O EXIGIDO E FUNDAMENTAL COMANDO…

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Pronto, explodiu a refrega, pipocam de todos os lados apoios e críticas sobre as escolhas da CBB na direção da seleção nacional, quando reivindicam direitos meritórios, continuidade de um trabalho montado para sucessões automáticas, críticas contundentes de dirigente clubístico em nome de um técnico injustiçado, claro, sua opinião, voltando à ribalta os poderosos argumentos sobre direitos adquiridos por títulos conquistados, e o mais impactante, salta aos olhos a velada influência marqueteada no endeusamento advindo de uma classe de torcedores nem sempre do grande jogo, em torno de nomes deificados por uma mídia fabricante de mitos e de falsos magos, na maioria das vezes auto promovidos, numa ciranda de interesses muito mais individuais do que coletivos, como deveria ser em se tratando de uma modalidade…coletiva…

Mas, fluindo de toda essa discussão, esquecem daquela entidade que conta com a unanimidade de todos, e que deveria face a essa primazia ser eleita sem ressalvas a responsável pela direção da seleção, isso mesmo, sua majestade sereníssima, a prancheta, sendo de somenos importância aquele que a portasse, a partir da evidência tácita de que fosse quem fosse, as diretivas, estratégias, jogadas e macêtes técnicos lá estariam armazenados, prontos para o consumo comum a todos eles, pois afinal de contas “as pranchetas falam”, ou não?…

Noves fora tais verídicos ou não fatores, esquecem mais do que nunca alguns importantes, vitais e sutis pormenores, a saber:

1 – Campeonatos nacionais, amadores ou profissionais, em cada um dos países que lideram o grande jogo no mundo, pela sua equilibrada competitividade e permanente renovação de bem formados jogadores, escolhem técnicos nacionais nem sempre os mais galardoados, e sim aqueles que representam melhor a essência técnico tática evolutiva de suas escolas, sendo na esmagadora maioria deles apontados os mais experientes, vividos, e por isso mesmo menos sujeitos aos erros comuns aos mais jovens, fator decisivo na produtividade de uma seleção nacional;

2 – Em contraponto a esta constatação, desenvolvemos de trinta anos para cá, o hábito de premiar (não indicar ou escolher) aqueles mais titulados, em campeonatos de uma pobreza franciscana em termos de preparação individual dos jogadores nos fundamentos básicos do jogo (e isso de maneira geral), logo incapacitados de conceber e desenvolver um sistema de jogo minimamente aceitável nos planos coletivos ofensivo e defensivo, fatores que os colocam de saída inferiorizados ao confronto internacional de alto nível, aí incluídos os verdadeiros responsáveis que adotaram desde sempre um limitado e manietado sistema único de jogo, os técnicos, em sua quase absoluta maioria, e o pior, desde as categorias de base, adotando, padronizando e formatando-o coercitivamente, liderados por uma comunidade corporativada, e por isso mesmo, comungando da mesmice endêmica que lá se encontra  arraigada, e até essa indicação do novo técnico, interino ou não, inamovível. Logo, fosse quem fosse, de saída, repito, já entra em inferioridade técnica e tática no concerto mundial, e que por uma questão de menor importância dessa Copa América, pode se dar ao luxo de manter o que faz a muito tempo, sem maiores riscos, mas mesmo assim contestado clara ou disfarçadamente, afinal, poderia ser um bem mais laureado…

3 – E neste curioso contexto, somente vejo uma saída para contornar este libelo, que o novato, interino ou não, rompa com o sistema único, de uma vez por todas, quebrando essa lamentável dependência escravizante, e como será uma seleção bastante jovem, que dê a todos eles a oportunidade de fazerem algo que os promovam a um outro patamar, pois a continuar atuando na mesma  sintonia ao que fazem e como atuam seus futuros adversários, certamente encontrarão sérias e até intransponíveis dificuldades, motivadas por sua inferioridade nos fundamentos do jogo, confrontando a máxima aceita pela comunidade séria dos técnicos das maiores escolas, ao propugnarem o fato indiscutível de que entre duas equipes que atuam num mesmo sistema, vence aquela que domina mais eficientemente os fundamentos, e não através um sistema fragilizado pela ineficiência dos mesmos;

4 – Neste raciocínio, o mérito jamais dependerá somente de títulos conquistados, e sim de sua qualificação técnica superior, tanto na formação e orientação técnica de jogadores, como na condução tática dos mesmos, onde a diagnose de falhas estivesse ao alcance imediato das devidas retificações, distância esta que quanto menor for, maior sua qualificação profissional;

5 – E mais um determinante e primordial fator, hoje praticamente extirpado em nome da divisão de responsabilidades pela delegação fracionada de comando, com a entronização de cada vez mais auxiliares técnicos, preparadores físicos, fisioterapeutas, gerentes disso e daquilo, supervisores, psicólogos, médicos em profusão, nutricionistas, e até um inédito analista de desempenho, compondo um exército que ultrapassa em número o de jogadores, num esquema organizacional que minimiza o ponto fulcral na consecução de uma verdadeira equipe de basquetebol, o comando indivisível, responsável, altamente competente e  solitariamente decisório de um autêntico head coach, o técnico principal, aquele que por suas qualidades de liderança adquirida pelos anos de estudo, pesquisa e árduo trabalho, caberá o indivisível e muitas vezes solitário comando, incluindo ou não a cedência de delegação de poderes, e a constituição da equipe assessora e diretiva com quem trabalhará, sem divisões políticas e interesseiras de responsabilidade, desculpas ou mesmo de caráter ético…

Por todos estes fatores acima apontados, permanece no ar uma decisiva e básica questão – Temos no país homens com tal perfil de comando no âmago do grande jogo? Sim, temos, são poucos, mas os temos, bastando que sejam mobilizados para a tarefa maior e de inadiável urgência, e não indicar os seis por meia dúzia usuais, ou mesmo um estrangeiro, que aqui desembarcará com as mesmas convicções pelo sistema único, agravado pelo distanciamento sócio cultural com seus países de origem, nem um pouco interessados em nossa evolução, mas claro, em busca dos nossos sacrificados e contidos dólares ou euros, muito mais importantes se aplicados aqui, ajudando a alavancar o soerguimento do grande, grandíssimo jogo entre nós…

Finalmente, um repto ao novo técnico nacional, o mesmo que fiz a antiga comissão, assim como aos demais técnicos do país através o insistente desafio, esnobado e sequer tentado, a não ser por uma ou outra tentativa de adaptar a dupla armação ao sistema único, e jamais levar em consideração a utilização de três alas pivôs atuando dentro do perímetro em constante e permanente movimentação, quebrando de vez a mesmice endêmica de nossa atual maneira de jogar, padronizada, formatada e pretensamente globalizada, aproveitando a oportunidade única de disputar uma Copa América sem injunções classificatórias a competições importantes, oportunizando sem desmedidas cobranças que um jovem grupo e alguns experientes jogadores se preparem dentro de um sistema proprietário, inovador, corajoso e acima de tudo inédito para as fortes equipes que enfrentarão. Que treinem fortemente os fundamentos mais básicos, inclusive como forma de preparação física e orgânica, não perdendo tempo precioso com testes de saltos, impulsões, força, dobrinhas cutâneas, motricidades várias, que só são aplicadas e lembradas quando da vitrine de seleções nacionais, ocupando tempo no crítico calendário das competições internacionais, para a “pesquisa” de uns poucos, quando seriam de grande importância se existentes permanentemente nos clubes e equipes formadoras desde as divisões mais básicas, e aferidas em seu ápice, e de forma laboral na fase adulta. E antes da revolta científica, pergunto no que resultam dados coletados na véspera de uma competição? Resposta de quem como eu pesquiso desde sempre? Nada, absolutamente nada de prático e utilizável, logo, “sentem brasa” nos fundamentos, colocando todos os selecionados num mesmo barco, remando na mesma direção, sejam armadores, alas ou pivôs, pois é a melhor maneira de se conhecerem profundamente, nos acertos, e principalmente nos erros, qualificando a todos no reconhecimento do que cada um tem de melhor e de precario, e como aproveitar suas qualificações,  e em algum sistema que nossos adversários desconheçam mesmo, era o que eu faria, aliás, tenho feito em todas as oportunidades que tive para preparar, treinar e fazer jogar uma equipe de alta competição, por isso, e mais uma vez o desafio, que se aceito, sem a menor dúvida, estabelecerá um salto decisivo em nossa evolução a patamares mais elevados, mas que exigirá muita coragem e convicção para alçá-lo, terá? Torço sinceramente que sim…

Amém.

