UM INCERTO 2013…

E olha 2013 logo ali na esquina pessoal, bem na esquina onde nosso indigitado basquete decidirá que caminho escolherá até 2016, que menos 2013 = 3 anos, isso mesmo, três anos para se firmar de uma vez por todas, ou se afundar com pouquíssimas possibilidades de volta, a continuar sob o mando dessa turma que ai está,  que no fundo odeia o grande jogo, e teme que o mesmo volte a ocupar seu devido lugar na preferência popular.

Hoje mesmo, um dos mais prestigiados jornais do país, publicou um caderno retrospectivo sobre as Olimpíadas, e nas páginas centrais também publicou o calendário desportivo para 2013 (foto), e adivinhem qual a única modalidade omitida? Acertaram, o basquetebol!

Porque nem num mísero calendário o grande jogo merece ser mencionado, por quê? Ainda mais num encarte que festeja nossos feitos olímpicos, para o qual nosso basquete se classificou após 16 anos de afastamento, por quê?

Boa pergunta, para respostas nada convincentes, ou por acaso um de vocês tem algo a dizer, não os da segunda foto, mas vocês que amam e respeitam o grande jogo?

Então voltemos à turma estampada na tal segunda foto em volta do atual presidente da CBB, e candidato à reeleição, todos felizes e sorridentes pela esmagadora maioria num colégio eleitoral de 27 integrantes. Conte quantos são e imagine quem está praticamente com o poder nas mãos? O grego melhor que um presente, ou o seu pajem por mais de 12 anos, quem?

Pois é, cada um deles comanda uma federação, cujo poder se resume, em sua esmagadora maioria, única e exclusivamente pelo voto, pois realizações técnicas e competitivas praticamente inexistem na maioria delas, e que o usam e barganham magistralmente no grande bazar em que se transformou o desporto nacional, onde as exceções de tão poucas, não contam, nem interferem no resultado final…

Quanto ao progresso, planejamento, desenvolvimento, estudos, pesquisas, projetos para alavancar o grande jogo no país, ora, o que importam, para que servem se como está cumpre com galhardia e sobras aos primários intentos da maioria sorridente? Mudar para que? Seis ou meia dúzia dará no mesmo, ou não? Uma terceira via? Nem pensar, desconjuro, sai pra lá…

Meus deuses, se nem numa retrospectiva jornalística o basquete é mencionado, e se um grupo sorridente e festeiro envolve o mandatário do nada, absolutamente nada, na esperança, não, na certeza de benesses e mordomias em troca do poderoso e decisivo voto, por quê perder tempo com mudanças e incertos amanhãs, por quê? Fiquemos com o certo, o palpável, o negociável, no escambo dessa triste e dolorosa realidade.

Amém.

Fotos – Reproduções do jornal O Globo e Divulgação CBB. Clique nas mesmas para ampliá-las.

UM HUMILDE PRESENTE NATALINO…

  • ·  Rodolpho 22.12.2012

Por que uma equipe tricampeã, que vive convergindo, mudaria o estilo?

Comentando o artigo CORNO ABAJO, CORNO ARRIBA, publicado no dia 12 deste mês, o leitor Rodolpho fez a instigante pergunta acima, que sem dúvida alguma poderá suscitar intensos debates, claro, se colocados frente à realidade do nosso basquete em sua crueza e a nula pretensão a vôos maiores, que não os de  consumo interno, e nada mais.

Vencer por três vezes consecutivas a liga maior, com praticamente a mesma constituição de equipe, convergindo sistematicamente, e praticando um sistema de jogo padrão a todas as equipes, gera uma perplexidade impar, pelo fato inconteste de que nesses três NBB’s nenhum adversário tenha se insurgido contra tal domínio, aceitando as conquistas como algo inexorável e definitivo…

Mas será que foi sempre assim? Afinal a grande equipe sofreu derrotas pontuais, algumas até surpreendentes, e disputou playoffs equilibrados apesar das usuais e corriqueiras convergências, mas sempre se impôs quando sua predominância sofreu contestações, e convergindo desde sempre.

Então, como tirar a incisiva razão contida na pergunta do Rodolpho, como?

