ATUALIZANDO…

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Defasado estou com os artigos, bem sei e me desculpo, mas urge que terminem as obras aqui em casa, pois conviver com poeira e entulho, dia e noite, não faz bem a ninguém alérgico como eu, não mesmo…

Mas, está ficando bonita a minha casa, trinta e oito anos depois de construída sem uma reforma sequer, salva que foi de um leilão espúrio seis anos atrás. Mesmo com o pouco tempo disponível para o blog, não posso ignorar o que vai acontecendo no dia a dia do nosso basquetebol, mais ainda em vésperas de uma olimpíada em terra tupiniquim, a qual assistirei pela TV, e alguns jogos classificatórios que consegui comprar entradas, pois uma credencial solicitada (pelo Basquete Brasil, e sendo jornalista formado, professor e técnico especializado que sou) sequer teve resposta, mas nada que me impeça de comentar a competição, a não ser que “cortem” meu sinal de HDTV…

Então, falemos do grande jogo, que aliás, tem ficado um tanto pequeno entre nós, infelizmente, a começar com o “torpor coletivo” de que, enfim, descobrimos o glorioso caminho direcionado ao éden do basquetebol mundial, onde aguns jovens jogadores, reservas em suas equipes do NBB, são contratados por franquias da NBA, onde são mandados para equipes de desenvolvimento, numa evidente contradição dos princípios técnicos que regem a grande liga, pois o critério biotipológico tão incensado por aqui, carece de lógica se comparado com o padrão atlético dos enormes jogadores advindos das universidades, e de países que levam a serio o desporto oriundo da escola, desde a adolescência, logo, algo mais ligado à parceria NBA/LNB tenha a ver com tanto interesse por jovens carentes do mais elementar requisito para o acesso ao basquete americano, o pleno domínio dos fundamentos do jogo, interessante, e instigante, não?…

Lá fora, no torneio em Porto Rico, a seleção parece ter voltado aos bons tempos da metralha de três, foram 12/57 nos três jogos disputados, quando venceu um, contra a Argentina e embarcaram na mesmice nos outros dois, contra Porto Rico (que haviam vencido de lavada no Pan, quando ensaiavam “um novo tempo”…), e o Canada, de forma a não deixar dúvidas quanto a oscilação comportamental e tática por que passa a equipe…

Oscilação essa causada pela dependência inconsciente pelo sistema único, por parte de jogadores que se iniciaram no grande jogo praticando-o desde sempre, da formação a elite, e que de repente se vêem perante “algo” que simplesmente não conseguem determinar, quanto mais se situar ante uma realidade a que são apresentados, jamais ensinada à partir da desconstrução do que conhecem e praticam, como numa engenharia reversa, que deveria ser aplicada através técnicas pedagógicas e didáticas específicas, claro, por quem conhece, ao menos, sobre o que tudo isso significa, começando pela base, e tendo continuidade na elite, sim senhores, na elite, como exemplo e incentivo verdadeiro às gerações que se sucederão, pois o ato de aprender jamais cessa na idade adulta, muito pelo contrário, se aguça e se permite claros e ambiciosos objetivos a serem alcançado, principalmente em se tratando de fundamentos individuais e coletivos…

Mas para tanto, novas formas de ver e jogar o grande jogo tem de ser implementadas, e não continuarmos a surfar o hibridismo do sistema único como base do proposto novo, corajoso, criativo e ousado sistema proprietário, único e aceito por todos, com certeza a única formula de enfrentarmos as grandes equipes, pelo inusitado, inesperado e realmente inovador, equilibrando a enorme supremacia ostentada pelas mesmas, lastreadas  em formações solidas de base, onde os fundamentos ditam as regras gerais do jogo, fator que temos de assumir seriamente daqui para frente, mais ainda se adotarmos uma posição contraria ao sistema único, para começar…

No entanto, não se trata de um projeto para 2016, tarde demais para sequer ser levado em seria consideração, e sim para os próximos dois ciclos olímpicos, ação lógica e honesta às nações culturais e educacionalmente desenvolvidas, únicas e derradeiras opções de desenvolvimento para esse enorme, injusto e cruel país, junto à sua reserva estratégica, seus jovens…

Mas nada que supere o mal caratismo de muitos que posam e discursam em nome de metas de supremacia olímpica baseadas em medalhas, medalhas em esportes oportunistas, mantidos a preços estratosféricos, numa cornucópia inesgotável de preciosos fundos federais, que tem enriquecido a muitos, e proposital e criminosamente omitindo a formação advinda das escolas, universo natural da iniciação, massificação das modalidades clássicas, aquelas que promovem a sociabilização e o processo educacional e cultural, que são tradicionais no país, como o atletismo, a natação, o basquete, o andebol, o futebol, o vôlei, o judo, todas a serem obrigatoriamente reintroduzidas nas escolas, como componentes das aulas de educação física, atividade hoje quase banida dos currículos do primeiro e segundo grau escolar, e desde sempre no ensino superior…

Lembro alguns artigos que postei cinco, seis anos atrás, aos quais sugiro uma leitura introspectiva, como fechamento desse longo artigo, pedindo, mais uma vez, desculpas pela falha na periodicidade do blog, que prometo reverter daqui para diante. São estes os artigos: Conceitos x Fundamentos ; Conceitos x Fundamentos II; De 2006 a 2014, o que mudou?

Boa leitura, obrigado a todos pela paciência.

Amém.

Fotos – Reproduções da TV e divulgação LNB. Clique nas mesmas para ampliá-las e acessar as legendas.

