SUBLIME OBSESSÃO…

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Lá pelas tantas, durante um pedido de tempo, o técnico de Mogi brada – “Quero a zona bem aberta, bem aberta”…- Deduzo que o pedido era para, mesmo estando na zona, deveriam os jogadores contestarem de mais perto a enxurrada de arremessos de fora da turma da casa, o que óbviamente não conseguiam por suas frágeis fundamentações defensivas, propiciando que ao final seus algozes contabilizassem 14/38 nos três e 16/24 de dois, invertendo definitivamente a lógica convergente, que daqui para diante, define para essa equipe as bolinhas de três como alvo predominante do jogo, e as de dois como arremessos complementares, e para aquelas equipes que adotam ou vierem a adotar tão tresloucado “sistema” de jogo…

Porque tresloucado “sistema”?  Primeiro, por se fundamentar numa pretensa especialidade finalizadora, de jogadores que fazem da alta frequência  dessa modalidade de arremesso seu objetivo primário de jogo, face a defesas ridículas, inábeis e irresponsáveis fora do perímetro (onde a zona se torna risível…), e as estatísticas se apequenam na proporção direta das distâncias alcançadas, vide os arremessos de dois com 66.6% (16/24) dos vencedores…

 

Segundo, que numa análise fria e restrita aos fatores de técnica e precisão, oito foram os jogadores de Bauru que arriscaram nas bolinhas, com resultados sofríveis na maioria dos casos, onde Taylor (0/4), Fisher (1/4), Alex (1/8), Hettsheimer (2/6), Gui (1/3), não se comparavam com os verdadeiros especialistas da equipe, Jefferson (3/6) e Day (4/5), e um improvável Murilo (2/2), num louco caleidoscópio que apresentou 24 perdas nos três pontos, aspecto este que a incapacitada equipe mogiana não soube aproveitar em seu benefício, na tentativa de duelar na mesma moeda com um lamentável 7/28, quando poderia ter tentado uma escalada de 2 em 2 para se situar razoavelmente no jogo, face aos bons pivôs que possui. Mas não, o que importava era o ser alvejada de três e retribuir da mesma forma, com uma diferença, a de que Bauru caprichava um pouco mais na defesa externa, principalmente sobre o Shamell, sem uma resposta idêntica sobre o Day e o Jefferson.

 

Terceiro, o fator preocupante ante a expansão dessa nova vertente originada pela mais total aversão defensiva de nossos jogadores, que não encontram uma resposta formativa e elucidativa por parte de técnicos que teimam, ou não sabem corrigir tais carências nos mesmos, armando sistemas defensivos individuais ou zonais, para jogadores deficientes no posicionamento técnico defensivo, exigindo superação e garra, quando o básico, as técnicas de marcação são negligenciadas, e sem as quais nenhum sistema adotado funcionará, por mais suor que for derramado…

 

Me preocupa o fato de nossos pivôs estarem se lançando nessa aventura, lembrando o “gênio” ( para a imprensa deslumbrada…) Hettsheimer na Olimpíada, onde foi contestado firmemente em suas tentativas, e pelo fato do Day não ser nacionalizado (apesar de ser beneficiado pelo bolsa atleta do ME…) como o medíocre Taylor nas absurdas bolinhas…

 

Essa é uma crescente tendência em nosso basquetebol de elite (?), sinalizando às divisões formativas de base um caminho absurdo, que será contestado fortemente por nossos adversários no campo internacional, e sem a competente resposta, face à nossa mediocridade defensiva, e a realidade da constituição das equipes por agentes, dirigentes e DVD’s, onde técnicos submissos na garantia de seus empregos, aceitam passivamente tais situações que, no caso de falhas dentro da quadra, encontram na substituição pura e simples de jogadores o antídoto “salvador”, sem a preocupação de correções nos fundamentos básicos, inconcebíveis em se tratando de um mercado de jogadores “prontos”, seja lá qual for o significado dessa prontidão…

 