Também não se pode negar uma evidência contundente, a de que dentro do cenário do basquete brasileiro, onde todos os seus personagens cultuam um único estilo, ou sistema de jogo, nenhuma equipe o pratica com mais propriedade que a de Brasília, cientes de suas habilidades na forma de atuar e desenvolvê-lo, como algo enraizado e amalgamado em sua forma lapidar de atuar no mesmo, com os jogadores talhados e encaixados em suas posições de forma exemplar.

Jogando, convergindo, e vencendo, por que mudar de estilo?

Se depender da vontade deles, nunca, mas se forem forçados a enfrentar de forma massiva um basquete alternativo e eficiente, cujos caminhos e atalhos dentro da quadra não sejam de seu pleno conhecimento e domínio pela mesmice endêmica implantada na modalidade, ai sim, teriam de mudar e se adaptar a novos conceitos, senão deixariam de reinar absolutos e cardinalícios.

Mas como isso poderia acontecer, se nenhum passo dado na direção de profundas mudanças técnico táticas têm sido tentado e aplicado na consecução de tão necessário objetivo, como?

Bem, esse passo já foi dado, comprovado, valentemente provado na quadra, na bola, no confronto direto e vencedor, mas como toda ação revisionária e corajosa, foi rapidamente abafada como algo a ser evitado, esquecido e jogado para baixo do tapete da história, como extemporâneo, acidental, aventureiro e pontual, afinal de contas não se mexe em time que está ganhando…

Mas neste encontro com a história não ganhou, quis convergir e não conseguiu, pois foi contestado o jogo inteiro, quis impor sistemas de defesa e não conseguiu encaixar nenhum, quis determinar sua forma de jogar no ataque e esbarrou numa linha da bola poderosa e sufocante, enfim, perdeu e perdeu-se em nossa realidade técnico tática a única oportunidade de que algo de realmente novo e instigante pudesse evoluir a partir daquele grande encontro, daquele grande jogo.

Nele, como uma equipe com media de arremessos de três acima das 25 tentativas, convergindo com os de dois pontos em muitas oportunidades na faixa acima das 30 tentativas, somente conseguiu 3/15 nos três pontos, com seu adversário ficando nos 4/11 de três, e um placar de 75 x 76, praticamente 15 pontos abaixo de sua media usual?

Como? Enfrentando algo de realmente novo, instigante, e que se continuado contribuiria para uma mudança de estilo dos tricampeões (dois pontos já estão sendo mudados a partir daquela experiência, a dupla armação e o intenso jogo interior adotado por ainda poucas equipes da liga, mas que fatalmente evoluirá com o passar do tempo…), sugiro a todos que revejam um documento primordial e inspirador, no qual uma defesa contestatória e pressionada, e um ataque de intensa dinâmica interior, alimentado por uma mais intensa ainda dinâmica exterior, e que foi relegado por querer ousar demais, por querer penetrar o corporativismo daqueles que não admitem mudanças, sequer experimentais. Se por um acaso se interessarem por dupla armação, ai está o como realizá-la com pleno conhecimento do que venha a ser leitura de jogo, e se forem mais adiante em seu interesse, constatem o que venha a ser jogar com três pivôs móveis na acepção do termo. E por conta dessa realidade injusta e até cruel para com o grande jogo, a mesmice permanecerá, e com ela as convergências, para que afinal concordemos na manutenção do que ai está. Mudar o estilo, pra que?

Ah, o jogo está AQUI. Vejam como se poderia obrigar um adversário a pelo menos considerar uma mudança de estilo, oferecido como uma humilde lembrança para este natal, honesta e muito bem preparada, e não como um presente antecipado de um outro natal dado pela equipe líder ao último colocado no campeonato daquele NBB2, segundo declaração do jogador Rossi após sua derrota, na bola, no sistema, na convergência e na sua arrogante magoa.

Amém.

Vídeo – Jogo do Saldanha da Gama x Brasília pelo NBB2.

Foto – Divulgação LNB. Clique na mesma para ampliá-la.

FELIZ NATAL

Desejo a todos os admiradores do grande jogo, um Feliz Natal, e um ano de 2013 pleno de realizações e sucesso.

