PREOCUPAÇÕES…

Preocupa-me a herança do NBB2, principalmente na forma de jogar das equipes intervenientes, da limitação e alto grau de previsibilidade técnico tática das mesmas pelo uso indiscriminado e absoluto do sistema único de jogo, onde a maioria de suas ações são voltadas ao preparo e a consequente execução dos arremessos de 3 pontos.
Preocupa-me o elevadíssimo número de erros de fundamentos, acusados sistematicamente na maioria das partidas do campeonato, sendo que nos playoffs finais atingiram cifras alarmantes.
Preocupa-me a fragilidade defensiva da maioria das equipes, principalmente na anteposição aos arremessos de 3 pontos, e à marcação dos pivôs, sempre por trás, jamais à frente, como deveria ser.
Preocupa-me o fato de uma defesa centenária por zona, a 2-3, ainda se constituir um terror para equipes de alta competição, numa desoladora perspectiva do quanto ainda temos de evoluir em termos de fundamentos de drible, fintas e passes, ou seja, o bê a bá do grande jogo.
Preocupa-me a tendência cada vez mais presente de uma homogeneização e padronização deste sistema único nas divisões de base do país, limitando perigosamente a criatividade e espontaneidade de nossos jovens.
Preocupa-me o avanço maciço de alguns profissionais, e outros nem tanto, de outras áreas, na formação destes jovens, com um conhecimento canhestro do jogo, e apresentando propostas incompatíveis à evolução natural dos mesmos, tanto no aspecto bio psíquico, como no social e cultural.
Preocupa-me a não organização das associações de técnicos, fundamentais ao desenvolvimento da modalidade em todos os sentidos, principalmente no político, social e profissional, bases de uma profissão reconhecida e respeitada.
Preocupa-me que pela ausência das associações, outras categorias envolvidas no esporte se apossem de núcleos técnicos específicos, para coordenarem e implantarem cursos e escolas para os quais não têm competência e formação, se situando única e exclusivamente pelo poder político vigente.
Preocupa-me a passividade e aceitação de técnicos a essa situação ambígua e constrangedora, tornando-se possíveis cúmplices de uma anomalia inadmissível.
Preocupa-me a seleção, ou seleções, entregues a estrangeiros que convocam jogadores que se negaram a defender o país dentro de competições internacionais, claro, por não se tratar dos países deles, e que se verão ante jogadores que lideram grupos fechados, e que em muitos casos, não costumam seguir instruções que não forem de seu agrado, como temos assistido no campeonato nacional.
Preocupa-me a divulgação do basquete voltada aos jovens, com sua maioria quase absoluta impossibilitada ante a TV aberta, pois somente canais a cabo o divulgam, assim como a precariedade na popularização do mesmo nos núcleos escolares, e mesmo clubísticos, a muito abandonados à própria sorte.
Preocupa-me que o poder de novas idéias, de novos rumos técnico táticos, fundamentados na pratica maciça dos fundamentos e da plena utilização da criatividade e do livre pensar, seja minimizado pela ausência de divulgação quase unânime, pela mesmice e pela mediocridade de um sistema único e avassalador, implantado no âmago de nossa juventude, ávida de conhecimentos e sonhos, por interesses que não os nossos, brasileiros, e outrora campeões mundiais e medalhistas olímpicos.
Enfim, preocupa-me a impossibilidade ao êxito e a um futuro inspirador, tolhido que estamos pela mais absoluta ausência de bom senso, responsabilidade cívica e amor ao grande jogo, naquele ponto que o torna imbatível no concerto das demais modalidades, sua concepção instigante e de permanente evolução.
E com estas preocupações me dirijo amanhã ao Congresso dos Técnicos da LNB em São Paulo, para o qual fui convidado como técnico do Saldanha da Gama, onde no calor dos debates, dos temas, das apresentações e das bem vindas discussões possamos manter vivas as esperanças de encontrarmos o caminho perdido nas trilhas dos últimos 20 anos, de desmandos e de imperdoáveis omissões. E honestamente espero que assim seja.
Amém.

