Como já mencionei em artigos anteriores desta série, muito do desconhecimento sobre a técnica dos arremessos, principalmente os de longa distancia, se deve ao fator tradição no ensino do movimento, onde a estética supera a técnica de execução, pautando-se no equilíbrio harmonioso que aufere ao “estilo” a busca a ser alcançada, e não a eficiência direcional e mecânica que deve ser o objetivo final.
E esse objetivo, tem como elemento indissociável ao sucesso do arremesso o controle absoluto sobre a direção da bola à cesta, sem o qual estilos, equilíbrio, força, saltos e pegas não obterão os resultados desejados. Recordando o principio básico da direcionalidade em qualquer arremesso efetuado com uma das mãos, no qual o eixo diametral estabelecido pela flexão dos dedos centrais da mão impulsionadora no momento da soltura, origina um movimento reverso da bola em torno do mesmo (back spin), e que estando paralelo ao nível do aro, e eqüidistante dos bordos externos do mesmo, estabelecerá um sentido direcional cujos desvios, quanto menores forem, mais precisos e centrados serão os arremessos, colimando as variáveis de força e trajetória necessárias na busca da precisão almejada.
Logo, o principio de direcionalidade se antepõe decisivamente aos estilos e à estética, dando ao jogador a enorme possibilidade de sucesso mesmo em situações de total desequilíbrio corporal no espaço, no momento em que mantenha sob total controle a direção imprimida à bola.
No primeiro exemplo (acima a direita) observemos o jogador profissional MacGrady executando um longo arremesso em total equilíbrio corporal, atendendo às expectativas estéticas, num estilo clássico. Mas um detalhe primordial salta aos olhos dos mais treinados na arte de ensinar arremessos, o perfeito alinhamento da mão impulsionadora, numa pega em que a aplicação de força é feita pelos 3 dedos centrais simultaneamente (observar o retraimento do dedo central, a fim de se alinhar ao anular e indicador), e o polegar e mínimo dominando o eixo diametral da bola completamente paralelo ao nível do aro. O controle espacial dos eixos a – b mantenedor do centro de gravidade projetado à área ocupada no momento do salto, e o c- d, responsável pelo direcionamento correto à cesta, demonstram a alta técnica desse jogador, real especialista nos longos arremessos.
No segundo(acima a esquerda), uma contraposição total ao primeiro exemplo, principalmente no aspecto referente ao equilíbrio corporal, comparando equilíbrio e desequilíbrio, mas tendo algo absolutamente em comum com o primeiro exemplo, o controle direcional exercido sobre a bola. O jogador Ginobili é um especialista nesse tipo de arremesso, onde alcança grandes resultados.
Reparemos que, mesmo em total desequilíbrio corporal, com o eixo a – b determinando o quanto o seu centro de gravidade se encontra fora da área que estaria ocupando ao inicio do salto, sua empunhadura mantém o eixo diametral da bola paralelo ao nível do aro (c – d), sob total controle direcional, garantindo o sucesso na tentativa, o que realmente ocorreu.
São exemplos determinantes do quanto o controle do eixo diametral em rotação inversa , paralelo ao nível do aro e eqüidistante dos bordos do mesmo, conotam alto grau de precisão direcional, não dependendo da postura e posicionamento do corpo no momento crucial do arremesso.
Claro, que a absorção desses princípios técnicos ocorrerão no transcorrer do processo educativo dos jovens, iniciando-os pela postura tradicional (fundamentação passada), ensinando e treinando-os nos princípios que regem o controle do centro de gravidade (fundamentação presente), evoluindo, já como infanto e juvenis, para ações espaciais desequilibradas (fundamentação futura), principalmente aquelas mais usuais nos tempos atuais de fortes defesas e embates corpo a corpo.
Como podemos mais uma vez atestar, toda evolução e conhecimentos acerca dos fundamentos do jogo, passam obrigatoriamente por processos didático-pedagógicos firmemente embasados em sérios e detalhados estudos, onde o empirismo tem de ceder sua tão presente realidade entre nós pela premente necessidade de evolução técnica, campo de ação de professores e técnicos, comprometidos com a excelência no ensino e na prática dos fundamentos do grande jogo.
Estudar, pesquisar, trabalhar, é o caminho a ser percorrido, sempre.
Amém.
PS- Um bom artigo para referencia pode ser acessado clicando:
http://paulomurilo.blogspot.com/2007/12/anatomia-de-um-arremesso-iv.html