VAMO LÁ!…

Sábado agora começa a festa na Turquia, de onde emergirá o novo campeão mundial. Favoritos? Alguns bons candidatos, mas nenhum absoluto. O padrão único de jogo, modelo mais do que testado NBA, imperará de forma quase absoluta, com uma única e irônica exceção, e logo quem, os Estados Unidos.

Sim senhor, enquanto o resto do mundo se digladiará com as mesmíssimas armas ofensivas, como que adquiridas no imenso super mercado  da NBA, onde os posicionamentos de 1 a 5 são referenciados e comparados pela mídia mundial, num prét a porter globalizado, a seleção do país que implantou esse modelo cegamente seguido e copiado pelos demais participantes da competição, jogará de forma antagônica ao que sempre pregou, e por conta desta mudança radical, se colocará como seriíssima candidata ao titulo maior.

Coach K, utilizando dois armadores puros, e mais dois para o revezamento, segue o posicionamento clássico do basquetebol universitário americano, de situar em quadra sempre dois armadores, assim como dois alas e um pivô dominante. Mas eis que o grande técnico se  priva exatamente dos grandes pivôs, e resolve escalar e convocar mais alas, passando a atuar com dois armadores e três alas-pivôs ágeis e de grande velocidade, contrastando e confundindo seus adversários com tamanha ousadia. E o mais impactante nesta formação, é o fato inconteste de que seus adversários terão de escalar um terceiro pivô para fazer frente aos três americanos se movimentando celeremente no perímetro interno, exatamente nas funções de um pivô clássico, só que com mobilidade continua e veloz x 3!

Vencerá o campeonato jogando dessa forma? Não ouso afirmar que sim, mas que dará uma trabalheira insana às defesas adversárias, ah, isto sim, dará, e muita. Se somar a esta característica ofensiva uma defesa sólida e agressiva, ai sim, vencerá com certeza. Ou seja, mantendo o conceito imutável de que uma ofensiva muito bem estruturada só será factível sob o manto de uma mais sólida ainda defesa, não terei dúvidas em conceder aos americanos a posição de favoritos ao titulo.

Quanto à equipe brasileira, somente um grande e decisivo reparo, todo voltado à nossa incorrigível tendência de nos deixar levar por nomes, lobies e donos de posições, quando deveríamos nos interessar por ações concretas na quadra, nos treinamentos, não de algumas equipes, mas sim de todas elas, de onde deveriam emergir os convocados para uma seleção nacional, por mérito e competência, e não por marketing e auto promoções. O contrario destas simples medidas pode ser bem medido pelos percalços de diversas origens e formas que sempre nos assaltam quando da formação de nossas equipes nacionais. No entanto, os fatores políticos desportivos teimam em retardar tão necessárias conquistas, a da independência e justa convocação dos melhores a qualquer momento, assim como os que os dirigirão e orientarão.

Agora, o mais engraçado dessas histórias e tendências técnico táticas aqui ressaltadas, foi o simples fato de que a solução americana a um problema de ausência de grandes pivôs, foi desenvolvida, provada e comprovada por uma das equipes da LNB durante o NBB2, o Saldanha da Gama, que no returno da fase classificatória mudou toda uma imposição coletiva na forma de jogar o grande jogo, apresentando exatamente o conceito da dupla armação e três pivôs móveis com bastante sucesso, que claro, ficará convenientemente distante do NBB3 com a opção do CECRE (ex-Saldanha) em se fundir numa parceria com a Metodista São Bernardo de São Paulo, dispensando de uma só tacada toda a equipe e seu técnico, abraçando altaneira a solução majoritária do sistema único de jogo imposta pelo parceiro paulista, que em cinco rodadas de seu campeonato regional só venceu uma partida, até agora…

Mas para que fique bem marcada sua breve e impactante presença no NBB2, com suas propostas inovadoras e corajosas, ai estão os links dos jogos aqui postados anteriormente, como provas irrefutáveis do quanto somos também capazes de estudar, pesquisar, preparar e treinar boas equipes no país, sem a necessidade de importarmos técnicos que aqui chegam a peso de ouro sobraçando o velho e indefectível sistema único de jogo. Se ainda fosse o Coach K com sua corajosa revolução, vá lá, mas 6 por meia dúzia? Quem viver verá, infelizmente.

Amém.

1-      Saldanha x Brasília

2-      Saldanha x CETAF

3-      Joinville x Saldanha



4 comentários

  1. Fernando M.V. 26.08.2010

    Prof. Paulo, enviei um emal, explicando uma situação ocorrida em um comentario meu, espero que entenda, sinceramente tenho o maior respeito e admiração pela sua pessoa.
    Desde ja falo agora da minha falta de sorte, pois fiquei imaginando como seria otimo, se o Sr. viesse a ser tecnico da Methodista em SBC, pois fica a poucos minutos de minha casa, e eu tentaria tirar o maximo proveito da situação.
    Quanto ao mundial, assistindo os ultimos dois amistosos do USA, fiquei imaginando justamente o que o Sr comentou, será que serão eles a fazerem algo diferente, se fizerem espero que ganhem, pois sera a melhor prova que a varias formas de se jogar este espoorte maravilhoso, o basquete.

  2. Basquete Brasil 26.08.2010

    Li e compreendi sua preocupação, prezado Fernando. Mas não se preocupe em demasia, pois os figurões não lêem esse humilde blog às claras, ou seja, nunca se utilizaram de qualquer direito de resposta, democraticamente aqui posto à disposição para todos aqueles que se identificam às claras, como deve ser. Anonimo aqui, sabedor que não será divulgado, sequer ensaia presença, logo, inexistentes para mim. Seus comentários sempre serão muito benvindos, enriquecendo o conteúdo do blog.Continue amando o grande jogo, e incentivando seu filho a praticá-lo, como uma avánt premiére da vida, nas experiências e nas conquistas, valorizando as derrotas como fundamentos das vitorias, ambas, sensações vinculadas à grande arte de viver, com dignidade e paixão.
    Um abraço aos dois, Paulo Murilo.

  3. Alex 28.08.2010

    Se somar a esta característica ofensiva uma defesa sólida e agressiva, ai sim, vencerá com certeza. Ou seja, mantendo o conceito imutável de que uma ofensiva muito bem estruturada só será factível sob o manto de uma mais sólida ainda defesa…

    Pois aí está o “3º segredo” da escola americana.

    Será que um dia começaremos a priorizar esse fundamento na nossa
    base ?

    Ou a habilidade continuará sendo a prioridade ?

  4. Basquete Brasil 29.08.2010

    Não acredito que seja o 3º segredo, prezado Alex, e sim a primeira, primeiríssima realidade do basquete americano, os fundamentos do jogo. Se não o abraçarmos decisivamente, não chegaremos a lugar algum, quanto mais uma olimpíada.
    Um abraço, Paulo Murilo.

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