DE DOMINGO A DOMINGO…

De domingo a domingo consumindo o produto basquetebol, do Flamengo x Pinheiros ao vivo, numa temperatura sufocante pelo imposto horário das 15:30 hs no Tijuca TC, a um Limeira x Vitoria televisivo ao meio dia de hoje, entremeados por jogos do campeonato paulista, onde Pinheiros se destacou, Franca sucumbiu, e Limeira e Araraquara se degladiaram pelas semi finais.

A destacar algumas considerações:

– A equipe do Pinheiros, que ao vencer convincentemente o Flamengo e Franca, foi imediatamente alçada pela mídia ao status de grande, e quase perfeita equipe, a nível latino-americano, que “com duas sólidas contratações”  se transformaria em potencia, mas que hoje mesmo, perdeu para a renovada e jovem equipe do Minas, fazendo a bola dos especialistas baixar um pouco, mas que deveria nem ter sido alçada precocemente.

– O festival avassalador dos arremessos de três desencadeado por todas as equipes, como que querendo provar suas capacitações, mesmo após o acréscimo de 50cm na distância de arremesso, chegando às culminâncias no jogo(?) de hoje entra Limeira e Vitoria, quando a equipe capixaba arremessou 33 bolas de três, somente 6 a menos que suas tentativas de 2 pontos.

– A frenética exibição televisiva das pranchetas e seus rabiscos ininteligíveis. Meu filho André, que jogou basquete e é um competente designer gráfico, me pedia silêncio para tentar entender os grafismos nas pranchetas, confessando sua incapacidade em decifrá-los. Fico sempre imaginando o desespero dos jogadores nas mesmas circunstâncias, e ainda ter de jogar contra defensores que nunca são mencionados, nem por um borrãozinho da hidrocor nas estelares pranchetas, que para meu espanto, teve uma delas hoje destruída, acredito eu, por não ter sido capaz de passar aos jogadores, com a devida clareza, a tática genial de seu mentor, e logo ela, coitadinha, a super star televisiva…

– A comprovação definitiva, mesmo com a inclusão de novos técnicos, na idade e na experiência, de que o sistema único tão cedo cederá seu monopólio a qualquer manifestação técnico tática que se insurgir no cenário tupiniquim, custe o preço que custar, mesmo que o novo técnico da seleção argentina, Sergio Hernandez, venha a público afirmar numa reportagem do Site UOL com o Ruben Magnano, “que os jogadores que vão para a NBA sem passar pelo basquete europeu não têm muita consistência tática”, no que concorda o Magnano –“É uma realidade. Na NBA se joga por função. Concordo totalmente com o que disse o Sergio(…)”. (…) “Isto é muito importante. O fato de ter jogadores da NBA não te garante nada. Eles estão há 10 meses fazendo apenas uma função. Você os incorpora à seleção e pega este garoto, que você viu fazendo mais coisas em outra oportunidade, para incrementar o volume de jogo do time(…)” Imaginem agora, como se sente um técnico campeão olímpico no comando de uma equipe cujo campeonato nacional é totalmente dominado pelo sistema técnico tático da NBA, e seus jogadores são especializados nas posições de 1 a 5? E que as seleções de base municipais, estaduais e nacionais garantem a continuidade dessa perversa realidade?

De domingo a domingo presenciei, assisti e testemunhei o terrível estágio em que nos encontramos, ainda e teimosamente convivendo com as enterradas, os tocos e os arremessos de três como a sublimação do jogo, segundo a mídia dita especializada, a realeza das pranchetas e suas mensagens caóticas e cifradas, e a cada vez, e proposital separação do que venham a ser técnicos formadores e técnicos ( ou treinadores) estrategistas ( e aqui cabe uma leitura de um artigo do Prof. Ronaldo Pacheco sobre o assunto, publicado no blog rodrigo.galego desta semana), aqueles com anos e anos de trabalho e estudo junto aos jovens, e também aos adultos, e estes, promovidos após cessarem suas atividades atléticas, provisionados, e prontamente elevados à condição de técnicos de elite e de seleções, numa inversão de valores que assombra e põe em dúvida a seriedade do grande jogo entre nós.

Agora, basquete NBB somente em janeiro, um bem vindo descanso visual ante tanta poluição de três pontos, colossal despreparo e desconhecimento dos fundamentos básicos do jogo, e das estelares e “indispensáveis” pranchetas televisivas.

Amém.