Aqui do meu canto morro de rir com tanta estupidez, e ao meu lado, num singelo bloquinho de papel, tenho anotado nomes de jogadores que sabem defender, individual e coletivamente ( somente dois no NBB…), verdadeiros craques dentro da zonas de definição, principalmente a lá de fora, onde a maioria dos “nomões” midiáticos que ai estão nada sabem, ou mesmo nunca se interessaram em saber algo, já que “especialistas” nos três, numa comunidade que professa contritamente uma sublime obsessão, aplaudida e incensada por eles, isso mesmo, os estrategistas, de hoje e sempre, e uma  mídia hiper especializada…

 

De qualquer forma, parabenizo o Bauru pela conquista, torcendo que fico para que repensem o “novo sistema”, indefensável quando se deparar com defesas de verdade, e o pior, despreparado taticamente pela ausência da prática constante do jogo interno, que exige dedicação permanente e repetitiva em situações reais de jogo, em todos eles, e não uma exibição feérica dos ótimos pivôs que possui, fora de sua área de atuação, onde serão cruciais na Copa America e, por que não, na seleção…

 

Amém.

Fotos – Reproduções da TV. Clique nas mesmas para ampliá-las e acessarem as legendas.

 

 

 

 

COMO O PREVISTO…

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E não deu outra, quase uma extensão do artigo de ontem, quando três dos semifinalistas, dois na justa medida e um aproximado, partiram para uma convergência atroz, onde números não conseguem amenizar uma realidade que se impõe velozmente, sinalizando um caminho, que se implantado, cobrará juros de monta mais adiante, principalmente nas divisões de base, que se espelham nessa elite equivocada e midiaticamente comprometida…

 

Nos dois jogos em Bauru, 36/106 bolinhas foram disparadas (33.9%), contra 73/136 arremessos de dois pontos (53.6%), com praticamente 20% a mais de precisão, com 63 erros de pontaria, menor que os 70 de três, num desperdício lamentável de tempo e esforço grupal. Os lances livres apresentaram um melhor índice, com 78/107 tentativas, ou 72.8%. No entanto, os erros de fundamentos permaneceram na assustadora marca de 49, que em jogos de marcação para lá de frouxa (permitindo a avalanche dos três), preocupa muito no critério “qualidade de jogo”…

 

Bauru, mesmo vencendo acima dos 40 pontos, e sem a mais remota necessidade do “chega e chuta”, já que tinha o domínio absoluto dos garrafões, se permitiu um 13/34 de três contra 21/33 de dois, que segundo as continhas que venho pregando, se substituísse metade das bolas perdidas de fora do perímetro por tentativas de dois pontos, agregaria no minimo mais 20 pontos, dando oportunidade para que seu jogo interior se firmasse em situações reais, fator importante na rodagem dos novos valores que deveriam atuar  “lá dentro”…

 

No segundo jogo, a convergência às avessas, onde uma equipe do tradicional modo argentino de jogar, adotou a emergente “estratégia tupiniquim”, ante um Mogim apático na defesa externa, cometendo um 15/28 de dois pontos e 13/35 de três, enquanto seu adversário se continha mais em  22/39 e 9/26, respectivamente, suficientes numa vitoria apertada no tempo extra, quando a bola decisiva do Shamell se constituiu num quase sempre esquecido DPJ frontal…

 

Destas duas experiências práticas, poderemos depreender um raciocínio primário, fundamentado em continhas, simplórias continhas aritméticas, onde vencerá a final de amanhã aquela equipe que se dispor a agir com energia defensiva fora do perímetro (contestando mais para alterar a trajetória dos arremessos, que o bloqueio dos mesmos…), sem recear as penetrações, que se bem monitoradas, encontrarão anteposições no miolo defensivo, onde o 1 x 1 defensivo deva ser levado com competência e técnica ( na verdade, defender exige 90% de técnica e 10% de suor e esforço, e não ao contrario como a turma do “vamo lá” apregoa…), e que no ataque privilegie a precisão que é alcançada na medida que as distâncias se reduzam, provocando faltas e rebotes ofensivos mais bem posicionados, deixando as bolinhas restritas a conclusões oriundas de passes de dentro para fora do perímetro, permanente e pacientemente, na busca do momento ótimo e oportuno, e não midiático e falsamente eficiente, para de 2 em 2, 1 e 1, e eventualmente de 3, consiga o laurél desejado…

 

São fatores técnicos e táticos verossímeis, planejáveis e treináveis à luz do bom senso e da inteligência prática, muito além das ininteligíveis pranchetas proprietárias, ou divididas por nervosos dedos no afã de determinar razões e pontos de vista, nas quais se confundem conhecimento e engôdo, numa proporção aritmética, também…

 

Amém.

