O dever de casa foi feito, muito bem feito, porém o foi unilateralmente, pois a Croácia não cumpriu seu script convincentemente, já que perder por 27 pontos em casa, frente a uma apaixonada torcida soou bastante falso, e comprometedor, haja vista sua indiscutível e reconhecida importância internacional, e deverá chegar às semifinais sobraçando um volume imenso de dúvidas quanto às suas reais e decantadas qualidades. Terá de evoluir tremendamente, e mais, renascer de um equivocado e lastimável plano de jogo, disfarçado de “coisa séria”…
A equipe brasileira não teve nada com essa história, atuou com seriedade, acertou suas linhas ofensivas e defensivas, e se credenciou positivamente para o fechamento do torneio, que se vencido, abrandará sobremaneira a enorme crise que tem assombrado o grande jogo neste imenso, desigual e injusto país. Nesse jogo não convergiu, arremessando 26/40 (65%) nos 2 pontos, e 9/20 (45%) nos 3, contra 13/26 (50%) e 9/32 (28%) respectivamente pelos croatas, 15/23 (65%) e 14/22 (63,3%) para ambos nos lances livres, e ainda errando 14 e 18 nos fundamentos, número comprometedor num confronto internacional…
Porém, se lá chegarmos, algumas arestas terão de ser seriamente lapidadas, começando pela correta, justa e decisiva formação da equipe para disputar o maior de todos os torneios, aquele definidor da qualidade técnica, no seu mais alto nível, as Olimpíadas. Analisando, observando com cuidado e bom senso a atual equipe, sua participação competitiva até o momento, salta aos olhos alguns pontuais aspectos, começando com a positiva opção pela permanente dupla armação, que se mantida, necessitará de um enfoque qualitativo que a defina como ótima e bem vinda mudança em nossa já estratificada forma de jogar, atitude que nos tem causado enormes perdas e retrocessos no cenário internacional. No entanto, alguns e precisos ajustes têm, obrigatoriamente, de ser adotados, e a foto a seguir expõe o motivo, quando vemos o armador Yago engolfado pela potente e muito alta defesa croata, em um tipo de ação que notabilizou esse ótimo jogador no NBB e em competições sul americanas, mas que no alto nível europeu e norte americano será impossível de acontecer com seus 1.71m de estatura, a não ser na distribuição lateralizada de passes, alguns arremessos de fora, ou prendendo a bola por demasiado tempo pela falta de opções invasivas. Os demais armadores, Huertas, George, Luz e Benite, este um autêntico armador e não um ala, serão suficientes para manter duplas permanentemente atuantes, com uma ressalva a ser bem estudada, o não aproveitamento do jovem e alto jogador Caio, eficiente, consistente e elogiado armador na liga argentina, num momento em que muitas franquias nacionais saem no encalço dos formidáveis armadores argentinos, não considerando sua escolha, inclusive na seleção…
As alas estão bem compostas, preocupando somente uma recaída disciplinar do Caboclo, pois “quem faz um cesto faz um cento”, e nada custa ficarmos atentos ao seu comportamento. Os pivôs, se se estabelecerem em seus territórios de direito e formação, os perímetros internos, poderão impor uma situação poderosa nos rebotes, assim como finalizações mais precisas, alimentados que passariam a ser por alas fortes, atléticos e velozes, colimados todos pela ação contundente, envolvente e altamente precisa dos bons armadores que temos, básica e precisamente alicerçados numa leitura de jogo acurada, veloz e inteligente, onde os marcáveis passes de contorno cederiam lugar aos passes incisivos e vencedores. Torço para que isso ocorra de verdade, assim como torço mais ainda, pela coesão defensiva, onde a ainda incipiente anteposição frontal aos pivôs adversários, seja estabelecida como marca de uma equipe corajosa e inventiva, onde a improvisação consciente possa vir a atingir um elevado patamar, marca das grandes equipes…
Que venha a decisão, e que não nos enganemos com o curto circuito croata, bastando sedimentar o que propusemos até o momento, com força, bom senso, coragem, e acima de tudo, coesão…
O Fábio pelo telefone me faz uma instigante pergunta – “Professor, se o Sr. estivesse no comando da seleção, como agiria no jogo contra a Croácia, encararia o jogo como um teste, um ensaio, um treino de luxo, já que classificado às semifinais, mostraria as cartas, ou esconderia os sistemas, jogadas, ou mesmo um ou outro jogador, enfim, como o Sr. agiria?” Quase ao mesmo tempo da pergunta, os comentaristas da TV sugerem que a seleção faça experimentos, teste formações, promova ao jogo toda a equipe, dando rodagem aos mais novos, etc e tal, só não afirmando entregar o jogo, afinal, estando classificado, o que teriam a perder?