         Um abraço a todos, Paulo Murilo

CORNO ABAJO, CORNO ARRIBA…

Quatorze vezes de três

Brasília bombardeia Limeira com arremessos de longa distância e conquista terceira vitória no NBB 2012/2013

Muito bem, vista assim, a chamada da matéria no blog da LNB nos parece uma elegia à grande eficiência dos candangos nessa forma de jogar o grande jogo, no entanto, peca nos por quês de assim jogar, omitindo uma simples evidência, a de que para atingir tal feito, nenhuma oposição defensiva foi oferecida, sequer tentada, por ambas as equipes e cuja explicação vai contida nos números da partida, aqueles que não são nunca analisados, aqueles que remetem exibições desse porte a seus devidos e constrangedores fatos.

Foram 64 tentativas de três pontos, para somente 22 acertos, logo, 42 errados, leram bem, 42!! Um basquete sério não pode tolerar tal insânia e falta de respeito, não só ao jogo, mas principalmente ao público, que comparecendo em massa assistiu simplesmente um duelo de pseudos especialistas que em 64 tentativas erraram 42. Duro não? E pergunto, quantas arremessariam se devidamente marcados, responsavelmente marcados, tecnicamente marcados? Inadimissivel que um Nezinho, arremessando da altura do peito, verdadeiros tiros de meta, conseguisse um 5/9 de eficiência, ou um Alex desperdiçando tempo e paciência com uma performance de 1/6, enfim, que uma equipe galardoada como a mais temível da liga bombardeasse e se deixasse bombardear (Limeira acudiu com um 8/30 de três…) num jogo de liga maior? Estamos mal, muito mal, defensivamente então, pré agônico, a caminho do terminal…

E não é preciso nem comparecer num ginásio, para visualizar as contidas, e as extemporâneas torcidas de técnicos coniventes com tão descabido “sistema de jogo” a cada bolinha lançada, muitas vezes a menos de 2 metros de suas posições imperiais ao lado da rinha, impolutos e seguros de suas determinações, isso mesmo, conluio, pois se duas equipes cometem o desvario de 64 bolinhas, que não são 10 ou 20, são 64, e não intervêm, é porque apóiam e incentivam tais procedimentos. Logo, podemos concluir que se tal hemorragia se alastra no âmago do nosso basquetebol, é devido à tolerância e aceitação da mesma por muitos técnicos (?)…

Uma equipe que converge sistematicamente (nesse jogo arremessou 20/29 de dois pontos e 14/34 de três) e vence campeonatos também de forma sistemática, é a prova cabal de que nos abstemos, em concordância corporativista, ou não, de exercer o primado básico do grande jogo, o da defesa, da arte de defender, que muito, muito além da opinião abalizada de alguns, que se referem à mesma como “impulso e vontade”, ou o domínio de alguns “Cs”, exige um preparo técnico muitas vezes superior em conhecimento, domínio e precisão que a ofensiva em si, pois exige dos jogadores algo que a maioria deles, assim como ex jogadores hoje técnicos, desconhecem, o domínio pleno e amplo dos fundamentos, entre os quais, na posição mais relevante se encontra a arte da defesa, que se bem e convenientemente treinada, nenhum tiro de meta sequer seria disparado sem a devida contestação, unzinho sequer, pois o artigo primeiro do bem defender define que, jamais deve-se bloquear arremessos de campo, arriscando-se a faltas desnecessárias, e sim tentar de todas as formas permissíveis e possíveis alterar a trajetória dos mesmos, aspecto crucial na diminuição, e até negação de sua eficiência. Parece simples, não? Sim, somente parece, mas definitivamente não é, concordam senhores técnicos?

Fecho este comentário afirmando após ler as declarações do técnico do Flamengo que define sua equipe como praticante de uma forma diferente de jogar, que enquanto chifres (das mais diversas formas), punhos, camisas e outras mais coreografadas jogadas forem desenhadas em sua prancheta, nada de diferente estará se antepondo ao sistema único, agora enfeitado por uma linguagem ibérica interessante e inovadora, as jogadas “corno abajo e corno arriba”… Isto sim é que é progresso, e de além mar, aleluia…

Amém.

Foto – Divulgação LNB. Clique na mesma para ampliá-la.