Foto – Reprodução da TV. Clique duplamente na mesma para ampliá-la.

 

CREIO QUE AGORA “CHEGA”…

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No último artigo aqui publicado neste humilde blog, finalizei-o questionando sobre a escolha dos futuros técnicos para as seleções nacionais:

(…)Mas, será que temos um, ou nomes que encarem tão necessárias e estratégicas mudanças?  Para começar um “chega” seria de bom tamanho, ou não?(…)

Que necessárias e estratégicas mudanças seriam essas, caro Paulo, pergunta-me o amigo que não descola do meu calcanhar, e pede para que eu o mantenha somente dialogando comigo, pois não tem mais paciência para “debates”, principalmente na grande rede, o que aceito sem maiores discussões…Há, em tempo, que “chega” é esse?…

Bem, vamos lá, começando pelo “chega”, cujo título acima expõe tudo, ou quase, já que se faz urgente, inadiável e em definitivo, expurgar de uma vez por todas a continuidade do que aí está, década após década, de uma mesmice que se perpetua ad infinitum, patrocinada ad nauseam pelo protecionismo, pelo escambo, pelos amiguinhos, pelas falsas promessas de líderes, pelos pretensos e mais falsos ainda “gênios das pranchetas”, pelos exibicionistas, contorcionistas, pelos herdeiros osmóticos, pelos estrategistas incapazes de corrigir um simples vício de arremesso, de drible conduzido, de passes impróprios, de um deslize lateral defensivo, de um giro após rebote, de um bloqueio em amplitude não faltoso, de uma cobertura antecipativa lateralizada, de uma finta em drible concomitante à troca de lado, de um corta luz arrítmico, de um correto direcionamento nos arremessos, de uma ação diversiva sem a bola, de um salto antecipativo ao passe, da necessidade da recepção do passe em constante movimento, mantendo em tudo e por tudo a infame média de 27,2 erros de fundamentos no recém terminado playoff do NBB9, enfim, ensinando, corrigindo e desenvolvendo os fundamentos como básica e estratégica preparação para os sistemas de jogo, somente factíveis perante o domínio completo e consciente dos mesmos, e não invertendo conceitos, e princípios para a aprendizagem técnica e tática sistêmica, como vemos acontecer desde sempre em nossas competições, em todas as divisões, da base a elite, incluídas as seleções, decorrentes naturais da realidade do nosso basquetebol, onde do treino a competição nada muda, nada transpõe o sistema único, com seus imutáveis chifres, punhos, polegares et alli…

Somos os líderes mundiais da maquiagem técnica e tática, onde estrategistas estabelecem comportamentos midiáticos planejados para sua evolução de pirâmide invertida, onde a experiência, fruto da longa vivência na formação, no estudo e na pesquisa constante, cede vez ao imediatismo, genial para para aqueles que definem a estrutura e o futuro do grande jogo sob uma visão distorcida e política, avessos que são à técnica e a tática de alto nível, e que não tem o mínimo preparo e sensibilidade para situá-lo como deveria sê-lo, sob a ótica evolutiva do desejável e do possível…

Nossas competições em todas as categorias estão impregnadas pela mesmice endêmica que tanto combato e critico, e que me cansei de confrontar pelo teimoso e incansável contraditório técnico, e principalmente tático, em todas as equipes que dirigi, desde os anos 60, quando sempre tive na platéia das competições que participava, do infantil a primeira divisão, fosse masculina ou feminina, colegial ou clubística, inclusive seleções, uma plêiade de técnicos famosos, alguns míticos, que lá iam, senão para aprender, mas muito mais para discutir e trocar opiniões pelo que viam e assistiam seguidamente, e cuja reciprocidade foi sempre mantida por mim, quando alguns sistemas que se firmaram e ainda hoje são empregados eram dissecados a exaustão em longas reuniões de quinto tempo, aberta e democraticamente, para a seguir serem aperfeiçoados, ou não, nas competições em sequência. Foi neste tempo que nos tornamos imbatíveis nas competições nacionais, fator congregador este que me fez idealizar e concretizar a primeira associação de técnicos do país durante o Mundial Feminino de 1971 em São Paulo, com a adesão inicial de 180 técnicos nacionais e estrangeiros, não fosse a ANATEBA a segunda associação fundada no mundo, perdendo para a americana (NABC) existente desde 1926, e antecedendo em anos a espanhola e a argentina, que hoje tentamos copiar…

Técnicos e professores como Togo Renan, Tude Sobrinho, Waldir Bocardo, Ary Vidal, José Carlos Ferraz, Renato Brito Cunha, Emanuel Bomfim, Geraldo Conceição, Heleno Lima, Raimundo Nonato, Telúrio Aguiar, Olímpio das Neves, Luiz Carlos “Chocolate”, Valtinho e Helinho Blaso, Guilherme Borges, Epaminondas Leal, Orlando Gleck, Antenor Horta, Falão, Carlos Jorge, José Afro, Marcelo Cocada, Zeny Azevedo, José Pereira, Honorato, e muitos outros, que sempre e sempre trocavam idéias, fossem quais fossem as rivalidades dentro das quadras, numa interação diversificada, hoje trocada pela padronização e formatação que engessou a todos em torno do sistema único e das pranchetas, inexistentes naquela época criativa e voltada para o treino, para o ensino dos fundamentos do jogo, e depois, bem depois, para as sistematizações personalizadas e muitas vezes inéditas…

Sou talvez um dos últimos daqueles moicanos teimosos e brilhantes que ainda subsiste insistentemente na defesa do basquete clássico que nos tornou vencedores um dia, junto a outros poucos espalhados por esse enorme e injusto país, batalhando por dias melhores, criativos, ousados e corajosos pelo grande jogo, que precisa se soerguer do limbo a que foi lançado pela intolerância, pelo egocentrismo e a mais absoluta colonização de sua história, através o corporativismo doentio e covarde, e que para tanto urge um basta, definitivo e categórico, um “chega” salvador…

Respondido o chega, restam as necessárias e estratégicas mudanças, correto? Quase correto, não fosse a dolorosa existência do marketing institucionalizado que situa e mantêm a corriola pasteurizada no comando de um mercado restrito e defendido ao preço que for, ao preço da imutabilidade do que aí está implantado e enraizado em todos os segmentos que o definem, da gestão ao comprometimento massivo e ideológico das equipes, da imprensa especializada mais dedicada ao basquetebol da matriz, ao qual tenta atrelar o impossível sonho a nossa pobre realidade, do gerenciamento escravocrata de jogadores, manietados e agrilhoados a um sistema equivocado e limitador de suas mais autênticas capacidades criativas e de improvisação técnica e tática dentro de uma quadra de jogo, já que  propositalmente delimitados dentro da quadra de treino, onde a personalidade a ser exaltada é a do estrategista e seu alter e insuflado ego, sua prancheta, com a qual diz e exala tão pouco, que fico imaginando o que restaria sem a mesma, talvez a definitiva e realística mudez…