 

 

 

FALANDO DE CONVERGÊNCIAS…

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(…) “Sei da importância do jogo coletivo e interno. Isso está na minha formação como jogador e filosofia de jogo, mas temos jogadores hoje na equipe diferenciados tecnicamente e com potencial de fazer 40 pontos num quarto, como no jogo de Brasília na fase anterior da Liga Sul-Americana (sendo 10 bolas de 3 pontos). Não podemos tirar essa arma da nossa equipe, mas temos que achar um equilíbrio e saber fazer a leitura e ter estrutura tática e conceitos para variar o jogo quando for necessário. Treinamos, falamos, editamos as situações táticas, tiramos o jogador no jogo, mas o tempero (a arma) está na mão do jogador e no momento do jogo. Essa leitura só melhoramos com treinamentos e jogos. Quanto a se incomodar com a crítica, respeito as opiniões, mas aprendi desde os 15 anos, quando iniciei no adulto de Franca, que fazemos sempre nosso máximo e as vezes isso não corresponde às expectativas dos outros. Isso é normal, o importante é nós termos nossa consciência tranquila do que realizamos.(…)

 

Numa boa entrevista cedida ao jornalista Fabio Balassiano no seu Bala na Cesta, o técnico de Bauru assim respondeu a uma pergunta sobre o excesso de arremessos de três pontos praticado por sua equipe no NBB7, cujo trecho acima pincei por considerá-lo importante e relevante ao atual momento por que passa o grande jogo em nosso país, com a célere escalada do jogo convergente que vem sendo praticado, não só por sua equipe, mas muitas outras da liga, exemplificando para os mais jovens que se iniciam, um caminho ambíguo e potencialmente falho, pois os induzem a uma forma de jogo equivocada e danosa ao desenvolvimento harmônico e desejável no domínio dos fundamentos do jogo, todos eles, preteridos que estão sendo pela “especialização” nos longos arremessos, que junto às enterradas conotam midiaticamente a essência do jogo, como apregoada insistentemente pela crítica especializada, num desserviço brutal a causa do jogo bem aprendido, treinado e jogado, principalmente na formação de base…

 

No entanto, ficou faltando algo em sua entrevista, algo sobre defesa, que em sua formação de jogador e posteriormente técnico teve no excelente Pedroca um exemplo a ser seguido exatamente nesse básico fundamento, que notabilizou inúmeras formações francanas por ele dirigidas, e que se vivo fosse, duvido que não pressionasse e contestasse com rigor essa hemorragia de bolinhas aventureiras e altamente imprecisas, que tem brindado a todos aqueles que pouco entendem a sutil logica do grande jogo, em seu permanente desafio de otimizar cada ataque realizado, com conclusões precisas, equilibradas e vencedoras, sem o enorme desperdício de energia e talento em perdas que em media vem atingindo 50-60 erros por jogo, fora os fundamentos que deixam de ser praticados frente a ‘facilidade” do “chega e chuta” ora em crescente ascensão…

 

Mesmo possuindo grandes especialistas de três, como explica na entrevista, tal fato prejudica em muito o desenvolvimento em reais situações de jogo, das ações internas, que nem os melhores “rachas” conseguem emular, deixando no vácuo uma plêiade de oportunidades. únicas e irrepetíveis, preciosas que se tornariam quando frente a equipes defensivamente mais bem preparadas, principalmente no plano internacional, fértil cenário que sua equipe almeja percorrer…

 

Guerra é um dos bons técnicos que possuímos, e um administrador exemplar, vide seu trabalho em Bauru já por longos anos, e que durante o primeiro congresso de técnicos no NBB2, me impressionou muito com sua aula de organização clubística, a tal ponto de terminada a mesma, e  públicamente, me inquiriu pelo fato de não ter formulado perguntas, ao contrário das demais exposições de técnicos, e ao qual respondi que o que havia aprendido naquele momento não daria espaço a perguntas, e sim aprendizagem…

