OS ABSURDOS PADRÕES…

Não escrevo já a um bom tempo por aqui, e confesso que, honestamente, pouco, muito pouco teria a acrescentar sobre a atualidade do basquetebol brasileiro, me orientando para uma possível repaginação deste humilde blog, retornando, quem sabe, ao seu formato original, onde artigos técnicos em profusão aqui foram publicados, e celeremente buscados por todos aqueles que se interessavam em aprender princípios técnicos, táticos, estratégicos, científicos, didáticos  e pedagógicos sobre o grande jogo, discutidos e replicados neste imenso, injusto e desigual país, fator que fez valer a pena todo os esforços e sacrifícios para publicá-los, referenciando-os como um verdadeiro Instituto Basquete Brasil, e não esse anunciado com pompas e circunstâncias pela CBB, que, provavelmente, pelo histórico usual e repetitivo da entidade, fará companhia a ENTB de triste memória…

Mas antes de tal mudança de rota (será a primeira em 17 anos de existência ininterrupta do blog), vou me dando ao luxo de exercer a crítica técnica e fundamentada em mais de meio século de participação junto ao grande jogo, como professor, técnico, pesquisador e jornalista, graduado e pós graduado academicamente, e nas quadras daqui e de outras plagas…

Vamos em frente então:

O Padrão – Sem duvida alguma, um padrão de jogo foi implantado solidamente em nossa forma de jogar, seguindo, segundo seus defensores, a tendência internacional, padrão NBA, que de uns vinte e cinco anos para cá copiamos ávida e colonizadamente na ânsia de nos alçarmos a matriz, sem, no entanto, termos a mais remota possibilidade de sucesso, pois a forja que os abastece, escolas, colégios e universidades, são fontes desconhecidas entre nós, ainda arraigados aos poucos clubes que teimam em formar jogadores, cada vez mais desinformados e afastados dos princípios técnicos, táticos e didáticos básicos a uma prática que os qualifique aos grandes embates internacionais, como testemunhamos recentemente ao vencermos um torneio quadrangular. contra uma equipe universitária americana, com uma seleção de jogadores profissionais a mais de quatro anos, e com um placar para lá de apertado, deixando no ar uma questão –  Quantos deles seguirão em alta produção dentro de alguns anos, quando atingirem a plenitude da forma? Uma equipe que enfrenta jogadores cinco anos mais velhos em igualdade de condições não deixa dúvidas quanto a resposta, infelizmente bem mais realista do que pensamos…

O padrao gera outros padrões, como a definitiva formatação e implantação dos arremessos de três pontos na preferência generalizada das equipes brasileiras, em todas as faixas etárias, como objetivo prioritário de jogo, sabendo ou não os jogadores exercerem esse modus operandi com pleno conhecimento e domínio de sua exigente e precisa técnica, desencadeando essa autofagia destrutiva que corroe a modalidade desde a formação de base, indiscriminadamente, incentivada pela mais absoluta ausência efetiva de postura defensiva que, se existente, em muito restringiria tal descalabro. Somemos a essa triste realidade o fator, constrangedor e demolidor, da ausência consensual no ensino dos fundamentos básicos do jogo, como devem ser ensinados desde muito cedo, e mantidos atuantes por todo o percurso dos jogadores, como instrumental absolutamente necessário as suas trajetórias enquanto ativos e atuantes…

Um tenta jogar, os demais, inclusive dois pivôs abrem para o chute de três. Armadores inoperantes…

A prova inconteste dessas afirmações podem ser observadas nos incríveis números de erros de fundamentos nos primeiros 30 jogos dessa equivocada LNB, que deveria ser um amplo espaço para jovens jogadores, e não uma capitânia de jogadores que atuam no NBB, visando títulos e não formação, e que mesmo com esses jogadores mais rodados, apresentaram na temporada anterior a marca de 28,6 erros de fundamentos por jogo, e que nessa atual atinge 34,5 até o momento,  com nove deles acima dos 40 erros, marcas indesculpáveis em equipes sub 23, onde muitos participam do NBB, e até de seleções nacionais. Difícil entender e aceitar o conceito de que um sistema único de jogo com suas invenções realçadas em pranchetas manipulem jogadores de fora para dentro do campo de jogo, encordoando-os como marionetes descerebrados em vez de ensiná-los e treiná-los nos fundamentos individuais e coletivos básicos, suficientes à boa prática criativa e inteligente do jogo, fatores que antecedem o desenvolvimento da improvisação consciente no âmbito coletivista, mas que desde muito cedo são trocados por movimentações tático mecânicas, que só se tornarão factíveis através o domínio consciente dos princípios fundamentais, transformando as partidas em peladas monumentais, para o gáudio saltitante e verborrágico de estrategistas ao lado das quadras, e de narradores ensandecidos, crentes de que estão bem servindo a causa do basquetebol, noves fora comentaristas que analisam jogos que somente eles veem, enaltecendo velocidades alucinantes, tocos monumentais, enterradas geniais, diametralmente oposto dos que assistimos incrédulos, na triste e constrangedora realidade dos jogos, digo, peladões inacreditáveis. Claro que bons e talentosos jovens jogadores se apresentam, porém muito distantes das exigências mínimas que se espera deles, manipulados e manietados pela incutida crença de que são craques prospectados a NBA, quando mal se iniciam num NBB, onde quatro estrangeiros permitidos por equipe canalizam-se em mútuas ajudas, sob a cumplicidade de técnicos que perpetuam o sistema único e suas pranchetas, ano após ano, trocando peças (nova e pejorativa designação de jogadores) que não se adequam aos seus arroubos pretensamente criativos, geniais, porém restritos a alguns ininteligíveis rabiscos em suas midiáticas pranchetas…

Dá  no que pensar como treinam suas equipes dentro de um padrão que se repete anos após anos, década após década, mas que de vez em quando adotam uma dupla armação, luta a que me dediquei por mais de quarenta anos, mas que somente agora é levada tenuamente a sério, com a presença dos bons armadores argentinos e um ou outro americano, cada vez mais presentes nessas plagas, mas dentro do sistema único, formatado e padronizado por todos, numa aceitação corporativa, como mandam e definem as herméticas reservas de mercado. O resultado final fatalmente deságua nas seleções nacionais, espelho fiel da realidade nacional, mas que já começa a sentir o brutal peso das péssimas opções acolhidas como as soluções definitivas ao encontro do basquete moderno, como definem o grande jogo, começando com resultado nada abonador contra a seleção colombiana pela janela classificatória ao mundial, cujos números, em tudo e por tudo, escancaram a escalada regressiva que tanto venho comentando nos últimos dez anos, cujos números definem tão lamentável opção :

Colômbia     106 x 98    Brasil

   27 52             2pt          23 47

   12 38             3pt          10 36

   14 18              LL           22 33

         47             Rb           61

         11              E            17   

Foi um jogo em que 10 de nossos jogadores arremessaram de 3 pontos, contra 9 dos colombianos, demonstrando tacitamente qual o enfoque determinado por seu técnico, exatamente em concordância como age em seu clube, e agora na coordenação das seleções de base. Tratando-se de um arremesso altamente especializado e de precisão crítica, torna-se irreal que toda uma equipe seja autorizada nos longos arremessos (neste jogo o pivô Renan não arremessou de três, que é um comportamento usual dele no NBB). Na próxima janela, Croacia, e Rússia por certo contestarão os longos arremessos, assim como exercerão forte bloqueio defensivo dentro do perímetro. complicando uma seleção que joga de passo marcado e chuta de três a qualquer preço e risco, e com uma armação mais voltada as finalizações do que “o fazer jogar” seus bons alas pivôs, tornando muito difícil sua classificação ao mundial, a não ser que mude sua forma de jogar atuando incisivamente no perímetro interno, continua e metodicamente, deixando o arremesso de três como recurso oportunista, e somente nas mãos de especialistas de verdade, e não ocasionais como defendem seus líderes, ao afirmarem – se estiver livre chuta…

A cultura dos três pontos se impõe, absoluta.

Acabo de assistir, pacientemente, o jogo Paulistano e Corinthians pelo LDB, os números estão aí embaixo, em que nenhuma das equipes atinge os índices mínimos de eficiência nos arremessos, exigência em equipes na porta de entrada da liga maior tupiniquim, e que cometeram 39 erros de fundamentos, sem maiores comentários…

Com estes resultados e prospectos super valorizados, assim como a inexistência de sistemas eficientes de jogo, e a teimosa insistência em negligenciar o ensino competente dos fundamentos básicos do grande jogo, prioritariamente os de defesa, continuaremos a patinar entre a insânia, e a negação de uma evidência que nos pune desde sempre, a de negarmos ao nossos jovens um preparo responsável, criterioso e evolutivo na arte de bem jogá-lo, respeitando seus ciclos evolutivos, sua educação, sua saúde, ensinando-os a amar o jogo coletivo aprimorando suas habilidades, e não lançando-os a drafts antes de seu amadurecimento pessoal, cultural, profissional e técnico, condenando sua maioria ao fracasso, pois as pouquissimas exceções pouco contam…

Precisamos com certa urgência cuidar com mais precisão, competência e responsabilidade nossos jovens, respeitando sua particular evolução, seus rítmos psicomotores diferenciados, sua maturação arrítmica intelectual e psicológica que divergem de indivíduo para indivíduo, enfim, respeitando profundamente sua individualidade divergente. Professores, técnicos, dirigentes, jornalistas, médicos terapeutas e preparadores físicos têm a obrigação de não serem omissos a tais e básicas necessidades, a fim de orientar, ensinar e desenvolver os jovens carentes, relegados e esquecidos deste imenso, desigual e injusto país, onde o desporto, por que não o basquetebol, tem papel fundamental nesse prioritário e  estratégico processo educacional.

Amém. 

SÓ MAIS UM POUQUINHO…

Harden e sua saga.

Aí estão os playoffs, os daqui e os lá da  matriz, com suas excentricidades e adaptações aos tempos modernos, como as absurdas mudanças nas regras centenárias,  beneficiando a chutação de três do agora decadente Harden, com seu anacrônico step back, oportuna encomenda beneficiando seu arremesso de três, que começava a ser contestado, e a passada zero, instituída para acelerar penetrações concluídas  com enterradas cinematográficas, que claro, com um tempo rítmico a mais dos dois antes permitidos (cada tempo rítmico compondo uma passada), poucas seriam as chances de um defensor bloquear a investida, mudanças estas que comprometem seriamente a essência do grande jogo, transformando-o num handebol de péssima qualidade. Tais mudanças não têm encontrado boa aceitação de muitas arbitragens, daqui e lá de fora, que mantém as infrações de andar com a bola, num movimento que poderá desencadear a revisão das mesmas, o que seria excelente para o grande jogo…

Assistimos, também, que nada, ou pouquíssima coisa mudou em nossa forma padronizada e formatada de jogar, com as poucas licenças táticas contabilizadas em nome dos novos gênios das pranchetas, como, segundo relato de alguns comentaristas, jogar com dois armadores de ofício, e três pivôs leves e rápidos próximos a cesta, fosse algo de revolucionário nascido da excepcionalidade de suas cabeças, e não algo de há muito existente, por aqui mesmo, neste carente, espoliado e judiado basquetebol tupiniquim, alçado a sistemas de ponta criado pelas mesmas, sob o aplauso e a admiração de seus contumazes torcedores midiáticos, puxa sacos profissionais que são em sua esmagadora maioria, onde as corretas e pouquíssimas exceções pouco contam, mais que galhardamente existem e, por que não, subsistem…

O derrotado mural…

O que dizer, entretanto, das tentativas, cada vez mais exitosas, de um mercado mais bilionário a cada temporada, de transformar o mais completo e exitoso jogo de equipe, numa modalidade individual, onde seus grandes expoentes batem recordes continuamente, sem, no entanto, levar suas equipes ao pódio vencedor por sua atuação coletivista, heróis estes que projetam suas imagens humanizadas ou virtuais por sobre cidades e nações, envoltos em suas egolatras personalidades, que nada somam ao princípio coletivista e solidário que deveria emanar de suas equipes, balizando os caminhos a serem percorridos por uma juventude necessitada do apoio comunitario, fator básico e transcendental para suas vidas no futuro, como atletas e cidadàos…

Só mais um pouquinho de tempo nos separa da hora da verdade para o nosso basquetebol, afinal, o ciclo abreviado para Paris 24 está em curso, e competições classificatórias ao mesmo ocorrerão muito em breve, quando aferiremos quão geniais são nossos comandantes na direção de jogadores nacionais, sem os fundamentais estrangeiros que compõem suas equipes, atuando ou exemplificando uma forma de jogar negada aos nossos, pelo desconhecimento dos mesmos do ferramental que justifica e exequibiliza o grande jogo, desde sua formação de base, os fundamentos individuais e coletivos, sem os quais cabeças e genialidades jamais funcionarão, sejam os sistemas que forem, ofensivos e defensivos, tendo ou não as estrelas fabricadas a sombra dos pseudos ícones que habitam e festejam a grande matriz do norte, principalmente em nossas seleções…

Só mais um pouquinho para aferirmos o que nos espera, e para reforçar tal argumento, republico a seguir o artigo Daqui a Pouco, publicado em 30 de janeiro deste ano, num relato que deveria ser debatido com ardor e conhecimento, por todos aqueles que amam e admiram o grande, grandissimo jogo, neste imenso, desigual e injusto pais.