 

DUAS VISÕES DE UM PROBLEMA (OU O SINGELO JOGO)…

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Num recente comentário sobre o Encontro NBA em São Paulo, o jornalista Fabio Balassiano emitiu a opinião abaixo, e que de certa forma engloba uma quase unânime opinião de torcedores, dirigentes e mídia sobre o enfoque que deve ser dado ao NBB, mais agora com sua parceria com a grande liga do norte

(…) Quem viu as palestras e sabe da exigência da NBA com isso viu que o recado foi claro: é absolutamente imperativo que a LNB e os clubes comecem, para ontem, a tratar do basquete de forma profissional, de forma que faça o torcedor querer ir ao basquete como um “programa” e não apenas como um singelo “jogo”.(…)

Isto quer dizer, e se bem entendo, que a finalidade da ida do torcedor a um ginásio, tem como prioridade tomar parte de um programa, de um pacote de atrações, onde o basquete singelamente faz parte, mas onde, aqui em terra tupiniquim, ou acima do equador, acompanhado de hamburgueres, refrigerantes, pipocas, mascotes e insossas e rebolativas ladies?…

Ah, em tempo, esqueci os bazares de bugingangas, joguinhos de computadores, selfies com jogadores, e todo uma realidade consumista a disposição de quem pode e gosta de gastar pelo padrão de vida que levam, mas será essa a realidade por aqui?…

No entanto, será mesmo esse o retrato da realidade do basquete americano? Acredito que absolutamente não, e fortaleci esse ponto de vista desde a primeira vez que lá estive em 1966, quando me classifiquei a um estágio em universidades e escolas secundárias num concurso público patrocinado pela CBB e o Departamento de Estado norte americano. Foram três meses percorrendo instituições estudantis de Washington ao Novo México, de ônibus em pleno inverno, mas fotografando e filmando tudo que podia, com uma verba ínfima da CBB, material esse que divulguei em alguns estados brasileiros como contrapartida da viagem, que na ida, foi em avião cargueiro da FAB, junto ao Raimundo Nonato, outro classificado, e depois diretor técnico da CBB por muitos anos…

O que lá testemunhei foi um amor incontido pela modalidade, quase sagrado nas escolas secundárias, e mais ainda nas universidades, numa época em que a NBA e a ABA ensaiavam a mega indústria que se desenvolveria anos mais adiante, mas tendo, como até hoje, a estrutura estudantil como alicerce de suas conquistas…

E que público era aquele que enchia os ginásios, o de programa, ou de um singelo jogo de basquete? Sem dúvida alguma um público que admirava e venerava a técnica individual e coletiva de suas equipes, muitos deles ex praticantes, com fotos e troféus expostos nas entradas dos ginásios, demonstrando seu amor à tradição de suas escolas, logo, entendedores do grande jogo, ávidos e sempre prontos a testemunharem novas técnicas e avanços táticos, assim como a criação e desenvolvimento de estratégias administrativas, participativas e do jogo em si, mantenedores da grandeza que ostentam até os dias de hoje, ampliada pela enorme divulgação midiática da liga maior pelo mundo…

Então, pudemos nos conscientizar de que o grande vetor, a amalgama que unia toda aquela grandeza, foi, é e sempre será o domínio da técnica, dos fundamentos, da tática e da estratégia, todos esses predicados de domínio de um profissional, daquele que os dominam, pelo estudo, pela pesquisa, pela experimentação, pelo ensino, pela divulgação do grande jogo em sua terra, e hoje pelo mundo, o professor, o técnico, o head coach…

Singelo jogo? Sim, se considerarmos que investimos quase tudo em dirigentes, agentes, próceres, políticos, managers, marqueteiros, e muitos, muitos aspones, relegando o técnico, que é o mais importante elo da corrente de desenvolvimento do jogo, aquele que promove as técnicas, as táticas, ensinando-as desde sempre, mas que por aqui sofreu desvios consideráveis, através um terrível mecanismo, aquele de trocar deliberadamente o mérito pelo carreirismo político, pelo protecionismo com contrapartidas óbvias, pelo econômico no provisionamento de leigos distanciados do fator didático pedagógico, fundamental no preparo dos mais jovens, pelo drástico corte nos conteúdos teórico práticos desportivos dos currículos dos cursos de educação física, substituindo-os pelas disciplinas da área médica, originando a falência dos primeiros, e a ascensão dos segundos na “preparação” de atletas, em vez de jogadores…

Esse mesmo técnico, que em sua maioria que se transmudou em estrategista (as poucas exceções não contam…), dissociado do preparo nos fundamentos, mas especializado (?) em sistemas de jogo, em rebuscados esquemas em pranchetas, e acima de tudo frasista brilhante nas justificativas de derrotas, onde “foram os detalhes”, “a emotividade os derrotou”, “faltaram as pernas”, “as bolas não caíram”, “marcaram muito mal”, “perderam o ritmo de jogo”, e todo um corolário de desculpas pontuais, sem que em nenhum momento reconhecesse que simplesmente “falhara”…

Também, jamais admitiu um princípio elementar para o seu trabalho, o fato de que seus sistemas, simples ou complexos, em hipótese alguma funcionarão com jogadores falhos nos fundamentos, que são incapazes de corrigir, daí as trocas sistemáticas e repetitivas de jogadores de mesmas posições ao fim de cada temporada, num movimento monocórdio, repetitivo a todos, e a todas as franquias…

A mídia menciona sistemas de ataque e defesa, mas não esquematiza nem explica os mesmos à luz de um fundamentado conhecimento, a fim de esclarecer a todos aqueles que buscam um “programa”, o que deveriam entender e ajudar o grande jogo a ser mais do que um “singelo jogo de fim de noite”…

Sou de um tempo que tínhamos dezesseis clubes trabalhando a base, além de muitas escolas, nos infantís, infanto juvenís, juvenís, aspirantes e adultos, sempre com ginásios cheios, onde em uma partida infanto juvenil, num sábado à tarde, podíamos ver técnicos dos adultos assistindo juntos a um sistema de dois armadores e três alas pivôs que eu já aplicava nos anos setenta no Fluminense, para depois do jogo irmos discutir a novidade numa rodada de cerveja, lá mesmo na Gávea, assim como ia quando possível assistir o Guilherme no Mackenzie dar aulas de defesa com seus juvenís, ou o Gleck no Fluminense se quiséssemos aprender como se contra atacava com eficiência, além de um Tude Sobrinho, Heleno Lima, Geraldo da Conceição (ainda hoje aos 90 anos ensinando em Brasília), Ary Vidal, Marcelo Cocada, Chocolate, Waldir Bocardo, Helinho, Valtinho, e muitos outros excelentes técnicos, cada um com seus sistemas de jogo, inéditos e criativos, e não essa pasteurização formatada e padronizada que nos impingem goela abaixo, numa mesmice endêmica e apavorante, e que se regala quando um argentino “inova” na defesa e no ataque, fatores que nos eram comuns num passado não tão distante assim, quando os hermanos jamais nos venciam em divisão alguma, e cujos últimos remanescentes foram afastados pelo absurdo corporativismo que nos implantaram. Nesse exato momento que escrevo o artigo vejo o técnico da seleção feminina ser excluído da partida com o Canada por reclamação da arbitragem, dando ao mesmo mais uma desculpa para a contundente derrota – “Foi a arbitragem”…

Enfim, ainda anseio ver o nosso torcedor ir aos jogos para apreciar seu produto final, o jogo, de boa qualidade técnica e tática, que é o que realmente deveria interessar, e sobrando tempo curtir o programão, regado a duvidosas promoções e dançarinas provocantes como as argentinas no jogo de hoje entre os hermanos e nossa seleção masculina pelo desafio internacional…

Com singeleza eu deixaria para comentar um dia em que o grande jogo se libertasse das amarras que o tolhem pela mediocridade institucionalizada, pelo corporativismo exacerbado, e pela negativa do novo, do insólito, do contraditório, na contra mão do que aí está, e bem sei, e muito, do que estou falando, mesmo…

Amém.

