MUNDIAL-O TERCEIRO DIA:A ESTRATÉGIA…
No Mundial da Espanha em 1986, a Argentina venceu os Estados Unidos na segunda fase do campeonato por 74 x 70. Os americanos, que foram os campeões (Tyrone Bogues, de 1,59m era o armador, lembram-se?), formavam uma equipe extremamente rápida, e com excelentes jogadores universitários, alguns deles seguindo carreira na NBA, como David Robinson, Sam Elliot, e Bogues, entre outros.
Lembro este confronto por um detalhe especialíssimo, a quebra da velocidade americana, pelo jogo altamente cadenciado que os argentinos imprimiram para vencê-los, em tudo semelhante ao que a seleção brasileira realizou hoje em quadra, quase vencendo a partida, e por um placar semelhante, 70 x 68, e mais, sob o comando de um técnico argentino, que bem deve ter lembrado daquele jogo.
No artigo de ontem, mencionei-(…) No terceiro quarto do jogo de hoje contra os eslovenos, quando estes começaram a impedir os arremessos de três americanos, mesmo defendendo por zona, vimos quão indecisos e ineficientes se tornavam, exatamente por ainda estarem vinculados a resquícios individualistas advindos da realidade profissional em que militam(…), e que foi a estratégia do Magnano, não num terceiro quarto, mas durante todo o desenrolar da partida, freando o ímpeto americano, obrigando-os ao jogo de meia quadra, onde seu atual modo de jogar, fora dos padrões NBA, ainda não se consolidou como um sistema confiável, apesar de inovador para os padrões ortodoxos que seguem.
A estratégia funcionou no plano coletivo, lastreada por uma potente e mutável defesa, ora individual, ora zona, dentro de um ritmo lento de jogo, onde somente um fator destoou decisivamente, os erros de fundamentos, principalmente passes e dribles, além da ainda teimosa insistência de arremessos de três em horas e momentos inoportunos, dando aos americanos as oportunidades de contra atacarem com a eficiência que os levaram à vitoria. É fundamental que lembremos que nos 2min finais do quarto decisivo, tentamos quatro vezes seguidas os arremessos de três pontos, e a diferença era de dois pontos a favor dos americanos, num momento que bastariam dois arremessos de dois pontos para vencermos. Falta de experiência e vivência? Não, falta de fundamentos, que se avolumou de tal ordem que o Magnano simplesmente ignorou os armadores Nezinho e Raul, preferindo eleger o Leandro para a posição, na ausência para descanso do Huertas.
Então, para que manter os dois na seleção, quando deveria ter levado um outro bom armador, que sem dúvidas temos no país, e mais um bom pivô, que muita falta nos tem feito pelas lesões dos pivôs selecionados?
Perdemos uma excelente oportunidade de vencermos uma partida importantíssima para a classificação, visando adversários menos qualificados na etapa seguinte, fator que não se deve subestimar num torneio de tal envergadura.
Nas duas próximas partidas, contra a Eslovênia e a Croácia, sabedores que somos do competente e disciplinado modo de atuar destas equipes, constituídas de jogadores muito altos e técnicos, manteremos o modelo de jogo hoje apresentado? Ou, simplesmente voltaremos à artilharia de três, repetindo erros de passes e dribles, todos motivados pela nossa falha endêmica nos fundamentos?
Sem dúvida nossos jogadores são talentosos, e quando bem dirigidos apresentam boas performances( apesar do sistema único…), que estariam em um outro patamar se deixassem a arrogante evidência de se sentirem plenamente preparados, quando na realidade deveriam voltar um pouco no tempo e tornarem a se exercitar nos fundamentos, com afinco e sincera vontade de aprender e melhorar. Mas para isso terão de ser incentivados e cobrados a fazê-lo, sem distinções de qualquer origem, e por quem tem competência e conhecimentos para ensiná-los. É sem duvida alguma, o que nos falta para elevarmos nosso prestigio e respeito dentro do cenário do basquetebol mundial, além de buscarmos novas formas técnico táticas de jogar, mais de acordo com nossas capacitações.
Torçamos para que o Magnano encontre o ponto ótimo da equipe, levando-a aos bons resultados, e que para o futuro exerça sua prerrogativa de selecionador, não admitindo, em hipótese alguma indicações e convocações equivocadas, como algumas nesta seleção, agora tão escancaradas ao vivo e à cores. Desejo, sinceramente, sucesso no seu trabalho.
Quanto ao Coach K, se arrisca, mesmo inovando( o que é muito bom para o basquete) e sendo um senhor técnico, a cair do…anel( que na realidade, são dois…)
Amém.