PS- Fico imaginando se a um singelo pedido meu, o velho Noel fizesse, como régio presente de natal ao nosso pobre basquete, com que sumissem as pranchetas estelares… Pelos Deuses, esquece, esquece, não quero testemunhar e me sentir culpado pelo suicídio coletivo que …

A SIMPLE WORD (NOT THOUSAND…)

DEFENSE!  DEFENSE!  DEFENSE!

WHERE IS IT?

Foto Morry Gash – AP

OUSAR PARA VIVER…

Foram 271 arremessos de três nessa rodada, e uma equipe, a de Joinville conseguiu a façanha de arremessar mais de três do que de dois (14/38, 18/34) em seu jogo contra o Pinheiros, num total de 62 tentativas de longa, e agora ampliada, distância.

Em tempo algum o sistema único de jogo, com seus especialistas nas posições de 1 a 5, atingiu tal culminância da alcançada nesse NBB3, onde, inclusive, pivôs  retornam gloriosamente aos arremessos de três, situando-se num perímetro onde a captação de rebotes é nula, função básica de um reboteiro de ofício.

E com a maior abrangência de espaços, decorrentes do aumento na distância da linha de três, os embates de 1 x 1 se tornaram mais freqüentes, nos quais a pouca habilidade nos dribles e fintas, somada à inabilidade defensiva da maioria dos jogadores, culminam numa sucessão de erros de fundamentos altamente preocupante numa divisão de elite, agravada quando defesas zonais são empregadas, desencadeando uma hemorragia de arremessos de três, solução que dispensa(?) maiores envolvimentos com chatíssimos dribles e fintas.

E por sobre tal cenário, nosso técnico nacional percorre o país desenvolvendo um projeto de seleção permanente para jovens de 15 a 18 anos, cujo referencial básico é fazê-los jogar de forma parecida com a divisão adulta e seu sistema único de jogo, codificado, marcado e coreografado, cujo grau de previsibilidade é de conhecimento até de técnicos chechenos e esquimós.

Combater essa previsibilidade técnico tática teria de ser a prioridade das prioridades, onde um ensino qualificado dos fundamentos, em todas as suas minúcias e variações, se constituiria no projeto a ser atingido numa preparação séria e responsável, além de uma segunda etapa, a busca de sistemas diferenciados de jogo, que explorassem todas as potencialidades naturais de nossos jovens, e que se constituíssem numa fonte inesgotável de criatividade e leitura permanente de jogo, habilidades estas hoje obliteradas pelo monitoramento das ações, de fora para dentro da quadra de jogo.

Acredito firmemente que somente um grande esforço voltado ao eficiente e responsável ensino dos fundamentos individuais e coletivos em nossas divisões de base, nos tiraria dessa repetição do óbvio, dessa mesmice técnico tática, desse limbo em que nos encontramos.

Mas para tanto, torna-se urgente e necessário uma reformulação de clinicas e atualizações, nas quais se perdem recursos e precioso tempo em discussões inócuas, proferidas por pessoal não qualificado na função de ensinar a ensinar a base do grande jogo, seus fundamentos, mais preocupados com preparação física, testes inconseqüentes, padronizações e formatações de caráter coercitivo e altamente limitadoras.

Essa deveria ser a função precípua da ENTB, e que por si só já renderia estudos e pesquisas, se bem planejadas na pratica. Formar um pequeno exército de professores habilitados no ensino correto dos fundamentos, precederia toda e qualquer tentativa de se implantar sistemas de jogo antes de alcançadas as metas projetadas para os mesmos, sem os quais sistemas inexistem em precisão e confiabilidade.

Mas como abandonar as pranchetas, o sistema único, a confraria que os utilizam, e por isso mesmo se tornam fonte de emprego e aparente fonte de segurança e continuísmo, em prol de uma atividade que exige muito estudo, pesquisa e trabalho, muito trabalho, e acima de tudo quase sempre mal pago?

Isso me lembra um técnico que justificava seu posicionamento de não estudar, com uma pérola de raciocínio – Porque perder meu precioso tempo estudando, se existem malucos como você que estudam e pesquisam? Vejo o que dá certo com você e simplesmente o aplico, sem sacrifícios e inúteis renúncias.