Fotos – Reproduções da TV. Clique nas mesmas para ampliá-las.

Em tempo, a seleção feminina tomou um passeio do Canada, e a masculina perdeu feio para a Argentina, desculpada pela mídia especializada por ser uma etapa da preparação para um pré olímpico, já estando classificado para as olimpíadas.

 

O GIOCONDO SORRISO…

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Como manda a tradição olímpica, o país organizador do mega evento (e põe mega nisso…) tem suas representações esportivas garantidas nas competições, e não seria o basquetebol a exceção desse princípio tradicional, apesar do trambique da CBB junto à FIBA, que teve de acompanhar a decisão do COI, jamais contestada. Aliás, o sabido presidente do COB ensaiou um teatrinho de influência política para, por mais uma vez, curtir com o malfadado basquete nacional, de quem tirou politicamente o patrocínio do BB, que catapultou o volei ao estágio que ostenta hoje, mais sempre com um pé atrás pela real  possibilidade de soerguimento do grande jogo na preferência do grande público, claro, se bem administrado técnica e gerencialmente falando, possibilidade esta que trata de afastar, ajudando a manter “política e  economicamente” a catastrófica gestão vigente,,,

Então, com a vaga garantida, e a TPO (tensão pré olímpica…) afastada, nada poderia interferir para que logo reaparecessem os olímpicos 2016 na mira das preciosas e rentáveis vagas em solo nacional, com seus cardeais, delfins e proprietários (assim se julgam…) das capitanias hereditárias desde sempre no basquetebol tupiniquim, onde as poucas exceções pouco contam…

Vimos, ou assistimos então, um torneio amorfo e em banho maria, onde ao largo das “grandes emoções” propiciadas por três prorrogações, que não deveriam ter acontecido se tivéssemos atuado com pelo menos 1/3  do produzido em Toronto, onde a classificação não estava decidida oficialmente, o que demonstrou tacitamente o quanto a ausência de dois jogadores compromissados com o sistema de jogo do hermano (conseguido depois de três anos de missão  franciscana), causou uma quebra radical do mesmo pela presença de substitutos (?) não muito afeitos a abnegados coletivismos…

A volta triunfal das bolinhas (13/57) nos dois jogos, demonstrou cabalmente que o chega e chuta ainda esta muito longe de ser orientado ao chutar em perfeitas condições de equilíbrio e certeza de boa colocação nos possíveis rebotes ofensivos, fatores estes ausentes nos dois enfrentamentos, dai a imagem de equilíbrio apresentado pela turma do Rio da Prata… Arremessássemos metade a menos de fora, e venceríamos por larga margem, pela imensa superioridade de nossos ágeis e velozes alas pivôs nos dois garrafões, o defensivo e o ofensivo, que deveriam estar assessorados e alimentados por uma dupla, e as vezes tripla armação competente e pontuadora também, como o foram no Canada. E ainda existe nesse país pessoas que não reconheçam o Benite como armador, o que sempre foi e lutou para ser reconhecido, e não um ala, para que o sistema e classificação de 1 a 5 seja mantido, o que me deixa perplexo, técnico que sou e ainda serei por muito tempo, ah, e jornalista também…

Mas nada que transcenda os 0,07seg para o final do jogo contra a Argentina, com as equipes empatadas em 59 pontos. O Renato, comentarista da TV afirmando que a FIBA deliberou ser possível um arremesso desde que acima dos 2 centésimos, mas para quem milita a longo tempo no grande jogo, e que tem uma queda pelos meandros dos arremessos (defendi uma tese de doutoramento na Europa sobre os mesmos *) é sabido o fato de que nenhuma firme empunhadura para o domínio da bola é possível em menos que 1,5seg, logo, aos 7 centésimos somente um toque será factível. Ora, uma equipe como a Argentina, com dois campeões olímpicos em quadra, iria permitir que um passe de lateral para uma ponte aérea obtivesse exito, e algum juiz marcaria algo nessa circunstância? Pois bem, foi nesse contexto que o hermano, pela segunda vez nesse torneio, abriu mão do comando, destinando-o a um ávido e midiático assistente, para que genialmente (claro, se desse certo…) apresentasse uma jogada (que em hipótese alguma tenha sido “exaustivamente” ensaiada em treinos…) definitiva, e denominada “jogada forte”, prosaica denominação dada a uma  “ponte aérea monstro”, tristemente risível em se tratando da seleção nacional de um país, enorme e profundamente injusto…

Formidável o fugidio esboço de um giocondo sorriso do hermano, logo contido pela gravidade daquele emblemático momento do jogo, que deu em nada, nem poderia obviamente dar. Se desejou flertar com a sorte, ou simplesmente demonstrar a qualidade e qualificação de um seu jovem, porém glorificado e ambicioso assistente, parece ter conseguido sagaz e sutilmente, o que foi divertido, e como…

Paulo, e o feminino, nada, nadinha?…

Pra que? Para comentar o erro escrachado nos fundamentos e na ausência de um sistema simples de jogo, ou mesmo glorificar a “volta triunfal” de uma jogadora que aviltou por duas vezes a camisa da seleção? Ainda prezo a tradição e a história do grande jogo no país, onde não deveria haver espaço para comportamentos dúbios e desmoralizantes. Mas reconheço, existem, e em bom número, aqueles que amam e aprovam tais posicionamentos, e que ai estão dando as cartas, deliberando e determinando a falência do grande jogo, lamentavelmente,  lembrando sempre a sabedoria popular – Quem faz um cesto, faz um cento…

Amém.