O PLENO DIÁLOGO…

No espaço dedicado aos comentários do último artigo aqui publicado “ Um Congresso em Lisboa” , tive o privilégio de estabelecer um diálogo com um técnico do interior de Minas Gerais, o Henrique Lima, contando suas dificuldades, incertezas e questionamentos sobre a difícil missão de dirigir equipes de formação, pedindo sugestões e análises sobre treinamentos, sistemas e ações pedagógicas no ensino dos fundamentos e sistemas de jogo. Selecionei alguns trechos, deixando à curiosidade dos leitores o completo teor do mesmo.

  • Henrique Lima 26.04.2010 (4 dias atrás)

Professor te questiono pelo sistema Flex pelo seguinte:

É um sistema válido de passar para atletas que encaminham para o juvenil na próxima temporada?

Quais os pontos positivos de ensinar um sistema como este?

O senhor acredita que os atletas tem que sabe tais sistemas (este e o que senhor mencionou), ao menos o básico de cada um?

Eu fico sempre na dúvida disso em relação a estes sistemas e a melhor utilização dos mesmos, uma vez que os atletas podem e tendem a ficarem presos em uma maneira de jogar somente.

Enfim, as dúvidas não cessam Professor Paulo, apenas aumentam e parecem cada vez mais complexas e com soluções ainda mais escondidas! rs

Obrigado, um grande abraço e boa segunda feira!

  • Basquete Brasil 26.04.2010 (4 dias atrás)

Guarde bem para você prezado Henrique, jogadores só ficam presos a sistemas se os técnicos assim determinarem, pois os grilhões atados aos mesmos são imposições vindas de fora para dentro das quadras, ou por insegurança, ou por inflados egos. Jogadores autônomos e criativos, dentro de qualquer sistema, somente serão possíveis se dominarem a essência do grande jogo, seus fundamentos. O atual sistema proposto por mim é algo inusitado, pois preconiza a total liberdade criativa dos jogadores envolvidos com o mesmo. Mas para tanto, a necessidade básica se lastreia nos fundamentos muito bem treinados e estabelecidos, sem os quais o sistema morre no nascedouro. E assim para os demais sistemas, sejam eles quais forem.
É uma escolha difícil de pensar e raciocinar, mas comece pela base de tudo, o pleno conhecimento das habilidades pessoais e técnicas de seus jogadores, suas ambições, seus sonhos, e dai em diante estabeleça um sistema que potencialize estas questões. Esse é o caminho a ser percorrido pelos bons e autênticos técnicos, agindo antes de tudo como convincentes e preparados professores.
Um abraço, Paulo Murilo.

  • Henrique Lima 27.04.2010 (3 dias atrás)

Obrigado Professor Paulo!

Ontem tive a estréia como treinador da categoria Sub-17 (por que trocaram os nomes para estes siglas horrorosas?).

Foi um jogo que achei melhor do que o relato para mim das atuações anteriores. Temos um longo caminho para trilhar e muito que melhorar.

Porém, é possível e isso é o mais importante. A situação em que vivo aqui é de certa forma muito semelhante à situação que o senhor pegou em Vitória quando ali chegou. Relendo os textos do senhor do começo da trajetória, existem pontos em comum e serei eternamente grato por ter colocado à disposição todo seu trabalho nos artigos que escreveu naquele momento, fora os mais antigos que ando relendo também!

Agora estou mais tranquilo realmente após assistir à primeira partida! E é começar a treinar com base em tudo que estudei!

Um grande abraço Professor Paulo, espero não somente novos textos como sempre mais discussões! Leia mais »

UM CONGRESSO EM LISBOA…

IMG_7997Dedico o artigo de hoje à apresentação da palestra de abertura que  proferi em Lisboa na abertura do 3º Congresso Mundial de Treinadores da  Língua Portuguesa em 17 de julho de 2009, quando tive a honra de ser  convidado a desenvolver o tema – O que vem a ser um técnico de sucesso.

O TÉCNICO DE SUCESSO- Não propriamente o maior vencedor de torneios e campeonatos, grandes ou de menor expressão, e sim alguém visceralmente comprometido com a tarefa de educar através do desporto, preparando bons cidadãos, ótimos atletas, e equipes competitivas, todos dentro dos mais altos padrões sociais, éticos e desportivos, no seio da sociedade em que vive e atua, sempre com presteza, conhecimento e profissionalismo.