Logo, o que restaria a não ser o ressurgimento daqueles que realmente têm algo a dizer, a somar, a treinar, a ensinar, a dirigir e orientar com plenos conhecimentos de causa, que é e sempre foi o caminho percorrido pelas nações que lideram o grande jogo internacionalmente desde sempre, incapazes de privar seus jogadores do conhecimento e experiência adquiridos em anos e anos percorridos nas estradas de pedra da vida, aquelas que definem os verdadeiros e solitários líderes, que não delegam seu comando em nome de pseudas comissões, que não se omite das responsabilidades inerentes nas vitórias, e principalmente nas derrotas, onde a verdade verdadeira traça os rumos a serem seguidos, com autenticidade, independência e autoridade, que são os fatores primordiais para a formulação e exequibilização de uma verdadeira equipe desportiva, da modalidade que for, e mais ainda no grande jogo, onde o coletivismo somente fluirá através o extremo conhecimento do que isto representa. e que vai muito, muito além do que os que aí estão defendem, praticam e pensam conhecer…

Necessárias e estratégicas mudanças significam de saída um “basta”, um “chega” ao que aí está, e um recomeço pelo que nos falta, porém existente, bastando a coragem para ser resgatado, originando a pergunta final – tal coragem existe? Respondam se forem capazes…

Amém.

Foto – Divulgação CBB. Clique duplamente na mesma para ampliá-la.

 

 

A TEORIA NA PRÁTICA…

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Estamos à véspera de termos de volta a seleção masculina nos torneios internacionais, e logo uma importante Copa América, com técnico novo, com comissão tão nova quanto, promessa da nova direção da CBB, visando um novo tempo em nosso combalido basquetebol…

Veteranos e novas caras abundam para uma convocação de certa qualidade, onde sobram pivôs, como Nenê, Splitter, Varejão, Felício, Augusto, Lucas, Bebê, Faverani, Hettsheimeir, Alexandre, Guilherme, Jefferson, e mais alguns que podem ser lembrados, assim como armadores, Huertas, Fulvio, Raul, George, Derick, Benite, e alas a vontade, como o Alex, Marcos, Meindl, Lucas, Caboclo, Jimmy, Renato, Leandro e tantos outros, novos e mais experientes, cenário este que favorece plenamente uma convocação prêt a porter, ou seja, toda essa turma perfeitamente afinada com o sistema único, com seus manjados chavões desde sempre, nas movimentações punho, polegar, chifre, picks, camisa, e sei lá mais quantas denominações seis por meia dúzia, já que absolutamente iguais, a começar com um indefectível e solitário armador, dois alas e dois pivôs jogando mais fora do que dentro do perímetro, num carrocel repetitivo de uma mesmice endêmica aterradora, que compõem o eterno e limitado repertório “via prancheta” da esmagadora maioria dos técnicos nacionais, da base a elite, que teimosamente ousam duelar uns com os outros utilizando as mesmas armas ofensivas e até defensivas (quando existentes), estendendo-as até nos confrontos internacionais, onde o sistema único se constitui, com pontuais e importantes exceções, o lugar comum técnico tático existente, porém algo diferenciado pela maior qualidade de jogadores bem formados nos fundamentos básicos, fator nevrálgico na realidade de nossos jogadores, e que os situam sempre a beira de resultados nada positivos quando os enfrentam…

Então, desde já, e bem antes da escolha que deverá ser anunciada por estes dias, podemos com alguma precisão prever que, fora uma ou outra convocação discutível, o fator técnico tático em nada mudará, talvez a cor da hidrográfica a ser largamente utilizada, e a presença do novo logo da CBB impresso na onipresente e midiática prancheta, ora essa…

Como postei no artigo anterior, onde recordei o Desafio proposto em 2010 logo após o NBB2, relembro agora uma entrevista que dei ao Fabio Balassiano em seu blog Bala na Cesta pré UOL, logo após os dois primeiros jogos em que dirigi o Saldanha da Gama naquele NBB, quando o jornalista me perguntou algo instigante e desafiador, que passo a reproduzir:

(…)– Você tem adotado uma postura tática que muita gente conhece através de seus posts: dois armadores, três pivôs móveis. Como é isso em quadra? Fale, também, da sua “ordem” pelos não-chutes de três pontos e poucos erros. Essa pergunta, aliás, gera outra: será que é possível, sim, vermos uma seleção nacional com Nenê, Anderson Varejão e Splitter ao mesmo tempo, ou é devaneio?

— -Tenho aplicado esse, vamos conceituar, sistema, há muitos anos, e agora aqui no Saldanha, claro cumprindo o pré-requisito dos fundamentos, para que o mesmo se torne plausível. Os 22 erros do jogo passado ainda sinalizam a premente necessidade de praticarmos alguns fundamentos pendentes, passes e fintas. Se aceitarmos o lugar comum que setoriza um perímetro externo e outro interno, limitados pela linha dos três pontos, podemos determinar o externo como de ação direta dos dois armadores, em toda a sua extensão, e o interno como região prioritária dos três homens altos, que se rápidos, flexíveis e habilidosos com o manejo da bola, os tornarão em verdadeiros “arrietes” por sobre a defesa adversária, tanto no sentido incisivo à cesta (prioridade dos dois pontos), como no sentido contrário, de dentro para fora do mesmo, onde os arremessos de dois ainda serão os de maior eficiência, e mesmo os de três, executados por aqueles jogadores que realmente os dominam, de uma forma mais equilibrada e protegida. A integração destes dois setores aparentemente estanques é que conotarão a qualidade do sistema proposto, que como todo sistema aberto prioriza a técnica, a improvisação e a perfeita leitura de jogo, todas ações aleatórias, que são variáveis constantes nos desportos de contato físico. Quanto ao três jogadores mencionados, o Splitter, o Varejão e o Nenê, imagine-os jogando dentro do sistema que defini a seu pedido. Encaixe mais do que perfeito, mas não nos iludamos, é ousado demais para o gosto estratificado de nossos experts. O Magnano? Talvez…(…)

Como vemos, desde aquela época (na realidade dos fatos, bem antes, cerca de 40 anos desde que comecei a desenvolver o sistema), já propugnava uma radical mudança na forma de como todos atuavam, propondo uma maneira diferenciada e democrática de jogar o grande jogo, bem sei extremamente trabalhosa, pois partia do princípio de que todos os jogadores teriam de voltar a exercitar fortemente a prática dos fundamentos, a fim de se adequarem o melhor possível frente a uma proposta a que não estavam acostumados, sequer conheciam, o de jogarem em dupla armação e tripla presença dentro, muito dentro do perímetro interno, todos em constante e permanente movimentação com e sem a bola, fluindo de fora para dentro e de dentro para fora do mesmo, onde os passes de contorno praticamente inexistiriam, tornando as ações ofensivas incisivas e permanentemente em direção a cesta, de 2 em 2 e 1 em 1 pontos, assim como, se utilizando do princípio defensivo da linha da bola com flutuação lateralizada, sistema este que passado todos estes 12 anos nenhuma das equipes da nossa elite sequer tentou utilizar, ou por negligenciá-la, ou mesmo por não entendê-la, e na dúvida, com a aceitação de todas, partirem para o duelo dos arremessos de três deixando de lado contestações e desgastes defendendo cansativamente com as pernas, adotando os braços e a posição erecta, mais a vontade, vencendo aquela que acertasse a última bolinha, desencadeando a catástrofe em que se tornou o grande jogo entre nós, onde a convergência entre os arremessos de 2 e os de 3 praticamente atingiram o mesmo número de tentativas, numa escalada inversa e de uma mediocridade e falta de inteligência atroz…