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(*) –  ESTUDO SOBRE UM EFETIVO CONTROLE  DA DIREÇÃO DO LANÇAMENTO COM UMA DAS MÃOS NO BASQUETEBOL- Dissertação para o Doutoramento em Ciências do Desporto na FMH/UTL – Portugal – 1992.

O INDIVISÍVEL COMANDO…

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Jogo longo, duas prorrogações, muita emoção, luta, mas um jogo que tecnicamente deixou bastante a desejar, principalmente quanto a equipe brasileira, que não soube manter o nível alcançado no récem findo Pan Americano, onde praticou o basquete mais próximo do coletivismo pretendido desde sempre pelo técnico Magnano…

Sem dúvida, a equipe atingiu no Canadá o nível mais próximo do ideário do hermano, fortíssimo na defesa, e alta mobilidade na ofensiva, sem perder intensidade na duração das partidas, demonstrando excelentes progressos técnicos e táticos longamente ansiados por todos…

Mas no jogo de hoje aconteceram falhas que retroagiram a equipe no tempo, basicamente no sistema defensivo, onde a intensidade e combatividade  cedeu lugar à passividade e ausência de contestação aos arremessos de media e curta distâncias dos uruguaios, que por conta disso equilibraram e em determinados momentos lideraram o jogo, levando-o a duas prorrogações, cedendo a vitoria no minuto final da partida…

Por mais uma vez, como num vício mal curado, o abuso nas bolinhas de três (8/30) arrefeceu o coletivismo a pouco conquistado, tornando difícil um jogo que poderia ter vencido com alguma sobra se arremessasse menos de três, usasse mais seus pivôs e não perdesse 12 lances livres (21/33), além dos 15 erros de fundamentos, demasiados para uma seleção nacional…

Mais algo aconteceu de muito novo, inusitado, incomum desde que o técnico argentino assumiu a seleção, a delegação de poderes, ou seja, seus assistentes já ensaiam pitacos nos tempos pedidos, até o momento em que ele cedeu a um deles o comando total num dos tempos, se afastando, inclusive, do foco dos comentários, numa atitude incompreensivel a um head coach de sua envergadura, trajetória e conquistas, com reflexos imediatos e à médio prazo junto a equipe, seu comportamento e aceitação incondicional de sua liderança, fator básico para o sucesso do grupo…

Alguns poderão contestar esse meu posicionamento, mas lembro a todos que todo verdadeiro comando é indivisível nas decisões, principalmente num grande jogo como o basquetebol, o grande jogo, onde a solidão do comando não admite intromissões e palpites, aceitando sugestões quando solicitadas antes ou depois das partidas, nunca durante as mesmas, a fim de que a integridade dos sistemas propostos seja mantida, com coerência e absoluta precisão, fatores estes que se perderão junto a equipe se violentados por intromissões destituidas de fundamentação e notória experiência daqueles que as expõem…

Enfim, seria de bom grado que o premiado técnico pensasse melhor antes de abrir mão de seu comando, principalmente quanto a qualidade e qualificação de seus prepostos, afinal, é a integridade da seleção do país, que sabemos não ser o dele, que está em jogo, para o que der e vier, simples assim…

Em tempo, que barbaridade uma comissão técnica exceder em número o total de jogadores, noves fora os dirigentes e aspones agregados a equipe, demonstrando o quanto de desnecessários gastos  são feitos no momento seguinte a posse de uma vultosa verba federal. São 3 técnicos, 3 médicos, 2 preparadores físicos, 2 fisioterapeutas, 1 fisiologista, 1 nutricionista, 1 mordomo, numa exibição gratuita e exibicionista de nada, absolutamente nada, a não ser…bem todos vocês sabem…

Que os deuses nos protejam…

Amém.

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A CONVENIENTE INCOERÊNCIA…

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O técnico Magnano perdeu dois jogadores na véspera do torneio preparatório para o Pré Olímpico, o armador Larry e o Hettsheimeir, seu pivô de três, que marca bem e pega rebote defensivo, e que poderia ser mais importante nos ofensivos se não fosse sua fixação nos arremessos de fora…

Muito bem, ficou a seleção desfalcada de dois bons defensores, principalmente no esquema sufocante implantado pelo hermano, e que deu bons resultados no Pan récem findo. E quem ele convoca para o lugar do grandão? O Giovanoni, que não marca, salta pouco mas arremessa bem quando solto, qualidade esta que parece o ter convencido, acima das outras duas, bem mais importantes para a equipe no aspecto defensivo…

Fica bem clara então sua disposição de fixar o Rafael na posição híbrida de pivô de três para futuras convocações, repetindo o erro clássico cometido contra o Olivia, irmão do Olivinha, duas décadas atrás, quando transformaram um promissor pivô de 2,11m em arremessador de fora, deixando-o a meio caminho das duas funções, fator que o relegou a um segundo plano na sua geração…

Mas, porque o Giovanoni, e não um outro pivô de marcação e rebote, brigador e participativo, como o Cipolini, o Murilo, ou mesmo o Gruber, que inclusive arremessa bem de fora, ou mesmo o Alex, que marca duro, porque o Giovanoni?…

Bem, prestigiar o presidente da associação dos jogadores, aquela mesma que aprova sem discussões as soturnas contas da CBB, parece ser uma oportuna política junto aos próceres cebebianos, que tem no cardeal um ótimo aliado, além, é claro, de sua propalada liderança junto aos jogadores…

No fim das contas, foi uma enorme incoerência do argentino frente a um sistema de jogo que penou para incutir nos jogadores, basicamente na defesa, e que se vê agora frente a um rombo previsível e palpável, mas que pode  e deve auferir dividendos, principalmente se não se der bem no Pré, não fosse tal decisão uma conveniente Incoerência, e das boas, mesmo…

Amém.

Foto – Divulgação CBB.

 

ALGUMAS CONSTATAÇÕES…

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Caramba Paulo, o basquete correndo solto e você com reminicências, qual é cara?