Creio que é chegada a hora de decidirmos o que queremos para o soerguimento do nosso basquete, e um primeiro passo foi tentado por mim no Saldanha da Gama, onde baseei todo o trabalho nos fundamentos e num sistema diferenciado de jogo, provando ser factível que adultos se exercitem nos fundamentos, com melhoras e aprimoramento técnico visível. Por que não nossos jovens? Mas Paulo, você ficou fora do NBB3 por conta dessa tentativa, não?  Sim, numa prova cabal de resistência de um status quo solidificado, mas que pode, e deve ser rompido, se quisermos sair dessa mesmice, desse deserto de idéias e ausência de criatividade.

Ousar é sinônimo de vida, de progresso. Ousemos então.

Amém.

ALICERCES DE BARRO…

PROGRAMAÇÃO DA 86ª CLÍNICA TÉCNICA E PREPARAÇÃO FÍSICA

— Quarta-feira (1º de dezembro) – 19h00 às 21h00 – Aula teórica com Diego Falcão

. Periodização da base – alto nível
. Princípio geral do treinamento
. Característica física do basquete
. Periodização e controle do treino
. Jogos pré-desportivos

— Quinta-feira (02 de dezembro) – 15h00 às 18h00 – Aula prática com Diego Falcão

. Treinamento combinado: coordenação/fundamento
. Abordagens das capacidades físicas no basquete
. Treino de força
. Voluma e intensidade: treino de físico e suas variáveis

— Sexta-feira (03 de dezembro) – 15h00 às 18h00 – Aula teórica com André Germano

. Princípio de continuidade e planejamento plurianual
. Filosofia e metodologia de trabalho
. Especialização precoce
. Conteúdos de treinamento

— Sábado (04 de dezembro) – 09h00 às 12h00 – Aula prática com André Germano

. Treinamento técnico-tático e técnico-físico: exercícios combinados
. Conceitos de jogo ofensivo
. Treinamento: Tático
. Defesa: individual/zona match up

Esta a programação da Clinica na cidade de Maceió, em sua octogésima sexta versão, visando a padronização e formatação dos jovens técnicos brasileiros, numa ação em conformidade com a ENTB e seus princípios didático pedagógicos.

Observemos que os dois primeiros dias são de responsabilidade de um preparador físico, não um técnico experiente na função formativa, mas lá está o nobre colega(?) discorrendo seus conhecimentos sobre as etapas da base ao alto nível, dos princípios gerais do treinamento, do controle do treino, até de jogos pré desportivos, reservando somente um tópico de sua especialização sobre características físicas do basquete, transpondo em muito suas atribuições técnicas, e tudo isso em abordagens teóricas, pois nas praticas, no dia seguinte é que entra com vontade numa área em que não tem competência de se meter, mas lá está, laborando a tarefa de ensinar a ensinar o que não sabe e domina, mesmo.

O técnico de formação somente se manifesta nos terceiro e quarto dias, quando comunicações teóricas e práticas se orientam às padronizações e formatações técnico táticas que tanto combato, e que nos escraviza ao sistema único de jogo (seguramente o único que conheça, daí seus fervor em defendê-lo a todo custo…e miseráveis resultados), que é compartilhado por todos que compõem as famigeradas clínicas.

São onze horas de intervenções pseudamente técnicas em quatro dias de trabalho, jornada esta que eu dava em clinicas praticamente num único dia, que em quatro perfaziam oito horas diárias, num total de trinta e duas, e não onze, como nestas enganosas clinicas da CBB. Ah, com um detalhe de somenos importância para essa turma, reservava 70% do tempo para os fundamentos, a verdadeira meta a ser alcançada numa clínica de iniciação ao grande jogo.

Analisem bem os tópicos teóricos e práticos que compõem a grade curricular, e encontrarão a resposta dos porquês estamos nessa realidade indigente na qualidade fundamental de nossos jovens jogadores (as).

Mas algo de novo bate com precisão em todo esse processo de sedimentação do sistema único, numa reportagem do Globoesporte.globo.com em 04/12/2010, com o técnico Ruben Magnano, que percorre o país em busca de jovens talentos, para constituir uma seleção permanente de 15-18 anos, visando 2016, e que lá no penúltimo parágrafo discorre:

– “A estrutura deve ser maior para que mais meninos joguem basquete. A criação da Escola Nacional de Treinadores também foi um passo importante para que depois possam ser exigidos os resultados. A idéia é que as seleções de base joguem de forma parecida com a principal, respeitando a idade. Precisamos entender que um jogador de 30 anos está num estágio diferente de um de 16. Raulzinho (armador de 18 anos que foi ao Mundial da Turquia) foi em boa hora para a seleção. Esse trabalho aponta que temos meninos para o futuro”.