Bem Fábio, aí está a questão lançada à mesa, bem clara e melhor exposta pelos especialistas, e uma outra de minha autoria que menciono com um retumbante Não, de forma alguma agiria dessa forma, e ouso acreditar que o Petrovic também se negará a experimentos, desvios e omissões, já que numa possibilidade real de vitória, enfrentará o segundo colocado da outra chave (Rússia, Alemanha ou México), para numa final ter a possibilidade de enfrentar a mesma Croácia, com todas as possibilidades técnico táticas conhecidas e controláveis, e mesmo no caso de uma derrota, saber em profundidade os comportamentos de cada jogador envolvido, positivo ou negativamente. Perder a oportunidade de travar e competir seriamente com um adversário qualificado, garantido na classificação, é algo especial, jamais alcançado numa partida amistosa, e partindo do pressuposto de que a anfitriã não cometerá a estupidez de facilitar o jogo em sua própria casa, afinal tem algo em jogo, uma classificação que determina com quem jogar na semifinal…
No entanto, um outro fator deveria ser abordado, o que modificar, estruturar e pôr em prática, tendo como base a produtividade da equipe no jogo vencido contra a fraca Tunísia, onde alguns pormenores devem ser analisados, como o fato da equipe ter voltado a convergir, já que arremessaram 20/30 bolas de 2 pontos (67%), e 12/28 de 3 (43%), numa partida em que o jogo interior deveria ter tido preferência absoluta, inclusive para melhorar e entrosar os pivôs, numa função que será capital contra a Croácia. A Tunísia ficou nas 14/34 (41%) de 2, e 7/24 (29%) de 3. Nos lances livres a equipe brasileira converteu 7/12 (58%), e a Tunísia 8/15 (53%), ambas fraquíssimas nesse fundamento (e aí pergunto – onde estão os três assistentes técnicos para corrigir tal deficiência, onde?). Foram 10 erros de fundamentos para a Tunísia e 12 para a seleção nacional, sem maiores comentários. Então o que podemos atestar, objetivamente, senão que continuamos a chutação, razoavelmente controlada nos jogos contra a Polônia, inclusive com contra ataque concluído numa bola de três pelo Yago (ficou bem clara a contrariedade do croata), e com os três pivôs colaborando lá de fora com 3/9, os armadores com 9/13, e os alas com 5/10, ou seja, oito jogadores queimaram de fora, numa especialidade que somente quatro podem ser considerados aptos a fazê-lo (Benite, Lucas, Meindl e Yago)…
Sem dúvida alguma esse jogo com a Croácia determinará a estratégia nas semifinais, onde lá chegando com dúvidas sanadas e erros corrigidos, darão a equipe um bem vindo equilíbrio emocional e técnico para enfrentar quem quer que seja, com reais chances de vencer a competição…
Agora mesmo, momentos antes de postar esse artigo, o México vence a Rússia no quarto quarto, numa disputa acirrada, onde ensaios, testes e evasões perdem o sentido numa competição classificatória a uma Olimpíada, onde não existem espaços para aventuras caipiras…
Postei esse artigo a nove anos atrás, e hoje, às vésperas do início do torneio pré olímpico na Croácia, onde somente uma equipe se classifica para Tóquio, uma mesma realidade se repete, como num inexorável carrossel, monocórdico, repetitivo, sem uma mínima fresta de evolução no que diz respeito ao progresso técnico tático de jogadores oriundos de uma formação de base claudicante e severamente equivocada. Mudou, por mais uma vez, o comando da equipe, porém, os jogadores apresentam os mesmos vícios e defeitos, acrescidos de forma preocupante do crescente e exacerbado individualismo, numa modalidade onde o coletivismo é a pedra fulcral para o sucesso, de todos, e não de uns poucos aspirantes a estrelas. Vale o documento pela atualidade, e principalmente pelo intenso debate em comentários precisos e e de elogiosa participação, tão ausentes no “basquetebol moderno”. Quem sabe evoluamos…
Paulo,viu o time jogar como você gosta? Vi, mas não do jeito que gosto, mas como deveria jogar sempre, lá dentro, na cozinha deles, e sendo abastecido por dois bons armadores, por todo o tempo, cirurgicamente, e contando com um ala que deveria estar por perto dos pivôs, para de dois em dois otimizarem seus ataques, como quase fizeram desta vez. Note que foram 7/16 de bolinhas de três, 21 pontos num total de 91, ou seja, 70 pontos de 2 e 1 pontos! Imagine a quanto iria o placar se a metade das bolas de três perdidas fossem trocadas por tentativas de dois? Cem pontos…
Mas foram bem melhores do que vinham jogando, e nunca uma briga nos favoreceu tanto em termos de ajustes táticos do que a travada entre o Marcelo e o Gutierrez, os dois melhores arremessadores de três de suas equipes, que alijados do jogo propiciaram como nunca o jogo interior, ora e vez quebrado pelas teimosas tentativas de três dos dois remanescentes cardeais, principalmente o Guilherme, que sempre se postava fora do perímetro, quando deveria estar mais próximo de seus dois pivôs, em bloqueios, em cruzamentos, todos em movimento constante, sempre bem colocados para os rebotes ofensivos, para a bola curta e precisa, e provocando faltas de seus oponentes, e o mais importante, bem posicionados para retardar e mesmo contestar os contra ataques adversários, que sem dúvida alguma será a grande arma dos americanos na segunda feira, como foi contra os dominicanos.
Então Paulo, como você gostaria de ver um time jogar com três alas pivôs sob dupla armação? No caso da seleção, que pode sempre escalar dois bons e ágeis pivôs, contando com um ala de boa estatura e bom arremesso, como o Marcos (2,07), o Guilherme (2,05), o Marcelo (2,00) e o Alex (1,93), e três eficientes armadores compondo duplas sempre em jogo, tal sistema funcionaria muito bem na medida em que todos os jogadores se movimentassem ininterruptamente, mantendo dessa forma seus marcadores próximos a eles, atenuando muito as flutuações defensivas, comprimindo-os dentro do garrafão, quando ai sim, liberariam generosos espaços para arremessos médios de dois e mesmo os de três pontos.