Bem, tenho uma casa em reforma, e depois das duas  primeiras rodadas da LDB apresentando 462 erros de fundamentos (são 24 equipes, uma delas a seleção brasileira sub 17), com média de 38,5 por partida, ou 19,2 por equipe (em um dos jogos foram 53 erros!!!), desisti de acompanhar tal torneio, voltando aos problemas da reforma, mais palatáveis, pois visa uma revitalização, o que não acontece numa liga, porta de entrada para a elite, mas que administra a mesmice endêmica daquela, e de onde saem jogadores para uma NBA que não os aproveitam na quadra, mas os promovem na mídia, como um vantajoso investimento na parceria com a LNB, onde promovem clinicas para técnicos e jogadores da LDB, que ainda mantêm o numero de mais de 35  erros de fundamentos por partida realizada…

Agora vem a convocação do hermano para a Copa América pré olímpica, prestigiando toda a equipe vencedora no Pan Americano, deixando a turma da NBA de fora, que para alguns é resultado da certeza de participação olímpica, já que a grana devida com o pendura no Mundial estará sendo coberta por patrocínios comerciais, e não por dinheiro público, mas que para mim reflete um aspecto fundamental para o argentino, o fato de ter sido a única equipe em que pode sedimentar seu projeto coletivista em ambos os setores, o ofensivo e o defensivo, numa participação vencedora no Pan, o que nunca conseguiu com a turma dos ranqueados, principalmente com os da NBA e os veteranos cardeais…

E nesse ponto é que reside a sua grande dúvida, pois não é segredo nenhum para quem entende o grande jogo como deve ser entendido, técnica e  taticamente falando, que os três grandes pivôs que atuam na liga maior, em hipótese alguma produziram presença defensiva dentro e fora do perímetro, e ações coordenadas ofensivamente em competições pela seleção, se comparados com a turma que compôs a equipe do Pan, mais afiados e dispostos a contestarem seus adversários, dentro e fora do perímetro, assim como o Leandro jamais se pautou pelo jogo coletivo, individualista que é por formação. Huertas e Raul, provavelmente atuariam dentro do sistema proposto, mas teriam uma bela concorrência pela frente, principalmente se não se encaixarem defensivamente como os do Pan. Quanto ao Bebê, o Caboclo. e o Felício, sequer atuam entre os seniores da matriz, e sim em liga “de formação”, que teria de ser adquirida, pela lógica, em competições do NBB, fator que me deixa bastante curioso em conhecer os critérios para suas contratações, como por exemplo, o caso Felicio, terceiro reserva do Meynsee no Flamengo, e ele mesmo sem sucesso em sua tentativa junto a NBA. Seria de boa política que procurasse o agente do jovem reserva, e quem sabe…

Enfim, o hermano vai pensar muito para formar uma seleção que jogue o basquetebol que jogou no Canada, com jogadores de “segundo escalão” na opinião de muitos, mas que foi a única equipe que atingiu seu anseio de coletivismo, a única…

E como sempre afirmei, e por isso mesmo acho uma graça imensa toda essa movimentação em torno do impasse FIBA/CBB, onde o calote se manifestou sem que fosse surpresa para mim, sabedor que qualquer malfeito da direção cebebiana sempre será acobertada pela turma do COB e ME, altamente interessada e comprometida com o desporto elitizado, capitaneado pelo Voleibol, esporte original dos “gestores” olímpicos, e que em hipótese alguma deseja ver o basquetebol se soerguer para tornar a ser a segunda paixão nacional, e para tanto, manter a corriola incompetente da CBB,  torna-se imperioso, mesmo que custe alimentar o sorvedouro de verbas nas mãos insaciáveis dos donos dos “cargos de sacrifício” que mantêm com sofreguidão, despudor e sem vergonhice, que os merecemos aliás, pela omissão e mais sem vergonhice ainda da maioria dos 27 que os conduziram…

No mais, que todos os deuses, de plantão ou não, nos ajudem…

Amém.

Fotos – Divulgação LNB e reprodução da TV. Clique nas mesmas para ampliá-las.

 

OCTAGON, UM PROGRAMA PARA TODA A FAMíLIA 5…

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Meus deuses, como pude esquecer o magnifico espetáculo para toda a família de daqui a pouco, mas ainda dá tempo, principalmente para nossas meninas, aquelas mais empolgadas pelo exemplo edificante de assistir a cores e em HD o embate entre duas mulheres num octógno quase restrito aos homens, mas nada que não possam ser igualados “pela porrada”…

Uma definição digna de uma pátria educadora é dada pelo agente da lutadora brasileira: “Quem viu o treinamento dela sabe o que ela pode fazer. É a tipica lutadora brasileira. Saiu da Paraíba, começou a treinar com 28 anos e aos 32 está lutando pelo cinturão. Tem vontade, determinação. Isso não é judô, é MMA, e Bethe vai dar muito soco na cara.”

Melhor impossível, ainda mais em rede nacional de TV, restrita a selecionados esportes(?).

Educação, cultura e progresso é isso ai, principalmente direcionado às nossas jovens…

Am.., desculpem, lamentável.

Foto – Reprodução de O Globo (1/8/2013)

PARECE QUE FOI ONTEM…

 

Dando uma vasculhada nos mais de 1300 artigos aqui publicados, encontro este de agosto de 2013, que tem tudo a ver com o que está ocorrendo com o nosso basquetebol, e que vale muito mais ainda pelo debate, e que debate, com o jornalista Giancarlo Gianpietro, numa participação comentada que desafio ser encontrada em blogs da modalidade, e que determina enfaticamente a correta orientação dada ao mesmo desde sua criação em setembro de 2004, em sua função democrática, responsável, e acima de tudo assinada, como deveria ser para todos…

Vale a pena dar uma olhada, pelo menos por curiosidade…

ENCRUZILHADA E OPÇÕES…

terça-feira, 6 de agosto de 2013 por Paulo Murilo

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Tenho me divertido muito nos últimos dias com a leitura de alguns blogs sobre o futuro técnico e tático do nosso basquetebol, muito mesmo.

Como que num estertor terminal de um conceito que todos professam, profundamente lastreado no sistema único de jogo com suas posições estratificadas de 1 a 5, cujas nomenclaturas bailam de armador puro a finalizador, escoltas de varias matizes, alas de força ou de finalização, pivôs light ou heavy, toda uma setorização que beira ao ridículo, mas que se sustenta através o pragmatismo funcional de uma forma de jogar com domicílio no hemisfério norte e canhestramente copiado por estas colonizadas plagas, vide a quase absoluta migração da mídia especializada para os lados dolarizados da NBA, cujos tentáculos se voltam para o nosso país em busca de um mercado deslumbrado e ávido em consumir tecnologias de ocasião, seja lá as que forem…

Nunca li tanto conhecimento, vasto e aprofundado (?), sobre o grande jogo, mas o de lá, não o daqui, divulgado em todas as mídias, muito bem patrocinadas e financiadas, numa ascendente influência e dominação que deveria preocupar seriamente nossas lideranças desportivas, e mesmo as educacionais.