MAIS UMA EQUIVOCADA CONCEPÇÃO DE JOGO…

Bem no momento em que a dupla armação encontra um tímido apoio e utilização em algumas equipes da liga, mesmo que um dos armadores execute as funções de um ala do sistema único, numa adaptação que o mantêm incólume em sua estrutura de jogadas armadas de forma universal, padronizada e formatada ao total controle e comando de seus técnicos, mas que por força da presença técnica de armadores de oficio, vinha sendo restabelecido um primado a muito esquecido pela quase totalidade das equipes, o jogo interior, o jogo ainda insipiente de pivôs atuantes e participativos, e não meros catadores de rebotes.

Pois bem, nem foi aquecida esta forma de jogar coletivamente o grande jogo, minorando um pouco a densa hemorragia dos arremessos despropositados de três, inclusive através alguns pivôs, como numa reação ao monopólio dos atiradores, para surgir uma nova “concepção de jogo” que tende a mantê-los ao largo das tão midiáticas finalizações, a La Kobe Briant, que vem quebrando recordes seguidos de cestas, enquanto sua equipe amarga derrotas sucessivas. Aponto esse exemplo vindo da NBA, pelo simples fato de que a grande maioria de nossos jogadores e técnicos adotam da maneira mais canhestra possível, a forma universal em que jogam e dão as cartas, técnicas, táticas e comportamentais.

E a nova, mágica e formidável concepção de jogo se espraia velozmente em nossas criativas equipes através o armador “super cestinha”, aquele que quebra recordes, encesta como ninguém, até mesmo vence jogos frente às inexistentes defesas externas e internas de nossas equipes, culminando tanta maestria mantendo os homens altos fora das conclusões diretas, fixando-os naquele comportamento tático de todo sempre, o de apanhadores profissionais de rebotes, e ponto.

Porém, o mais emblemático fator interveniente nessa tendência, é o posicionamento favorável dos técnicos a esse tipo de comportamento técnico, avalizando ações e atitudes cada vez mais presentes nos jogos deste NBB5, comportamentos estes que contundem e fraturam decisivamente o ansiado equilíbrio entre o jogo externo e interno de uma equipe que se deseja equilibrada e competitiva pela junção e interdependência de seus segmentos mais básicos, os armadores no perímetro externo e os alas e pivôs no interno. No momento em que um destes segmentos se individualize, principalmente o da armação, nada que se compare a uma equipe coesa poderá ser alcançado, sequer projetado.

Pena que tanto talento seja desperdiçado em nome de uma concepção tão equivocada de jogo, mesmo originando alguns sucessos, tão efêmeros, quanto enganadores. Honestamente, não acredito que armadores/cestinhas possam enfrentar defesas bem postadas, principalmente em jogos internacionais. Porém, se o brilho fugaz alcançado em nossos campeonatos atende a egolatria tupiniquim, então estamos muito bem servidos, lastimavelmente…

Amém.

Foto – Divulgação LNB. Clique na mesma para ampliá-la.

VÍCIOS DO COTIDIANO…

Festas e homenagens pelos mil jogos da LNB, justas por sinal, não tanto pela escolha de um dos jogos da rodada para representá-los, que bem poderia ter sido por sorteio, a fim de que todas as franquias pudessem ter tido acesso hipotético ao mesmo, e que pelo retrospecto não muito desportivo dos escolhidos, fizeram jus ao histórico de confusões e equívocos em seus embates anteriores.

Foi um jogo conturbado e feio, muito feio, motivado pelo domínio técnico do Flamengo, com sua dupla armação e ainda inconstante jogo interior, somadas a uma cada vez mais eficiente defesa, provocando em seu oponente os tradicionais esgares e rompantes contra a arbitragem, como justificativa a um desempenho técnico tático decepcionante, e desnudando uma premente necessidade de recomposição em seu desgastado plantel, principalmente na armação e no pivô.