Ai está, os meninos devem jogar taticamente como os adultos, sedimentando o sistema único, e o trágico, até 2016!

Claro, que determinados fundamentos serão escalonados pelas exigências (?) das posições de 1 a 5, e não TODOS os fundamentos, como deveria ser, ainda mais numa preparação onde o domínio tático é prioritário, e não os fundamentos.

“Na América não conheço um projeto assim. Na Argentina, acompanhei o que foi feito de perto e não houve um tão estável, ficando o tempo todo concentrado no trabalho, disse o Magnano”.

Mas porque  na Argentina foi diferente? Ao desembarcar em Ezeiza com o título olímpico em mãos, a primeira manifestação do Magnano foi o agradecimento aos técnicos de formação de base que propiciaram a ele comandar a grande geração advinda do grande e perseverante trabalho daqueles técnicos dedicados e patriotas, sem os quais nada teria sido alcançado, trabalho aquele centrado prioritariamente nos fundamentos, seguindo a escola espanhola, irmã e ancestral.

E aqui em nosso continental país, quem são esses técnicos, como são ou serão acionados, como serão lembrados e formados, como?

Pela ENTB que se iniciou “formando” técnicos da elite em quatro dias?  Pelas clinicas cebebianas cujo conteúdo programático ai em cima expõe uma realidade injustificável?

O continuísmo administrativo na CBB gerou o continuísmo técnico tático impingido às nossas seleções desde a base, num moto contínuo inamovível ainda por um longo tempo, suficiente para nos levar ainda mais ladeira abaixo, pois capitania hereditária de uns poucos e apaniguados que se julgam detentores do conhecimento do grande jogo entre nós, e poderosos o suficiente para afastar quem ouse se antepor a seus princípios e domínios.

Que os deuses, em sua infinita paciência, nos ajudem.

Amém.

O DOMINGO PERFEITO DO PEDRO…

Chegamos na Arena ao final do jogo entre os argentinos pelo terceiro lugar, eu, o Pedro Rodrigues e o Laércio, vindos de uma peixada irrepreensível, e com o Pedro em estado de graça pela vitoria do seu Fluminense no nacional de futebol, bastando uma vitoria de seu Brasília para o êxtase absoluto, que transformaria o domingo em algo inesquecível.
Mas havia o jogo, contra um adversário temível, o Flamengo, defendendo seu titulo sul americano, e jogando em casa, abraçado a sua torcida, no meio da qual fomos nos instalar, cercados de famílias inteiras, muitas crianças, e uns imbecis vociferando palavrões e ofensas descabidas a juízes e adversários, num ambiente não futebolístico, do qual são originários, num flagrante e injustificável desrespeito a um publico majoritário que lá ocorreu para se divertir em paz e com educação.
Claro, que após o primeiro quarto mudamos de lugar, ainda mais pelo fato do Pedro não esconder para que lado torcia, mesmo que reservada e contidamente.
E o jogo, o que ocorreu de especial, de inédito, de marcante? Taticamente, nada, pois ambas atuavam no tradicional sistema único, com uma pequena diferença, o Flamengo se utilizando de dois armadores, que o fez movimentar a bola com grande rapidez, a tal ponto de concentrar sua eficiência pontuadora nos dois pontos, e não nos tradicionais arremessos de três, vencendo o quarto por 33 x 24.
E veio um segundo quarto arrasador do Brasília, ao concentrar seu poderio no perímetro interno, onde seus pivôs atuavam com desenvoltura, e com voltas rápidas de bola ao perímetro externo que deixavam Guilherme e Nezinho a vontade para os arremates de três, sem quaisquer anteposições, somada a uma defesa por zona eficiente, num 29 x 11 que prenunciava uma vitoria possível, reforçada pelas três faltas cometidas pelo Marcelo, atuando nitidamente nervoso.
No terceiro quarto, algo de inusitado ocorreu com o sistema tático do Brasília, pois não só neste quarto, como no último, o armador Nezinho atuou somente pelo lado direito da quadra de ataque, fato esse que o fez cair em varias dobras defensivas pela previsibilidade da ação, perdendo bolas e cometendo erros de fundamentos que levaram a equipe do Flamengo a uma reação significativa, quando também se utilizou da defesa por zona, no intuito de proteger o Marcelo da quarta falta, vencendo o quarto por 27 x 20. Foi nesse quarto que ambas as equipes praticamente alijaram seus pivôs da disputa interna, concentrando seus esforços ao bloqueio externo, que no caso do Flamengo, contou com a unilateralidade ofensiva do Nezinho numa situação tática inusitada e errônea.
O quarto final foi dividido entre duas tendências explicitas e bem definidas. Por um lado, a equipe rubro negra insistindo nos arremessos de três, vigiados e contestados fortemente pela defesa candanga, por outro, uma equipe atuando nitidamente pelos dois pontos, e mais ainda, pelo ponto a ponto que usufruíam pelas inúmeras oportunidades que tiveram em lances livres, originados pelo recurso em faltas pessoais por parte de seu adversário, nas tentativas de retomarem a posse de bola.
Pelas características do jogo, onde as defesas zonais ainda se situam como obstáculos de difícil transposição por equipes deste nível, e onde armadores mantêm uma excessiva posse de bola por atuarem sozinhos na posição, pois o outro armador, se em quadra, age mais como um ala, venceria o jogo aquela que dominasse um aspecto negligenciado pela maioria de nossas equipes, o aproveitamento efetivo da maioria de seus ataques, somente possível pela eficiência e precisão de seus arremessos, onde os curtos e de media distâncias superam estatisticamente os de longa e hoje estendida distancia.
Esse fator, se somado a uma defesa eficiente, torna a equipe muito mais habilitada às vitorias, como essa no sul americano.
Parabenizo a equipe de Brasília pela lídima e justa vitoria, assim como o Pedro, feliz e realizado, quando pode curtir um domingo perfeito.
Amém.