Com a quantidade de jogadores altos, entre pivôs e alas, que ora atuam dentro e fora do país, e os bons armadores que agora temos, creio que nada impediria que atuássemos ofensiva e defensivamente diferentes dos demais, equilibrando a nossa inferioridade nos fundamentos, forçando a quebra de alguns dogmas que tornaram o sistema único num padrão universal, onde as duas ou três exceções (aí incluída a corajosa opção do coach K) plenamente justifica a regra geral, da qual teríamos de nos livrar para reacender ao lugar do qual nunca deveríamos ter saído, obra e arte do corporativismo técnico e tático que nos foi impingido de 30 anos para cá, e que ainda insiste em se manter absoluto e imperial, colonizado e hipnotizado por um jogo que não é, e jamais foi o nosso, e sim de um país que nos é radicalmente oposto, econômica, educacional, política e culturalmente em todos os sentidos…

Nomes serão anunciados em breve, e peço contrito aos deuses que permitam que uma nesga de coragem em inovar seja, ao menos, considerada, o que já seria uma enorme evolução ante ao cenário de mesmice endêmica que nos esmaga e humilha a tempo demais. Mas, será que temos um, ou nomes que encarem tão necessárias e estratégicas mudanças?  Para começar um “chega” seria de bom tamanho, ou não?

Amém.

Foto – autoria própria na Rio 2016. Clique na mesma para ampliá-la e acessar a legenda.

 

O MVP…

P1010328-1A Liga Ouro chegou ao seu final, e o Botafogo ascendeu a liga maior, dependendo de uma avaliação financeira para disputá-la a partir de outubro próximo, com boas chances de atender as exigências necessárias, pois possui um bom ginásio para a temporada regular, e uma equipe nada inflacionada, cuja verba mínima de 1,5 milhão de reais seria o bastante para viabilizar sua participação, a não ser que ceda as investidas de agentes e complacência administrativa e técnica, prontos para promover seus midiáticos craques numa agremiação de tanta tradição e camisa, como sempre o fazem, começando em dispensar jogadores de segunda, na “opinião abalizada” de todos eles, substituindo-os pelos de primeira e nominados jogadores, como sempre acontece nas equipes que sobem para a liga maior…

E é nesse ponto que me insurjo com veemência, pois a maior parte dos jogadores que lutam e se desgastam ao máximo para vencer uma liga classificatória a elite, pouco ou quase nada devem em técnica a turma de cima, a não ser por um fator omitido pela maioria dos técnicos e jornalistas especializados, o de que ao jogarem todos num mesmo sistema de jogo, padronizado e formatado até o estado de pasteurização em que se encontra, vence e sobressai a equipe que consegue congregar um maior número de bons jogadores, permitindo uma rotação mais constante, para que a mesma se mantenha equilibrada pelo máximo de tempo possível, ao contrário de outras com rotações mínimas e carentes de maior experiência, além do fato de todas pecarem defensivamente, acionando pela extrema facilidade, a orgia desenfreada das bolas de três, a que todas aderem com vontade, tendo o beneplácito de seus técnicos e para o regozijo da mídia e dos torcedores menos entendidos do grande jogo. Agora mesmo nessa final, foram arremessadas 15/55 bolas de três, ou seja, 40 ataques perdidos, que numa final se torna imperdoável, não só na liga ouro, como também na liga maior…

Me parece que é do conhecimento de todos o que irá suceder na equipe vencedora, como em todas as que até agora ascenderam ao patamar maior, a substituição de muitos que lutaram a exaustão até a vitória final, por jogadores considerados e nominados que já participam da liga maior, numa manobra que fatalmente elevará significativamente valores contratuais, que na ótica dos agentes justifica um ganho maior pela substituição pura e simples de jogadores, no que acertam em cheio, pois num cenário em que existe uma única forma de jogar institucionalizada, somente terão lugar no mercado aqueles que fazem parte do sistema, do escambo, do unificado conceito de mercado existente, quando na realidade de quem realmente conhece e avalia coerentemente jogadores, todos se equivalem no que aí está implantado, mas se mostrariam bastante diferenciados se sujeitos a outras formas de jogar o grande jogo, principalmente se atuassem  num sistema proprietário, ousado e inovador, onde insuspeitadas qualidades aflorariam, e a criatividade e o improviso consciente encontrariam espaço para se impor…

Esta dura realidade, expõe bons e valiosos jogadores a injustas situações de subavaliações e equivocados julgamentos técnico táticos, cujas performances seriam bem mais evidentes se submetidos a sistemas diferenciados de jogo, onde insuspeitadas qualidades seriam evidenciadas, exatamente por fugirem da mesmice endêmica que tanto empobrece e limita o grande jogo aqui praticado, sintonizando todos a uma melancólica e monocórdia repetição de um sistema único de jogo, com suas jogadas de passo marcado, descerebradas e monitoradas de fora para dentro das quadras através ininteligíveis e absurdas pranchetas…

P1150302 - CopySintetizo melhor essa realidade com a escolha do jogador mais valioso (MVP) nessa final, premiando o americano Jamal com seus malabarismos e força muscular, realmente elogiáveis, porém bastante longe da estratégica importância de um jogador frequentemente subavaliado, como mencionei acima existirem muitos em nosso país, o Roberto, que arrumou, bloqueou e comandou a defesa interna, ajudando com sua experiência no perímetro defensivo externo também, atacando e reboteando com rara eficiência no ataque, e não poucas vezes partindo para o contra ataque com a bola dominada, em ações de alta qualidade e exemplar sobriedade, mesmo nas pontuais enterradas e oportunos bloqueios, e que aprendi a admirar quando o treinei no Saldanha no NBB2, e que dentro do sistema lá desenvolvido de dupla armação e uma trinca de alas pivôs, protagonizou magníficas atuações, como logo em seu segundo jogo em São Paulo contra o Paulistano nessa nova forma de jogar, sendo escolhido o dono da bola pelo site da LNB naquela rodada. O Roberto é um jogador que, assim como muitos, é sempre minimizado pela incompatibilidade de suas habilidades frente ao sistema limitado e robotizado que é utilizado massiva e padronizadamente por todas as equipes, da base a elite no país, e que, infelizmente,  ainda se fecha rigidamente a soluções que o contradigam, já que tem de manter o status vigente, base do corporativismo técnico que o sustenta, para a infelicidade do grande jogo entre nós. Logo, na opinião desse humilde blog, o jogador mais valioso da final foi, sem dúvida alguma, o Roberto.

Amém.  

Fotos – Fotomontagem da LNB quando nomeou o Roberto como o Dono da Bola da terceira rodada do returno do NBB2 no jogo contra o Paulistano, atuando pelo Saldanha da Gama.

Flagrante do jogo final contra Joinville numa reprodução da TV, atuando pelo Botafogo.

Clique duplamente em ambas para ampliá-las.