E estão muito próximos deste cenário, bastando percorrer com atenção as fotos acima postadas, que revelam o quanto ainda teriam de evoluir para preencherem os mais importantes requisitos para executarem o sistema com precisão, começando com os deslocamentos constantes, principalmente após efetuarem os passes; a colocação de frente para a cesta de todos os jogadores nos arremessos, inclusive os pivôs; a presença constante do ala próximo aos pivôs, interagindo com os mesmos por todo o tempo, abrindo espaços sempre que a leitura defensiva assim o permitisse, e finalmente, que os armadores jamais saíssem do foco das ações, na entre ajuda e no domínio do perímetro exterior, agindo como armadores e não se comportando um deles como um ala adaptado.
Foto 1 – Raul na armação inicial, com os dois pivôs bem colocados, e o Larry penetrando, quando deveria ser esta uma ação do Guilherme, que se mantêm fora do perímetro, num típico posicionamento para um arremesso externo…
Foto 2 – De novo o posicionamento errado do Larry, onde deveria se encontrar o Guilherme…
Foto 3 – Mais uma vez o Guilherme fora do perímetro interno…
Foto 4 – Ação correta dos armadores, mas…
Foto 5 – Boa ação dos dois pivôs, mas sem a ajuda próxima do ala…
Foto 6 – Outra ação dos pivôs, mas com um deles na ala, desfalcando em muito o posicionamento para o rebote.
Enfim, a seleção se encontra num limiar auspicioso, na medida em que sua direção inove na maneira de jogar, já que impôs novos hábitos e atitudes, principalmente na disposição defensiva, pressionada, forte e atuante, mas que deveriam ser acrescidos de maior contundência ofensiva, mais ousada e diferenciada das demais equipes, fator que a qualificaria entre as mais instigantes da grande competição.
O técnico Magnano, com sua experiência e notória competência, sem dúvida alguma saberá percorrer o caminho árduo e pedregoso de uma competição que já venceu com méritos. Assim espero, assim torcerei.
Amém.
Comentários-
Rodolpho16.07.2012· jogo contra a Argentina.A seleção mostrou uma grande evolução.Mesmo desfalcada, vencemos sem grandes sustos.Nosso maior adversário, no momento, é a parte clínica.Nenê limitado, Leandrinho ainda sem ritmo, Marquinhos perdendo alguns jogos. Isso deve fazer falta. Esperamos que tudo conspire a favor e cheguemos inteiros a Londres. Ai, só vejo o Caio Torres (que também não está bem fisicamente) destoando do resto do time. É o único que, em quadra, deixa o nível cair consideravelmente (e que falta faz o Rafael!).Adorei ver o Guilherme fora do garrafão. É o lugar dele no basquete internacional, de alto nível. Ele não tem a menor condição física de encarar os grandes pivôs do mundo na área pintada. E é muito habilidoso e inteligente pra alguém e sua estatura, deitou e rolou pra cima do Nocioni, o que não é pouco. O argentino saiu com 5 faltas ainda no terceiro quarto, tamanha sua lentidão pra acompanhar o ala de Brasília fora do perímetro.Curioso pra ver como a equipe americana vai encarar nosso forte jogo com 2 pivôs fortes. LeBron James, Kevin Durant e Carmelo Anthony terão um desgaste grande pra marcar embaixo da cesta. É importante dificultá-los ao máximo, já que a enorme disparidade de talento deve nos impedir de vencê-los.Vinte pontos de diferença tá de bom tamanho hoje. Mas que a prioridade seja colocar todos os jogadores testados em situações que encontrarão em Londres, ao contrário do que encontraram contra equipes fracas feito a chilena.__________Professor, 21 equipes no NBB5. E o senhor, em qual delas?Queremos te ver no Vitória!!!
Ricardo Piloto16.07.2012· Muito esclarecedor seu texto junto às imagens. Faz parecer que o Guilherme atua, equivocadamente, na posição 2. Mas professor, na sua visão, o ala não deve se deslocar para o perímetro para auxiliar no passe?, Talvez para “descongestionar” o garrafão? Não sei se fui claro na minha pergunta. Abraços
Giancarlo16.07.2012· Oi, Rodolpho,Se me permitir discordar… Em suas melhores temporadas na Europa, na Itália e na Ucrânia (liga nacional fraca, mas num time que competia nos torneios continentais), o Guilherme jogou como um ala-pivô, que atuava tanto dentro e fora. No sistema comum, vigente, ele era o PF, o 4. Contra um Nocioni envelhecido (hoje ele também é um ala-pivô na Europa), um Linas Kleiza ou demais pivôs, é justamente aí ele pode se sobressair como um adversário mais rápido. Jogando em demasia no perímetro, contra alas mais tradicionais (exemplo: Carlos Delfino), acho que a situação inverte: ele passa a ser lento.No jogo de gato-e-rato, o jogador ‘4’ mais baixo pode pegar o grandalhão pela velocidade e ser presa fácil pelo tamanho. O ala ‘3’ mais alto pode ser a presa fácil na velocidade e se impor pelo tamanho. A velha questão entre velocidade x força.Claro que, no jogo proposto pelo professor, essas denominações de posição iriam para o espaço e novas possibilidades surgiriam. Imagino que o Giovannoni seria um baita atleta para ele nesse quesito, por poder circular dentro e fora com facilidade, possuindo uma vasta gama de recursos: bate para dentro, joga de costas, tem ótimo chute de média distância etc.Por isso a frustração por vezes em sua insistência nos tiros de três pontos, como se não houvesse outras alternativas para seu versátil jogo, ainda que o Ricardo levante um ponto interessante: jogando como o falso PF, o ala aberto, ele limparia o garrafão para os pivôs maiores e infiltrações de Huertas.E vamos longe… Como o professor nos motra a cada rico artigo aqui.Existe esporte coletivo com tantas variantes como o basquete? Por isso amamos esse jogo.Abs, Giancarlo.