Amém. 

Fotos – Reproduções da Internet. Clique duplamente nas mesmas para ampliá-las.  

DAQUI A POUCO…

quarta-feira, 26 de janeiro de 2022 por Paulo MuriloSem comentários

Cinco abertos, chega e chuta, e estamos conversados…

No artigo Reféns aqui publicado recentemente, uma tabela contabilizava os últimos sessenta jogos do NBB, e o que ele representava de negativo para o nosso basquetebol de elite –

Vejamos agora o resultado dos seguintes sessenta jogos do referido NBB:

Arremessos de 2 – 1903/3652  52.1%

Arremessos de 3 – 893/2836    31.4%

Lances livres       – 1203/1684  71.4%

Erros de fund      –  1306           21.7 pj

Concluindo, para os 2 pontos, na média, converteram 31.7 e perderam 60.8 tentativas; Nos 3 pontos, 14.8 e 42.8, nos LL, 20.5 e 28.0, mais os 21.7 erros de fundamentos.

Comparemos agora com a tabela final do torneio Super 8 (7 jogos), finalizado no sábado, com a vitória do Minas TC sobre o São Paulo FC-

Arremessos de 2 – 251/482  51,5%

Arremessos de 3 – 147/432  33,3%

Lances livres       – 161/234  68,8%

Erros de fund     –  142         20,2 pj

As médias finais foram de 35,8 tentativas convertidas e 68,8 perdidas por jogo nos 2 pontos, 21,0 e 61,7 nos 3 pontos, e 23,0 e 33,3 nos lances livres, números condizentes com os da temporada regular em seus 120 jogos realizados.

Chegamos então a triste conclusão de que, na divisão de elite do basquetebol tupiniquim, os parâmetros de 70, 60 e 90 da elite internacional, está a muitas léguas de distância da nossa realidade, que decresce ainda mais nas divisões de base, principalmente na constrangedora teimosia do chega e chuta solidamente estabelecido…

Se considerarmos serem participantes do torneio, as oito equipes de melhores números na liga, poderemos exercer um pequeno estudo sobre alguns fatores que nos aflige:

– Estamos, como desde muito estivemos, muito mal nos fundamentos básicos do jogo, e de tal forma que, fica determinada a ofensiva em leque, ou seja, os cinco jogadores abertos, fora do perímetro interno, inclusive os alas pivôs, para, de forma avassaladora partirem para a cesta em largas e velozes passadas, a fim de sobrepujar defensores falhos e equivocados, quanto a correta maneira de brecá-los pela boa e eficiente técnica defensiva. Só que, mesmo tomando a frente do defensor, fatalmente encontrará coberturas eventuais, e nesse momento, os princípios técnicos de trocas de mãos e de direção se chocam com a dura realidade de não dominá-los, perdendo o controle da bola, e até das passadas. Com muita sorte, conseguirá uma falta pessoal a favor, ou desfavoravelmente, uma contra si próprio. Muitas e muitas jogadas dessas tem acontecido dentro do errôneo princípio dos “cinco abertos”, a grande arma do atual arsenal dos estrategistas de plantão, plenamente convencidos do poderio da armada americana/argentina que floresce a cada temporada nas franquias, em contraponto a fraqueza de nossos jogadores nesse quesito, onde se torna cada vez mais corriqueira a presença em quadra de quatro estrangeiros e um único representante nacional do “jogo que você nunca viu, o NBB”…

Espaço para embalar…E consequente bloqueio

E os caras estão dando as cartas de verdade, tornando uma falsa realidade a glória de muitos dos estrategistas de comandar uma equipe em que o idioma pátrio seja o menos falado, mesmo balbuciando muito mal os idiomas dos caras, que não estão nem aí para taís e insignificantes detalhes, quando o que importa é botar a bola embaixo dos braços, combinarem-se com seus pares, e barbarizarem ao seu modo, vencendo ou perdendo, dentro de um nicho de mercado garantido pela pobreza colonizada daqueles que os pensam dirigir, mas se comportam e agem como meros torcedores de beira de quadra, num erro estratégico que nos cobrará, em breve, um altíssimo preço…

Por acaso, o técnico da nossa seleção poderá contar com esse exército de estrangeiros meia boca em sua maioria no tremendo esforço para a classificação a Paris 2024? Sua solidificada proposta do chega e chuta (nos três artigos anteriores disseco essa proposta, inclusive com  fartos números), agregada ao princípio (?) da abertura em leque acima citada, ambas somadas a dura realidade de nossa carência maior, a defensiva, fundamento absolutamente desprezado desde a formação de base, gerando uma realista e justa apreensão, pelo simples fato de não possuirmos o domínio das técnicas básicas nos fundamentos do jogo, fator que sobra abundantemente nas equipes europeias, americanas, e por que não, argentinas também…

Internacionalmente nos apresentaremos com jogadores nacionais, pensando atuar como se estrangeiros fossem, abrindo em leque para os 1 x 1 de praxe, chutando com ou sem contestações, correndo, saltando e trombando mais ou menos próximos a eles, porém sem os conhecimentos fundamentais da base do grande jogo, e o pior, sem o salutar conhecimento e prática do fundamento maior, a arte de defender, defender, defender, que é aquele responsável pelo desenvolvimento de todos os outros, os ofensivos em particular, praticados individualmente, e acima de tudo, coletivamente…

Pensa realmente nosso head coach que possuímos tal tecnicismo atuando taticamente, como todas as equipes que enfrentaremos atuam em seu sistema único, enriquecido pelo pleno domínio dos fundamentos, mesmo em dupla armação e três alas pivôs ágeis e rápidos, porém sem o domínio daqueles, pensa mesmo?…

Acredito e temo que sim, pois se “atuam daquela forma e vencem, por que não nós também”, por que não? Afinal, parece que temos os melhores arremessadores de três do mundo, ou não? Grande parte de nossos jogadores acreditam piamente que sim, açodados e incentivados por nossos estrategistas, dirigentes, agentes, narradores e comentaristas, verdade ou ilusão?…

Veremos mais adiante, e já os vejo tropeçando em suas próprias pernas ao se verem marcados de verdade, anuladas suas tentativas de três ao se sentirem contestados e serem obrigados a alterar suas trajetórias, perdendo eficiência, e o mais emblemático, terem seus armadores (se jogar com dois), forte anteposição, sem ajudas, pois atuam no sistema único, onde um deles faz o papel de um ala (o tal armador 2), numa composição fajuta para não fugir do tal sistema, quando deveriam atuar o mais próximos possível, propiciando entre ajudas e bloqueios realmente eficientes fora do perímetro, enquanto os três grandes se situam no interno em constante movimentação, prendendo seus marcadores junto a si, em qualquer direção que se locomovam, criando espaços e brechas indefensáveis, a não ser com faltas pessoais…

Mas que nada, pois na concepção atual desses “gênios estratégicos”, sempre existirá um corner player para matar de fora, como acontece frequentemente com nossas fraquíssimas defesas, ao dobrarem sobre os que penetram, pois não dominam as técnicas de defesa 1 x 1, prato feito para as equipes estrangeiras de elite, que a executam com maestria…

E a pergunta que não quer calar inquire: Temos esses jogadores a nível dos que enfrentaremos?  Talvez uns dois, no máximo, porém irremediavelmente atrelados ao indefectível e profundamente burro sistema único, manipulado de fora para dentro das quadras, tendo pranchetas midiáticas e analfabetas na função de mensageiras de hieróglifos ininteligiveis que só funcionam na cabeça de uma turma absolutamente crente de que dominam o grande jogo, minúsculo para a imensa maioria deles todos, aos quais tentei alertar desde sempre em um artigo de a muito publicado, porém pouco levado a serio, infelizmente…

No entanto, uma conclusão pede passagem, a de que atuando em conformidade com as equipes do alto nível que utilizam o sistema único, porém dominadoras dos fundamentos básicos do jogo, jamais teremos chances de grande sucesso, já que altamente carentes no domínio dos mesmos, que é a base exequibilizadora deste ou de qualquer sistema de jogo, por mais simples que sejam, e que são resultantes de uma séria e poderosa formação de base e contínua aprendizagem e aperfeiçoamento nos mesmos, por toda a vida de um jogador…

Enquanto não atingirmos este patamar, urge que joguemos de forma diferenciada, profundamente coletivista, em ajuda constante, com conclusões mais próximas a cesta, logo, mais precisas, condicionando os longos arremessos a condição de complementos, e não básicos de uma equipe, como hoje ousam praticar, com resultados assustadores de tão ruins e perdulários, com acentuadas perdas de tempo, esforços físico e mental…

Quanto ao sistema defensivo, é preciso investir pesado na formação de base, assunto que defendi e aconselhei num recente artigo, e que mesmo carentes individualmente, passemos a defender na Linha da Bola, onde uma flutuação lateralizada compensa bastante falhas individuais, facilitando o posicionamento nos rebotes, pois seus princípios de cobertura se fazem bem mais coerentes e lógicos do que em flutuações longitudinais a cesta…

Atuando com dois armadores, jogando próximos, ajudando e interagindo juntos, alimentando continuamente os jogadores altos em deslocamento constante dentro do perímetro, mantendo seus defensores permanentemente no ! x1, garantindo dessa forma espaços cruciais, mesmo que pequenos, no âmago defensivo, propiciando conclusões perto da cesta, mais precisas e objetivas, com possibilidades reboteiras sempre presentes e atuantes, até mesmo para dificultar contra ataques adversários, possibilitando, inclusive, ótimos passes de dentro para fora, dirigidos aos especialistas de verdade nos longos arremessos, encontrando-os relativamente livres para conseguir bons resultados, colimando um princípio renegado por muitos, de que de 2 em 2 e 1 em 1, podemos atingir grandes placares, onde os tiranbaços de fora estariam restritos, por  sua baixa produtividade, como recurso complementar, e não prioritário, como estamos vendo a cada dia que passa…

Neste Super 8, venceu a equipe do Minas TC, título que, sem dúvida, deve ser comemorado, mas, que no entanto, sacramentou o novo ideário do basquetebol nacional, praticado por todos os integrantes da Liga, conceituando claramente o caminho técnico tático a ser trilhado daqui para frente, cujos reflexos, sem a menor das dúvidas, pautarão o comportamento dos jovens que se iniciam no jogo, e o mais impactante, definirá o comportamento de nossas seleções nos embates internacionais que nos aguardam…

Daqui a pouco estaremos frente a frente com a realidade classificatória, no masculino e feminino também, quando aferiremos, por mais uma vez, a quanto andamos na busca de um processo evolutivo que se esvai década após década, motivado por uma cegueira inconcebível, já se fazendo tarde, bastante tarde, um reencontro com nossas raízes, esquecidas raízes, que nos tornaram, no século passado, a terceira força do basquetebol mundial, o grande, grandíssimo jogo que teimamos em esquecer, nesse imenso, desigual e injusto país…

Que os deuses nos ajudem.