 

COMO EU GOSTARIA…

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De ver descrito num artigo publicado por qualquer um dos blogueiros de basquetebol, qual sistema de jogo foi trocado por uma equipe, por exemplo, depois de uma partida perdida de semifinal, visando a seguinte, detalhando a escolha, suas partes, seu escopo, ou mesmo o que foi adaptado ou substituído por seu estrategista, a fim de não se limitarem ao chavão – “ao mudar seu sistema de jogo, conseguiu a vitória”…-   claro, se realmente conhecer o sistema em questão, ou outro qualquer, o que duvido…

Quem sabe, esclarecer ao ignaro público as movimentações “chifre”, “punho”, “polegar” etc, etc, que compõem o genérico e ultra limitado repertório do único sistema utilizado em nosso país, a fim de que o mesmo, esclarecido, possa avaliar o que ocorre de verdade numa quadra, e não fazer menções mais genéricas ainda de que – “o jogo de 5 x 5 não está funcionando”, ou, “o 1 x 1 está sendo a opção de um ou outro jogador, individualizando o jogo”, ou mesmo, -”por que não abrir o ataque em leque para expandir espaços, facilitando as penetrações” – opiniões estas fundamentadas em que princípios táticos inerentes a uma equipe dirigida e orientada por outrem? Quantos treinos preparatórios foram presenciados para que chegassem a palpites dessa ordem, quantos? Estes são os fatores que tornam o áudio dos pedidos de tempo tão ansiados por todos eles,,,

Creio que estes questionamentos se tornam óbvios frente a uma evidência simples e objetiva, a de que assim agem, comentam e publicam, pelo singelo fato, que aponto, discuto e publíco desde sempre, de que frente a uma estabelecida padronização e formatação tática existente desde as categorias de base a elite, pouco ou nada têm de ser acrescentado de novo em quaisquer mudanças efetuadas, seja por qual equipe for, frente a mesmice endêmica de que são fielmente servidoras, onde qualquer resquício de mudança real é prontamente debelada em nome e proteção ao status quo vigente, sacramentado e aceito por todos, todos mesmo, onde exceções, ou uma única que seja, justificam a impositiva regra…

Um exemplo recente e prático? O terceiro jogo de ontem da Liga Ouro, entre Joinville e Botafogo, onde a equipe carioca ao abrir mão do corriqueiro duelo dos três pontos, centrando seu jogo dentro do garrafão, e sem mudar uma única movimentação tática, a mesma usada por Joinville, com todos seus apetrechos de chifres, punhos, polegares, venceu um jogo importante simplesmente reduzindo drasticamente as bolinhas (3/12 de 3 e 22/50 de 2 com Joinville arremessando 11/29 e 12/38 respectivamente) em nome de uma primária eficiência, mesmo sob o domínio do sistema único. Mas nada dessa oportuna eficiência pode mascarar o baixíssimo índice técnico de uma partida onde foram cometidos incríveis e absurdos 39 erros de fundamentos (21/18), numa lamentável constatação de como se encontra o grande jogo neste imenso, desigual e injusto país…

Este é o dantesco panorama do basquetebol tupiniquim, que agora, sustada a suspensão da CBB pela FIBA, face ao planejamento de radicais mudanças na esfera administrativa, financeira e  de gestão,  se defronta com a verdadeira e inadiável mudança, aquela que a qualifica como responsável pela divulgação, organização e popularização da modalidade no país, a profunda e básica mudança na sua área técnica, exigindo a implantação de novos parâmetros técnicos e de formação de base, de uma reestruturada ENTB, com novas lideranças substituindo de vez a mesmice endêmica lá instalada nas últimas três décadas de triste e constrangedora memória, com seu corporativismo unilateral, ditatorial e continuísta, no exato momento em que se faz necessária a escolha dos novos técnicos nacionais, das equipes adultas às de base, desencadeando, ou não, a tão e estratégica mudança que definirá o futuro do grande jogo no âmbito internacional, ao refletir decisiva e coerentemente as verdadeiras mudanças no plano nacional…

Ao olharmos detidamente os nomes lembrados pela mídia dita especializada, vemos que representam, com mínimas exceções, a realidade espelhada nas acima mencionadas três décadas de derrocada e retrocesso técnico tático do basquete brasileiro, algo disfarçado por algumas conquistas ditas de ponta, na preparação física, e em pretensos e oportunistas estudos de cunho psicológico, ambos fragilizados pelos pífios e dolorosos resultados alcançados, principalmente na formação de base, relegada e despida do mais importante fator para sua consecução técnica, o ensino e consistente aprendizado dos fundamentos básicos do jogo, substituídos pela precoce e falseada introdução dos sistemas táticos coercitivamente padronizados e formatados, que antecedendo  a aprendizagem massiva dos fundamentos, pouco ou nada representaram  para a nossa evolução técnica frente a países bem mais desenvolvidos pedagógica e didaticamente que o nosso, retratando com precisão o estágio em que nos encontramos. Se estes nomes modificarão seu posicionamento pedagógico, técnico e tático? De forma alguma, pois em caso contrário se chocariam frontalmente com o corporativismo que ajudaram a implantar desde sempre, restando então uma única e corajosa definição de rumo, a reforma radical, dando voz aos professores e técnicos que se mantiveram abertos a inovações e metodologias diametralmente contrárias ao estabelecido cenário que aí está, trilhando novos e instigantes caminhos, na recriação de um pouco, por esquecimento proposital, do que era praticado, estudado, ensinado anteriormente a custa de muito trabalho, exemplos e ética profissional, estabelecida pelo mérito e pela competência reconhecida, jamais pelo QI hoje institucionalizado e profundamente antiético…

A caminhada para o soerguimento será árdua, porém repleta de esperanças, na medida em que envolva mentes e idéias novas, mesmo em corpos maduros, daqueles que nunca renegaram o estudo, a curiosa inteligência, sempre pronta ao inovador, ao instigante, incentivando os jovens neste caminho, difícil e pedregoso, porém oposto ao fácil, ao indesculpável e  preguiçosamente copiado, despido de criatividade, de improvisação consciente, sob a orientação de seguros e competentes professores e técnicos, cônscios de sua importância no treino e sua exemplar conduta no jogo e na comunidade do grande jogo, sem esgares, teatrais representações, pressões e discursos pretensamente enérgicos, eivados de desrespeitosos palavrões, colimados em desconexos rabiscos em midiáticas, retrógradas e mentirosas pranchetas. Chegaremos lá? Não tenho a resposta, mas sim uma certeza, a de que nada alcançaremos a continuar o engodo e a falsidade do que aí está, sacrificando seguidas gerações de jogadores, porém alimentando e engordurando currículos á custa dos muitos deles que ficam covardemente pelo caminho, abandonados e desestimulados pelo péssimo ensino a que fizeram jus…

Como sempre, fico na torcida pelo futuro, inveterado otimista que sou, apesar da realidade nem sempre se fazer presente a este honesto, porém cada vez mais desgastado sentimento.

Que os deuses nos dêem uma mãozinha, por menor que seja, o que talvez ajude, de verdade.

Amém.

Em tempo – Uma leitura sugerida postada em 2010 com relevantes comentários – Um email do Felipe

Foto – Arquivo pessoal. Clique duplamente na mesma para ampliá-la.