O mundo em que vivemos,  repleto de injustiças e insensibilidade, anseia por mudanças, principalmente aquelas nações relegadas ao estigma terceiromundista, que no limiar de um novo século ainda não encontraram soluções que reduzam tantas e profundas diferenças com as demais nações desenvolvidas.

A Educação é um dos caminhos redentores, base e sustentáculo de uma sociedade mais justa e igualitária, e o desporto um dos elementos voltados a estes objetivos, com sua proposta aglutinadora e profundamente democrática.

O professor / técnico desportivo foi, é e continuará sendo o agente propulsor de alguns destes importantes objetivos, e para tanto deverá ser preparado e instruído com afinco, atualizado e reciclado permanentemente à luz dos conhecimentos científicos, didático pedagógicos e incondicional acesso à informação virtual.

O professor / técnico desportivo assim preparado, experiente, estudioso e participativo, sempre trilhará o caminho do possível e alcançável progresso de seu povo, através seus alunos, seus atletas, suas comunidades e equipes. E quando um destes segmentos atingir objetivos e metas planejadas, poderá ser considerado professor e técnico de sucesso, se bem que tal projeção não seja tão importante e crucial como se propala, pois o sucesso deve ser definido como um bem realizado trabalho, nada mais do que um bom e recompensador trabalho. Notoriedade e fama ficarão por conta de outras, e quase sempre descartáveis circunstâncias.

Espero ter representado com honra e dignidade professores e técnicos deste esperançoso país.

Amém.

PS – No caso do último segmento não rodar, reinicie o artigo e clique no mesmo que rodará. PM.

3º Congresso Mundial de Treinadores da Língua Portuguesa – Parte 1

3º Congresso Mundial de Treinadores da Língua Portuguesa – Parte 2

3º Congresso Mundial de Treinadores da Língua Portuguesa – Parte 3

O VIGÉSIMO SÉTIMO DIA…

Lucas, Daniel, Mosley são ótimos jogadores, que junto aos demais componentes da equipe do Saldanha da Gama me foram apresentados um mês atrás quando fui convidado por Alarico Lima para dirigi-los no NBB2.

Iniciei as atividades contando com o empenho de todos num trabalho minucioso de reconstrução de uma equipe falida e depreciada, mas que respondeu ao treinamento intenso com melhoras que cresciam ao passar dos dias. Foram 18 até o embarque para São Paulo, onde brilharam intensamente contra o Pinheiros e o Paulistano, merecendo dois dos jogadores, o Roberto e o Lucas suas escolhas para a seleção da rodada, e o Roberto como o Dono da Bola da mesma.

Este inicio bem sucedido encheu a todos nós de esperanças em dias melhores, em uma melhor colocação no campeonato, e em uma elevação na auto-estima de todos. Voltamos a Vitoria, e na segunda feira tudo desmoronou, todo o esforço despendido se tornou em vão, a equipe se fragmentou. E a causa alegada foi a negativa de quatro jogadores (Amiel era o outro, reconsiderando depois) de continuarem treinando e jogando enquanto pagamentos atrasados não fossem honrados pela administração. Por conta destas decisões  enfrentamos Franca e Araraquara em grande desvantagem, perdendo este último por não poder contar com jogadores necessários ao rodízio obrigatório pelo sistema defensivo que empregamos, o da linha da bola, desgastante e exaustivo.

Torcia para que tudo pudesse ser resolvido antes dos dois próximos jogos em São Paulo contra Bauru e Assis, que poderia nos dar um novo e definitivo alento nesta equilibrada Liga.

Hoje, Lucas, Daniel e Mosley foram dispensados ao lutarem por  direitos que consideravam válidos e justos, e que certos ou equivocados deveriam ter tido de mim, o técnico da equipe, um posicionamento opinativo, com conotações eminentemente técnicas e comportamentais nos treinos e jogos,  sobre decisões tão drásticas que foram tomadas  pela administração da equipe. E a atitude lógica que teria o meu voto seria a da conciliação, do acerto das dividas, garantidora da continuidade de um trabalho realmente promissor, que se estenderia por somente mais um mês no caso da não habilitação aos play offs , ou um pouco mais se classificada a equipe. E ao fim da temporada tudo se aclararia e possivelmente , ou não, se resolveria sem a perda irremediável de um trabalho realmente inovador.

