O FRONTAL DESAFIO…
-“Se ele está livre tem de chutar, ele é muito consistente no jogo de três…” (comentarista do Sportv no jogo de ontem contra a Grécia).
E ele chutou, e muito, mesmo após ser repreendido por fazê-lo, repetindo a mesma cena do jogo de véspera. Mas…as bolinhas caíram, e aí meus deuses, o que fará o hermano?
Creio ser este o grande problema que enfrentará o argentino daqui para diante, a não ser que se imponha lastreado em razões, por assim dizer, estratégicas.
E que razões seriam estas, senão aquelas que o tornaram um campeão olímpico, na direção de um outro modo de jogar o grande jogo, e não esse em que se defronta com a dura realidade do vamo que vamo…
Perdeu a seleção ontem, estrategicamente falando, uma grande oportunidade de fazer nossos grandes pivôs jogarem contra outros grandes pivôs, dos melhores da Europa, que será a constante que encontraremos em Londres, e que deveria ter sido o mote do jogo, de um jogo de preparação para um campeonato maior, e não um torneio que distribuiu medalhas e troféus inexpressivos, e lampejos geniais de bolinhas mediáticas de três, lançadas como num desafio sutil e perigoso, pois escancarou uma insatisfação aberta e pública de um técnico laureado por um lado, e um jogador em final de carreira que quer por que quer impor uma forma de jogo, que se de um lado o levou ao estrelato, por outro, põe em risco a ansiada tentativa de uma seleção se fazer inovadora, depois de um longo purgatório marcado por uma mesmice endêmica, embalada exatamente pela forma de atuar de jogadores e técnicos descompromissados com a defesa, originando, pela ausência da mesma, a orgia desvairada dos longos arremessos de três.
Marcelo e Marcos são maus marcadores, mas pensam compensar tal inabilidade com arremessos de três, numa contrafação direta aos planos do técnico, focado num jogo interior poderoso, não só pelos jogadores à sua disposição, mas pela reafirmação desse mesmo modo de jogar empregado em Mar del Plata, onde não contava com dois deles. Num cenário de tal dimensão, arremessos arrivistas inabilitam em muito o jogo interior, possibilitado pela forte defesa implantada e desenvolvida por ele energicamente.
Quer dizer Paulo, que você se coloca frontalmente contra as bolinhas? Nunca me coloquei contra qualquer tipo de arremesso, na proporção direta de sua aplicabilidade efetiva, equilibrada e no momento adequado. Arremessos longos devem ser executados com o máximo equilíbrio, firmeza e tempo adequado à sua concretização, exatamente pela exigência implícita nos mesmos da máxima precisão de execução, condições estas somente alcançáveis através passes vindos de dentro para fora do perímetro, e somente neste caso.
Por conceituação lógica, um poderoso jogo interior propiciaria tais condições, onde a recíproca jamais seria verdadeira se o sentido das jogadas percorrerem o caminho inverso. E é neste ponto que o modo arrivista e aventureiro de jogar se choca com todo um principio técnico tático desejado pelo Magnano, onde sua ainda contida revolta pode estar sendo interpretada como uma “politica aceitação” de algo difícil de ser contornado, ou mesmo, corrigido.
Defesa forte, rebotes precisos, contra ataques concluídos de curta distância, e não em bolas de três, jogo ofensivo prioritariamente interior, e adequada e precisa seleção de arremessos, preenchem toda uma estratégia de jogo do bom argentino, que acredito não se deixará levar por desafios imaturos e personalistas, ainda mais quando pode contar com jogadores de grande qualidade embaixo das taboas, ausentes em seleções anteriores, e que necessitam de permanente apoio, pois seria inconcebível que se transformassem em apanhadores de rebotes e sobras de arremessos despropositados.
Mas tal apoio exigiria pleno domínio de armação por todo o perímetro externo, fator somente concebível em dupla armação, rápida, precisa e acima de tudo inteligente, sendo este sim, o bom problema a ser equacionado por ele, e não o anterior, que numa penada poderá ser resolvido se não houver entendimento e compreensão por parte daqueles que ainda insistem e teimam em recriar o que de muito, já deveria ter sido superado. Maturidade estratégica? Falta em alguns, mas nada que não possa ser devidamente corrigido…
Amém.
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