 

O DEPOIS DO AMANHÃ…

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Ontem publiquei o artigo O Amanhã, contrito e esperançoso em dias melhores para o grande jogo entre nós, porém, me mantenho receoso para o depois do amanhã, no caso de teimarmos em dar continuidade ao cenário técnico tático que aí está graniticamente instalado, formatado e padronizado, rebuscado em pranchetas midiáticas, sombrias e absolutamente vazias de conteúdo confiável, da formação de base a elite, codificado e alinhado genericamente, como algo destinado a um único objetivo, imutável e ditatorial, onde jogadas padrões são emuladas por todos, onde ordens e decisões unilaterais se tornaram um lugar comum na relação técnico/jogadores, calando coercitivamente quem joga, e dando voz a quem comanda ou pensa comandar, num espetáculo gratuito e grotesco de inflados egos, que se manifestam nas exigências expostas graficamente nas sempre onipresentes pranchetas, que na esmagadora maioria das vezes são depositárias de invenções e palpites de ocasião, pois se assim não fosse, jamais se fariam presentes, ou mesmo existentes, se tudo aquilo que canhestramente projetam, tivesse realmente sido “exaustivamente treinado”, o que jamais ocorreu de verdade, ainda mais “exaustivamente”…

Se entendessem de uma vez por todas que, jogadas, e mesmo sistemas que funcionam seguida, automática e frequentemente, somente o fazem frente a ausência parcial ou completa de uma oposição defensiva, mais ou menos parecido quando treinam sem oposição da mesma, ou a instruindo para facilitar o fator coreográfico das jogadas, do sistema enfim, talvez “exaustivamente” como apregoam, na dolorosa e proposital negação de um princípio imutável, o de que ações ofensivas jamais se repetem, jamais, anulando o ideário ilusório de todos aqueles que insistem burramente em torná-las sempre presentes, repetíveis, justificando suas pretensiosas e marqueteiras genialidades…

Sistemas e suas inerentes jogadas não são criados, estudados, treinados e praticados  para darem certo, e sim para desencadearem situações e atitudes nos adversários, que, quanto mais previsíveis forem, mais eficientes se tornarão, pois fruto de leitura presente de jogo, sua compreensão, e por conseguinte, sua aplicabilidade situacional, criativa, origem básica das estratégias, individuais e coletivas, onde o fator aleatório se faz permanentemente presente, através uma consciente improvisação, e em definitiva oposição ao passo marcado, característica da repetição coreográfica de um predeterminado movimento sem o entrave defensivo, mais aleatório ainda por sua inerente imprevisibilidade…

Parágrafo acima de difícil compreensão? Creio que não para todos aqueles professores e técnicos que realmente entendem o que venha a ser praticar um jogo em que ataques e defesas professam o imponderável, o instintivo, o antagônico, o imprevisível, o aleatório, o criativo, todos fatores que levam ao domínio consciente da arte maior, da arte de improvisar, pois só o exercem quem realmente sabe, quem domina sua arte, seus fundamentos, seu instrumento de trabalho…

O grande jogo assim o é por tudo aquilo acima descrito, por tudo aquilo que nos remete a grande verdade, a de que pouco sabemos, mas suficiente para se estar também um pouco a frente dos que nada sabem, ou pensam saber…

Amém.

Um bom artigo de apoio – Mestres do olhar e do movimento.

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O AMANHÃ…

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E o NBB9 chegou ao fim, com a equipe do Bauru vencendo o Paulistano por 92 x 73, num quinto jogo clone dos outros quatro, e de muitos outros, praticamente todos deste campeonato, onde a mesmice endêmica técnico tática imperou absoluta, sob o manto avalizador da liga e seus circundantes, dirigentes, técnicos, digo, estrategistas, jogadores, narradores, comentaristas, culminando numa festa onde um Billy Cristal tupiniquim desandou a emitir comentários e piadas, quase sempre sem graça e de péssimo gosto, atrapalhando e por pouco  quase estragando uma festa que deveria ser de basquetebol, e não de um desastrado vaudeville chinfrim, e que premiou uma seleção composta numa formação do sistema único, com um armador, dois alas e dois pivôs, afirmando e confirmando como “devemos jogar”, num recado bem claro aos jovens que se iniciam, porém sobraçando uma imensa incoerência, a de que a grande maioria das equipes atuaram com dupla e muitas vezes tripla armação, e os pivôs clássicos rarearam bem próximos a extinção, como que premiando a formação básica do sistema único, atuando com suas jogadas punho, polegar, chifre, etc, etc, num hibridismo lamentável…

Esqueceram, no entanto, de premiar com justiça, a chutação de três que atingiu neste NBB o sublime patamar da convergência endêmica, futuro objetivo maior de nossas seleções a continuarem sob a direção da turma corporativada que aí está a 30 anos, intocável e absoluta, com suas pranchetas midiáticas e absolutamente idiotas, mas “que falam”, segundo alguns, mas que na realidade nada dizem, a não ser serem a prova cabal do que ainda entendemos como comandar e liderar equipes tendo nas mãos uma caneta hidrográfica, palavrões, pressões nas arbitragens, chiliques ao lado das quadras, e não o verdadeiro conhecimento aplicado no treino, na preparação, no planejamento prático e inteligente, no estudo e na pesquisa responsável, no posicionamento ético para com o grande jogo e sua ascendência histórica, na busca permanente pelo novo, produto do passado, promessa para o futuro, somente alcançado pelo mérito, e não pelo QI institucionalizado refletido em sua trágica e pranchetada imagem…

Agora mesmo a CBB teve sua suspensão encerrada pela FIBA, quando terá pela frente a sublime tarefa de soerguer nosso tão maltratado basquetebol, onde ao largo da enorme tarefa de sanear suas finanças, projetos e organização administrativa, terá pela frente sua maior luta, a da busca pela excelência técnica, competitiva, vencedora, que jamais será alcançada com o que foi até agora implantado coercitivamente na formação de jogadores, professores e de técnicos, com resultados desastrosos e comprometedores, fruto de compadrios e escambo interesseiro, e que precisa ter um fim, um freio permanente e definitivo, gerando espaço a novas e sérias lideranças, onde o mérito e o longo trabalho gerador de experiência e conhecimento seja convocado para a grande discussão técnico tática e de formação de base, começando estrategicamente pela ENTB, chave absoluta do processo de soerguimento do grande, grandíssimo jogo entre nós.

Amém.

Foto – Reprodução da TV. Clique na mesma duplamente para ampliá-la.

A TRISTE CONSTATAÇÃO…

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Paulo, teremos o jogo final do NBB daqui a pouco e você nada comentou, o que houve? Esse amigo não me dá trégua, e o pior, nada comenta pelo que posto aqui nesse humilde blog, mas cobra assiduamente posicionamentos, comentários e até futurologias, que sistematicamente me nego a expor, pois fruto de uma longa aprendizagem no ontem, e no presente doloroso que aí está, deixo aos poucos leitores as indagações e projeções futuras, cabendo a mim somente o exercício da provocação responsável e desafiadora, sobre ações e atitudes tomadas e vividas por toda uma vida dedicada ao ensino acadêmico e ao grande jogo em particular…

Pensei em nada escrever sobre o assunto cobrado, no entanto, dois momentos bem recentes me tentaram a fazê-lo, um único e solitário comentário do Walter no último artigo aqui publicado, e a entrevista do Marcel no programa do Bial. Eis o comentário recebido hoje: walter CarvalhoToday

Professor Paulo,

Sinceramente nao entendo os números do jogo. É INACEITÁVEL! 68 arremessos de 3? Total maior do que de 2 pontos? É um crime a matemática do jogo.

Outra coisa, A média de arremessos tentados (65), mostra que as equipes estão, também, perdendo oportunidades de produzirem mais arremessos durante o jogo devido ao alta média de erros de fundamentos.

Que basquetebol e esse? Nao entendo! E este o caminho e o espelho que os nossos poucos jogadores em formação estão expostos?

Acho que é hora de sacudir a toalha e começar tudo de novo! A NBA está prestando um desserviço para a formação de novos jogadores nos EUA e no mundo! Isto ja confirmado por vários técnicos Universitarios e de HS.

Até breve.