Mesmo em se tratando de um problema muito anterior à minha chegada, uma palavra, uma posição a favor da integridade de uma equipe duramente formada e renovada poderia ser levada em conta, já que nada, absolutamente nada pesava na minha relação com todos eles, a não ser o fato da ausência aos últimos  treinos pelos  motivos alegados, jamais técnicos.

Foram dispensados mesmo ante tais argumentações, quando todo um processo técnico tático se encontrava em acentuada e ascendente evolução, interrompendo-o de forma radical, foram dispensados por pêndegas entre eles e a administração da equipe, o que lamento muito. Mas tenho sob comando os demais jogadores, que se esforçaram e trabalharam com a mesma intensidade,  que confiam em mim e concordam na continuidade do processo e na mensagem que passo através de muito trabalho e dedicação, e aos quais devo respeito e alta consideração, na mesma proporção e intensidade que sempre tive aos hoje dispensados Lucas, Daniel e Mosley, aos quais desejo ardentemente sucesso onde vierem a atuar.

Deverei seguir em consideração e respeito à equipe e a palavra empenhada ao Alarico que me trouxe para sua equipe, cumprindo o contrato de 3 meses, dedicando todo o meu conhecimento e força de trabalho a respeito do grande jogo, findo os quais tomarei as medidas que naturalmente se imporão ao projeto proposto, que estarão, ou não, ao alcance da equipe, como um todo, e a mim em particular.

Tenho um trabalho, agora dobrado, pela frente, mas que tem de ser exequibilizado a um custo bem maior do até agora realizado, e que nos custou muito esforço  e suor. Recomeçar, é o que nos espera.

Amém.

O VIGÉSIMO SEXTO DIA – O JOGO…

Como jogamos bem hoje, como lutamos e perseveramos, como suprimos no limite da resistência aqueles que não estiveram junto a nós, mas perdemos, ao final do último quarto, contra uma equipe que venceu a pouco os grandes da competição, e que não ultrapassou os 70 pontos, mas perdemos, o que nos tornam, a mim e os jogadores, alvo dos descrentes de que algo de renovador possa transcender a mesmice técnico tática a que nos habituamos nos últimos 20 anos, mas infelizmente perdemos, quando uma vitória nos redimiria de tanta incompreensão e imediatismo vindo daqueles cuja mediocridade arrasa mentes e espíritos abertos, e que não se cansam do que fazem.

Que pena a não divulgação pela TV de um jogo, de uma peculiar maneira de jogar, senão diferente, eficiente, democrática, criativa, onde jogadores aprendem a ler o jogo de verdade, onde se ajudam e discutem os melhores caminhos, errando algumas vezes, mas indo de encontro às soluções sem pranchetas e controle coercitivo de fora para dentro da quadra, onde o técnico os assessora e aconselha, e não escravizando e bitolando.

Iremos continuar, treinaremos muito, trabalharemos sem limitações, para em breve, ou um pouco mais adiante, estarmos realmente prontos e plenamente donos de um sistema que nos caracterizará, nos identificará como uma equipe a ser respeitada e digna de ser apreciada.

Amanhã reinvidicarei um pequeno equipamento de vídeo, e reforçarei o pedido de alguns apetrechos de madeira que desenhei para auxiliarem no treinamento, principalmente de arremessos. São muito simples e eficientes, e que muita falta nos fazem. Enviarei também um pedido à LNB para que nos permita colocar o vídeo de um de nossos jogos aqui no blog, para que os jovens técnicos do país o avaliem, comentem e discutam sua validade, ou não. Seria uma ótima oportunidade que a Liga daria aos mesmos, tão carentes de informação de qualidade.

Ainda mantenho as esperanças de que a administração possa solucionar de vez o impasse com os jogadores que não disponho para treinamento e jogos desde a volta de São Paulo, e que tanta falta nos fizeram contra Franca e Araraquara, e que também farão neste fim de semana contra Bauru e Assis.

Mas apesar das derrotas, sinto que algo nos tem empurrado de encontro a estes novos tempos, patrocinados por um sistema de jogo que aceitaram e lutam para incorporá-lo definitivamente em sua s ações e em seus comportamentos, e da melhor forma que é desejável, como base de uma equipe, de uma verdadeira equipe.