Rodolpho16.07.2012· Giancarlo, se não me engano Guilherme teve fracas atuações na 1a divisão italiana (ou foi na segunda?).Mas enfim, entendo (e concordo) com seus argumentos.O “problema” é que não existem muitos jogadores da posição 4 que são lentos feito o Nocioni.O basquete vem mudando, não é o mesmo de 10 anos atrás, e cada vez mais os PF estão ficando rápidos. O mito de quem é alto não pode ser ágil está caindo de vez por todas. O próprio prof. Paulo prega isso há tempos.Guilherme é fisicamente frágil para a maioria dos pivôs de alto nível. Esses pivôs já não são tão lentos como eram 10 anos atrás. Hoje vemos jogadores acima de 2,05m correndo feito escoltas, na posição 4. A adaptação é fácil pra eles, inclusive poderemos ver isso hoje a noite, com os SF da NBA jogando de PF na FIBA.Infelizmente esse jogo de gato e rato (eu gosto muito) vem acabando. A tendência mundial é de jogadores cada vez mais fisicamente parecidos nas 5 posições. Uma quadra maior e um aro mais alto talvez acabasse com isso, mas tá bem longe de sequer ser cogitado.Abraço!
Basquete Brasil16.07.2012· Que bela argumentação a de vocês, Rodolpho e Giancarlo, cada um com pontos importantes e argutos, debatendo situações técnico táticas muito acima das “opiniões torcedoras” que pululam nos blogs tupiniquins. Sem dúvida alguma o basquete transcende soluções fáceis e padronizadas (formatadas?…), pois exige um acurado sentido estratégico, onde a técnica individual se funde com a tática de jogo, formando um cenário onde ações e comportamentos ditam os resultados de uma equipe de alta competição, dai considerá-lo o grande jogo. No caso do Guilherme, apontei posicionamentos que deixaram de ser ocupados dentro do perimetro, na ajuda e suporte aos pivôs da equipe, todos eles com estatura próximas a ele, constituindo um terceiro (ala)pivô, com habilidade de transitar interiormente, com a mesma facilidade que o faz exteriormente, dotando-o (o mesmo com o Marcos, o Marcelo e também o Alex)de uma amplitude inesgotável de recursos, a começar pelo preciso arremesso de curta e media distância, numa zona aparentemente saturada de jogadores se estáticos se mantivessem, mas plena de passes e deslocamentos possiveis se em movimento constante, incluido aberturas ao perimetro externo. Ao se manter aberto frente ao jogo interior dos pivôs, esse habilidoso jogador abre mão de seu bom repertório de ações técnico individuais, se restringindo ao arremesso de três, que é muito pouco frente às suas reais qualidades. Enfim, prezados Rodolpho e Giancarlo, muitos são os fatores que tornam o basquete complexo, e por isso mesmo, apaixonante. Um abraço para os dois. Paulo Murilo.
Basquete Brasil16.07.2012· Sim Ricardo, você foi bem claro, permitindo que eu coloque uma outra questão. Congestionamento no garrafão somente ocorre se houver ausência de movimentação dentro do mesmo, pois ao serem mantidos os defensores junto aos atacantes que se deslocam continuamente, espaços ocorrem normalmente, mesmo que aparentemente dificeis pelo espaço interior. Bloqueios, corta luzes e cruzamentos propiciam espaços majoritários, ora para atacantes, ora para defensores, e tal confronto definem os resultados de um jogo, de um campeonato. O certo é que uma boa e bem treinada equipe deve otimizar suas tentativas de arremessos, que quanto mais próximos à cesta, mais eficientes serão. Um abraço, Paulo Murilo.
Basquete Brasil16.07.201Rodolpho, você me pergunta em qual equipe estarei no NBB5, e respondo, nenhuma que até agora tenha me convidado, desde o término do NBB2. Quanto ao Vitoria, quisera eu ter tido a oportunidade de dar continuidade àquele trabalho iniciado no Saldanha, mas o Alarico não quer, logo… Fico aqui na trincheira onde ainda posso trabalhar, ah, sem salário, mas fazendo o que amo (e entendo) de verdade. Um abraço, Paulo Murilo.
Rodolpho16.07.2012· Professor,É algo pessoal (obviamente não precisa, e provavelmente não deve, ser divulgado) ou foi puramente profissional seu desligamento do Saldanha?
Basquete Brasil16.07.2012· Prezado Rodolpho, em nenhum momento do meu trabalho em Vitoria tive qualquer desentendimento pessoal com o Dr.Alarico, muito pelo contrário, sempre nos relacionamos com educação e respeito.Acredito que tenha havido desinteresse na minha atuação profissional, por motivos que somente ele poderá esclarecer, se é que teve algum relacionado a minha pessoa.Publiquei dois artigos aqui no blog, colocando nos mesmos o meu ponto de vista a respeito, mas nunca obtive qualquer resposta. Os artigos podem ser acessados no espaço Buscar Conteúdo, digitando – O Vitoria do Alarico e Ao Alarico. Espero ter respondido a sua pergunta. Um abraço, Paulo Murilo.
Rodolpho16.07.2012· Professor, pude agora ler os artigos.Como sou um novo frequentador do espaço, não sabia da existência de tais relatos.Tampouco sabia que o blog tem grandes artigos há tanto tempo. Por ser capixaba não me interesso mais pelo basquetebol local. Já paguei meus pecados por alguns anos na adolescência. O que acontece aqui é algo inacreditável. Quase a totalidade dos que têm o poder (sic) é mal intencionada ou incompetente, quando não ambos. Brigam por migalhas, pois não tem capacidade de nada mais na vida que não seja sugar a paixão da garotada apaixonada pelo grande jogo.Lendo esses artigos e pelo que conheço do meu estado te desejo que jamais volte a treinar um clube daqui. Provavelmente porque ambos ficarão com as duas últimas posições do NBB5 (se participarem) e o senhor merece coisa muito melhor pela honestidade e inovação.E em ano eleitoral, dinheiro público não faltará para equipes daqui. Faltará seriedade.