Amém.

`Foto – Reproduções da TV. Clique duplamente nas mesmas para ampliá-las.

UMA PERTINENTE (E TEIMOSA) RELEITURA…

o inesquecível abraço do Munoz

Num pequeno site estatístico que mantenho sobre o blog, um artigo de 2010 foi lembrado por um dos pouco leitores dessa humilde trincheira, que demonstra claramente a incessante luta que travo desde sempre contra a mesmice endêmica que se apoderou do grande jogo em nosso país, a qual, se mantém praticamente a mesma até os dias de hoje. O início do playoff dessa temporada do NBB, não poderia ser mais explícito do que diagnostico desde sempre, com sua vassalagem ao modelo NBA, acrescido maleficamente a uma outra e corrosiva novidade, a chutação hemorrágica dos arremessos de três pontos. Vale a pena compararmos um recentíssimo passado, com a triste realidade dos dias de hoje, para, pelo menos, refletirmos sobre a qualidade do trabalho que vem sendo feito nesses últimos doze anos, após três ciclos olímpicos enfrentados, e perdidos, para, quem sabe, nos confrontarmos com uma verdade a qual pertencemos, ou omitimos, sob quaisquer traços de responsabilidades, aceitas ou não…

Dois meses depois dessa publicação, fui contratado pelo Saldanha da Gama de Vitória (ES), para tentar minorar a terrível campanha que realizava no NBB2, o que foi conseguido em parte, com um trabalho de negação absoluta a existência de um sistema único de jogo em toda liga, apresentando uma cortante versão de um sistema polivalente (apto contra defesas individuais e zonais, indistintamente), vencedora em muitos jogos contra equipes superestimadas pela critica e público, inclusive contra a equipe que veio a se tornar campeã naquela competição,  num dos momentos mais marcantes para mim, encontrado no abraço do armador Munoz ao fim daquele inesquecível jogo, quando ao pé do meu ouvido me disse – Obrigado professor pela radical mudança que o Sr. aqui fez, algo que nunca esquecerei. Também não esquecerei Munoz, jamais…

Vamos ao artigo e seus formidáveis comentários, mais atuais do que nunca.

Amém.   

A CLAQUE IGNARA…

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009 por Paulo Murilo4 Comentários

“ Como vemos na escalação da equipe, fulano é o nº 1, o armador principal, o que faz a equipe jogar, beltrano, o nº 2, armador finalizador, aquele que arremessa mais desta posição, sicrano, o nº 3, o ala finalizador, beltraninho, o nº 4, é o ala pivô, ou ala de força, e o beltranão, nº 5, é o pivô, o dominador da área pintada” .

Com estas explicações, o narrador do jogo entroniza a claque ignara no mundo técnico da bola laranja, perfeitamente sintonizado com o “basquete internacional”, mais adiante explicitado na enxurrada de termos em inglês para jogadas básicas e ações individuais com terminologia tupiniquim conhecida desde o século passado, não fossemos nós campeões mundiais e medalhistas olímpicos.

Enterradas são exaltadas como o supra sumo das ações individuais, alvo de críticas desairosas quando não culminadas por um jogador mais cuidadoso e ciente de suas condições técnicas, em anteposição ao ato circense puro e muitas vezes gratuito.

E nos comentários nenhuma menção ao que realmente de importante e fundamental ocorre técnico taticamente no transcorrer do jogo, centrados que estão nas performances anotadoras de alguns jogadores, perfeitamente alinhados ao sistema único de jogo.

E é aí que entro, no vácuo analítico, na ausência informativa do que vem ocorrendo sutilmente no âmago de algumas equipes de ponta, e que bem foi representada neste jogo de líderes, Joinville e Brasília.

A dupla armação se impôs decisiva e definitivamente no nosso basquete, não mais timidamente, em poucas incursões, mas de forma ampla e coerente. A melhora na capacitação técnica das equipes é uma evidência indiscutível, assim como o aumento na diversidade criativa propiciada por dois armadores talentosos e atuando em sincronia, tornando o jogo mais fluido e muitíssimo menos previsível como  de antanho, daí a aparente fragilidade defensiva, já que exposta a algo de novo, de incomum, no contraponto da mesmice de alta previsibilidade com que vínhamos jogando o grande jogo.

Infelizmente, as equipes ainda estão presas taticamente ao sistema tradicional, com sua numeração absurda e jogadas codificadas e pranchetadas, mas apresentando algo de promissor, a maior fluidez que discorri acima. Falta-nos uma grande dose de estudo e corajoso rompimento com o sistema que nos arrasou nos últimos vinte anos, para que novos conceitos emergentes da dupla armação nos redima e nos remeta ao nível das grandes equipes e competições internacionais. E para tanto temos de iniciar este ciclo pelas divisões de base, abjurando tudo do que até agora professamos em sua formação e desenvolvimento.

Mais infelizmente ainda, assistimos a criação da escola de treinadores lideradas por um grupo que se arvora como os redentores do basquete nacional, e que iniciaram seus trabalhos com um Simpósio de Preparação Física, Medicina Esportiva e Prevenção no Basquete, anotando que “ O evento teve 23 palestras e a participação de 154 pessoas entre dirigentes, ,médicos, fisioterapeutas, preparadores físicos, nutricionistas e técnicos”. Isso mesmo, lá no fim da relação, …os técnicos. Claro, que coordenado pelo mesmo profissional de educação física ( nomenclatura do CREF) que coordena a futura escola de treinadores.

E ao final dos trabalhos, apresentaram um estudo de 200 casos, quando concluíram serem as contusões mais comuns entre os jogadores de basquete, as de joelhos e tornozelos. Puxa vida, e eu que sempre pensei fossem os torcicolos… Parece brincadeira, mas não é, pois deveriam concluir dos porquês de tantas contusões nestas articulações desde o incremento avassalador da musculação patrocinada pelos “novos” conceitos de preparação física.

Concluindo, o jogo desta noite nos remeteu a um futuro razoavelmente promissor, pois pudemos constatar em estéreo e à cores vibrantes de 100 câmeras presentes o quanto de boa técnica se faz presente quando uma dupla armação de qualidade se encontra em quadra, e melhor ainda, quando as duas equipes a empregam todo o jogo. E quando vemos um pivô saltando nos rebotes e girando 180º no ar, para cair de frente para seu ataque em tripla ameaça, como o do Joinville nos brindando com sua nova e formidável conquista (fico curioso em saber como desenvolveu tal técnica…), podemos avaliar o quanto de progresso nos aguarda a partir do momento que os técnicos planejem e desenvolvam novos conceitos técnico táticos no rastro desta evolução, e na melhoria substancial dos fundamentos de seus jogadores, de todas as idades e divisões, começando pela formação.

Mas para que tudo isso realmente ocorra, um dos fatores básicos representado por uma escola de treinadores, com suas finalidades formativas e corretivas, divulgadora de novos e abrangentes conceitos, de amplos e vastos horizontes, universais e ilimitados, democrática e de livre pensar, terá de ser constituída, em contraponto ao que vemos germinar num presente temerário e comprometedor, aquele que se apropria de uma pseudo verdade eivada de interesses regionais, quando deveria ser fruto de uma realidade nacional, em todos os seus quadrantes, através seus lídimos representantes, esquecidos desde sempre, mas donos da verdade de suas vidas, seu trabalho profundo e mal remunerado, mas pleno de conhecimento e sacrifício, os técnicos, os verdadeiros técnicos deste país.

Que os deuses os protejam, sempre.

Amém.

Foto – Reprodução de um video pessoal. Clique duplamente na mesma para ampliá-la.