 

Com a equipe e a organização que competentemente implantou em Bauru, fazer com que jogue na busca permanente da otimização ofensiva, deveria deixar de lado o desperdício lúdico e equivocado do jogo convergente, muito a gosto da mídia e de uma parcela de pseudos conhecedores do grande jogo, porém indo de encontro a uma forma diferenciada de produzir resultados compatíveis à qualidade de adversários no plano internacional, sinalizando um caminho pelo qual nossa seleção pudesse se pautar, com responsabilidade e coerência…

 

Amém.

Foto – Reprodução da TV. Clique na mesma para ampliá-la.

 

 

 

 

PONTUAIS OBSERVAÇÕES…

 

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Estive em Florianópolis participando do Congresso de Direito Desportivo, convidado que fui pela Diretoria Executiva da Atlética Direito UFSC para compor a Mesa de Debates Crise no Esporte Brasileiro, na brilhante companhia de Rodrigo Steinmann, que presidiu a mesma, e os debatedores Felipe Legrazle, Alexandre Cossenza, e Martinho Neves Miranda.

 

Foram debates intensos e brilhantes, que levantaram com muita precisão os grandes fatores que explicam a crise em discussão, e que reuniu valiosos subsídios a serem encaminhados aos órgãos responsáveis pela administração desportiva do país.

 

Por tão importante motivo, atrasei as publicações de artigos no blog, retomando a tradicional rotina com uma abordagem do que mais me chamou a atenção na semana finda,

 

 Como estamos caminhando celeremente de encontro aos sistemas ofensivos convergentes, onde em muitos casos as tentativas de três pontos superam as de dois, numa avalanche irresponsável e absurda pela adoção cada vez mais insidiosa do “chegar e chutar”, aliada a cada vez maior ausência de contestação defensiva, sintomas mais do que evidentes de que algo de muito grave nos empurra para a confirmação e solidificação da formatação e padronização técnico e tática coercitivamente imposta ao nosso infeliz e equivocado basquetebol.

 

Em dois jogos contra o Pinheiros e Palmeiras, a equipe do Ceará arremessou 15/34 de dois e 12/32 de três, e 15/31 e 12/32 respectivamente, perdendo os jogos por 97 x 81 e 94 x 87.

 

Bauru e Uberlândia venceram seus jogos contra a Liga Sorocabana (97 x 80) e Flamengo (101 x 98), convergindo fortemente (16/27 de dois e 11/28 de três para Bauru, e 20/34 e 17/34 para Uberlândia), assim como Franca perdeu para o Paulistano (81 x 76)  arremessando 16/29 e 7/29, enquanto alguns de seus adversários optaram pelo jogo interior, vencendo ou perdendo.

 

No entanto, o que deve ser notado foram os placares bastante próximos, fator que nos leva a uma oportuna reflexão, orientada a simplórias continhas aritméticas, quando, sem exceção alguma, bastaria que a metade dos arremessos de três perdidos fossem trocados por tentativas de dois pontos, num jogo interior, onde os arremessos se tornam mais precisos, para que todas as equipes perdedoras se situassem ante a perspectiva vencedora, na mesma proporção utilizada por seus adversários, ainda mais perante a evidência maestra que se impõe lamentavelmente, a ausência praticamente unânime das contestações defensivas fora do perímetro, numa aposta de erro e acerto das temerárias bolinhas, que se equivalem pela aceitação das equipes em confronto, numa roleta que expõe nossa fragilidade quando nas disputas internacionais, onde as defesas se fazem presentes, dentro e fora…

 

Dois outros aspectos técnicos tiveram relevância, ao contrário, mas tiveram, as análises dos comentaristas televisivos, conotando todos eles um alto padrão técnico nos jogos transmitidos, adjetivados de “jogaços”, sem no entanto mencionarem o elevadíssimo número de erros de fundamentos, que os tornariam sofríveis, pois escolhendo aleatoriamente equipes nessa semana de disputas, podemos atestar a média de 30 erros por partida, número inadmissível para equipes Sub-18, quiça equipes da elite nacional…

 

Finalmente, algo inédito, surreal, anacrônico, inqualificável, pois agora não bastam os P.Q.P’s em português transmitidos pela TV em estéreo e a cores, “desculpados e compreendidos” pelos comentaristas, pois agora os temos em Espanhol, isso mesmo, na língua de Cervantes, gloriosamente encenados por um técnico que propugna, inclusive em seu blog, a ética e o exemplo professoral, numa demonstração de total adaptação ao que de pior temos por aqui, infelizmente…

 

Amém.