Basquete Brasil17.07.2012· Olha Rodolpho, creio estar você sendo um tanto implacável, o que não se constitue uma boa forma de analisarmos situações conflitantes. Como afiancei anteriormente, em momento algum tive qualquer embate com o Dr. Alarico, que é uma pessoa altamente conceituada no estado, por ser um médico qualificado e dirigente esportivo respeitado. O fato de não ser contratado pela equipe que dirige, deve-se a uma opção do mesmo, que não discuto e respeito. No mais Rodolpho, vida que segue, que deve seguir sempre, a qualquer preço. Um abraço, Paulo Murilo.
A seleção estreou sua renovada equipe, e de uma forma esperançosa para o nosso combalido basquetebol. Foram dois jogos amistosos, bem sei, contra uma voluntariosa Polônia, mas suficiente para constatarmos bem vindas novidades, a começar com um eficiente e mais bem vindo ainda sistema com permanente dupla armação (só mudou para um armador quando os poloneses na metade do terceiro quarto mudaram para defesa por zona, o que considero um erro, que discutirei mais adiante) , e uma, ainda que incipiente movimentação contínua de dois altos e rápidos alas, auxiliados por um pivô também em constante movimento, mantendo seus defensores ativos dentro do perímetro, fator fundamental na criação de espaços numa zona restrita, tida erroneamente como imprópria para passes precisos e eficientes, originando um jogo interior com arremessos curtos e médios, com eficiência ainda claudicante (corrigir e treinar arremessos fazem parte do processo, afinal a seleção conta com três assistentes…), porém bem superior aos longos, com mais imprecisas conclusões. Os números não mentem, senão vejamos no primeiro jogo:
De pronto, torna-se realmente alvissareiro não testemunharmos mais uma convergência, presente na quase totalidade dos jogos no NBB, entre os arremessos de dois e três pontos, espelhando uma tendência levada para a seleção por jogadores convictos de que são especialistas nessa difícil e seletiva arte de arremessar, cedendo tal comportamento a uma forma de atuar mais coerente com os princípios de precisão que separam os curtos e médios arremessos dos longos, que deveriam ser complementares, e não prioritários, otimizando os ataques, numa economia de esforço físico pela maior conversão das tentativas, concentrando esforços dentro da defesa adversária…
Observem a tabela estatística, e analisem os percentuais muito baixos para ambas as equipes, onde a equivalência nas perdas e aproveitamentos nos dois e três pontos se assemelham, claramente explicados pelas fortes e bem posicionadas defesas, principalmente na contestação das tentativas de três pontos, que no caso do segundo jogo falhou tremendamente de nossa parte, dando aos poloneses a possibilidade de converterem mais bolas de três do que os nossos…
Em se tratando de jogos preparatórios, algumas considerações ofensivas e defensivas devem ser anotadas, ainda mais quando cortes devem ser feitos para o pré olímpico (me preocupa os critérios para efetuá-los…). Ofensivamente, dois pontos a analisar, e o primeiro, sem dúvida alguma, se refere a forma de atuar dos homens altos dentro do perímetro, sob uma dupla armação, que me parece, adotada de forma definitiva, o que prenuncia bons sistemas de jogo interior para a seleção, antepondo-se ao processo orgiástico das bolas de três, implantado genericamente por nossas franquias do NBB (bastante atenuado nesses dois jogos), espelhando-o na formação de base por todo o país, com os resultados que todos nós bem conhecemos…
No entanto, essa abertura para sistemas interiores, implica numa mudança conceitual na forma de nossos homens atuarem, substituindo o imobilismo posicional ofensivo da grande maioria deles ao ocuparem espaços que os habilitam aos arremessos de três, imobilismo esse mantido, mesmo perante a luta solitária de um pivô contra uma defesa inteira, em vez de ações originadas pela movimentação ininterrupta dos mesmos, com trocas constantes, bloqueios sucessivos e corta luzes pontuais, promovendo a sucedânea movimentação defensiva, originando os espaços necessários aos passes, dribles, fintas, e arremessos mais precisos, numa zona conceituada como improvável a jogadas ofensivas velozes e eficientes, tornando-os factíveis, tanto contra defesa individual, como por zona, já que atuando no âmago defensivo, anulando os bloqueios zonais e coberturas ocasionais, tão temidos por atacantes privados, ou contidos, de uma movimentação permanente…
Defensivamente, o nosso já histórico calcanhar de Aquiles, pois referendamos nossos melhores jogadores sob o prisma ofensivo, feérico e exibicionista (a mídia idolatra enterradas, tocos e bolinhas), deixando de lado as habilidades defensivas, e não à toa, somente dois jogadores foram apontados como defensores do ano, nas doze versões do NBB, numa prova contundente que defender não se constitui num fundamento bem ensinado e treinado desde as divisões de base, e o resultado dessa omissão se revela nas seleções, como a atual, onde vemos alguns jogadores simplesmente nulos ante investidas de atacantes, de posse, ou não da bola, Agora podemos aquilatar o porquê do não aproveitamento do Caboclo na NBA. pois defende de pé confiando em sua envergadura escapular, tornando-se impotente ante qualquer investida frontal a cesta que defende. Talvez sua impulsão nos rebotes o habilitem na atual seleção, fator único, porém incompleto, pois pouco produz ofensivamente nesse nível, ao contrário do Mendl, que se destaca à frente e atrás, somando demais para a equipe…