Perdemos, mas em breve não perderemos mais, pelo menos da forma que nos tornam alvo do descrédito e da mais absoluta falta de visão de todos aqueles que se acham donos do grande jogo, já que pasteurizados e colonizados irremediavelmente. Busco e todos buscamos um verdadeiro sentido de equipe, solidificado no terreno fértil dos bons sistemas de jogo, e de um espírito de união que nos leve de encontro a vitoria, e a conseguiremos.

Amém.

Adendo 1 – Aos juízes da Liga.

Em 1972 publiquei na Revista Arquivos da EEFD/UFRJ um artigo sobre a defesa linha da bola, onde mencionava a enorme dificuldade em convencer os juízes das ações não faltosas na marcação frontal dos pivôs. Somente quando professor convidado nos cursos de formação de juízes da FBERJ, lecionado aspectos técnicos dos fundamentos do jogo, é que pude vagarosamente provar a ação não faltosa. Hoje esse tipo de marcação pode ser exercida livremente, e por conta desta evidência é que apelo aos juízes maiores atenções nas ações extremamente faltosas embaixo das cestas, onde o aspecto físico em muito transcendem o técnico, em evidente prejuízo ao basquete brasileiro. É bom lembrar que os critérios atualmente empregues nos aproximam aos padrões eminentemente físicos adotados e praticados na NBA, quando nossos esforços deveriam ser dirigidos aos padrões FIBA. São situações e atitudes que deveriam ser devidamente discutidas, estudadas e aplicadas corretamente nos nossos campeonatos, onde técnicos poderiam ajudar nos esclarecimentos, como os fiz alguns anos atrás  nos cursos de formação de juízes no Rio de Janeiro.

Paulo Murilo.

O VIGÉSIMO QUINTO DIA – O JOGO E SUAS VERDADES…

São 4 horas da manhã, penso muito no jogo, no que fizemos e trabalhamos, e mais ainda no que sofremos. Vacilo junto ao teclado de meu laptop, mas os dedos, como guiados por algo maior que minha vontade  treinada em relevar pequenos e grandes falhas humanas, escorregam para ele, e digitam o que deve ser digitado, orientados por uma mente que guardou um maravilhoso  ensinamento de uma saudosa e velha amiga, minha mãe, que dizia do alto de sua sabedoria- Paulo meu filho, ouça  tudo na vida, conselhos e sugestões, para ao final seguir a sua consciência, pois é perante ela que você terá sempre que responder.

Imaginem a situação de um técnico que até o domingo passado orientava uma equipe capaz de em 18 dias de treinamento técnico e físico intenso, ir a São Paulo e desenvolver um basquete de alto nível, contra equipes tradicionais , como Pinheiros e Paulistano, e jogar magnificamente, a ponto de se tornar o foco de interesse e atenção das demais equipes, da extensa e categorizada mídia alternativa e imprensa em geral, e ao voltar para mais uma semana de preparo, a fim do enfrentamento com Franca e Araraquara, se vê privada de cinco de seus melhores jogadores, por motivos extra quadra, exceto um que tem tido problemas com um filho recém nascido, e os demais envolvidos com sérios problemas financeiros motivados por um atraso no repasse de verba pública retida em canais administrativos, originando necessidades e premências em uma equipe profissional composta de homens, com as mesmas necessidades econômicas de um cidadão comum.  E por tudo isso nove treinos não contaram com a participação de todos, inviabilizando o reforço, o ajuste e a busca da sintonia fina dentro do sistema acabado de ser implantado, com suas novas propostas e situações inéditas.

E você assiste dois dos quartos iniciais razoavelmente equilibrados, dentro de um planejamento estratégico contra uma fortíssima equipe, mas já sentindo que o nível cairia irremediavelmente ante o inegável desentrosamento, fruto da ausência daqueles jogadores que não treinaram, mas que ante a esperança de ver suas situações resolvidas à curto prazo, participam, três deles, sendo que dois sequer trocam de roupa, de um jogo desigual para eles, e logicamente para toda a equipe.

E no terceiro quarto a hecatombe, na forma de 10 arremessos de três pontos quase seguidos sem as justas e devidas contestações motivadas por um desentrosamento progressivo e irremediável, pondo fim às ínfimas esperanças de reverter a partida., agora sob total domínio de Franca. Nada pode se antepor ao cansaço motivado pela ausência de preparo, não só físico e técnico, como, e principalmente o mental, e psicológico, e mais, de dois jogadores muito bons na marcação,  na semana do confronto. Numa divisão de elite 9 treinos fazem muita falta.