Somemos a este cenário uma arbitragem conectada à mídia, que a continuar desembocará num som ambiente, como na NFL, e como tal despontando estrelas querendo dividir o espetáculo com os únicos e verdadeiros personagens, os jogadores, numa escalada em busca do proscênio, a que um deles já está instalado como comentarista de, pasmem, técnicas e táticas de jogo…

E deu no que deu, lamentavelmente, obscurecendo homenagens e a festa programada, num burlesco pastiche com data a ser convenientemente esquecida, principalmente pela imagem “edificante” de uma encarada grotesca e ridícula entre dois dos candidatos a astros, e mais, comprometedora e infeliz…

No Paulista, um quinto jogo que vem sedimentando uma tendência altamente perigosa para o grande jogo, e que nos ameaça seriamente remeter de volta ao quadro de uma equipe jogar para um único de seus jogadores, aquele que “joga o máximo” faz duplos-duplos, faz chover e trovejar, mete mais de 30 pontos, mas perde o jogo, e sendo o armador se torna mais catastrófico ainda…

De algum tempo para cá a mídia especializada e altamente técnica, vem enaltecendo jogadores nacionais na NBA e no europeu, com a seguinte e monocórdia novena – Fulano arrasa em seu jogo, mas a equipe perde…

– Beltrano domina o jogo, mas não suficiente para sua equipe vencer…

E outras mais denominações para brilharecos individuais por sobre derrotas coletivas, num doloroso e constrangedor relato de quem sequer desconfia do que venha a ser desporto coletivo, equipe, ou um singelo time. Informo a todos que no grande jogo todos vencem ou perdem, todos, sem exceções, e que o fato continuo e repetitivo de um jogador estabelecer 30, 40 pontos, ou 20 rebotes e tocos explica de forma contundente os porquês de derrotas, claro, em se tratando de confrontos entre equipes de alto nível.

Outra efeméride foi a estréia em quadras cariocas de uma equipe nordestina (?) com sotaque do sudeste, jogando no mais puro e tradicional sistema único, patrocinada por uma gigante que tenta deslanchar nas comunicações lá de cima, e claro, pelo governo de seu estado, também. Quem sabe nos próximos anos vejamos um cearense pairando no céu dessa equipe…

Finalmente, constatamos, apesar dos nada empolgados e empolados adjetivos quando da escalação das equipes por parte dos narradores e comentaristas da TV, a “nova” nomenclatura nas posições – Fulano na posição 1, armador, beltrano na 2…armador… me divertindo à valer, frente a uma evidência que transcende a seus conhecimentos abalizados…

Graças aos deuses e ao bom senso, já vemos na maioria de nossas equipes a dupla armação, e o encaminhamento, ainda tímido e receoso de um jogo interior praticado por alas pivôs de grande mobilidade e flexibilidade, mas que aos poucos deverá ser reconhecida como arma poderosa e altamente conveniente à nossa constituição biotipológica e senso criativo de nossos jovens, bastando aprofundá-los no ensino e prática dos fundamentos do grande jogo.

Bem sei que assim será… um dia.

Amém.

Fotos – Reproduções de Tv. Clique nas mesmas para ampliá-las.

RESCALDOS DE CORRIENTES…

Terminado o Sul Americano em Corrientes, um campeonato que se vence perdendo, fator que contradiz uma modalidade esportiva que sequer aceita empates, podemos rebuscar algo no rescaldo de uma competição repleta de contradições e malfeitos.

Comecemos pelos famigerados técnicos argentinos, todos eles fascinados e direcionados ao epicentro de suas intervenções, a gloriosa prancheta. Sei não, mas gostaria de vê-las surrupiadas em um jogo entre eles, para medir a intensidade de suas reações sem o apoio de suas muletas. Morro de rir com a grafotecnia em seus pedidos de tempo, principalmente quando silêncios monásticos do Hernandez a antecede, fazendo-o penetrar de cabeça no inerme retângulo plástico no solo à sua frente. Creio que mais do que nunca deveríamos conhecer de fato a turma que cuida da formação de base argentina, aquela mesma que fez o Magnano declarar na escada do avião que o trouxe de Atenas, que tudo devia àqueles formadores, os verdadeiros artífices da grandeza dos hermanos. Técnicos, desculpem, estrategistas burocráticos também os temos por aqui, quiça melhores do que alguns deles. Já os formadores…

Infelizmente, o Troféu Guiness das bolinhas (acima de 60 tentativas) ficou por lá mesmo, mas com um condigno representante tupiniquim, o Brasília com seus inacreditáveis e absurdos 13/35 torpedos e tiros de meta do Nezinho (que não daria unzinho sequer se marcado em proximidade, pois o executa entre a cintura e o peito…), e o bem intencionado Peñarol garantindo a vantagem de 13 pontos do hermano que jogaria contra o Flamengo, com seus também comprometedores 9/29 de três, contabilizando um jogo com 22/64 bolinhas, levando o Guiness de ruindade e pusilanimidade.