Fotos – Reproduções da TV e autoria própria. Clique nas mesmas para ampliá-las.

 

 

 

A PEDAGOGIA DO ABSURDO…

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Terminado o jogo no Paulistano no NBB2, com a nossa primeira vitória pelo Saldanha da Gama, balbucio um palavrão menor, como um descarrego emocional, íntimo, particularmente contido, quando o De Jesus, enorme pivô que se encontrava às minhas costas sem que o percebesse, grita para o restante da equipe que comemorava sua segunda vitória no campeonato – “Pessoal, ele disse um palavrão, eu escutei, sério, é verdade…”

 

Fiquei constrangido em ser pego no desabafo, e me desculpei, recebendo de volta compreensíveis sorrisos e acenos de cabeça, divertidos, respeitosos…

Até aquele momento, tinham sido 20 dias de duro treinamento, exigente, repetitivo, questionador, desafiador, emulador, numa progressiva aceitação grupal, porém sem contestações, gritos, ameaças e…palavrões…

 

Treinei um grupo de adultos e calejados jogadores, muitos chefes de família, pelo caminho dos fundamentos, individuais e coletivos, pela dureza defensiva, pelo sistema que nunca tinham praticado, e sequer conheciam, forçando comportamentos inusitados para todos eles, inicialmente relutantes, mas progressivamente aceitos pois entendidos e estudados, detalhados pela pratica fragmentada, unindo aos poucos as partes, direcionando-as ao todo do sistema proposto, paciente e educadamente…

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Sem gritos, esgares, coerções e palavrões, avançamos todos de encontro aos objetivos traçados, unidos, e acima de tudo, com respeito mútuo e indivisível.

Por tudo isso, não consigo entender, sequer aceitar, a truculência como forma de liderança (?), o baixo calão como forma de comunicação inter pares, ainda mais no ambiente esportivo e educacional, nos quais o respeito, a confiança e o exemplo permeiam o objetivo comum, a equipe, sua unidade, seu espírito agregador, chave do coletivismo democrático e vencedor…

 

Também não consigo entender técnicos (?) que ferem o bom senso, ofendem jogadores e colegas na quadra, pressionam e coagem juízes e delegados, agridem telespectadores com um comportamento ofensivo e desequilibrado, mostrando a todos o pior lado de uma competição, esquecendo o punhado de jovens que os prestigiam e assistem, deseducando-os, ferindo-os através lamentáveis exemplos comportamentais…

 

Enfim, torna-se necessário um freio reparador, e não uma cínica atitude de aprovação na forma de – “Ele é nervoso, agitado, que se integra na aspereza do jogo, ele é assim mesmo…”

 

Me desculpem tais análises, desculpas e velado consentimento, estão todos errados, profundamente equivocados, sabedores que deveriam ser, de que tais comportamentos promovem e aceleram o movimento decadente que tanto tem ameaçado o grande jogo entre nós, basicamente no âmago dos mais jovens, que não merecem tanta insensibilidade, tanta incoerência, despreparo, e acima de tudo, lamentáveis exemplos…

 

Amém.