Então, a tendência analítica do que aqui se pratica técnica e taticamente, presa que está aos cânones mais do que solidificados do tal e absurdo sistema único (e tem gente que jura com os dedos em chifre, que está mudando, evoluindo…), é de simplesmente avaliar e comentar o que vêem sob a ótica do que sabem, ou pensam saber sobre o mesmo, unicamente o mesmo.

Temos então, no caso da seleção masculina adulta, opiniões que se concentram, não na condição do conhecimento e domínio técnico dos jogadores selecionados sobre os fundamentos, os diversos sistemas, a leitura de jogo, e sim do que são capazes de produzir em suas posições de 1 a 5 (acho que bem mais do que 5…), como peças estanques de uma engrenagem a serviço de um esquema formatado e padronizado (ai está a ENTB para confirmar…), e não um corolário de conhecimentos que os tornariam aptos a novos experimentos táticos, e por que não, estratégicos.

Neste ponto sugiro a releitura do artigo aqui publicado e muito bem comentado Papeando com o Walter 2…(Artigo 600), no qual muito do que deveríamos saber e dominar sobre a dupla armação se torna básico pela tendência, mais do que evidente, de que seja essa uma das opções do técnico Magnano em seu profícuo trabalho na seleção, assim como, forçado pela desistência dos grandes pivôs de choque convocados, e que optaram pela NBA, volta seus olhos para aquele outro tipo de pivô, da nossa sempre lembrada e vitoriosa tradição, os de velocidade, flexibilidade, e acima de tudo, multifacetados.

Sem dúvida alguma teremos de ir de encontro a esse novo (?) tipo de pivô, melhor, ala pivô, e para meu gosto, pivô móvel, rápido dentro do perímetro, ágil na recepção dos passes, flexível no drible, nas fintas e nos arremessos de curta e media distancia, assim como na defesa antecipativa, veloz e inteligente, e que ao se deslocar permanentemente ganha em impulso extra para os rebotes, que muito além do impacto físico, prioriza a colocação rápida e espacial nos mesmos, vencendo em muito a lentidão e peso dos tão amados “cincões”, e o mais importante de tudo, jogando de frente para a cesta.

No amalgamento dos armadores com esses novos arrietes, se destina a nossa retomada, o soerguimento de uma tradição vencedora que muitos teimam em omitir, pois pagariam o preço de tornarem a conhecer a nossa história, e não a dos outros, com a finalidade de nos impingi-la goela abaixo, como a verdade a ser seguida, digerida, sacramentada.

Sugiro também a releitura do artigo O que todo pivô deveria saber, que muito elucidaria a correta forma de atuar e jogar de um jogador de tal importância inserido num correto sistema de jogo, aberto e democrático.

Mas Paulo, e as bolinhas de três, nossa “grande arma”, como é que ficam?

Numa equipe jogando da forma acima citada, bolas de três suplementarão o sistema, e não o tornarão escravo das mesmas, numa inversão de prioridades, e sim na busca da precisão, que é o objetivo maior a ser alcançado, além de eliminar de vez aquele tipo de jogador pseudamente “especializado” que é facilmente encontrado em determinadas e repetidas zonas da quadra, parado e acenando em busca de um passe que o torne imprescindível… Importante é saber para quem…

Enfim, acredito estarmos no limiar de uma grande escolha, ou a manutenção da mesmice endêmica que nos tornou escravos de um sistema absurdo e anacrônico, até mesmo para seus inventores lá de cima, ou a busca e encontro de algo não tão novo assim, mas que nos tornariam proprietários de um modo de jogar o grande jogo absolutamente único, e quem sabe, vencedor…

E não perdendo o bonde da história, me pergunto curioso e instigante onde andarão o Cipolini, o Gruber e o Murilo nessa convocação, já que os mais ágeis, rápidos e flexíveis pivôs móveis que possuímos e à disposição? Onde?

Amém.

Foto – Reprodução da TV. Clique na mesma para ampliá-la.

2 comentários

Giancarlo Giampietro08.08.2013·

Olha, professor,

como não há identificações de quem seja ridículo, corre-se o risco de vestir uma carapuça que não seja a sua, mas… Já que um dos termos citados no artigo é um que já utilizei recentemente ou costumo utilizar, não tem como não se sentir atingido. Fica bem claro. Então vamos lá, vestindo.

“Armador puro”.

Bem, “puro”, no meu conhecimento limitado da língua, é um adjetivo. Adjetivo que, desta maneira, viria para qualificar o substantivo “armador”, da mesma forma que “ágil”, “alto”, “magro” e até mesmo “pesado”. Não se trata de uma conotação “ala-de-força”, ou algo assim. “Qualificar”, para mim, não quer dizer “petrificar”, “amordaçar”, ou “estratificar”.

A intenção do termo “puro” é indicar que estamos falando de um armador classudo, muito mais preocupado em ajudar seus companheiros, daqueles com vocação natural para a coisa, mesmo, que nascem com essa propensão. Sabemos que existem esses tipos por aí e alguns deles infelizmente nunca pegaram numa bola de basquete na vida – ou na de handebol, vôlei ou futebol, ficando no meio do caminho por mortes ou outras decisões econômicas. É gente que nasce com um dom, com uma qualidade que dificilmente vai ser ensinada em treinos de fundamentos ou estudo de DVDs. Você melhora, mas tem limite.

Esse armador puro pode ser muito mais preparado em fazer o time jogar do que um Larry Taylor, um Nezinho ou um Arnaldinho, mas isso não quer dizer que ele não vá finalizar, rebotear, defender, correr, sorrir ou espirrar. Isso me parece algo bem simples de entender.

Além disso, pensando em gramática, na essência, se somos contra nomenclaturas, o ideal seria abstrair tudo. Não demoraria a chegarmos a uma conclusão de que nem “armador”, nem “pivô”, nem “ala”, nem “ala-pivô móvel” fazem sentido também. Não deixam de ser todas essas nomenclaturas, posições ou funções? Guards e/ou forwards? Etc. etc. etc. O quanto isso é ridículo ou não? Tudo depende do ponto de vista, e não importa se estamos falando de técnicos, jornalistas ou meros curiosos. Não nos esqueçamos que há gente de esquerda e direita que acha realmente ridículo, para não dizer estúpido, o ato de pingar uma bola com a mão e atirá-la ao cesto. Que o esporte é o circo.