Um pouco mais tarde, um vencedor Flamengo, mais na garra e empenho, principalmente na entrega defensiva, do que na técnica de jogo, demonstrando uma das verdades mais impactantes do nosso atual basquete, a incapacidade de planejar, treinar e preparar homens altos para atuarem nos pivôs móveis jogando de frente para a cesta, numa repetição teimosa, cansativa e desgastante de ações de costas para a mesma, sob a imóvel assistência do restante da equipe, torcendo de uma privilegiada posição na quadra de jogo para que dê certo, num alheamento inconcebível e primário. Caio, Alexandre e Shilton, mereciam ser preparados para os embates frontais, e não na tatibitate progressão em marcha à ré a que são destinados mediocremente.

Finalmente, um último garimpo em um diálogo do mais puro e genuíno conhecimento da complexidade do grande jogo, entre o narrador e o comentarista do Sportv quando de uma singela, porém segura bandeja do pivô Ronald do Brasília:

– “Essa era para enterrar, afundar, cravar com estilo, não fulano?”

– “Sem dúvida nenhuma, o espetáculo exige isso, o público vibra, se levanta, e promove o jogo…”

– “É isso mesmo, toco e cravada é a essência do jogo, fulano”

– “Concordo beltrano, inclusive já conversei com ele a respeito. Nos Estados Unidos qualquer moleque treina para isso, e vocês, jovens iniciantes que nos assiste, treine as enterradas, 50 vezes, e depois mais 50…”

– “Precisamos disso, sem dúvida sicrano…”

– “Inclusive sou ferrenho defensor da cesta mais baixa para as mulheres, pois também enterrariam como os rapazes…”

Juro que o diálogo aconteceu, revejam o tape, agucem os ouvidos, mas assistam sentados para não serem enterrados, afundados, cravados no solo infértil da descrença em dias melhores para o grande jogo entre nós, pois ainda acredito que o arremesso seja a essência do jogo, tendo inclusive escrito uma tese de doutorado sobre o mesmo.

Fico triste e preocupado com esse tipo de mensagem aos jovens, ainda mais partindo da emissora que se auto define como a mola mestra da educação nesse imenso, injusto e desigual país.

Amém.

Fotos – Reproduções da Tv. Clique nas mesmas para ampliá-las.

A RECAIDA…

Pior que uma gripe, é a recaída, que se não debelada origina uma pneumonia muitas vezes fatal. O jogo de hoje apontou essa recaída, que enquanto subsistir, nada de produtivo ocorrerá para os lados da Gávea, podendo mesmo originar uma débâcle definitiva.

Inaceitável uma equipe que na véspera vira um jogo impossível, atuando dentro do perímetro e abdicando dos imprecisos arremessos de três, e que hoje retornou com força redobrada aos antigos hábitos como se nada tivesse ocorrido de especial um dia antes, demonstrando tacitamente o quanto de vaidade e auto suficiência campeiam no seio da equipe.

Se ontem foi perpetrado um incrível 0/15 nos três pontos, hoje foram 6/22, um a mais no saldo negativo, demonstrando com clareza o quanto de distanciamento foi praticado às colocações de seu técnico ao pedir dedicação defensiva e jogo interior, exatamente como pedira nos dois quartos finais do jogo de ontem. Comparando com os números da equipe de Brasília, 10/22 nos três pontos, constatamos que praticamente foi travado um jogo dentro de outro, cuja diferença de quatro arremessos positivos a mais, definiu a diferença no placar final, 11 pontos, com um troquinho de mais um ponto, confirmando a máxima de quem fizer a última, leva o jogo, pois todas as 44 tentativas foram executadas na mais plena liberdade, onde até pivôs se esbaldaram fora do perímetro.