Mas quem está de fora critica o que vê, demonstra insatisfação pelo que não vê do tão prometido e inédito modo de jogar, incensado pelos que assistiram os jogos em São Paulo, repletos de novidades e novos conceitos para o nosso insosso basquete, e cuja apresentação deixa um que de decepção pairando no ar.

E com 30 pontos de vantagem( 15/28, ou 53,57% em arremessos de três), a ajustada e encaixada equipe de Franca chega ao final da partida com a tranquilidade daqueles que se prepararam melhor, sob o seguro manto de uma organização bem planejada, presente técnica e administrativamente, e por isso mesmo, justa e meritória cúmplice da vitória natural e incontestável.

Quanto a nós, que tratemos com urgência de sanar questões extra quadra, já que no interior da mesma resolvo eu os problemas( como manter a supremacia reboteira( 35/28), a seletividade nos arremessos de três( 10 tentativas no jogo), as finalizações possíveis de curta distância(21/51, ou 41,18%, razoável dentro das perspectivas do jogo), mantendo um percentual satisfatório nos lances livres(10/14 ou 71,43%), e com somente 6 erros cometidos, claro, se problemas exógenos não obliterarem nossa trabalhosa e esforçada busca pelo melhor caminho a ser trilhado pela equipe, além do meu próprio, nesta retomada corajosa e exigente, merecedora de apoio, respeito e acima de tudo consideração, na mesma proporção do que recebo e sempre recebi por mais de 50 anos dentro das quadras, como os calorosos votos de insistência e determinação dos dois Hélios, pai e filho após a partida.

Acredito que tudo, ou quase tudo, possa vir a ser resolvido na urgente brevidade que nos separa de hoje com a próxima partida, amanhã, domingo, contra Araraquara, quando poderemos retomar um caminho momentaneamente  interrompido, e sabendo de antemão o quanto nos custou e sem dúvida custará os nove treinos incompletos pela ausência de seus mais experientes jogadores, mas que no de logo mais possamos encontrar soluções emergenciais para os próximos e decisivos jogos que nos aguardam. Tentaremos todos dentro da quadra, onde as legítimas verdades acontecem, reencontrar as mesmas ou outras soluções que nos encheram de brio e determinação no belo giro pela paulicéia, mantendo minha palavra e comprometimento integral com a organização, e principalmente com os jogadores que a mim confiaram seus esforços e futuro, e que em uma única semana situa na seleção LNB da 18ª rodada dois jogadores, Lucas e Roberto, sendo que este o “dono da bola” na mesma. Além de sites e mais sites, inclusive o da própria liga enaltecendo o trabalho dos mesmos.

Que assim seja, sempre.

Amém.

Foto – LNB- Roberto o “dono da bola” da 18ª rodada do NBB2.

GRITOS NA ARIDEZ…

Na imensa aridez do deserto de idéias realmente válidas para o basquetebol nacional, eis que uma, duas, três vozes se levantam para um protesto atrasado em vinte anos, durante os quais tudo de retrógado, ineficaz  política e tecnicamente nos lançou num fosso do tamanho da omissão cometida.

Juntou-se à minha solitária peregrinação junto as consciências adormecidas de meus pares, exceto uns e efêmeros apoios, tímidos e fugidios, os gritos indignados do Ferreto e do Ângelo, técnicos experientes e competentes, que se revoltam contra a vinda de um técnico estrangeiro para o feminino, após serem todos os profissionais que militam nesta categoria taxados de incompetentes, atrasados e desatualizados pela direção técnica da CBB, incluso o Bassul, para o qual está reservado, quando muito, o cargo em uma seleção de novos, e tudo isso sob a garantia da convocação de uma jogadora que se negou publicamente e de livre vontade a defender a seleção durante um jogo de uma competição olímpica.

Seus depoimentos vem levantando muitas discussões no seio da mídia virtual, e também na tradicional, pois reacende situações a muito marginalizadas e dolorosamente esquecidas, como os movimentos associativos dos técnicos e da organização de uma escola de treinadores como continuidade ao trabalho e união dos mesmos.