4 comentários

  • ALEXANDRE MIRANDA
  • 18.12.2009
  • ·
  • POIS ENTÃO VEJO QUE O SENHOR RESTITUIU AS FORÇAS E JÁ NOS BRINDA COM COMENTÁRIOS BEM PERTINENTES SOBRE O NOSSO JOGO! FICO FELIZ COM ISTO.
    PROFESSOR, O SENHOR ACOMPANHOU A ENTREVISTA INTERESSANTE DO PRESIDENTE DA CBB – REALIZADA POR RODRIGO ALVES? TÓPICOS IMPORTANTES SOBRE A ESCOLA DE TÉCNICOS PODEM SER PINÇADAS ALI!
    HÁ ALI A MENÇÃO DE QUE ELA PODERIA SER EFETIVAMENTE TRABALHADA COM O CAPITAL HUMANO DE TÉCNICOS E APENAS COORDENADA PELO SR.JELEILATE.
    O SENHOR NÃO ACHA QUE É UMA DECISÃO ACERTADA – O DE COLOCAR ALGUÉM GENERALISTA, PORÉM INSERIDO NO MEIO DO BASQUETEBOL, PARA COORDENAR UM COLEGIADO, ESTE SIM ESPECIALISTA?
    PENSO QUE ALGUÉM ESPECIALISTA ESTÁ FORMADO NUMA VISÃO POLÍTICA/SOCIAL/CULTURAL DO JOGO QUE PODERÁ GERAR MAIS CONJECTURAS DO QUE SOLUÇÕES POSITIVAS NA ESFERA DE COORDENAÇÃO! CLARO QUE ESTE ESPECIALISTA SERÁ O CORPO DA ESCOLA DE TÉCNICOS E DARÁ RESPALDO PARA A FORMA DE PRATICAR E ENSINAR O BASQUETE NO BRASIL. MAS SERÁ ÚTIL TAMBÉM COMO DEBATEDOR E CONSTRUTOR-ADJUNTO DE SOLUÇÕES.
    JÁ UM GENERALISTA DO JOGO PODERÁ ANALISAR POSIÇÕES, INCREMENTAR DISCUSSÕES E ENCERRAR SITUAÇÕES DE DEBATE COM A SOLUÇÃO MAIS RACIONAL E DISTANTE DE PESSOALIDADES!
    CLARO, PARA QUE ESTE GENERALISTA SEJA LÚCIDO EM SUA COORDENAÇÃO ELE NÃO PODERÁ TER VÍNCULO COM POSIÇÃO/POLÍTICA ALGUMA, APENAS DEVERÁ ESTAR ABERTO A OPINIÕES QUE LEVEM A DECISÃO MAIS ACERTADA!
    O QUE PENSA SOBRE ISSO PROFESSOR? O SENHOR IRÁ NA REUNIÃO CONFIRMADA PARA SÁBADO (19/12) A FIM DE DISCUTIR A ESCOLA DE TÉCNICOS? E PARA FINALIZAR, TIRE UMA DÚVIDA, O SENHOR IRÁ SE APRESENTAR COMO CANDIDATO AO CARGO DE TÉCNICO DA SELEÇÃO CASO O SR. MONSALVE NÃO POSSA ASSUMIR?
    ABRAÇOS E DESCULPE PELA LONGA MENSAGEM!
  • Diego Felipe
  • 18.12.2009
  • ·
  • Na minha humilde opinião, a mídia deveria colocar como comentarista, no mínimo, um técnico realmente gabaritado no basquetebol, e não simples ‘figurões’ da mídia, que pouco vêem (e por isso pouco falam) do aspecto tático de qualquer jogo.
    E isso se repete, não somente no basquete, mas no futebol, handebol, e quaisquer esportes que envolvam coletividades com táticas.
    E caro professor, muito me assusta que a CBB ainda não tenha visto o seu blog e comentários (acho mais provável não quererem reconhecê-los, pertinentes que são) e, pelo menos, refletido um pouco sobre os tópicos aqui abordados. (muitos deles exaustivamente ;D)
  • Basquete Brasil
  • 19.12.2009
  • ·
  • Prezado Alexandre, sim, depois de uma fase conturbada refaço minhas expectativas de vida produtiva, onde o trabalho é fator altamente benéfico nesta retomada. Obrigado pelos seus votos, e espero corresponder a você e a todos os leitores que me prestigiam aqui neste humilde blog.
    Li a entrevista do presidente da CBB dada ao Rodrigo Alves do Rebote, excelentemente produzida. Mas as respostas, ah as respostas, todas dentro da formatação(a CBB adora este termo…)da gestão anterior, da qual exerce um competente continuísmo, inegável a essa altura de sua gestão. Até os devaneios e projetos superlativos são os mesmos, inclusive o staff, todo “profissional” da melhor estirpe. Quero ver no que vai dar. Aliás, já bem sei no que vai dar, ou seja, absolutamente nada do que seu antecessor alcançou. Minto, alcançou a presidência da ABASU, que destinará ao seu sucessor na CBB quando atingir sua grande meta, a FIBA America. Irmãos se ajudam, mesmo posando de conflitantes. Não acredito em nenhum dos dois e nos que os seguem, pois mudar o que deve ser mudado jamais o farão. “Time que vence não deve ser mudado”, ou deve, já que beneficiam a eles e não o grande jogo?
    Quanto à escola de técnicos, brincadeira prezado Alexandre, e com conotações futuras preocupantes, senão trágicas. Tenho apontado incansavelmente os óbices deste projeto, que jamais poderia ser coordenado da forma imposta politicamente, e o pior, eticamente comprometida por quem aceitou a incumbência sem as qualificações para o cargo, de que é bem sabedor. Logo, cúmplice da jogada crefiana. Isto mesmo, jogada do Sistema CONFEF/CREF que inicia sua conquista na formação de técnicos de nível superior. Quero ver como vão digerir a malha de “provisionados” que diplomou até hoje, inclusive para as seleções nacionais de várias modalidades, futebol em particular. Ambição e arrogância é isso ai, numa terra onde as leis são estabelecidas em favor dos poderosos.
    Desculpe prezado Alexandre, mas a formação, atualização ou especialização de técnicos os qualificam como especialistas pelo conhecimento aprofundado de uma modalidade, sem no entanto retirar dos mesmos o caráter generalista por se tratarem de professores acima de tudo. Os exemplos de nossos irmãos do hemisfério norte, que de acordo com as estações do ano lecionam modalidades diferentes, é a prova contundente de sua formação generalista. Este tem sido o grande erro nas pretensas formulações de políticas desportivas e educacionais voltadas aos nossos jovens, pois no âmago escolar especialistas tem de ceder à realidade generalista de uma educação de qualidade, ampla e democrática. Infelizmente muitos se escondem sob o manto das especialidades para fugirem aos compromissos com a maioria, se fixando numa elite que forma o topo de uma pirâmide injusta e inconstitucional. Realmente, a base da mesma é muito trabalhosa e oferece escassas oportunidades ao brilho de suas personalidades.
    Finalmente, somente iria a tal reunião se fosse convidado, fato inconcebível pela patota mandante, já que independência e absoluto livre pensar me tornou, torna, e sempre me tornará alijado deste sistema. Mas, aqui deste cantinho sigo minha tarefa educativa, imune à subserviência moral, cultural e ética, de quem nada deve e teme. Por analogia, depreende-se que seleções nacionais é meta a mim negada desde sempre, desde que fui preterido na primeira indicação por ser baixo e feio, mas que me fez forte e lúcido para me manter culto e atualizado, sempre e permanentemente pronto a servir se designado, já que função e direito de todo cidadão, professor e técnico que se preza.
    Terminando, não se desculpe por sua elogiável curiosidade, a qual tive o imenso prazer em atender. Um abraço, desejando um feliz natal e formidável 2010 para você e sua família.
    Paulo Murilo.
  • Basquete Brasil
  • 19.12.2009
  • ·Prezado Diego, é fato mais do que conhecido que este pequeno blog é lido por muita gente, aqui e no exterior, inclusive pela turma mandante do esporte nacional. Convencimento meu? Não, pois são fatos indesmentíveis.
    Mas o que realmente conta e me interessa profundamente é o eco refletido nos comentários e nos apoios sinceros, nos pequenos reflexos técnico táticos que vem mudando alguns comportamentos, tanto de praticantes, como de professores e técnicos, pois afinal de contas aqui todos eles encontram, sem censuras e limites todo um conhecimento que amealhei por toda uma vida, e que continuarei a amealhar enquanto por aqui estiver.
    Essa é a minha convicção de vida, transmitir e ensinar tudo o que sei, como testemunho de que continuarei sempre aberto a novos caminhos, conceitos e experiências de vida. Somente assim ela se torna digna de ser vivida.
    Um abraço, e feliz Natal para você e sua família, e um 2010 pleno de sucesso e realizações.
    Paulo Murilo.

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PADRÕES, PATRÕES E…REFÉNS…

Os padrões – 

Os cincos abertos, e chutacão explícita

Estamos sob a égide de novos, novíssimos padrões, como se o grande jogo fosse redescoberto, e que todos os conceitos, técnicas e estratégias criadas e forjadas desde 1892 em Springfield, tivessem sido varridas para baixo do tapete da história, substituída por uma outra, modernosa, oportunista e enganosa, condizente a uma novo tempo, um novo jogo, um pastiche do verdadeiro e eterno grande jogo, submetido e pretensamente sucumbido a uma corriola de oportunistas e aproveitadores, aqui e lá de fora também, abençoados e sacramentados por uma mídia cada vez mais vendida aos interesses nada desportivos, e sim aos de cunho financeiro, econômico, globalizado, onde ate o nicho das apostas vem sendo admitido, vindo de uma matriz que, absolutamente, é a antítese de nossa cultura material, cultural e, por que nao, política também…

Nossa forma de atuar, jogar um jogo que sempre foi querido e amado por nosso povo, sua verdadeira e mítica segunda opção, somente atrás do futebol, sua paixão visceral, foi violentada coercivamente, relegada e coisificada à mesmice formativa, técnica e tática, agora endêmica, onde os padrões clássicos do coletivismo estrutural, consubstanciado pelo conhecimento teórico e prático dos fundamentos básicos, ensinados e repassados por professores e técnicos verdadeiramente preparados na arte de levá-los a muitas gerações, que nos alçaram ao ápice das conquistas e do reconhecimento internacional, agora transformados num novo padrão, colonizado, copiado, e muito mal copiado, de uma liga que a cada dia vai transformando o mais evoluído dos jogos coletivos, em uma vitrine de egos, super egos, voltados ao individualismo extremado, no qual as estatísticas individuais e seus recordes, se tornam a cada temporada mais midiaticamente importantes do que os resultados das próprias equipes a que pertence esta nova casta de super estrelas, mais centradas em si próprias, do que as franquias que pagam seus salários…

A egocêntrica estrela

Estamos vivenciando essa forjada e forçada mudança de trinta anos para cá, gerando coincidentemente uma debacle na formação de base, nos conceitos técnicos e táticos, e principalmente, nas estratégias equivocadas e politiqueiras que assaltaram o grande jogo em nosso infeliz país, tão grande e rico, porém mal educado e propositalmente deixado nessa situação de interesse das castas políticas, todas elas, com raríssimas exceções, que de tão raras pouco influenciaram e influenciam neste triste cenário. Na universidade onde lecionei para futuros professores, nunca deixava de lembrá-los que  nosso país, talvez seja um dos únicos no qual, nem a direita e nem a esquerda querem o povo educado. A direita o quer analfabeto para se manter no poder, e a esquerda o quer mais analfabeto ainda para usá-lo como massa de manobra para ascender ao poder, e ao conseguir o intento,  mantê-lo analfabeto a exemplo da direita. Esta cadeia de interesses se estende a toda a sociedade e suas ramificações  comerciais, industriais e econômicas, atingindo a todos, escolas em particular, e desportos também…

Temos e agora presenciamos um novo padrão de como jogar basquetebol, o moderno e copiado modelo NBA/NBB (a CBB ainda não conta…), sem no entanto contarmos com a formação massificada da matriz em suas escolas e universidades, sem a dinheirama de seus abastados patrocinadores, porém repleto de equivocados formadores de base, e técnicos (?) que se convenceram que o grande jogo nasceu no dia que vieram ao mundo, logo dispensados de conhecê-lo de antanho, sequer estudá-lo, e acima de tudo compreendê-lo como uma verdadeira escola de vida, de hábitos, de costumes centenários, de sistemas vencedores, de técnicas e táticas individuais e coletivas, amalgamadas por décadas e décadas de estudos e sérias pesquisas. Estudar e pesquisar para que, se tudo vem sendo apresentado e mastigado pela matriz? Afinal, jogando dessa forma ganham tudo, então vamos jogar da mesma maneira, ou não , afirmou o novo patrão de nossa seleção, que orientará também o mesmo credo nas seleções de base…

Os patrões-

De dezessete anos para cá (idade deste humilde blog), venho travando um incessante luta contra o negligenciamento na formação de base, com seus modernos conceitos de correria desenfreada (alguns chamam de transição), defesas inexistentes, compensadas, segundo os modernos técnicos, pela avalanche de arremessos de três pontos, disposição dos cinco atacantes fora do perímetro, musculação visando força e saltos estratosféricos, enterradas midiáticas e tocos infernais, para gáudio dos tronitruantes narradores que mostram um jogo que não se coaduna com a realidade, analisados por comentaristas mais preocupados com a rede de amigos, encontros, jantares e abraços em profusão, claro, as poucas exceções existem, mas muito poucas, mesmo…

Neste árido cenário, três pontos tem de ser enfatizados, e o primeiro deles se refere ao número absurdo de erros de fundamentos praticados em todas as categorias e faixas etárias, chegando na categoria adulta a média de 26 por partida no NBB, algo impensável no nível internacional, provocados pela insânia do jogo com cinco abertos, o segundo ponto, exatamente para provocar o tão desejado 1 x 1, festejado e aplicado com fervor na matriz do norte (origem das festejadas performances e recordes individuais) com uma diferença porém, a de que por lá, graças a uma formação de base competente, andadas, conduções de bola e perdas na troca de mãos nas fintas muito pouco acontecem, ao contrário daqui, em que até tropeções na bola ocorrem com frequência, pois a mesma ainda é uma ferramenta desconhecida em seu manejo e controle pela maioria de nossos craques, onde as exceções são mais raras ainda. O terceiro fator, é resultante da extrema fragilidade na preparação defensiva de nossos jovens, e mesmo adultos, originando fracassos nas defesas coletivas individuais e zonais, no fundamento para lá de básico do grande jogo, permitindo pela sua ausência e ineficiência enormes espaços fora do perímetro, encorajando os arremessos de três pontos, hoje tentados até por pivôs, incentivados por técnicos, agentes, narradores, comentaristas, dirigentes, e cada vez mais torcedores de ocasião, todos, sem exceções, que desconhecem as técnicas, mecanismos e, acima de tudo, direcionamento consciente de uma bola de mais de 300 gramas lançada a mais de 6 metros da cesta, onde desvios de 2 graus a tira para fora do aro…

Criou-se então o novo padrão, aquele em que as convergências entre os arremessos de dois e os de três, são um lugar comum em praticamente todas as partidas da liga nacional, que abandonam a maior eficiência estatística das bolas de curta e media distâncias, pelo apelo descabido, porém midiático, das famigeradas bolinhas, num espetáculo muitas e muitas vezes grotesco e constrangedor, como um recente jogo que assisti onde três ataques de uma equipe, contra quatro de outra, sequencialmente foram finalizados com arremessos de três, nenhum convertido, numa ciranda de incompetência dentro, e por que não, fora da quadra também, numa pelada digna de encontros em praça pública, claro, aquela em que as tabelas não foram destruídas pelos adeptos do futsal, sempre prontos a terem primazia de uso num equipamento popular…