Somemos a tudo isso, o incrível número de 35 erros de fundamentos, principalmente nos passes, onde até nesse fator a equipe candanga errou um pouco menos (15/20), sacramentando uma vitoria merecida, apesar da péssima qualidade de jogo praticado por ambas.

Podemos estão considerar alguns fatores preocupantes nas duas equipes, onde o pouco comprometimento dos jogadores rubro negros com relação à liderança técnica e tática  de seu comandante torna-se excludente em face do distanciamento de alguns dos nominados jogadores, simplesmente tomando para si o destino de um jogo em contrafação ao que lhes era solicitado, confirmando o grande e penoso trabalho que o aguarda na tentativa de disciplinar a equipe a um padrão de jogo aceitável. Será uma tarefa difícil e desgastante, mas não impossível.

Na equipe de Brasília, cada vez mais se tornam claras as deficiências que apontei no artigo de ontem, A Arte de Ler o Grande Jogo, onde uma equipe fraturada ainda se mantêm competitiva por força da enorme experiência de sua base composta por jogadores de seleção brasileira, mas que se não reforçada poderá se esvair ante as enormes exigências técnicas e físicas presentes nas futuras competições.

Enfim, foi um jogo de muitas fraquezas e deficiências, que bem reflete o atual estágio do grande jogo em nossa terra. Precisamos melhorar, e muito…

Amém.

Fotos – Reproduções da TV. Clique nas mesmas para ampliá-las. Notar o retorno do reinado das bolinhas, e um incrível erro de passe do Alirio postado fora do perímetro, um dos 20 cometidos por sua equipe.

A ARTE DE LER O GRANDE JOGO…

Pouco a se dizer, muito a se pensar, cuidadosa e racionalmente, afinal é a equipe três vezes campeã nacional, e praticamente com a mesma base de jogadores. Logo, experiência e vivência de quadra não falta à mesma, sob qualquer enfoque que submetamos analisá-la.

 

Desde o inicio do jogo, constatou-se um fator altamente restritivo na armação da equipe, unitária no meu ponto de vista com o Nezinho, dupla até na descrição do narrador da TV, quando mencionou o Alex como um segundo armador, tarefa na qual não ostenta o menor pendor, dada às suas características de explosivo finalizador. Talvez sua habilidade defensiva, característica dos armadores, mas fiquemos somente nisso.

 

Com a dispensa do trator Lucas, sua taboa ficou nas mãos de um Guilherme pouco saltador, um Marcio pesadão e um Ronald inexperiente, avultando os problemas de fora do perímetro antes discutido, onde somente o Arthur, com sua inata velocidade amalgama aqueles dois setores da equipe.

 

Logo, faz-se necessário ter na equipe um par de bons jogadores, um armador de alta competência na leitura de jogo, e um pivô que una velocidade e explosão, gerando o ansiado equilíbrio ora em falta, já que o Isaac ainda tem muito o que aprender. E mais, que pudesse realmente jogar em dupla armação aproveitando a sua já comprovada mobilidade ofensiva no entra e sai do perímetro, dividindo um pouco a voracidade dos tiros de meta do Nezinho, disfarçados de arremessos de três, e ampliando as contestações aos longos arremessos de seus adversários fora do mesmo.

 

Não sou, nem tenho propensões a empresário ou agente, mas fico surpreso quando vejo que ao final das contratações pelas equipes do NBB jogadores como o armador Muñoz e o pivô André, ambos da Metodista, que fizeram um campeonato paulista irrepreensível fora da Liga, além de ver preteridos jogadores como o Rafinha, Jesus e Roberto por americanos de baixa qualidade, pelo simples fato de conotarem um falso e enganoso “prestigio” às equipes contratantes, fico realmente pasmo, pois além dos que aqui menciono, muitos outros são esquecidos, mas não a tal ponto da equipe campeã nacional ter a solução de suas pendências aqui mesmo no país, mas não exequibilizadas.

 

Acredito firmemente que os dois jogadores mencionados inicialmente atenderiam com sobras a equipe candanga, pois leitores de jogo com a habilidade e inteligência tática de um Muñoz, temos muito, mais muito poucos aqui no país, assim como a eficiência e coletivismo de um sempre sub avaliado André, que com seus 2.8 m de estatura dinâmica e veloz, em muito auxiliaria a equipe do planalto central, ou qualquer outra que precisasse otimizar sua forma de jogar.