Walter Carvalho

 

Como podemos interpretar o comentário do Walter, professor e técnico brasileiro radicado nos Estados Unidos, onde mantém uma academia de basquetebol em Birmingham no Alabama, depois de longos anos de trabalho no Oriente Médio, tendo sido jogador, professor e técnico formado em nosso país? Creio que o teor do mesmo não deixa dúvidas e polêmicas em torno da realidade do grande jogo entre nós, ou deixa?…

Bem, acredito que a entrevista do Marcel ao Pedro Bial reacende a discussão em torno da volúpia dos três pontos, das bolinhas de fora, ainda mais com o advento vitorioso do Warriors na NBA, com uma artilharia digna de uma armada escatológica, porém não decisiva, como muitos de seus admiradores tentam impor como argumento definitivo, e contra argumento de volta, senão vejamos – Primeiro, a constatação imbatível da fraqueza defensiva fora ( e muitas vezes dentro também) dos perímetros, o que justifica as contagens centenárias daquele playoff final, aspecto ligeiramente comentado pelos especialistas televisivos, receosos de darem suas mãos à palmatória do que realmente acontecia dentro da quadra, onde os duelos de fora se sucediam em todas as partidas, sombreando as jogadas decisivas de cestas nas penetrações, as de média e curtas distâncias que advogam estarem em extinção, principalmente as do Duran, para realçar os longos petardos, mantendo suas exponenciais opiniões técnico táticas…

Porém, esquecem algo que teimam em não expor, explicar, esclarecer, quem sabe até ensinar, os fatores básicos e fundamentais exigidos para a execução e consecução dos tão idolatrados arremessos, remetendo-os ao território do imponderável, da coragem e audácia para realizá-los, como que uma conquista obrigatória para qualquer jogador dentro de uma quadra, ou mesmo, como resultante de milhares de tentativas realizadas pré, durante e pós treinos, numa odisséia de sacrifícios e repetições sem fim, onde somente uns poucos atingem numerário de acertos razoavelmente estáveis, mas muito longe do que atingiriam se treinados com conhecimento pleno do que intentam pelo aspecto científico e de alta tecnologia, e não somente pela repetição milenar de um movimento de via única. Sim sem a menor margem a dúvidas existem trabalhos científicos que provam ser os longos arremessos propriedade de muito poucos jogadores no mundo, principalmente na efetividade e estabilidade de resultados, fator este que destina aos arremessos de curta e média distâncias a chave vencedora entre embates entre grandes equipes, pois sua efetividade é bem mais vantajosa, mesmo valendo dois pontos, do que a alta percentagem de erros advindos dos longos arremessos, onde as poucas exceções justificam a regra existente,,,

Na entrevista, ficou bem patente a justificativa pela predominância e endeusamento das bolinhas de três, em uma partida totalmente atípica, a começar pela honesta declaração do brilhante jogador, de que a equipe tinha a certeza da derrota, só não sabendo por qual contagem, mas que ante a real e prática constatação da inabilidade defensiva fora do perímetro da equipe americana, desencadearam uma feroz ofensiva de fora, vencendo uma partida memorável, partida esta que estabeleceu, daí por diante, a autofagia delirante das bolas de três em nosso basquetebol, originando um quase abandono da prática dos demais fundamentos, dispensáveis quando o jogo fica concentrado fora do perímetro, e o mais trágico, como somente ser possível sua utilização massiva pela ausência defensiva no mesmo, foi aceito por todas as equipes, como num acordo inter pares, originando os famigerados duelos, onde contestações inexistentes o alimentaram até os dias de hoje, desde as categorias de base, tornando tal e fatal estilo de jogar a cereja do bolo para a mídia escrita e televisiva, onde enterradas, tocos e bolinhas estabeleceram a preferência no aprendizado do jogo, omitindo e quase extinguindo o ensino e a prática permanente dos dribles, passes, bloqueios, rebotes e posicionamentos defensivos, originando este lamentável cenário a que assistimos consternados e cada vez mais saudosos dos verdadeiros e brilhantes professores e técnicos que tínhamos (ainda os temos, infelizmente segregados…), substituídos pelos estrategistas sobraçando suas inenarráveis e absurdas e nulas pranchetas midiáticas…

Mas o Bial, que foi muito bom jogador de basquete, fechou a noite com algo assustador, pela força de sua influência no ideário de muitos de seus admiradores e seguidores, quando mencionou ser pai de um futuro jogador de 13 anos, ao qual incentiva paternal e tecnicamente – Chute de três, sempre e quando puder…

Amém.

 

Em tempo – Pela pesquisa que realizei para a obtenção do doutorado na FMH da UT de Lisboa, defendida em 1992, com a tese “Estudo sobre um efetivo controle da direção do lançamento com uma das mãos no basquetebol”, única até os dias de hoje que aborda a temática do controle do eixo diametral da bola nos arremessos de basquetebol, constatei matematicamente que os desvios direcionais variando de 0,5 a 2 graus em relação às distâncias em que são realizados os arremessos, os inviabilizam se não controlados conscientemente, daí a origem dos inúmeros “air balls” que assistimos corriqueiramente em nossos campeonatos, mesmo sem contestações efetivas. Logo, a prática sistemática dos longos arremessos nas divisões de base iniciantes, se torna perigosa ao substituir no interesse dos mais jovens, os fundamentos realmente básicos para a aprendizagem do grande jogo. PM.

Foto – reprodução divulgação FIBA. Clique na mesma para ampliá-la.

O IMPROVISO DO ALEX…

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P1150234Quarto jogo, 27/63 arremessos de 2 pontos e 21/68 de 3, assim contabilizados: 12/35 de 2 e 9/33 de 3 para o Paulistano,  15/28 e 12/35 respectivamente para Bauru, numa generalizada e convergente chutação, que bem espelha a quantas andam o nosso basquetebol de elite, noves fora os 26 erros de fundamentos (13/13), confirmando a média no campeonato, porém repleto de paixão e emoção a não mais poder, que segundo os entendidos, é o suficiente para a sua popularização, no que discordo desde sempre…

Numa entrevista após o jogo, o Alex afiança que no quinto jogo, praticamente em casa (Araraquara dista poucos quilômetros de Bauru) sua equipe vai com tudo para cima do Paulistano, forçando-o a improvisar, para vencer o jogo, e o título…

Sem dúvida uma estratégia inteligente, forçar o adversário a sair da segurança de seu jogo ofensivo coordenado, o tão badalado 5 x 5, oscilando para o improviso, que segundo a análise do competente jogador, em muito facilitaria defensivamente sua equipe, bem mais experiente e rodada, quebrando a confiança e a determinação de seus jovens oponentes…

E é nesse ponto que se manifesta a minha perplexidade, exatamente focada na premissa de que a quebra do sistema ofensivo de uma equipe que atua rigorosamente igual a de seu experiente oponente, assim como todas as demais do NBB, num sistema padronizado e formatado pelos estrategistas que as dirigem, e mesmo pela maioria daqueles que se propõem atuar na formação de base no país, espelhando o exemplo da elite, se torna a meta a ser atingida, pois, segundo o que divulgam, o provocado improviso facilita e concorre para a quebra do sentido coletivista, determinando sua derrota, certeza e afirmativa estas que discordo com a mais absoluta veemência de quem, por décadas, propugnou exatamente o que condenam, a prevalência da improvisação como o ápice técnico tático de um sistema realmente eficiente de ação ofensiva, mas claro, somente acessível para jogadores muito bem preparados nos fundamentos, e mais bem preparados ainda na concepção coletivista,  baseada num sistema de jogo proprietário, onde todos participam, desde sua montagem e mútuo entendimento, até sua viabilização no treino e no jogo, fator diametralmente oposto ao que praticamos da forma mais manietada e codificada de fora para dentro da quadra, onde esquemas e ordens são exaradas através pseudas e ilusórias táticas rabiscadas em pranchetas mágicas, que “até falam”, segundo ufanistas narrações, por estrategistas absolutamente convictos de que dominam as incontáveis facetas do jogo, as arbitragens, e de quebra, seus incautos e incrédulos jogadores, frente a tanta hermenêutica midiática, que extasia os menos esclarecidos interessados no grande jogo, porém se mostram risíveis para os que o entendem de verdade…