Convergência institucionalizada

Aqui, nessa tabela estatística temos o padrão estampado, hoje cada vez mais padronizado, levando o patrão e seu assistente a preconizar com bastante antecedência como irá jogar a seleção adulta, e por que não, as de formação, masculinas e femininas, pois afinal de contas, pelas convicções abalizadas e vencedoras (?) deles, que supervisionam as comissões técnicas da CBB, terão de treinar e preparar as equipes pelo novo padrão, aquele que temo por experiência e um bom conhecimento da história teórica e prática do grande jogo, que frente a escolas sérias, e que dedicam muito tempo ao preparo fundamental, defensivo e ofensivo, ruirá como um castelo de areia, pois criado e movido por mal imitadores, por gente de curriculo inchado em um basquetebol de frágil estrutura, muito ao contrário daquele que alcançou o quarto posto de maior escola do grande jogo no século vinte, segundo classificação da FIBA…

O padrão ético e comportamental

Mas o novo padrão apresenta novas nuances por parte dos patrões, os da seleção e os das franquias, em sua maioria tristemente verdadeiras, a de participantes ativos, combativos, provocadores, coercitivos, agressivos, patéticos, rasgadores de camisa e arremessadores olímpicos de pranchetas (sequer deveriam usá-las), aplaudidos e incentivados por uma mídia que considera tais comportamentos como normais da função, naturais para o brilho do espetáculo, porém e contudo, deseducador e desagregador para uma massa de jovens que está sendo influenciada com tanta falta do mais elementar principio didático-pedagógico, um exemplo tácito de como nao se praticar e respeitar a educação, o desporto…

Mais alguns meses e vamos constatar se o novíssimo padrão funcionará contra equipes que irão marcá-lo como se deve fazê-lo num jogo de ponta, que atacarão fustigando as fraquezas defensivas de jogadores fragilizados em sua formação e preparação de base, ou algum que se comportará com seriedade vestindo a camisa do país, sem ser constantemente desqualificado de jogos por indisciplina como acontece na liga, e mesmo na seleção, quando se negou a defendê-la dentro de uma competição pré olímpica…

Comportamento inaceitável

Um rasgo de esperança se fez notar com as duas recentes vitórias nos sul americanos masculino e feminino sub 18, quando, depois de duas décadas voltamos a vencer os argentinos nessas categorias, fator positivo. e que deveria ser desenvolvido não com o padrão acima descrito, e sim, e corajosamente, aderindo a formas diferenciadas de jogar, como a manutenção e desenvolvimento da dupla armação ofensiva, junto a adoção de três alas pivôs incidindo e jogando dentro do perímetro, de frente para a cesta e arremessando de curta e média distâncias com percentuais muito mais elevados que os de longa distância, reservado aos especialistas dentro de critérios pontuais, e jamais referenciais e preferenciais na forma de atuar da equipe, e principalmente, adotando a defesa na linha da bola com flutuação lateralizada, jamais longitudinal, pois aquela permite com alta eficiência a marcação dos pivôs frontalmente, assim como enfrenta os corta luzes e bloqueios frontais com um mínimo de trocas, todas por mim defendidas nos últimos cinqueta anos, nas quadras, seleções, no NBB, e neste humilde blog, mas é claro, dando um enorme e sacrificado trabalho para desenvolvê-las, na proposta de procurar jogar de forma diferenciada, jamais formatada e padronizada, o que solenemente duvido que venha a ocorrer por parte da turma que ai está, sufragando o glorioso padrão, e que não contará com os estrangeiros que sustentam suas enraizadas “convicções”…

Os reféns-

Seremos todos nós, professores, técnicos, dirigentes, agentes, narradores, comentaristas, torcedores, mas, principalmente os jogadores, os atuais nas mais diversas categorias, e os milhares que virão a praticar o grande, grandíssimo jogo, motivados por uma preparação conscienciosa e responsável nos fundamentos, competindo sob a égide da criatividade, da improvisação consciente, fatores alcançáveis se bem orientados, educados e informados nas melhore técnicas individuais e coletivas, por professores e técnicos bem formados, e nao osmoticamente influenciados por formas fora da nossa realidade de país ainda carente e pobre, que antes de mais nada precisa aprender a administrar essa pobreza, que poderá ser vencida num futuro de enormes sacrifícios e renúncias, sem jamais perder a esperança de dias melhores..

Padrões e patrões nada somam, a não ser para eles próprios, voltados e centrados em metas inclusivas e excludentes para todos aqueles que não seguirem suas convicções lastreadas no Q.I. institucionalizado neste imenso, desigual e injusto país.

Amem.

Fotos – Reproduções da TV, Internet. Clique duplamente nas mesmas para ampliá-las.      

ONDE AS VERDADES ACONTECEM, OU DEVERIAM ACONTECER…

Mais uma oportunidade perdida…

(…) Respeito muito o trabalho do treinador, e seus esforços para dar personalidade a equipe, mas convenhamos, não seria o caso de fazer entrar uma outra pivô para, com duas próximas a cesta forçasse a quinta falta da boa e importante pivô coreana? Ainda mais que vem atuando neste quarto final com quatro faltas? (…). discursava o comentarista…

Fazendo forte coro a este raciocínio, narrador e o outro comentarista, aos brados, lançavam votos canônicos e satânicos, correntes de oração pela quinta falta daquela, que praticamente sozinha, dizimava a equipe brasileira, que, teimosamente, insistia nas bolas de três, como o outro comentarista garantia ser a solução, ainda mais plausível se determinada jogadora que mofava esquecida no banco, adentrasse a quadra, não privando a equipe de sua maestra habilidade. O tempo se escoou, a especialista chutadora entrou, não resolveu, a pivô coreana se manteve em quadra, anotou pontos, deu belos passes, pegou rebotes, e o mais importante, marcou uma, às vezes duas brasileiras com técnica defensiva aprimorada, que se cansaram de perder bandejas, passes e rebotes, para festejar a classificação de sua fraca equipe ao mundial da Austrália, e não cometendo a tão pranteada quinta e redentora falta…

Comentar as outras duas derrotas se faz desnecessário, no momento em que  o jogo decisivo foi perdido bisonhamente, pois, em tempo algum, desde o advento dessa nova direção, com sua “nova filosofia de jogo”, soube a equipe atuar como equipe, unida pela técnica e por um sistema de jogo diferenciado de um sistema praticado por todos, globalizado por uma liga asfixiante, a NBA, e por que não a WNBA também, onde o individualismo exacerbado promove duelos de 1 x 1 em toda a quadra, fazendo com que aquelas equipes dotadas dos melhores e mais fundamentados jogadores vençam jogos, muitos jogos, e seus luminares alcancem recordes e glórias midiáticas, mas nem sempre campeonatos, que é objetivo de um grupo que se predispõe a alcançá-los, numa antítese do individualismo reinante…

Ser alçado a MVP, recordista de pontos de uma liga, mais recordista ainda de doubles e triples, tocos e enterradas, e a coroação máxima, o reinado nas bolas de três, são os verdadeiros entraves aos princípios do coletivismo, pois vai diretamente ao encontro de interesses de agentes, empresários e mesmo “técnicos” ávidos pela projeção midiática, valorizando, em muito, conquistas monetárias e econômicas, para jogadores também…

           (…) Um absurdo ver a única pivô coreana, jogar 38 min da partida, tendo quatro faltas no último período, sem que utilizássemos nossas três gigantes em torno dela, para forçá-la a quinta e salvadora falta (…), discorria indignado o comentarista, que ao final do jogo não divulgou uns simples números:

– Erica               – 21,37min   – 10 pontos

– Stephanie       – 16,33min   –   2 pontos

– Kamilla           –  19,54min   – 11 pontos

                          ___________________

                                         57,24min     23 pontos

– Park                –  38,10min      20 pontos

A Park jogou menos minutos que nossas três pivôs e anotou somente três pontos a menos que todas elas, impactante, não?…

(…) Mas foram raros os momentos em que tivemos duas delas em quadra, e em nenhum momento vi a Stephanie e a Kamilla atuarem juntas (…), mencionou em seu argumento final…

Dois outros números reforçam os porquês de uma derrota lapidar, 10 erros de fundamentos (15 para a Coreia), e 7 erros nos lances livres, (10/17 -58,8%, contra 12/14 – 85,7%), por si só suficientes para vencer o dantesco jogo. Completando o quadro, arremessamos 20/48 – 41,6% nos 2 pontos, contra 20/38 – 52,6%, números que ressaltam a produtividade da pivô Park dentro do perímetro brasileiro, e 8/28 – 28.5% contra 8/30 – 26,6% nas bolas de três, provando definitivamente ter sido a alta eficiência da Park o fator primordial da vitória de sua equipe…

Ora muito bem, concluamos sem maiores delongas, ter sido o fato de atuarmos enclausurados na camisa de força de um sistema que se conclama universal, que remete o grande jogo ao campo provocado e infindável do 1 x 1 (daí o desespero dos estrategistas pelo jogo com os cinco “abertos”), realidade que desencadeia uma infinidade de “retóricas e invenções” rabiscadas em pranchetas, alcunhadas de geniais, criativas e decisivas, quando na verdade crua, não passam de um biombo situado entre técnicos e jogadores, onde de um lado enlevam sonhos inatingíveis, e por outro blindam jogadores que pouco ou nada assimilam ante tantos rabiscos ininteligíveis, num momento em que a existência coercitiva de tal biombo, afasta a real necessidade de um encontro tranquilizador, incentivador e técnico, olho no olho, onde pequenas, porém poderosas verdades táticas devem ser observadas pontualmente, individualmente, coletivamente, que é o verdadeiro papel de um líder, um professor, que os ensinou, treinou e vem orientá-los naqueles momentos em que mais precisam de uma palavra conciliadora, e não os “quero isso”, “quero aquilo”, “exijo dessa forma”, etc, que pululam a granel nos quase sempre desnecessários pedidos de tempo (uma equipe bem treinada sabe muito bem como se comportar em quadra…), noves fora os palavrões de praxe…

Sistema único, cinco abertas, chega e chuta, tem de ser mudado, radicalmente.

“Nova filosofia de jogo” uma ova, já que o sistema único continua a todo vapor, intocável, rígido como o concreto, com jogadores encordoados desde fora da quadra, e enquadrados em quimeras pranchetadas. Se numa determinada rodada de uma liga, qualquer uma, fosse proibido o uso de pranchetas, teríamos muitos estrategistas mudando de profissão, o que seria bom para o grande jogo, mas péssimo para o marketing auto promocional que eles tanto professam…

Temos de mudar o enfoque técnico tático do grande jogo entre nós, desde a formação de base, e já lá se vão mais de mil artigos publicados neste humilde blog, onde conclamo tal objetivo, explicando-o, definindo-o, e mesmo ensinando-o como fazer, como sempre o fiz, priorizando o treino, o desglamourizado treino, onde princípios, sistemas e comportamentos são definidos, após ensinados, treinados e discutidos profunda e detalhadamente dissecados, como deve ser todo aquele trabalho que se considera sério e profundamente responsável. O jogo, a competição em si, pertence exclusivamente aos jogadores, aqueles que se propuseram ao sacrifício diário para praticá-lo com destreza e competência, e não a uma turma enfatiada e vaidosa de que, no frigir dos ovos, julgam ser suas estrelas maiores, o que, absolutamente, não são…

Da base a elite, metodologias de ensino, treinamento e preparo visando os fundamentos e sistemas diferenciados, tem de ser desenvolvidos por quem realmente estuda, pesquisa e desenvolve o grande jogo. Esta é uma função básica da CBB.

