SUBLIME OBSESSÃO…
Lá pelas tantas, durante um pedido de tempo, o técnico de Mogi brada – “Quero a zona bem aberta, bem aberta”…- Deduzo que o pedido era para, mesmo estando na zona, deveriam os jogadores contestarem de mais perto a enxurrada de arremessos de fora da turma da casa, o que óbviamente não conseguiam por suas frágeis fundamentações defensivas, propiciando que ao final seus algozes contabilizassem 14/38 nos três e 16/24 de dois, invertendo definitivamente a lógica convergente, que daqui para diante, define para essa equipe as bolinhas de três como alvo predominante do jogo, e as de dois como arremessos complementares, e para aquelas equipes que adotam ou vierem a adotar tão tresloucado “sistema” de jogo…
Porque tresloucado “sistema”? Primeiro, por se fundamentar numa pretensa especialidade finalizadora, de jogadores que fazem da alta frequência dessa modalidade de arremesso seu objetivo primário de jogo, face a defesas ridículas, inábeis e irresponsáveis fora do perímetro (onde a zona se torna risível…), e as estatísticas se apequenam na proporção direta das distâncias alcançadas, vide os arremessos de dois com 66.6% (16/24) dos vencedores…
Segundo, que numa análise fria e restrita aos fatores de técnica e precisão, oito foram os jogadores de Bauru que arriscaram nas bolinhas, com resultados sofríveis na maioria dos casos, onde Taylor (0/4), Fisher (1/4), Alex (1/8), Hettsheimer (2/6), Gui (1/3), não se comparavam com os verdadeiros especialistas da equipe, Jefferson (3/6) e Day (4/5), e um improvável Murilo (2/2), num louco caleidoscópio que apresentou 24 perdas nos três pontos, aspecto este que a incapacitada equipe mogiana não soube aproveitar em seu benefício, na tentativa de duelar na mesma moeda com um lamentável 7/28, quando poderia ter tentado uma escalada de 2 em 2 para se situar razoavelmente no jogo, face aos bons pivôs que possui. Mas não, o que importava era o ser alvejada de três e retribuir da mesma forma, com uma diferença, a de que Bauru caprichava um pouco mais na defesa externa, principalmente sobre o Shamell, sem uma resposta idêntica sobre o Day e o Jefferson.
Terceiro, o fator preocupante ante a expansão dessa nova vertente originada pela mais total aversão defensiva de nossos jogadores, que não encontram uma resposta formativa e elucidativa por parte de técnicos que teimam, ou não sabem corrigir tais carências nos mesmos, armando sistemas defensivos individuais ou zonais, para jogadores deficientes no posicionamento técnico defensivo, exigindo superação e garra, quando o básico, as técnicas de marcação são negligenciadas, e sem as quais nenhum sistema adotado funcionará, por mais suor que for derramado…
Me preocupa o fato de nossos pivôs estarem se lançando nessa aventura, lembrando o “gênio” ( para a imprensa deslumbrada…) Hettsheimer na Olimpíada, onde foi contestado firmemente em suas tentativas, e pelo fato do Day não ser nacionalizado (apesar de ser beneficiado pelo bolsa atleta do ME…) como o medíocre Taylor nas absurdas bolinhas…
Essa é uma crescente tendência em nosso basquetebol de elite (?), sinalizando às divisões formativas de base um caminho absurdo, que será contestado fortemente por nossos adversários no campo internacional, e sem a competente resposta, face à nossa mediocridade defensiva, e a realidade da constituição das equipes por agentes, dirigentes e DVD’s, onde técnicos submissos na garantia de seus empregos, aceitam passivamente tais situações que, no caso de falhas dentro da quadra, encontram na substituição pura e simples de jogadores o antídoto “salvador”, sem a preocupação de correções nos fundamentos básicos, inconcebíveis em se tratando de um mercado de jogadores “prontos”, seja lá qual for o significado dessa prontidão…
Aqui do meu canto morro de rir com tanta estupidez, e ao meu lado, num singelo bloquinho de papel, tenho anotado nomes de jogadores que sabem defender, individual e coletivamente ( somente dois no NBB…), verdadeiros craques dentro da zonas de definição, principalmente a lá de fora, onde a maioria dos “nomões” midiáticos que ai estão nada sabem, ou mesmo nunca se interessaram em saber algo, já que “especialistas” nos três, numa comunidade que professa contritamente uma sublime obsessão, aplaudida e incensada por eles, isso mesmo, os estrategistas, de hoje e sempre, e uma mídia hiper especializada…
De qualquer forma, parabenizo o Bauru pela conquista, torcendo que fico para que repensem o “novo sistema”, indefensável quando se deparar com defesas de verdade, e o pior, despreparado taticamente pela ausência da prática constante do jogo interno, que exige dedicação permanente e repetitiva em situações reais de jogo, em todos eles, e não uma exibição feérica dos ótimos pivôs que possui, fora de sua área de atuação, onde serão cruciais na Copa America e, por que não, na seleção…
Amém.
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