De certa forma, conseguimos nessas duas partidas, definir a dupla armação como ponto de partida ofensiva, pois habilitou sobremaneira o jogo interior, com passes incisivos e penetrações diversivas, elevando tecnicamente a produção dos homens altos, que os temos ágeis, rápidos e atléticos, preenchendo o garrafão com dois ou três atacantes, prontos aos tão importantes e estratégicos rebotes ofensivos, e não espaçados fora do perímetro, vicio modal do momento, e sim fundamentais na retomada ofensiva, executando passes de volta, para aí sim, na posse de especialistas de verdade (Benite, Lucas, Meidl , Yago) termos arremessos de fora, conscientes e eficientes…
Assim como elevamos o poder defensivo pressionado pelos dois armadores, e antecipativo em flutuação lateralizada dos homens altos, aqueles que defendem com o trabalho de pernas, e não somente com os braços. Falta-nos a coragem de marcação do pivô frontalmente, de forma plena e sem receios de passes em cobertura, já que a flutuação lateralizada os cobremautomaticamente. Se iniciarmos essas mudanças na seleção, fatalmente refletirá nas divisões de base, ainda mais se fosse restringido defesas por zona até as categorias abaixo dos 14/15 anos, criando nas mesmas bons e permanentes hábitos defensivos.,,
Um outro fator a ser seriamente observado, ainda mais num torneio de tiro curto, como esse pré olímpico, é a severa observância da constituição definitiva da seleção, com os mais capacitados física e tecnicamente nesse momento de decisão, onde “nomes” e “preferências” devem dar lugar ao mérito competitivo, sob todos os aspectos que capacitam jogadores a uma seleção nacional, sem exceções…
Outro ponto que compromete bastante a constituição de uma comissão é o seu “inchaço”, com três (!!!) assistentes técnicos, fora os ocasionais (vide foto, emulada nas duas partidas), pulverizando um comando que deveria ser único, indivisível, ainda mais quando se trata de um profissional estrangeiro muitíssimo bem pago. Um assistente seria mais do que suficiente, assim como um bom enxugamento de um batalhão superior em número ao de jogadores (creio que ainda falta o psicólogo…), num desperdício de numerário, tão escasso em tempos bicudos pelo que passamos…
Finalmente, os comentários de um ex jogador, agora comentarista televisivo, justificando os pedidos de dispensa de jogadores nominados, por diversos motivos comerciais e econômicos, orientados por agentes e empresários, que jamais deveriam proceder, pois se lá se encontram devem sua formação e origem ao país que agora se negam a servir, o que não configura anti patriotismo, e sim uma pura e simples preferência a interesses pessoais, assim como a repetida permissividade brindando jogadores que se negaram a jogar pela seleção em plena competição internacional, voltando à mesma como se nada tivesse acontecido, desonrando e aviltando uma camisa que deveria ser o objetivo de todo jovem praticante, e não uma vitrine para interesses não muito patrióticos…
Espero contritamente que o técnico Petrovic consiga convencer a equipe em sua proposta profundamente modificadora em nossa forma de atuar e pensar o grande, grandíssimo jogo, empunhando uma sutil e etérea lanterna na busca de um novo tempo, no que seria um enorme e exemplar passo às novas gerações para uma forma diferenciada de jogar, oportunizando nosso basquetebol à volta convincente ao cenário internacional, de onde nunca deveria ter saído, mas isso é uma outra história, largamente comentada nesse humilde blog nos últimos 16 anos de sofrida existência…
Amém.
Fotos – Reproduções da TV. Clique nas mesmas para ampliá-las.
Amigo Paulo, Olimpíadas à vista, Copa América no feminino, e você mocó?
Calma cara, não estou ausente, e sim em processo introspectivo, haja vista a mesmice endêmica que se instalou no basquetebol tupiniquim, aspecto este que torna indigesto acompanhá-lo, por mais boa vontade que se tenha para fazê-lo. Porém, por mais uma vez atendo o seu pedido, afinal, são muitos anos de respeitoso e profícuo contato, e que deve ser considerado…
Vamos lá, Copa America, equipe feminina brasileira, assisti os jogos, e francamente continuo não gostando, por um relevante motivo, poucas, muito poucas dominam os fundamentos básicos, porém afogadas pelo sistema único, com passes e muitos passes de contorno da área restritiva, tendo como prioritário objetivo alocar espaços para os arremessos de três pontos, avidamente cobrados pela comentarista Hortência, em detrimento de um eficiente jogo interior, já que possuímos jogadoras altas e razoavelmente aptas na função finalizadora e reboteira, que no confronto com equipes bastante fracas se impõe técnica e taticamente, mas quando frente a equipes mais bem preparadas nos fundamentos, sucumbe irremediavelmente, vide as partidas contra o Canadá e Estados Unidos, sendo esta representada por sua seleção universitária com média de idade de 22 anos. Realmente choca o abismo que separa canadenses e norte americanas das brasileiras no tocante aos fundamentos individuais e coletivos que as separam de nossas esforçadas e talentosas jogadoras, o que nos leva, seguida e insistentemente na cobrança de um preparo centrado no ensino e dura prática nos fundamentos, reservando menos tempo no enfoque sistêmico, pois é sabido desde a criação do grande jogo que uma equipe dominante dos fundamentos tende a superar uma outra que não os tem no mesmo nível, apesar de apresentar uma aparente conhecimento tático…