Por alguns anos neste blog, venho repetidamente tentando divulgar e esclarecer fatos vividos praticamente dentro das quadras e os aspectos teóricos e históricos que referendam tanta e solitária teimosia sobre essa transponível barreira, a consecução da coletiva fluidez ofensiva de uma bem treinada e orientada equipe, em direção a um jogo onde o improviso se impõe, exatamente pelo fato de ser o sistema admitido e duramente treinado, a amálgama que une todos os componentes de uma equipe, pelo estrito conhecimento que cada integrante tem de si próprio e de seus companheiros sobre suas capacidades individuais e coletivas no domínio dos fundamentos, capacitação esta exigida para a exequibilização do (e de qualquer) sistema de jogo escolhido, treinado e aplicado por todos, determinando enfaticamente sua natural fluidez, atingindo seu ápice exatamente pelas improvisações que emanam do seu perfeito entendimento por todos, através setorizadas etapas, sem atropelos, numa conjunção coletiva que prancheta nenhuma se fará necessária, sequer existente, frente ao inquestionável poder do treino, onde as dúvidas são dirimidas e aceitas por todos, ao encontro do campo de jogo, onde as verdades verdadeiras acontecem, vencendo ou perdendo, sem acusações, desculpas ou subterfúgios… 

Muitos, a maioria bem sei, acharão ser tal comprometimento a um sistema proprietário uma quimera, bastando o que aí está pranchetado e refém da autofagia das bolinhas de três, das enterradas e dos tocos cinematográficos, emoldurados por dançarinas, shows e atrações chinfrins extra quadra, bem ao gosto dos fissurados pelo que fazem e promovem nossos ricos irmãos do norte, mas nunca esquecendo que, se jogam da forma brilhante com que alguns lá o fazem deve-se as enormes e inesgotáveis capacidades de improvisação de que são possuidores,  pelo competente domínio dos fundamentos do grande jogo, mesmo atuando no sistema único, que é o fator que não dominamos, e o pior, não nos esforçamos em ensinar da forma mais abrangente possível, nos contentando com as táticas canhestras, estas sim improvisadas,  em midiáticas pranchetas…

Voltando ao depoimento do Alex, lembro ser sua maior característica ofensiva, exatamente a individualizada improvisação nas velozes penetrações e nos insistentes arremessos de fora, o que torna um tanto incoerente sua colocação sobre a equipe que enfrentará na final de sábado, e lembro mais ainda um jogo que sua equipe campeã no NBB2, perdeu uma partida para a última colocada naquele longínquo campeonato, atuando com um sistema proprietário, onde o improviso era a marca de seus jogadores dentro da fluidez de seus movimentos, quando provou que o coletivismo era possível sim, mesmo dentro da rigidez granítica que imperava, e continua a imperar entre nós. Saudosismo meu? Não, fato, que o próprio Alex testemunhou

Amém.

Fotos – A prevalência das bolinhas. Reproduções da TV. Clique duplamente nas mesmas para ampliá-las.

Vídeo – Jogo completo entre o Saldanha da Gama e Brasilia no NBB2.

TRÊS PARÁGRAFOS…

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Fiquei sem internet ontem, agora corrigida, com pouco tempo (são 12:30hs) para maiores comentários sobre o quarto jogo entre Paulistano e Bauru, mas que em quase nada mudaria a partir do artigo anterior, onde somente um fator poderia ser analisado, o de que, segundo o depoimento de um dos estrategistas envolvidos nessa decisiva partida, a semana de intervalo teria sido importante para aprimorar a sintonia fina de seus sistemas de jogo, no que depreendi serem, pela milésima vez aprimorados os chifres, punhos, polegares e tudo o mais que compõem o repertório de todas as equipes do NBB, sem que nada de realmente inovador tenha sequer a mínima chance de ser instaurado, pois não passa, também sequer de raspão na cabeça pensante (?) de qualquer um deles, inovações que não lhes dizem respeito, muito mais pela aceitação tácita da mesmice endêmica que patrocinam em concordância unificada, do que a libertadora coragem de injetar algo realmente impactante, renovador, autêntico e proprietário, derrubando de vez a mediocridade niveladora das equipes da liga. Exatamente por essa realidade implantada nestas três décadas de declínio técnico tático, é que assistiremos o mesmo do mesmo, mas claro, recheado de emoções, bolinhas em profusão, tocos mirabolantes, e os “monstros” transcendentais de praxe. Porém, uma fresta de esperança poderá se tornar realidade, na medida que uma das equipes, pelo menos, cadenciar e conter sua volúpia chutadora, atuando pacientemente no perímetro interno com insistência e perseverança, mas me parece que seria pedir demais por sobre um cenário estratificado e engessado existente desde sempre…

Leio que CBB e LNB aos poucos vão encontrando meios de convivência pacífica, partindo de acôrdos sobre a organização de campeonatos a muito esquecidos pela mentora master da modalidade, como os das categorias de base, fundamentais para o soerguimento do grande jogo, até agora mantido em razoável evidência pela LNB com seus NBB´s e a LDB (sub 22). Resolveram setorizar seus esforços destinando a LNB os campeonatos já estabelecidos do NBB e da LDB, e os das sub´s 14 até 19 com a CBB, além da Liga Ouro, divisão de acesso ao NBB, e por último reintegrar a LFB a CBB. Somente uma importante reparo a mencionar, no caso de que realmente essa combinação de tarefas seja levada a sério, como deveria sê-lo, o de que pelo lado da CBB fosse implantada, conjuntamente com a ENTB, uma completa e radical reforma de princípios técnicos e administrativos em suas concepções, fugindo de vez com a padronização e formatação imposta pela turma que habita o mundo NBB, dando forma e oportunidade a outros profissionais de todo o país esquecidos pelo corporativismo técnico lá existente, originando um novo patamar de excelência na formação de técnicos e jogadores polivalentes, em que o merecimento meritório se sobreponha aos interesses dos muitos que empobreceram o nosso basquetebol, a tal ponto que se viu brecado pela FIBA, num precedente doloroso e de difícil, mas não impossível, superação. Uma CBB que ressurja na busca de uma melhor e justa formação democrática inovadora de base, fornecendo bons e equilibrados valores para uma Liga Ouro, uma renovada LFB e excelentes seleções de base, dirigidas por técnicos experientes de verdade, em tudo e por tudo justificaria sua existência, honrando seu passado brilhante e vencedor. Menciono um trecho de uma matéria publicada no O Globo de 5/6/17 na coluna Conte algo que não sei, do entrevistado Adam Lowe, que afirma: (…) Objetos feitos há centenas ou milhares de anos podem mudar o jeito de pensar no presente e têm potencial para orientar comportamentos no futuro.(…)

Me perguntam ao telefone o que achei, ou estou achando das finais da NBA entre o LeBron e o Curry. Respondi – Nada, não me diz respeito, pois por conhecer de muito aquela liga, me convenci que nada tem a nos acrescentar de factível, a começar pelo aspecto econômico, fator delimitador para a não incursão aos demais fatores, como o técnico, formador de base e tático também. Por ser um outro jogo, somente jogado lá, e infantilmente sendo tentado ser estabelecido entre nós é que me faz ausente de suas reais intenções neste imenso, desigual e colonizado país.

Amém.

Foto – Arquivo pessoal.