Se não mudarmos, drástica e contundentemente nosso modo de ensinar, treinar, preparar nossos jovens em sistemas e princípios diferenciados dos demais países (já o fizemos não tanto tempo atrás) , continuaremos a perder nas competições que realmente importam, aqui dentro ou lá fora, aquelas que para serem vencidas, necessitam de criatividade, coragem em mudar e acima, muito acima de tudo, conhecimento profundo e integral do grande, grandíssimo jogo, não só teórico, como na quadra, onde as verdades verdadeiras acontecem, as quais tanto teimamos em esquecer…

Que os compreensivos e pacientes deuses nos ajudem.

Amém.

Fotos – Reproduções da TV. Clique duplamente nas mesmas para ampliá-las. 

LENDO NAS ENTRELINHAS…

Precisão e sintonia fina

Muitos são os artigos lidos aqui nesse humilde blog, principalmente os técnicos, os sobre os fundamentos, com alguns deles se destacando desde o início das publicações 17 anos atrás, como os da série O que todo jogador deveria saber (são 10 artigos), destacando-se de longe O que todo pivô deveria saber I e II, e a série recordista absoluta Anatomia de um arremesso de I a VI

Tenho a plena certeza que, a enorme quantidade de acessos aos mesmos, tenha influenciado bastante nas grandes e oportunas mudanças de nossos jogadores numa maior compreensão sobre aqueles fundamentos, não só em sua formação, assim como na prática constante dos mesmos, dando atenção às suas sutis particularidades, e acima de tudo, à importância para suas equipes como um todo…

Outros fundamentos como o drible, as fintas, os rebotes, os passes, a defesa, os deslocamentos, o equilíbrio, também são extensamente procurados, mas sem rivalizar com os sobre pivôs e arremessos, que foram os fundamentos que mais se modificaram no seio das equipes nos últimos 15 anos, principalmente na evolução dos homens altos, que se tornaram mais ágeis, velozes flexíveis e atuantes dentro e fora do perímetro, assim como nos fundamentos e arremessos, na permanente busca da maior precisão possível, abandonando o fator estético e de mecânica perfeita, pelos princípios físicos e matemáticos que compõem sua execução, onde os finos ajustes nas pegas sobre a bola, definem o maior ou menor sucesso dos mesmos, tanto nas longas, ou curtas e médias tentativas, numa mudança radical no conceito de precisão que envolve esse fundamento definidor do grande jogo…

No entanto, cabe aqui lembrar que muito dos aspectos básicos contidos  nesses mais de 1600 artigos publicados, se encontram nas entrelinhas, onde pequenos, porém decisivos fatores se entrelaçam num todo, nos fundamentos em si, quando pequenos e sutis detalhes, como os do equilíbrio, regem os demais, dando aos mesmos a solidez necessária à sua perfeita compreensão, sem a qual se tornam estanques e até mesmo, estéreis…

Um bom exemplo interpretativo pode ser observado nesse artigo publicado no O Globo de  3/2/22, sobre o jogador Curry da NBA, cuja perda de eficiência notada nessa temporada de seus mortais arremessos de três pontos, vem despertando interesse mundial, pois suas qualificações sobre a arte dos longos arremessos, vem sofrendo uma queda acentuada, preocupando aos fãs, técnicos e dirigentes de sua franquia milionária…

Lendo com mais atenção o referido artigo, um fator nas entrelinhas deveria chamar bastante a atenção, aquele que menciona o ganho de massa muscular que o mesmo apresentou nesta temporada, que por si só seria perfeitamente o responsável pela alteração de sua reconhecida precisão nos arremessos, pois o ganho muscular tem tudo, e por tudo, influência sobre as nuances e sintonia fina nas sutis alavancas de toque na bola, mais do que suficientes para alterar um gesto que não tolera mais do que 1,5 graus de tolerância a desvios de direção em sua origem, que diminui a cada vez que as distâncias aumentam. Curry alcançou altíssimo grau de precisão quando o adequou ao seu todo articular e muscular, treinando sempre com a bola, e que segundo o artigo, foi trocado por exercícios sem bola, fato bem demonstrado nos aquecimentos transmitidos em seus jogos, numa direta intervenção de um preparador técnico (ocasionalmente um brasileiro), com uso inclusive de elásticos de força. Se no aquecimento são usados, imagino nos treinos. Pois bem, uma franquia que se diz séria e avançada, torpedeia seu melhor jogador alterando o que ele tinha de melhor, sua incrível habilidade de arremessar, perfeitamente alinhada ao seu esguio perfil físico, numa sintonia fina dificílima de ser alcançada, e que de repente se vê substituída por um fator que privilegia o fator estético, disfarçado em potência, desarmando, anulando mesmo a simbiose vencedora…

Ao lermos artigos técnicos, temos de dar muita atenção ao que contém as entrelinhas, onde quase sempre se encontra o pulo do gato, assunto prioritário daqueles que não só amam, mas entendem o grande, grandíssimo jogo…

Amém.

Fotos – Reproduções da TV. Clique duplamente nas mesmas para ampliá-las.

O PREVISÍVEL CAOS…

E não deu outra, foi a equipe “montada para ganhar todas as competições” enfrentar uma outra bem menos ranqueada, porém disposta a marcar com energia e determinação os armadores e os chutadores de fora do rubro negro, para ruir, desculpem, despencar uma artificial banca de equipe matadora dentro e fora do perímetro ofensivo, sem no entanto saber defender o seu próprio perímetro, de um ataque que primou pela insistência e asfixiante presença de um jogo interno primoroso e, acima de tudo reboteiro, através dois jogadores que já defenderam suas cores, o Nesbitt e o Vargas, que desmontaram um sistema defensivo não muito acostumado a pressões, por conta de seu compensatório poderio ofensivo, que ao encontrar uma defesa antecipativa de peso, não obteve resposta reparadora…

Se de um lado, a limitada equipe argentina se fez exaustiva e repetidamente presente no âmago da defesa rubro negra, por outro, os brasileiros abriram-se em leque( o atual modismo) por força da anteposição bem coordenada dos hermanos nas contestações à artilharia de fora (foram 9/30 de 3 e 12/31 de 2, numa convergência que se tornou sua marca registrada), para forçar as penetrações de seus armadores que, previstamente seriam bloqueados pelos altos e fortes argentinos e dois de seus altos, e também muito fortes estrangeiros, no que foi uma constante em toda a partida, quando por força de tal defensivismo cobraram 17/27 lances livres, com a indesculpável perda de 10 tentativas, pecado mortal em uma partida desse nível. A turma portenha converteu 9/14, poucas tentativas em contraste aos seus 44 pontos dentro do garrafão, enquanto o Flamengo converteu 24…

Do lado portenho (22/50 de 2 e 6/23 de 3), a clara opção pelo jogo interno se fez presente, e vencedor, pois exalava firmeza e convicção no seu poderio defensivo, única atitude estratégica capaz de equilibrar a notória eficiência tupiniquim em sua endeusada e midiática artilharia do chega e chuta. Algumas vezes até que chegaram, mas um incomum fator deu ares presenciais (que se repetirão na justa medida em que enfrentem equipes mais técnicas), os “tocos” em lançamentos de três, e alguns air balls não costumeiros…

A 16.1seg uma de 3?

Enfim, o chega e chuta foi contestado, e as penetrações também foram, assim como “não colaram” as repetidas tentativas de coerção sobre a arbitragem, partidas do técnico da seleção nacional, que deve ficar atento a um comportamento, tido como como “normal” por essas bandas, mas enormemente arriscado fora de nossas fronteiras…

No mais, fica cada vez mais consolidada a nova face do basquetebol brasileiro que ora está sendo implantada, a dos cinco abertos, o chega e chuta e, acreditem, a da prancheta que tudo sabe, que tudo define, ficando, porém no ar uma questão – Como atuaremos a nível de seleção nacional (cuja representatividade emana basicamente do NBB) sem a presença dominante e asfixiante dos gringos (já são quatro por franquia), que compraram euforicamente esse ideário coletivo de nossos “estudiosos” estrategistas? Como?…

Ganha uma das quinze vagas de estagiário na franquia última colocada da NBA, aquele que explique e defenda, coerentemente, tal realidade, o que, sinceramente, duvido, de verdade…

Amém.

Fotos – Reproduções da TV. Clique nas mesmas para ampliá-las  

DAQUI A POUCO…

Cinco abertos, chega e chuta, e estamos conversados…

No artigo Reféns aqui publicado recentemente, uma tabela contabilizava os últimos sessenta jogos do NBB, e o que ele representava de negativo para o nosso basquetebol de elite –

Vejamos agora o resultado dos seguintes sessenta jogos do referido NBB:

Arremessos de 2 – 1903/3652  52.1%

Arremessos de 3 – 893/2836    31.4%

Lances livres       – 1203/1684  71.4%

Erros de fund      –  1306           21.7 pj

Concluindo, para os 2 pontos, na média, converteram 31.7 e perderam 60.8 tentativas; Nos 3 pontos, 14.8 e 42.8, nos LL, 20.5 e 28.0, mais os 21.7 erros de fundamentos.

Comparemos agora com a tabela final do torneio Super 8 (7 jogos), finalizado no sábado, com a vitória do Minas TC sobre o São Paulo FC-

Arremessos de 2 – 251/482  51,5%

Arremessos de 3 – 147/432  33,3%

Lances livres       – 161/234  68,8%

Erros de fund     –  142         20,2 pj

As médias finais foram de 35,8 tentativas convertidas e 68,8 perdidas por jogo nos 2 pontos, 21,0 e 61,7 nos 3 pontos, e 23,0 e 33,3 nos Lances livres, números condizentes com os da temporada regular em seus 120 jogos realizados.

Chegamos então a triste conclusão de que, na divisão de elite do basquetebol tupiniquim, os parâmetros de 70, 60 e 90 da elite internacional, está a muitas léguas de distância da nossa realidade, que decresce ainda mais nas divisões de base, principalmente na constrangedora teimosia do chega e chuta solidamente estabelecido…

Se considerarmos serem participantes do torneio, as oito equipes de melhores números na liga, poderemos exercer um pequeno estudo sobre alguns fatores que nos aflige:

– Estamos, como desde muito estivemos, muito mal nos fundamentos básicos do jogo, e de tal forma que, fica determinada a ofensiva em leque, ou seja, os cinco jogadores abertos, fora do perímetro interno, inclusive os alas pivôs, para, de forma avassaladora partirem para a cesta em largas e velozes passadas, a fim de sobrepujar defensores falhos e equivocados, quanto a correta maneira de brecá-los pela boa e eficiente técnica defensiva. Só que, mesmo tomando a frente do defensor, fatalmente encontrará coberturas eventuais, e nesse momento, os princípios técnicos de trocas de mãos e de direção se chocam com a dura realidade de não dominá-los, perdendo o controle da bola, e até das passadas. Com muita sorte, conseguirá uma falta pessoal a favor, ou desfavoravelmente, uma contra si próprio. Muitas e muitas jogadas dessas tem acontecido dentro do errôneo princípio dos “cinco abertos”, a grande arma do atual arsenal dos estrategistas de plantão, plenamente convencidos do poderio da armada americana/argentina que floresce a cada temporada nas franquias, em contra ponto a fraqueza de nossos jogadores nesse quesito, onde se torna cada vez mais corriqueira a presença em quadra de quatro estrangeiros e um único representante nacional do “jogo que você nunca viu, o NBB”…

Espaço para embalar…
E consequente bloqueio

E os caras estão dando as cartas de verdade, tornando uma falsa realidade a glória de muitos dos estrategistas de comandar uma equipe em que o idioma pátrio seja o menos falado, mesmo balbuciando muito mal os idiomas dos caras, que não estão nem aí para taís e insignificantes detalhes, quando o que importa é botar a bola embaixo dos braços, combinarem-se com seus pares, e barbarizarem ao seu modo, vencendo ou perdendo, dentro de um nicho de mercado garantido pela pobreza colonizada daqueles que os pensam dirigir, mas se comportam e agem como meros torcedores de beira de quadra, num erro estratégico que nos cobrará, em breve, um altíssimo preço…