Que se esfuma no transcorrer da partida, por não apresentar soluções técnicas individuais e coletivas, somente possíveis e factíveis sob o domínio pleno dos fundamentos do grande jogo. Vale sempre lembrar que sem o domínio dos mesmos, nenhum sistema de jogo funcionará com um mínimo de eficiência, já que dependente de bons passes, drible e fintas bem executados, bloqueios e corta luzes eficientes, e acima de tudo, arremessos corretamente executados…
Assim como, pleno posicionamento defensivo, tanto no aspecto individual, como, e principalmente no coletivo, dependentes do pleno conhecimento e domínio do equilíbrio corporal, e gravitacional, elementos decisivos na arte de bem defender…
A quase completa ausência destes conhecimentos por parte de uma jogadora, a situará sempre inferiorizada a uma outra mais preparada, mesmo que esteja situada dentro de um sistema tático tido e havido como de alta eficiência teórica, porém praticamente falho ante a deficiência de jogadoras carentes dos fundamentos básicos na tentativa de exequibilizá-lo, fator que nenhuma prancheta ousa preencher…
Enfim, enquanto continuarmos a perder tempo com discursos táticos em torno de sistematizações de almanaque, modais, repetitivos e estéreis, espelhados em pranchetas impessoais mais estéreis ainda, não evoluiremos, não desenvolveremos melhores jogadoras, criativas e pensantes, e não arremedos de marionetes encordoados de fora para dentro das quadras, como extensões de estrategistas acorrentados a sistemas globalizados e clara e decisivamente corporativados…
Mudanças têm de acontecer, na busca de algo inovador, criativo, e proprietário, elevando o nível do nosso sofrido e decadente basquetebol, pois em caso contrário continuaremos trilhando o penoso e enganoso caminho do “engana que eu gosto” das últimas três décadas…
No masculino, quatro deserções (Didi, Raul, Marcos e Gui), deixam o técnico croata ainda com bons valores para a disputa do pré olímpico, porém com um fator altamente perigoso, uma só vaga em disputa. Croatas, russos, alemães devem ser sérios adversários à pretensão brasileira, ainda mais quando continuamos a professar o sistema único e a mal disfarçada queda pelo “chega e chuta”, tão em voga na liga nacional, sem dúvida alguma a pedra no sapato do Petrovic, além da contumaz fraqueza defensiva de jogadores pouco compromissados com esse básico fundamento na competição maior do país. Não à toa bradou na imprensa sua exigência no fator defensivo, como ponto fulcral para a campanha classificatória às Olimpíadas…
Bem, caro amigo, são essas as minhas opiniões, sinto que não sejam devidamente otimistas, mas coerente com todo um contexto que venho enfocando a muitos anos, incansável e repetidamente, dentro e fora das quadras, numa epopéia sem fim, mas plena em esperanças em dias melhores…
Num determinado momento do terceiro quarto da decisão do NBB, entre Flamengo e São Paulo, com a partida ainda indefinida, num ataque rubro-negro, a bola é lançada de dentro para fora do garrafão para as mãos do ala pivô Mineiro na linha dos três pontos, absolutamente livre de marcação, com livre arbítrio para mais uma das dezenas de bolinhas em que sua equipe vem se notabilizando, inclusive com pleno aval e flagrante incentivo de seu estrategista, preferiu partir para a cesta e concretizar uma “bola de segurança” (termo utilizado pelo comentarista) de dois pontos, numa bandeja um tanto decepcionante para o enfastiado narrador, que se preparava para mais um rugido narrativo de mais uma bola magica de grande distância, ou mesmo uma“ enterrada monstro”, aquela jogada que afirmam fascinar os torcedores, definidora do sentido sensacionalista do jogo em sua concepção midiática. Preferiu o jogador a opção mais segura, a simplória bandeja, garantidora de mais dois pontos para sua equipe, aspecto intrínseco aos arremessos de curta distância, no que fez e agiu muito bem, com simplicidade e alta eficiência…
Relembro aquele momento como algo realmente marcante daquela decisão, quando em três jogos a equipe carioca liquidou seu oponente estrelado, porém ineficiente defensivamente, nos quais, se a ação do Mineiro tivesse sido mais emulada e explorada pela totalidade de sua equipe, teria vencido com folgas, não passando pelos sérios apertos nas duas partidas iniciais, por conta dos 81 arremessos errados de três pontos…
Escrevo agora, depois de algum tempo, pressionado pelo amigo insistente e cobrador, que sem tréguas me exige textos e mais textos, e para quem não importa se me sinto à vontade para escrever ou não, cansado, e por que não, enfastiado com a mesmice endêmica que assaltou de vez o grande jogo em nosso país, e com uma absurda agravante, a implantação escancarada da convergência entre os arremessos de dois e três pontos, com a flagrante supremacia das infames bolinhas…
Números? Pois não, aí estâo (boa rima) nos três jogos:
Flamengo – 2 pontos – 52/92 (56,5%)
3 pontos – 45/126 (35,7%)
Lances livres – 32/39 (82%)
Erros – 20 (6,6 pj)
São Paulo- 2 pontos – 59/120 (49,1%)
3 pontos -28/80 (35%)
Lances livres- 43/51 (84,3%)
Erros – 20 (6,6 pj)
Numa simples aritmética, o Flamengo errou 40 bolas de dois pontos e o dobro de três pontos, num desperdício brutal de energia e ineficiência pontuadora, onde os índices razoaveis para equipes da elite se situam nos 70% para os arremessos de 2 pontos, 50% para os de 3, e 90% para os lances livres, testemunhamos quão abaixo nos encontramos no concerto internacional, pois bastaria que optasse para os dois pontos em pelo menos metade das tentativas frustradas de três, elevando substancialmente os índices de arremessos, para vencer no mínimo por vinte pontos cada uma das três partidas, ou não? Façam as continhas…