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NAS ENTRELINHAS…

(…) “Os tempos mudam e as pessoas mudam. Estamos em um momento em que temos de torcer para que os resultados voltem. No Brasil, infelizmente, ao contrário das potências, a nossa seleção nacional é o que mais conta. A Itália, que não se classificou para o Mundial, foi convidada, mas negou para não atrapalhar o campeonato local. O mesmo acontece na Espanha e nos EUA. E o nosso forte  é o resultado, é o que puxa organização, patrocínio para competições locais. E o nosso basquete está fraco nestes últimos 12 anos. Então, temos que torcer para que ele faça um grande trabalho. (…) O principal desafio é ter resultado. O Brasil tem uma tradição de resultados que estava perdendo nestes últimos anos. Desde 1996 que não temos resultados expressivos. Queimamos algumas gerações de jogadores que poderiam render mais do que renderam. Estou falando de grandes competições, Mundial, Pré-Olímpico. Neste aspecto, perdemos tradição. Há três ciclos que não acontece nada. E maior o desafio.” ( Marcel de Souza para o Globo.com).

O grande Marcel tocou na ferida, elegante e educadamente, mas não pode fugir nas entrelinhas da mais refinada ironia, aquela que que se captada inteligentemente, muda conceitos, aponta caminhos, faz cabeças pensarem.

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BIENVENIDO…

Por obra e graça de um marqueteiro o Moncho se foi, pois não possui um cacife que possa, ao menos emular, com uma medalha olímpica do hermano do sul, fator que por si só explica e define a presença do ex-voleibolista, agora mestre do marketing, no processo de queima do espanhol, e da ascensão do argentino.

Mas como nem tudo que reluz é ouro, e nem tudo que balança cai, a “genialidade” mercadológica, também resguarda óbices nem sempre levados em consideração, quando a frenética busca por patrocínios ( leia-se dinheiro, muito dinheiro, que se público, tanto melhor…), poderá, não, deverá se confrontar com os mesmos, a começar pela validade, confiabilidade e exequibilidade do projeto que o Magnano tão pronta, e oportunisticamente aceitou, a partir do momento que altas cifras (e põe altas nisso…) se esparramaram na mesa, fazendo inclusive aparecer um competente empresário no cerne da questão. Num momento em que a economia do país irmão se debate em sérios problemas, um contratão a 2hs de vôo de casa cai de um céu de brigadeiro, impossível de não aceitar.

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O CAOS ANUNCIADO…

(…) “Minha volta para a seleção e a saída dele representam o melhor para o basquete brasileiro” (…) ( Blog do jornalista Marcelo Laguna do Diário de São Paulo)

São palavras de uma jogadora que traiu o basquete brasileiro, não antes, ou depois, mas durante um jogo fundamental, quando se recusou a voltar a quadra, designada  a fazê-lo pelo comandante da equipe, o técnico que pretende defenestrar como condição de sua volta.

Ousadia, prepotência e arrogância acima de quaisquer padrões admissíveis a uma pessoa equilibrada de corpo e mente sadia.

De livre arbítrio e decisão própria negou o dever, a função maior de defender o seu país, assumida desde o momento que vestiu a camisa da seleção nacional, honrada e bravamente defendida por todas aquelas que a precederam, escolhidas a fazê-lo sem mácula, sem jamais traí-la, como o fez.

E se conseguir atingir sua meta, o melhor para o basquete brasileiro será o fechamento da CBB, de onde seu atual presidente e diretora técnica advogam tal absurdo, incomensurável absurdo, pois uma jogadora não tem o direito de exigir a saída de um técnico para voltar a defender uma seleção em um mundial, desde o momento em que a traiu e abjurou, e mesmo que não o tivesse feito, pois o principio hierárquico não pode ser omitido de forma alguma, já que é base estrutural de qualquer equipe de competição.

Que definitivamente se cale, e continue a praticar seu pseudo jogo estelar pelas quadras do mundo, em cujas equipes não ousa sequer esboçar atitudes que pretende impor em solo pátrio. Pátrio? E ela por acaso sabe o significado disto? Lamentável e comprometedor.

Com a palavra a CBB, se é que a entende como dever e obrigação, e não jogo e escambo político.

Amém.