 

CONVERGÊNCIA EXTRAPOLADA, O NOVO ESTILO DE JOGAR…

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                                                                                                                                                                                                                                 Você se predispõe a assistir um jogo de Liga Sul Americana, onde a equipe que mais investiu no país se apresenta contra uma outra, incensada como a grande revelação do NBB6, ambas recheadas de contratações midiáticas, e testemunha incrédulo uma incursão deliberada de encontro a um novo estilo de jogar, no qual o “chegar e chutar” se revela deliberadamente impositivo, na culminância de 23/71 arremessos de três pontos, extrapolando uma convergência que insidiosamente vinha se instalando em algumas de nossas mais representativas equipes, numa viciante escalada influenciadora das novas gerações, quando a aventura das bolinhas, irmanada às enterradas definitivas, simbolizadas pelo reconhecimento midiático, absolutamente irresponsável, e certamente reprovável, como o “reconhecimento” do ápice do jogo, sinalizando um equivocado caminho a ser seguido…

 

Que sem dúvida alguma será trilhado, inclusive nas seleções, da base à elite, não mais como uma tendência, e sim como um estilo, um novo estilo de jogo, que conta com a cumplicidade de jogadores e técnicos, unidos pelo primarismo de suas formações básicas, onde os fundamentos do grande jogo cedem sua estratégica e determinante função a pretensas especializações, calcadas na negação dos mesmos, substituidos pela mediocridade e a mesmice formatada e padronizada de uma sistema anacrônico e estúpido. Os resultados, que já conhecemos, continuarão a se revelar nas grandes competições internacionais, bem mais exigentes que estes campeonatos disputados por equipes formadas por agentes e dirigentes que raptam a função técnico administrativa de técnicos coniventes e réfens de um sistema mais anacrônico ainda…

 

Testemunhar equipes atuando na mais completa ausência defensiva, permitindo convergências que extrapolam o bom senso, torna-se uma dolorosa experiência  para todo aquele que ama o grande jogo, sua técnica de execução apurada e refinada por anos de prática e treinamento intenso e de alta qualidade, desde a base, e que se estende por toda a vida competitiva, numa prova irrefutável e inegável de que o ato maior da aprendizagem não é esgotado pela idade, muito ao contrário, é depurado pela mesma se orientada, ensinada, com competência e pleno conhecimento de sua essência…

 

Hoje completo 75 anos, feliz por estar junto aos meus filhos e amigos, mas um tanto triste por ainda testemunhar o quanto ainda teremos de caminhar para a obtenção da qualidade que em um dia de ontem obtivemos no grande jogo, do qual tive uma humilde participação, mas que ainda guardo no fundo do coração a irremovível esperança de que consigamos nos soerguer e reconquistar o lugar que nunca deveríamos ter perdido, mesmo alijado do processo por que tanto estudei, ensinei, lutei e continuo lutando…

 

Amém.

Fotos – Reproduções ta TV. Clique nas mesmas para ampliá-las e acessar as legendas.

 

 

CACOS…

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Semaninha complicada essa, com muito ego inflado e desvarios recordes nos arremessos, e muito mais, vejamos:

 

Caco 1 – Está ficando na moda técnico culpar jogadores por derrotas, copiando o mote clássico do futebol – Eu ganho, nós empatamos, eles perdem- adaptando ao basquete o cretino – Eu ganho, eles perdem…Porque não se olham  num espelho antes? Ficariam realmente envergonhados…

 

Caco 2 – Vou a um poderoso site para conhecer as equipes e seus jogadores que atuarão no NBB7, percorrendo um a um os escudos, até, que em um único deles me deparo com a foto do técnico, numa exposição bem parecida com a de um outro do volei (só que num ginásio – vide foto), numa explícita ação de culto à personalidade, lamentável em termos desportivos, e educacionais…

 

Caco 3 – A LNB se lança nas transmissões de jogos pela internet, ação louvável, porém um tanto pretensiosa no que se refere ao modus operandi, pois tenta copiar a fórmula das emissoras de TV, num aparato que deveria ser bem mais contido, mais técnico, sem rapapés dispensáveis para quem realmente gosta e entende do grande jogo, resguardando as vultosas verbas para, em videos, disponibilizar os demais jogos, crús, somente com o som ambiente, levando aos muitos interessados imagens importantes para o desenvolvimento da modalidade em todo o país, através os vídeos que são obrigatoriamente feitos em cada partida, e que pelo que consta, são somente veiculados para os técnicos das equipes participantes.