Ideia com a qual obviamente não concordamos.

* * *

Quanto a outras colocações um tanto escrachadas no que se referem a NBA, me sinto no direito de preservar minhas questões particulares – adiantando apenas que, não, não ganho dólares da liga, nem tenho conta nas Ilhas Cayman. Uma pena? Vai saber, que o destino nos julgue mais pra frente.

Mas o ponto importante aqui: o senhor não sabe qual a rotina dos outros jornalistas (“blogueiro” seria só uma posição), que ganha o que e de quem para tocar a vida adiante. São pontos essenciais para se considerar antes de fazer qualquer tipo de comentário. Tenho certeza de que a vida de um jornalista do Jornal do Commercio difere da que um rapaz do jornal A Tarde leva, ou do Zero Hora, ou da Folha, ou do correspondente brasileiro de El País. Pelo simples fato de que as realidades são diferentes, envoltas por lutas (não confundir com bandeiras) diferentes no dia-a-dia. Que veículo investe em quê? Quais são os objetivos?

De todo modo, o espaço é sempre público e pode-se questionar ideologias e meros gostos. Porque fulano escreve sobre basquete, não é obrigação nenhuma que outro da mesma espécie vá assinar embaixo de tudo que lê. Abomino o corporativismo. Então há, claro, espaço, sim para críticas, correndo sempre o risco de nos tomarmos pela arrogância. Há quem seja limitado no entendimento, há quem seja limitado para pontuar um texto. Cada um lida com as limitações do jeito que dá, por vezes sem sucesso.

Da minha parte, nunca fui um nacionalista, o que não quer dizer que não goste do meu país, a despeito das sacanagens de sempre que nos atormentam. Não obstante, também não me apego a fronteiras. Não vou deixar de ler Dostoievski ou Raymond Chandler para viver só de Machado de Assis (meu autor preferido) ou me apeagar a um Paulo Coelho. Vale o mesmo para cinema, teatro, música, sociologia, antropologia. E o basquete?

Acredito que paixões, conhecimento, estudo extrapolam qualquer fronteira. NBA, Irã, China, África, Austrália… Pouco importa, se é basquete, tou dentro. Do contrário, levando o raciocínio a sua origem, o Brasil nem mesmo teria de se meter a jogar um esporte inventado, ao menos oficialmente, por alguém de nome Naismith.

* * *

Como o artigo é rico, e a saraivada não para, tenho mais observações a serem feitas.

Sobre a análise de jogos, não vou entrar no mérito de quem é melhor ou faz melhor, porque para isso está muito claro e sempre dei links de artigos seus em textos no blog.

Só me incomoda um pouco, e aqui falo até mesmo como leitor, o fato de que, aparentemente, apenas o seu conceito de jogo seria possível ou factível para o basquete brasileiro – ou mesmo o basquete como um todo. Se as críticas ao “sistema único” são factíveis e, mais que isso, válidas, adotar apenas o sistema que o senhor defende também seria bastante limitado, não? Esta é A Maneira Correta de se jogar?

Claro, diante da pasteurização predominante (o que não significa 100%), o que o senhor propõe seria diferente. Mas esta, imagino eu, não é também a única alternativa possível para Brasil, Japão, Jacareí ou New York Knicks. Não creio que toda cabeça pensante concorde.

Segundo: se um time pratica determinado basquete, é natural que as pessoas vão comentar esse basquete praticado. Ir além e propor outras coisas tornam artigos maiores. Sempre melhor oferecer algo diferente, original – o que não quer dizer autoral também.

Mas isso não invalida o comentário acerca de determinado jogador ou time. No caso de Lucas Bebê, realmente é de se pensar se ele não poderia ser um jogador muito mais completo. Por outro lado, se o técnico pensa que sua função é coletar rebotes e proteger o aro, por que alguém haveria de avaliá-lo de outra maneira? Existe um contexto mais factual, material que precede e/ou acompanha análise.

* * *

Por fim, um blog, uma coluna, um texto, um folhetim, um panfleto, um programa de TV… Todos eles podem ter enfoques diferentes. Há quem faça mais entrevistas. Há quem se dedique a crônicas. Há aqueles que escrevem de modo chato para um, de modo “genial” (palavra da moda) para outros. Não existe o que é certo, nem errado neste caso. Cada um na sua, cada macaco no seu galho. Volta, comenta, lê e, neste caso, responde quem quiser.

Segue a vida.

Abs,

Giancarlo.

Basquete Brasil09.08.2013·

Olha Giancarlo, muito legal seu comentário, e o que mais me alegrou foi o fato de ter sido essa a primeira vez nos nove anos desse humilde blog, a ter um comentário/resposta jornalístico de tal ordem e valor, provando com sobras sua real finalidade, a de discutir aberta e democraticamente o grande jogo em toda a sua dimensão e importância, onde a discordância fundamentada torna sadio o debate, trazendo em seu corpo a busca incessante do conhecimento e do nem sempre provável consenso, encaminhando-o ao encontro do almejado bom senso.

Então, discordando ou não, exercitemos uma tréplica, que de acordo com sua vontade se estenderá ou não para mais adiante.

Carapuças a serem vestidas inexistem no texto, pois a mencionada setorização se prende ao aspecto posicional, onde variadas terminologias visam exclusivamente a formatação e padronização de uma maneira única de ensinar, treinar e jogar o grande jogo, negando ao mesmo a generalidade tática que o tornou complexo e belo de praticar e assistir.

O termo armador puro foi ouvido pela primeira vez por mim através uma definição que o velho Togo Renan fazia a armadores da época, em particular o Fernando Brobró, o Barone e o Peixotinho, a qual não concordava, mesmo vindo do grande e mítico técnico. Logo, os termos que enumero definem a mencionada setorização, e não aqueles que fazem uso deles em seus comentários.

Por outro lado, em nenhum dos mais de mil textos publicados fui contrario às varias funções que são assumidas e desenvolvidas pelos jogadores, e sim que os mesmos se fixem em uma ou duas, como o exigido pelo sistema único, mas que sejam preparados e treinados em todas, mesmo que no transcorrer do processo técnico tático a que estão ligados optem, ou sejam orientados a determinados papéis, mas sempre aptos a exercerem os demais quando solicitados, com um mínimo de eficiência possível.