Inadmissível caro redator, sem o espetáculo das bolinhas do meio da quadra, as tais que elevam o espetáculo em conjunto com as enterradas e tocos estratosféricos, que atrativos ofereceriam os embates no NBB, pois afinal de contas são elas que ensandecem os narradores, que encantam os analistas, que estremecem as arquibancadas, mas que no frigir dos ovos nos destinam a sonhar com as olimpíadas vindouras, pois a dura realidade dos oponentes internacionais que defendem de verdade, que destinam seus longos arremessos aos verdadeiros especialistas dessa difícil e seletiva arte, e pensam o jogo, lendo-o com vastos conhecimentos de causa, nos relegam ao rol de perdedores contumazes e teimosamente aferrados ao lugar comum da sistematização única, onde jogadores, técnicos, dirigentes, agentes, empresários e mídia quase em geral, se misturam coloidalmente ao interesse comum, o de manterem seus empregos, posições e desconfiável prestígio, sombreados pela liga maior, milionária e inalcançável em seus desígnios mercantis, através um modelo que somente se torna factível embasado em milhões de dólares, talvez bilhões, deixando-nos as migalhas e sonhos etéreos e fugazes…
Agora mesmo dois dos “futurosos” craques nacionais pedem desligamento da seleção que tentará uma vaga para as Olimpíadas de Tóquio, com dedo flagrante de agentes que visam somente lucros, por menores que sejam, em seus “investimentos” nos mesmos, sabedores que são da fragilidade técnica de seus agenciados para o nível daquela liga maior, mas que poderiam ajudar uma seleção mais fragilizada ainda, por serem representantes de uma escola mambembe onde o “chega e chuta” se tornou a moda a ser seguida e implantada, e está sendo, estando aí para quem quiser ver. Vencerão? Um desconfiado talvez é o meu prognóstico, que poderia ser mudado e confrontado se algo de absolutamente novo fosse apresentado por essa seleção, o que duvido, pois o aludido chega e chuta parece que veio para ficar, e não será um lúcido Mineiro, com sua simplória (porém convincente) opção pela mais simplória ainda bandeja, que modificará o vício avassalador da chutação midiática de fora, com ou sem marcação, sendo armador, ala ou pivô, afinal a “representatividade midiática” é para ser degustada, conquistada e, como todas as falseadas glórias, esquecidas, se não fruto de uma concepção genuína de equipe, que no momento que atravessamos não está vindo ao caso, trágica e infelizmente…
Assisto pela TV peladas inomináveis na NBA, onde cestinhas e recordistas não ganham jogos, mas auferem triples e blocks galáticos, assim como uma LBA, a liga africana patrocinada pela matriz, apresentando uma decisão de campeonato de fazer corar e chorar mesmo aqueles que desgostam do grande jogo, influencia que já se espraiou pelo Oriente e Ásia, mas tropeça na resistência europeia, que se mantida por mais algum tempo, abalará o monopólio americano, equilibrando as conquistas técnico táticas, porém jamais a supremacia econômica, riqueza esta que tem arrastado seus melhores jogadores para suas franquias, sem no entanto, conseguir desqualificá-los ou modificá-los como jogadores da mais alta técnica naquele pormenor básico, decisivo e inegável, os fundamentos do grande jogo…
A pandemia se estende, negacionada por um governo simplesmente criminoso, quando somente agora consegui a segunda dose de uma vacina ainda distante de meus três filhos, obrigando-os ao forçado enclausuramento, e home offices desgastantes e sacrificados, numa rotina onde a disciplina os tem moldado decisivamente para um amanhã pavimentado por dúvidas, advindas de uma liderança nacional absurda e imoral. Torço ardentemente por eles, por todos os jovens desse imenso, desigual e injusto país, que merecem todas as oportunidades possíveis se lhes forem destinadas as ferramentas necessárias, educação, saúde e segurança para usufruírem dias melhores, merecedores que são.
Abraços
Giancarlo.
No caso do Guilherme, apontei posicionamentos que deixaram de ser ocupados dentro do perimetro, na ajuda e suporte aos pivôs da equipe, todos eles com estatura próximas a ele, constituindo um terceiro (ala)pivô, com habilidade de transitar interiormente, com a mesma facilidade que o faz exteriormente, dotando-o (o mesmo com o Marcos, o Marcelo e também o Alex)de uma amplitude inesgotável de recursos, a começar pelo preciso arremesso de curta e media distância, numa zona aparentemente saturada de jogadores se estáticos se mantivessem, mas plena de passes e deslocamentos possiveis se em movimento constante, incluido aberturas ao perimetro externo. Ao se manter aberto frente ao jogo interior dos pivôs, esse habilidoso jogador abre mão de seu bom repertório de ações técnico individuais, se restringindo ao arremesso de três, que é muito pouco frente às suas reais qualidades.
Enfim, prezados Rodolpho e Giancarlo, muitos são os fatores que tornam o basquete complexo, e por isso mesmo, apaixonante.
Um abraço para os dois. Paulo Murilo.
Um abraço, Paulo Murilo.
Fico aqui na trincheira onde ainda posso trabalhar, ah, sem salário, mas fazendo o que amo (e entendo) de verdade.
Um abraço, Paulo Murilo.
Espero ter respondido a sua pergunta.
Um abraço, Paulo Murilo.
Um abraço, Paulo Murilo.