 

No NBB2 veiculei alguns destes videos aqui no blog quando dirigi o Saldanha, e que mostrou a muita gente o que propunhamos e efutuamos junto aquela equipe. Porque não repetir a experiência com todas as equipes, sairia mais barato (o You Tube é uma possibilidade) e muito mais eficiente em termos técnicos e de massificação do grande jogo…

 

Caco 3 – Fala-se e escreve-se muito sobre evolução técnico tática em nosso basquetebol, com técnicos inovando e propondo sistemas universais, defesas estratosféricas, mobilidade rivalizando com o moto contínuo jamais conseguido pela ciência, preparação física monolítica, no entanto, estancar uma hemorragia que afunda cada vez mais o jogo entre nós, nada, nadinha, tendo inclusive os argentinos que se encontram agora em equipes nacionais aderindo à febre desenfreada dos três, das bolinhas salvadoras, autofágicas, como num suicídio coletivo e imparável. No jogo da Liga Sul Americana entre Baurru e Brasilia, foram perpetrados 32/68 daqueles torpedos, sendo que os paulistas sozinhos lançaram um 19/43 inacreditável, contra 14/35 de dois pontos, num jogo que venceram por 95 x 67. Duvido, mas duvido mesmo que o fizessem contra uma equipe com razoáveis defensores, que são quase impossíveis de serem encontrados nestas plagas, ocupados que estão no duelo de quem faz a última. apagando a luz o vencido…

 

Caco 4 – Vou ao Tijuca com meus dois filhos, e batemos com as caras na porta do interditado ginásio, entrando somente eu por ser jornalista, num jogo com duas das melhores equipe do NBB7, Flamengo e Franca. Sento-me numa cadeira de meio de quadra para fotografar melhor, quando recebo a companhia do ex aluno da UERJ e colega da UFRJ Byra Bello, comentarista da Sportv, estabelecendo daí para diante uma conversação deliciosa e estimulante, regada a grandes lembranças de um pujante basquete carioca e brasileiro, dos quais fizemos, e fazemos parte dentro e fora das quadras, como técnicos e professores de gerações amantes do grande jogo e da Educação Física em geral. Um feliz encontro que fez muito bem a nós dois, tenho certeza, esperando que se repita em breve.

 

Quanto ao jogo, que comentamos bastante, foi muito equilibrado, e duramente disputado, com ambas as equipes atuando dentro e fora do perímetro, intensamente, vencendo o Flamengo que conseguiu 32 pontos no garrafão, dez a mais que Franca, no fator que decidiu a partida por 82 x 79.

 

Finalmente, aceitei o convite dos organizadores do 2o Congresso de Direito Desportivo, a ser realizado na UFSC em Florianópolis de 17 a 19 do corrente, para fazer parte da Mesa de Debates Crise no Esporte Brasileiro no dia 18 às 19 hs.

 

Amém.

Fotos – Reproduções da Tv. Clique nas mesmas pra ampliá-las.

 

 

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DE CONVERGÊNCIAS, FUNDAMENTOS E ESTRATÉGIAS…

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Se dermos uma boa analisada na rodada inicial deste NBB7, poderemos constatar algo de revelador, e bastante positivo, frente à sempre ameaça continuísta da mesmice técnica e tática, que comprime para baixo do razoável uma forma padronizada e formatada de jogar o grande jogo, principalmente pelo desvario dos arremessos de três pontos, marca que já estava para lá de solidificada na maioria quase absoluta das equipes intervenientes desde sempre…

 

Pois bem, neste início, claro, onde só pudemos vislumbrar uma “tendência”, nos dois jogos em que uma das equipes convergiu em seus arremessos, perderam para seus adversários que jogaram fortemente dentro do perímetro, o que de certo modo, não deixa de ser um grande avanço tático, que apesar de algo tardio, acena com novas possibilidades de jogarmos mais seria, e diferenciadamente…

 