E na busca dessa pluralidade é que pude desenvolver e estudar sistemas de jogo autorais, por que não se verídico, na luta arduamente travada para que tal busca pelo novo, pelo inusitado, servisse de mote técnico comportamental para todos aqueles envolvidos na função de soerguer o grande jogo entre nós.

Além do mais, nunca, em tempo algum de minha longa vida, impus ações e comportamentos a quem quer que fosse, principalmente os técnicos, mas que procurassem desde sempre um caminho todo seu, único, se possível autoral.

Logo, quando menciono armadores e pivôs móveis estou definindo uma estratégia de ação, e não um corolário de funções, aquelas que você menciona não fazerem sentido como nomenclaturas de funções e posições, inclusive as minhas duas, se levadas ao termo, podendo inclusive, serem taxadas também de ridículas, no que concordo. Para mim a verdadeira posição de um jogador é a 12.345, com as devidas capacitações e oscilações inerentes à mesma.

Continuando, não vejo como escracho, criticas que faço a insinuante penetração da NBA em nosso país, que se mantida e desenvolvida da forma que se apresenta, fatal e historicamente tenderá ao esmagamento das tentativas que façamos para soerguer o basquetebol nacional, cada vez mais esvaziado de bons articulistas, de eficientes e determinantes jornalistas, fazendo com que o peso de sua influência dolarizada e globalizada não encontre barreiras que se imponham a tais desígnios, e nesse ponto também não podemos ignorar que tal estratégia de mercado fatalmente transitará pelos portais midiáticos que apoiam e patrocinam seu projeto de ação, e que de forma alguma o beneficiará com a gratuidade comercial.

Muito bem sei e avalio a função profissional de um jornalista, a qual também pertenço, por formação, mesmo lutando algumas vezes na arte de pontuar um texto (olha a carapuça aí, prezado colega…), mas reconhecendo suas agruras e eternas dificuldades, não só profissionais, como éticas, acima de tudo.

Num ponto somos discordantes de fato, pois sou profundamente nacionalista, atitude a que cheguei após percorrer e conhecer quase todo esse nosso imenso território, sempre trabalhando e estudando, assim como percorrer o de outros muitos países, igualmente estudando e trabalhando, pois se bem me recordo, somente uma única vez o fiz em turismo, e mesmo assim por conta de uma conferência em Portugal, que me destinou passagens para esse único evento. Todo esse conhecimento e descoberta, me fez convicto do inesgotável potencial desse nosso país/continente, rico e poderoso por seu diverso gentio, por sua unidade linguística (única no mundo e sua grande força), e por sua herança de paz e amizade, aonde o grande jogo chegou um dia a ser a segunda paixão esportiva de seu povo, inquestionavelmente.

Mas assim como você, jamais neguei acesso à literatura, música, cinema, dança e teatro internacionais, mas sempre privilegiando o nosso, sempre.

Num ponto, sou intransigente, a forma como a NBA se impõe no mundo, com sua mensagem dominante e política, pois é a única modalidade de desporto coletivo realmente internacional praticada e amada pela população americana, a tal ponto que faz com que seu governo a apoie sem maiores restrições como embaixadora de sua influência dominante, e que inclusive vem sutilmente afastando e protelando da mesma o temível fantasma dos escândalos ligados ao doping, em ações e intervenções desenvolvidas pelo senado americano, mas que inexoravelmente alcançará esse nicho privilegiado muito em breve.

Finalmente, o ponto crucial de sua intervenção, muito especial, aliás:

(…) Só me incomoda um pouco, e aqui falo até mesmo como leitor, o fato de que, aparentemente, apenas o seu conceito de jogo seria possível ou factível para o basquete brasileiro – ou mesmo o basquete como um todo. Se as críticas ao “sistema único” são factíveis e, mais que isso, válidas, adotar apenas o sistema que o senhor defende também seria bastante limitado, não? Esta é A Maneira Correta de se jogar?(…)

Ora, prezado Giancarlo, parece que você ou não leu, ou esqueceu muitos dos artigos aqui publicados sobre esse instigante assunto, a dupla armação e os três pivôs móveis, quando através, textos, vídeos, fotos e estatísticas provei e comprovei na teoria e na pratica o sistema proposto, mas nunca, em tempo algum considerei-o único, absoluto para o nosso basquetebol, e muito menos para a modalidade como um todo, e sim como uma proposta balizadora e experimental que servisse de partida a outras propostas, outros sistemas, outras concepções de jogo, fugindo do conceito único que tolhe o desenvolvimento do grande jogo, aqui, e por que não, lá fora também, vide que a pequena revolução instaurada pelo Coach K nas seleções americanas veio duas décadas após eu mesmo, Prof. Paulo Murilo, ter iniciado os estudos, desenvolvimento, treinamento e execução dessa proposta aqui mesmo, em terras tupiniquins, e jamais reinvidicando patentes, já que produto natural do desenvolvimento harmônico de um jogo diferenciado por sua complexidade e inesgotável criatividade, sendo passível de evoluções paralelas além fronteiras.

Quando bato e insisto em novas concepções técnico táticas para o nosso basquetebol, viso prioritariamente o combate à imitação pura e simples, ao aprendizado osmótico, vicio contraído por muitos de nossos técnicos, jovens ou veteranos, assim como a reverência e aceitação passiva de modelos que não nos dizem respeito como povo, como nação, mesmo em se tratando de uma modalidade esportiva, quer queiram muitos, ou não, que concorre para o aprimoramento acadêmico de nossos jovens, onde a premissa de utilização de um único sistema de jogo, rouba dos mesmos a mais importante parcela de seu desenvolvimento, a capacidade criativa, livre e democrática do livre pensar, amar e jogar o grande jogo, o jogo de suas vidas.

Terminando, concordo plenamente que toda e qualquer mídia deve poder se expressar diferentemente, sendo essa uma das razões que originaram esse nosso muito bem vindo debate, onde a liberdade e a responsabilidade sejam preservadas e defendidas pelo preço que tivermos de pagar desde sempre.

Muito obrigado pelos comentários e criticas Giancarlo, e espero que divergências não nos afastem dessa humilde trincheira, aberta a todos que defendem a plena liberdade de expressão.

Um abraço.

Paulo Murilo.