 

Enfim, problemas sérios advirão para a equipe de Brasília, se não forem preenchidas com qualidade e precisão as brechas expostas em sua estrutura de jogo.

Quanto aos argentinos, fizeram o de sempre quando jogam contra nós, contestando os arremessos, errando poucos fundamentos, e por conseguinte, otimizando o mesmo sistema único utilizado também por nós. Nada de novo.

 

Amém.

Fotos – Reproduções da TV. Clique nas mesmas para ampliá-las.

 

OS POSSÍVEIS 30 PONTOS JOGADOS FORA…

É inadmissível que uma equipe tida de primeiro nível cometa quinze erros seguidos com bolinhas de três (0/15), a maioria delas contestadas pelos argentinos, ao mesmo tempo em que permitia a mesma enxurrada hermana, e sem contestação nenhuma, numa passividade defensiva comprometedora, ainda mais quando eventualmente centralizavam seu jogo num par de fracos pivôs, a começar por um paquidérmico americano meia bomba.

 

Pede um tempo o técnico brasileiro no segundo quarto, com a diferença em 26 pontos, e cobra uma segurada na festa dos três (que teimosamente se estenderia até a metade do terceiro quarto…), e um melhor posicionamento defensivo, principalmente fora do perímetro. Baixou um pouco a diferença e foram para o vestiário.

 

Na volta, resolveu a equipe forçar as penetrações, principalmente através o Marcos e o Alexandre, confrontando os pivôs argentinos que tinham muitas dificuldades em contê-los, pois são mais ágeis e velozes, secundados por um Caio mais pesado, porém tecnicamente melhor que as duas jamantas hermanas.   Pronto, refez-se o que deveria ter sido o cenário inicial do jogo, concentrando todo o esforço dentro do garrafão (apesar de mais algumas tentativas de três), em penetrações ou jogo direto abastecido de fora para dentro, onde o adversário apresentava claras deficiências, pela pouca mobilidade e deficiência técnica. Ciente disto, dias antes o técnico Hernandez soltou no ar o comentário- “Tirem os três pontos dos brasileiros, que só se sentem felizes jogando assim…” como num desafio, inteligente por sinal, aos nossos “especialistas”, afastando em tese o perigo perto de sua cesta.

 

O pior, é que a turma topou provar que eles não tirariam nada, e quase perderam um jogo que teria sido mais tranqüilo se tivessem optado pelos 30 pontos de 2 em 2, do que a perda dos 45 motivados pelo trágico 0/15..

 

Uma vez escrevi um artigo (6×6, UMA EFICIENTE ESTRATÉGIA   ) que discutia exatamente os comportamentos dos técnicos antes e durante os jogos em que se enfrentavam, como um campo particular e extra quadra de luta, e onde a chave do sucesso estava contida num critério de analise estratégica, de a muito desenvolvido na disciplina de pratica de ensino de educação física da UFRJ, o fator Diagnose/Retificação  que o futuro professor/técnico teria de desenvolver quando frente a situações restritivas de ensino e aprendizagem, diagnosticando um problema e o retificando didaticamente. Quanto menor o tempo despendido entre os dois fatores, melhor seria sua atuação e decorrente correção. Claro, que o fator experiência propiciará que essa qualidade perceptiva se torne muito rápida com o passar dos anos, constituindo-se naquele crucial fator que separa os bons dos excelentes mestres.

 

Essa qualidade ainda precisa ser burilada e vivenciada pelo técnico rubro negro, mesmo que para tanto tenha de conter determinados egos, pois entre o realismo de uma inconseqüente (não tão juvenil assim…) teimosia de imaturos jogadores em “provar” competências, deverá sempre prevalecer o verdadeiro foco a ser atingido, por mais inverossímil que possa parecer, que naquele caso era o irrestrito e monocórdio jogo interno.

 

Diagnose/Retificação, deveria ter como distância exatamente o que está contido em seu grafismo, um simples e fugaz travessão num espaço mínimo, como deve ser, ou será…um dia.

            Amém.Fotos – Reproduções da TV. Clique nas mesmas para ampliá-las.