Bauru (13/32 nos dois pontos e 11/34 nos três) e Uberlândia (14/32 de dois e 13/36 de três) perderam para Brasília (28/45 e 5/16) e Mogi (28/55 e 7/15) respectivamente, onde a prevalência do jogo interno, mais seguro e eficiente, levou nítida vantagem ao jogo exterior e arriscado, exercido por equipes que perderam contumazes atiradeiras, mas não o vício arraigado em sucessivas temporadas. Vermos equipes arremessarem não mais do que 16 bolinhas, optando pelos arremessos de média e curta distâncias, otimizando seus esforços ofensivos, não deixa de ser uma grata conquista, que se mantida, em tudo aprimorará a forma carcomida e capenga em que nos encontramos, sinalizando às novas gerações o correto caminho das cestas efetivas, eficientes e vencedoras…

 

No entanto, um outro fantasma teima permanecer em evidência, e que evidência, mantendo uma média de 30 falhas por jogo, e da elite, dando aos mais jovens um exemplo às avessas de como praticar o grande jogo, os enormes erros de fundamentos, mancha que ainda custa a se diluir pela falacia de que em se tratando de jogadores adultos e consagrados, pouco ou nada pode ser utilizado na reparação de tal deficiência, numa omissão imperdoável, injustificável e mentirosa, pois o ato da aprendizagem jamais é limitado pela idade e pela experiência, mas sim pela ineficiência e ignorância daqueles que são os responsáveis pela mesma, em todos os níveis, da formação a elite, sem exceções, sem desculpas, sem subterfúgios, mesmo que se intitulem estrategistas, mas que me desculpem, de que?…

 

Amém.

Fotos – Divulgação LNB. Clique nas mesmas para ampliá-las.

 

 

 

OS PROTAGONISTAS(?)…

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Era para ter sido um jogo bem razoável de se ver, principalmente se tivesse sido desenvolvido dentro dos garrafões, fator técnico que os artilheiros de plantão em ambas as equipes não permitiram, ao deflagarem um duelo de bolinhas, contestadas ou não, com tempo de sobra dos 24 disponíveis ou não, onde o “chegar e chutar” imperou absoluto. Foram 51 arremessos de três (6/24 para os paulistas e 14/27 para os cariocas), determinando vencedor aquele que conseguiu encestá-los em maior número, sendo que a definição ocorreu da forma mais bizarra possível, quando o pequeno armador Gegê, encaixou três deles seguidos sob a flacidez defensiva dos gigantes Cezar e Devon, determinando os 9 pontos decisivos da partida…

 

Pronto, creio teria sido este o melhor e mais esclarecedor retrato do “clássico”, não fosse o aspecto mais inusitado, porém previsível, que o caracterizou, seus mais legítimos protagonistas, a futura dupla que orientará nossa seleção master, segundo os mais conceituados e esclarecidos experts do grande jogo tupiniquim…

 

E para tanto, já se colocam na vanguarda midiática, um suporte valioso para alçar voos maiores, consubstanciados em seus vastíssimos conhecimentos e experiência profissional no comando de equipes, dentro e fora das quadras. Claro, como bons estrategistas que julgam ser, pensam poder se dar ao luxo de estipular planos de jogo a priori, tabulando ações fundamentais de qualquer equipe que se preze, pressionar juizes contumazmente, manipular torcidas contra os mesmos, teatralizar situações normais de jogo, para no final dar entrevistas televisivas, concluindo enfaticamente, que não julga arbitragens depois dos jogos, num cinismo constrangedor e revelador…

 

Muito me preocupam esses posicionamentos, onde o recente técnico de um grande clube paulista, conclama sua torcida de futebol para estar “ao lado” da equipe que dirige, sabendo de antemão não serem tais torcedores muito afeitos a costumes bem diferentes daqueles extravasados ao redor dos gramados das arenas nacionais, incluindo a inexistência de alambrados nos ginásios…

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Enfim, assim começa o NBB7, que ao meu ver não começa bem, pois vícios de outros carnavais tendem a se repetir, ou mesmo perpetuar, em nome de uma realidade onde a mesmice técnico tática, e agora de personalidades midiáticas, tendem como aquelas, se tornarem endêmicas, afastando cada vez para mais longe, toda e qualquer tentativa de um saudável e democrático revisionismo, pautado pelo controverso, pelo modo diferenciado de se ver e sentir o grande jogo entre nós, da base à elite, das partes para o todo, e não o contrário que ai está formatado e padronizadamente estabelecido…

 

Amém.

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