Por acaso, o técnico da nossa seleção poderá contar com esse exército de estrangeiros meia boca em sua maioria no tremendo esforço para a classificação a Paris 2024? Sua solidificada proposta do chega e chuta (nos três artigos anteriores disseco essa proposta, inclusive com  fartos números), agregada ao princípio (?) da abertura em leque acima citada, ambas somadas a dura realidade de nossa carência maior, a defensiva, fundamento absolutamente desprezado desde a formação de base, gerando uma realista e justa apreensão, pelo simples fato de não possuirmos o domínio das técnicas básicas nos fundamentos do jogo, fator que sobra abundantemente nas equipes europeias, americanas, e por que não, argentinas também…

Internacionalmente nos apresentaremos com jogadores nacionais, pensando atuar como se estrangeiros fossem, abrindo em leque para os 1 x 1 de praxe, chutando com ou sem contestações, correndo, saltando e trombando mais ou menos próximos a eles, porém sem os conhecimentos fundamentais da base do grande jogo, e o pior, sem o salutar conhecimento e prática do fundamento maior, a arte de defender, defender, defender, que é aquele responsável pelo desenvolvimento de todos os outros, os ofensivos em particular, praticados individualmente, e acima de tudo, coletivamente…

Pensa realmente nosso head coach que possuímos tal tecnicismo atuando taticamente, como todas as equipes que enfrentaremos atuam em seu sistema único, enriquecido pelo pleno domínio dos fundamentos, mesmo em dupla armação e três alas pivôs ágeis e rápidos, porém sem o domínio daqueles, pensa mesmo?…

Acredito e temo que sim, pois se “atuam daquela forma e vencem, por que não nós também”, por que não? Afinal, parece que temos os melhores arremessadores de três do mundo, ou não? Grande parte de nossos jogadores acreditam piamente que sim, açodados e incentivados por nossos estrategistas, dirigentes, agentes, narradores e comentaristas, verdade ou ilusão?…

Veremos mais adiante, e já os vejo tropeçando em suas próprias pernas ao se verem marcados de verdade, anuladas suas tentativas de três ao se sentirem contestados e serem obrigados a alterar suas trajetórias, perdendo eficiência, e o mais emblemático, terem seus armadores (se jogar com dois), forte anteposição, sem ajudas, pois atuam no sistema único, onde um deles faz o papel de um ala (o tal armador 2), numa composição fajuta para não fugir do tal sistema, quando deveriam atuar o mais próximos possível, propiciando entre ajudas e bloqueios realmente eficientes fora do perímetro, enquanto os três grandes se situam no interno em constante movimentação, prendendo seus marcadores junto a si, em qualquer direção que se locomovam, criando espaços e brechas indefensáveis, a não ser com faltas pessoais…

Mas que nada, pois na concepção atual desses “gênios estratégicos”, sempre existirá um corner player para matar de fora, como acontece frequentemente com nossas fraquíssimas defesas, ao dobrarem sobre os que penetram, pois não dominam as técnicas de defesa 1 x 1, prato feito para as equipes estrangeiras de elite, que a executam com maestria…

E a pergunta que não quer calar inquire: Temos esses jogadores a nível dos que enfrentaremos?  Talvez uns dois, no máximo, porém irremediavelmente atrelados ao indefectível e profundamente burro sistema único, manipulado de fora para dentro das quadras, tendo pranchetas midiáticas e analfabetas na função de mensageiras de hieróglifos ininteligiveis que só funcionam na cabeça de uma turma absolutamente crente de que dominam o grande jogo, minúsculo para a imensa maioria deles todos, aos quais tentei alertar desde sempre em um artigo de a muito publicado, porém pouco levado a serio, infelizmente…

No entanto, uma conclusão pede passagem, a de que atuando em conformidade com as equipes do alto nível que utilizam o sistema único, porém dominadoras dos fundamentos básicos do jogo, jamais teremos chances de grande sucesso, já que altamente carentes no domínio dos mesmos, que é a base exequibilizadora deste ou de qualquer sistema de jogo, por mais simples que sejam, e que são resultantes de uma séria e poderosa formação de base e contínua aprendizagem e aperfeiçoamento nos mesmos, por toda a vida de um jogador…

Enquanto não atingirmos este patamar, urge que joguemos de forma diferenciada, profundamente coletivista, em ajuda constante, com conclusões mais próximas a cesta, logo, mais precisas, condicionando os longos arremessos a condição de complementos, e não básicos de uma equipe, como hoje ousam praticar, com resultados assustadores de tão ruins e perdulários, com acentuadas perdas de tempo, esforços físico e mental…

Quanto ao sistema defensivo, é preciso investir pesado na formação de base, assunto que defendi e aconselhei num recente artigo, e que mesmo carentes individualmente, passemos a defender na Linha da Bola, onde uma flutuação lateralizada compensa bastante falhas individuais, facilitando o posicionamento nos rebotes, pois seus princípios de cobertura se fazem bem mais coerentes e lógicos do que em flutuações longitudinais a cesta…

Atuando com dois armadores, jogando próximos, ajudando e interagindo juntos, alimentando continuamente os jogadores altos em deslocamento constante dentro do perímetro, mantendo seus defensores permanentemente no ! x1, garantindo dessa forma espaços cruciais, mesmo que pequenos, no âmago defensivo, propiciando conclusões perto da cesta, mais precisas e objetivas, com possibilidades reboteiras sempre presentes e atuantes, até mesmo para dificultar contra ataques adversários, possibilitando, inclusive, ótimos passes de dentro para fora, dirigidos aos especialistas de verdade nos longos arremessos, encontrando-os relativamente livres para conseguir bons resultados, colimando um princípio renegado por muitos, de que de 2 em 2 e 1 em 1, podemos atingir grandes placares, onde os tiranbaços de fora estariam restritos, por  sua baixa produtividade, como recurso complementar, e não prioritário, como estamos vendo a cada dia que passa…

Neste Super 8, venceu a equipe do Minas TC, título que, sem dúvida, deve ser comemorado, mas, que no entanto, sacramentou o novo ideário do basquetebol nacional, praticado por todos os integrantes da Liga, conceituando claramente o caminho técnico tático a ser trilhado daqui para frente, cujos reflexos, sem a menor das dúvidas, pautarão o comportamento dos jovens que se iniciam no jogo, e o mais impactante, definirá o comportamento de nossas seleções nos embates internacionais que nos aguardam…

Daqui a pouco estaremos frente a frente com a realidade classificatória, no masculino e feminino também, quando aferiremos, por mais uma vez, a quanto andamos na busca de um processo evolutivo que se esvai década após década, motivado por uma cegueira inconcebível, já se fazendo tarde, bastante tarde, um reencontro com nossas raizes, esquecidas raizes, que nos tornaram, no século passado, a terceira força do basquetebol mundial, o grande, grandíssimo jogo que teimamos em esquecer, nesse imenso, desigual e injusto país…

Que os deuses nos ajudem.

Amém.

`Foto – Reproduções da TV. Clique duplamente nas mesmas para ampliá-las.


ABSOLUTAMENTE NADA…

O Prof. Sergio Machado, o grande Sergio Macarrão, medalhista olímpico em Tóquio, autor e editor do blog Kick da Bola, veiculou esse artigo em 21/5/2012, quando divulgou uma troca de mensagens entre mim e o Heleno Lima, onde comentamos as contundentes derrotas de nossos jovens sub 15 para argentinos e uruguaios, num final de ciclo olímpico para Londres, e o início de outro para a Rio 2016. 

De lá para os dias de hoje, após o ciclo Toquio 2021 resta uma pergunta – O que mudou em nossa formação de base ? Resposta? NADA…

* Colando do Professor Paulo Murilo

       Ressonância Magnética do Basquete Brasileiro

       Já citei aqui no blog, mais de uma vez, o Paulo Murilo, um dos ‘craques’ que formou a geração mais vitoriosa da história do basquete do Rio de Janeiro. Foi um tempo, onde a formação era espaço para professores. Quem ensinava sabia o que estava fazendo, onde queria chegar e como. Éramos todos meninos, Paulinho um pouco mais velho, mas já era técnico. Já era um dos ‘craques’. Epaminondas, Gleck, Barone, Paulo Murilo, Geraldo Conceição, Tude Sobrinho, Afro, Olímpio, Passarinho, entre outros, cada um em seu clube, formaram a geração que em 6 anos venceu 5 brasileiros de juvenis. (Assim como hoje, São Paulo dominava, e para surpresa do Brasil, o Rio acumulou essa série de títulos.) Heleno, também foi técnico de ponta no Rio, um pouco depois desses dias. Meu colega na faculdade, e profundo conhecedor de basquete.

      Recebi uma troca de e-mails entre os dois onde se comentava a recente derrota do Brasil para a Argentina no Sul-americano Sub-15 por mais de 40 pontos. Paulo Murilo fez um “triple double”, e por ele autorizado, publico aqui. Todas as loucuras que acredito, ditas dessa forma, nem parecem ser tão loucas assim. Parabéns Paulinho, obrigado. Como te disse, me senti muito melhor quando te li.

———- Mensagem encaminhada ———-

De: heleno lima <helenolima@hotmail.com>

Data: 19 de maio de 2012 13:57

Assunto: RE: BASQUETE ARGENTINO DA UM SACODE NA SELEÇÃO BRASILEIRA SUB-15 MASCULINA

Para: clippingdobasquete02@gmail.com

       Trabalhei muito nestas categorias. A diferença de um ou dois anos é muito grande. Diferenças desaparecem com o tempo à medida que ficam mais velhos. Nós levamos uma equipe com quatro jogadores de 15 anos, sete jogadores de 14 anos e um de 13 anos.

    Podem ter certeza isto explica tudo. Se foi estratégia foi errada. Não é possível que tenhamos somente quatro jogadores de 15 anos em condições de defender nossa seleção da categoria. Tem que haver uma explicação coerente a respeito disto. Levar uma diferença dos portenhos (Uruguai e Argentina) de 64 pontos não tem cabimento. Existe algo errado nisso. Gostaria de ouvir o Prof. Paulo Murilo que entende disso mais do que eu.  

       Prof. Heleno Lima

      O Clipping do Basquete do Alcir Magalhães veiculou a matéria acima, que culmina com o pedido do técnico Heleno Lima para ouvir minha opinião a respeito. Trabalhamos juntos no vencedor projeto do Olaria AC nos anos oitenta, com praticamente todas as categorias, do infantil à primeira divisão, com muita seriedade e competência, num tempo em que a formação de base, não só no Rio, como em muitos estados brasileiros, fluía e se desenvolvia, abastecendo as divisões superiores com jogadores bem treinados nos fundamentos e nos sistemas de jogo, com ótimos técnicos e professores, até o momento em que a modalidade se viu afastada dos clubes pela falta de incentivos e investimentos, até alcançar o estado de penúria em que se encontra.

    Some-se a esta realidade, outra mais perversa ainda, a decadência do ensino do basquete nas escolas superiores de educação física, que deixaram de oferecer três semestres da modalidade, assim como em outras, como o vôlei, o handebol, o futebol, a natação, o atletismo, passando-as a um mínimo insignificante, substituído-as por disciplinas voltadas às áreas médicas, como as fisiológicas, biomecânicas, psicológicas, etc., que passaram a ocupar as grades horárias prioritariamente, numa formação voltada à saúde, como resultado das anexações das escolas aos centros de ciências da saúde, em vez dos centros de formação de professores, onde estavam historicamente situadas. A realidade é que hoje a maioria destas escolas formam paramédicos de terceira categoria, fornecendo pessoal a academias e consultórios, como força de trabalho explorada pelas holdings do culto ao corpo que se espalham velozmente por todo o país, e com uma agravante a mais, com uma formação mais voltada aos cursos de bacharelato do que os de licenciatura, numa inversão absoluta de valores voltados ao processo educacional do país, com o abandono das escolas para a educação física e os desportos.

