Esporte criou um caso.Antes,não havia informação(dados estatísticos)sobre o setor,e agora há.Os dirigentes sempre pedem patrocínio,mas qual o empresário que vai pôr seu dinheiro sem saber onde investir?(O Globo em 3/12/04)Nessa mesma reportagem alguns dados foram apresentados,como o número de academias no Brasil,20 mil,só inferior ao dos EEUU, e que também só perdemos para os mesmos em número de piscinas recreativas,1,3 milhôes.Afirma também que o setor emprega 1,5 milhões de pessoas,sendo 870 mil diretamente,e mais,que 110 milhões de brasileiros são praticantes de atividades físicas,sendo 26% de ocasionais;51% de muito ativos ou atletas,ao passo que sedentários são 11%. Em um jornal televisivo uma outra afirmação,a da existência de 400 Cursos de Ed.Física no País,somente inferior ao dos EEUU.Tudo perfeito,mas em nenhuma afirmação se tocou,nem de leve,na palavra Escola.E que o esporte,que é parte integrante e idissolúvel da Eucação através da atividade física pudesse ser enquadrada como pilar do processo integral da educação dos jovens,por delegação constitucional e de inalienável e democratico direito de todo cidadão.O Atlas,foi planejado,elaborado e agora divulgado como o Manual do Business da Atividade Física,no qual não poderá haver espaço para que tão rentável indústria se perca em detalhes menores e nada lucrativos,a Educação Física e os Desportos no âmbito Escolar. Em artigos anteriores discorri exaustivamente sobre o assunto,mas a confirmação “ipsileteris”de tudo que disse e escrevi me comove e entristece,pois de forma alguma queria ter razão nessa trágica constatação.Repito pela enésima vez,foi com a retirada dos Cursos de Ed.Física dos Centros de Formação de Professores para os Centros de Ciências da Saúde,com a decorrente criação dos Bacharelatos,ação da qual fui testemunha inicial,e a qual me antepús veementemente,que foi iniciado todo o processo de comercialização do nóvel culto ao corpo nos anos setenta,pós tricampeonato mundial de futebol,magistralmente encampado pelo regime militar no govêrno da época.O Conselho Federal de Ed.Fisica ratificou a conquista originando a criação dos Profissionais da Ed.Física,necessários para o preenchimento e atendimento das 20 mil academias cadastradas no Atlas,assim como as escolinhas desportivas espalhadas pelas praias e quadras de todo o país,todas pagas ou subvencionadas pelos govêrnos estaduais, municipais,setores da indústria,do comércio e até de unidades militares.Isso sem falar na rentabilíssima indústria dos Personal Trainers,muito dos quais formados em escolas superiores públicas,para depois se dedicarem a uma minoria abastada e rica.Profissionais de Ed.Física e não Professores,eis a mágica do Business Desportivo, agora sacramentado pelo glorioso e oportuno atlas do comandante Lamartine.Parabéns cara,não nego a sua genialidade.Quanto a Escola? Ora,pra que Escola?Ela não dá lucro. Em tempo,fui convidado para elaborar os dados referentes ao basquetebol para o Atlas,e me neguei a fazê-lo pelas razões expostas.Tenho a certeza que fiz bem em não negar minha formação e minhas convicções,não sou um profissional da Ed.Fisica,sou e sempre serei um Professor.