    Claro que a formação de base se ressente profundamente dessa formação nas universidades, refletindo tal despreparo didático pedagógico nas formações de base de todas as modalidades, que não encontram na maioria dos clubes os subsídios mínimos para suprirem tão vasta deficiência de ensino.

    Por conta de tal situação, ex-jogadores e até leigos são transformados em técnicos formadores, deficientes em tudo o que se refere ao processo educacional de jovens, mas sempre prontos ao sucesso rápido que os catapultem às divisões superiores e melhores salários, situações estas que os poucos convenientemente bem formados não conseguem equiparar, não só por serem minoria, como, e principalmente, por se tornarem onerosos por suas qualificações legais. Por conta dessa distorção, a maior parte dos jovens iniciantes ficam pelo caminho, e aqueles poucos que conseguem prosseguir o fazem eivados de defeitos e limitações, basicamente no instrumental mais precioso para a prática e o domínio do grande jogo, seus fundamentos.

     Outro e incisivo fator define tal situação com grande precisão, a padronização formatada de cima para baixo no preparo daqueles poucos egressos de uma formação altamente deficiente, por parte de federações alinhadas com uma confederação mentora de um único sistema de jogo, cuja maciça divulgação se faz através de clínicas e de cursos patrocinados por uma ENTB totalmente voltada ao mesmo, onde o planejamento, a aprendizagem e fixação do sistema suplanta em muito o ensino, que deveria ser maciço, dos fundamentos,  no que deveria ser o objetivo central a ser alcançado, pois nivelaria todos os jovens jogadores, independendo de funções, estaturas e posições, no pleno conhecimento das técnicas individuais e coletivas que os tornariam aptos aos sistemas de jogo que mais adiante conheceriam e treinariam, sempre respeitando suas individualidades e amadurecimento físico e emocional, variantes que oscilam de individuo para individuo.

     Por tudo isso caro Heleno, é que sempre me insurgi contra esta situação altamente irresponsável, e muitas vezes criminosa, por parte daqueles que ousam querer implantar formatações e padronizações em crianças e adolescentes, da forma mais absurda e, torno a afirmar, irresponsável possível.

    Os 64 pontos acumulados por nuestros hermanos, refletem essa catástrofe, com a mais séria das consequências, por se tratar do futuro do grande jogo, da categoria competitiva inicial, e que não merece ser tratada de forma tão abjeta. Se mudanças têm de ser feitas, é por aí que deverão começar, pela entrega da formação a pessoas qualificadas, altamente qualificadas, as mais qualificadas que possamos recrutar, de uma comunidade que pertencemos, eu e você num passado não tão distante assim, a comunidade daqueles que real e responsavelmente conhecem, estudam, pesquisam, divulgam e ensinam o basquete como deve ser ensinado. E você, como eu, sabemos que existem esses profissionais, só que nunca lembrados, sequer consultados, por quem deveria fazê-lo.

    Heleno, frente a esta realidade, o que mais dizer?

    Amém.

Foto – Reprodução da TV. Clique duplamente na mesma para ampliá-la.

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Postado há 21st May 2012 por Sérgio Macarrão

REFÉNS…

Em um artigo publicado em 26/11/21, Sob Nova Direção, inclui uma tabela sobre os primeiros sessenta jogos do NBB, agora reproduzida

Contrariando firmemente a grande parte da mídia dita especializada, que conota 60% para os arremessos de 2 pontos, 40% para os de 3, e 70% para os lances livres, quando para o nível internacional, 70, 60 e 90 são os números aceitos e reconhecidos, além do número de erros não ultrapassar os 12/14 por jogo, vemos que estamos muito, muito abaixo do aceitável em se tratando de confrontos internacionais de peso, e não aqueles em que os adversários não atingem um mínimo de qualidade, como Ilhas Virgens e Jamaica, para os quais ousamos perder recentemente em outra classificatória similar: 

Os números finais( 60 jogos) espelham com nitidez esse enfoque:

Arremessos de 2 –  2236/4396   50,8%

Arremessos de 3 –  1103/3318    33,2%

Lances livres       –   1447/2071   69,8%

Erros de fund      –    1628            27,1 pj

Entendendo melhor, para os 2 pontos, na média, a cada jogo dos sessenta tabulados, as equipes converteram 37,2 tentativas e perderam 73,2. Nos 3 pontos, 18,3 e 

55,3, e nos LL 24,1 e 34,5, mais os 27,1 erros de fundamentos.

Vejamos agora o resultado dos seguintes sessenta jogos do referido NBB:

Arremessos de 2 – 1903/3652  52.1%

Arremessos de 3 – 893/2836    31.4%

Lances livres       – 1203/1684  71.4%

Erros de fund      –  1306           21.7 pj

Concluindo, para os 2 pontos, na média, converteram 31.7 e perderam 60.8 tentativas; Nos 3 pontos, 14.8 e 42.8, nos LL, 20.5 e 28.0, mais os 21.7 erros de fundamentos.

A competição continua, e se contabilizarmos mais dados semelhantes, pouco fugiremos das duas tabelas acima, principalmente se as compararmos com os índices de aproveitamento de 70, 60 e 90% exigidos para as altas competições internacionais, pois afinal de contas, é de encontro a elas que deveriamos caminhar a cada ciclo olímpico…

Muito bem, até concordo que são parâmetros para lá de exigentes, mas que não perdoam os 52.1, 31.4, 71.4% e os 21.7 erros por partida. se quisermos avançar técnica e taticamente no concerto internacional, ainda mais no olímpico…

Sem a menor dúvida, tais números espelham com rigor a realidade técnico tática do grande jogo entre nós, da base a elite, num comportamento praticamente padronizado, formatado que vem sendo nas últimas três décadas, onde a imposição do modo NBA de atuar, tornou-se um rígido e inflexível dógma seguido, aplicado e desenvolvido pela esmagadora maioria dos técnicos nacionais, e que agora, finalmente, explodirá nas seleções brasileiras, associado ao “chega e chuta” de invencionice tupiniquim, num preito autofágico que nos levará ao prana supremo, ou aos confins de um inferno que nem Dante visitaria…

Produto de uma pobreza para lá de franciscana, o “chega e chuta”, prestes a alcançar o estado da arte preconizado pela nova direção da seleção nacional, cujo líder já anunciou em rede que jogará como a NBA, pois afinal de contas afirma – “ganham todas as competições da forma como atuam”, tentando cristalizar paleontologicamente um sistema que somente se sustenta na realidade em que vivem, jamais a nossa, que ainda terá de saber administrar a pobreza atávica em que vivemos, bem antes de tentar galgar àquela realidade acima do equador…

Quando tínhamos personalidade própria, jogamos de tal forma diferenciada, que nem mesmo a turma lá de cima nos vencia com facilidade, perdiam também, inclusive grandes competições, mundiais, num singelo exemplo de coragem e técnica pessoal e tática de jogar o grande jogo, e não como hoje, quando simplesmente participamos, copiamos servilmente, e olhe lá…

O nosso formidável “chega e chuta” só se torna possível ante o vazio defensivo, fundamento individual mais do que básico, e para muito além, coletivo, mas que passa despercebido na formação de base, ante a presença castradora das defesas zonais, artifício e artimanha de técnicos/agentes, mais interessados em vitórias enriquecedoras de currículos, do que a formação competente e estratégica de bons jogadores, de jogadores de verdade. E é o que se testemunha nos jogos da liga de elite, o cúmplice conluio inter pares pela fragilização defensiva, estabelecendo os duelos de midiáticas bolinhas de três, com a participação de todos, onde o último a acertar desliga a luz do ginásio, indo saborear a “grande vitória”, enaltecida e deificada por uma mídia tonitruante e absurdamente ignorante, com muito poucas exceções, do que venha a ser basquetebol;;;

Ou será que acreditam em fragilidade defensiva por parte de europeus, americanos e…hermanos? Que acreditam na força dribladora de nossos craques, que necessitam atuar o mais longe possível da cesta, por não dominarem seu instrumento de trabalho, uma volúvel, inconstante e fugaz bola, em ações diversionistas, no intuito de terem muito espaço para partir em velocidade supersônica (a turma de fisiologistas garante que sim…), sobrepondo ao raciocínio e a inteligência, e muitas vezes duelando com a bola que pretensamente julgam dominar? Poucos, muito poucos temos atuando por aqui com esse domínio, em sua esmagadora maioria, estrangeiros, pois o “porraloquismo” (desculpem, não encontrei termo melhor) não é propriedade somente nossa, e a turma de fora prova a cada jogo essa certeza…

Fugimos do perímetro interno como o diabo da cruz, mais por inabilidade pessoal e covardia diretiva, do que o puro e nada saudável desconhecimento do que venha a ser jogar dentro da cozinha do adversário, terreno sagrado e somente penetrável por aqueles que gabaritam o jogo de 2 em 2 com a precisão dos bem formados, qualificando cada ataque com perdas recuperáveis, ao contrário do arrivismo inconsequente dos magos dos 3 pontos, com uma imprecisão matemática, mecânica e estatística em tudo e por tudo superior as tentativas de curta e média distâncias.,com perdas de precioso tempo incontornáveis. Mas como todos em quadra, de um lado ou de outro, rezam pela mesma cartilha, equilibram as perdas e os ganhos, numa ciranda dantesca de assistir, num pastiche mal ajambrado do que venha a ser o grande jogo…

-”Me cheira a prorrogação, que venha uma, duas, quantas vierem melhor”, ululam narradores, rezam comentaristas, ansiando ação, emoção, mesmo que técnica e tática inexistam no calor da refrega, fatores menores ante a digitação de likes e sinos, ante abraços aos fãns e lembranças a parentes, encontros para almoços, churrascos, ou um fraterno chopp, pois basquetebol pode ficar para depois…

Nos jornais, nas transmissões, a NBA dá as cartas, como se fosse do interesse nacional as bodas do provecto Lebron, os triples do Curry, as opiniões políticas do Paul George, etc e tal, nada a ver conosco, que pagamos uma assinatura para ler e se inteirar da campanha do Bulls, que ja  despachou o único brasileiro de sua equipe, mas festeja sua camisa, que só perde em vendas aqui, para a do Lakers, assuntos de transcendental importância para o nosso escanteado basquetebol, que não merece constar em página inteira, sequer a menção de sua liga maior, a tal NBA/nbb, lamentável…

Falam e trombeteiam sobre “basquete moderno”, “novos caminhos e filosofias”, “nova direção”? Por que não novos rumos para a formação de base, aumento significativo de carga horária de disciplinas desportivas nas escolas de educação física, subtraídas que foram pelas da área biomédica, atrasando em três décadas a formação de bons professores e técnicos, hoje substituídos coercitivamente no planejamento e comando por fisiologistas fazedores de atletas saltadores, corredores e trombadores, porém profundamente carentes do pleno domínio dos fundamentos desportivos, tornando-os reféns de pranchetas que exigem deles movimentos básicos individuais e coletivos que, simplesmente desconhecem, e o pior, não encontram praticamente ninguém gabaritado para ensiná-los (afinal, fica bem mais prático e fácil a troca das “peças”…), caracterizando a verdadeira tragédia por que passa o desporto neste imenso, desigual e injusto país…

Por tudo isso cada vez mais me afasto do grande, grandíssimo jogo, sem abandoná-lo jamais, resguardando uma sutil fresta de esperança em dias melhores, onde ainda possamos exercer algo que se aprende, se apreende em toda uma vida, a de amar incondicionalmente a arte de ensinar a ensinar, que tanto nos tem faltado, de verdade. Quem sabe um dia acordemos, um dia quem sabe…

Amém.

Fotos – Reproduções da TV e do O Globo. Clique duplamente nas mesmas para ampliá-las.