DRIBLANDO A MESMICE…

“Paulo, já vi que você não vem aqui na Arena. Se mudar de idéia me telefone, tenho um convite para a tribuna para você”( o amigo Pedro Rodrigues ontem ao telefone…).

Confesso ter inventado uma resposta, tal como o perigo que estaria correndo tendo de trafegar às 23 horas, numa cidade acuada pelo medo, ao voltar para casa, e coisas e tais. Mas a verdade verdadeira não foi expressamente dita, a de não agüentar mais assistir um jogo, vários jogos, estruturalmente fundamentados numa mesmice técnico tática irritante, arrepiante. E o Pedro deve ter compreendido, entendido minha ausência, conclusão lógica de nossas longas conversas pelos celulares da vida, recheando contas telefônicas bem fornidas.

Mas, como todo entusiasta em basquete, em desporto educacional e competitivo, exceto os “excepcionais e altamente educativos” campeonatos ( inclusive mundiais…) de Poker e MMA, vinculados impunemente por nossas mídias jornalísticas, ligo a TV e assisto os jogos deste sul americano de clubes, preocupado, profundamente preocupado, se na idade que estou, tenho o direito de desperdiçar um tempo precioso para analisar algo cujo grau de previsibilidade atinge o inenarrável.

Todas as equipes jogando iguais, TODAS, com  pequeníssimas adaptações nas formações iniciais, com a utilização de dois armadores (um deles substituindo um ala de formação), numa padronização formatada ao longo dos últimos 20 anos, variando um pouco também na velocidade de execução. E o incrível, com a novel adesão das equipes argentinas, apesar da inquestionável supremacia no domínio dos fundamentos que ostentaram nestes mesmos últimos 20 anos, agora comprometidos pela mesmice nebiana, pela utilização do sistema único de jogo, preocupados em seguirem os caminhos trilhados pelo Ginobili, Oberto e Scola, esquecendo que não jogaram dessa forma ao serem campeões olímpicos e vice mundiais.

Minha perplexidade aumenta mais ainda ao acompanhar jogos do campeonato brasileiro sub 17 em Santa Maria, veiculado pelo site Multiweb, no qual todas as equipes, TODAS, seguem o modelo padronizado e formatado pelas clinicas da CBB e pelos técnicos de nossas seleções de base e principal, e com um alarmante índice de erros de fundamentos, que beira ao inacreditável.

Enfim, perante um cenário de tal ordem, creio não ter o direito de me deslocar a uma deserta Arena, a preços extorsivos e correndo reais perigos no asfalto, agora freqüentado pela bandidagem do tráfico, para testemunhar algo que de olhos fechados posso relatar:

– O armador fulano gesticula um sinal, passa ao lado, corre para o fundo da quadra, ao mesmo tempo em que o ala (ou o armador improvisado) beltrano recebe um bloqueio do pivô sicrano fora do perímetro (agora acrescido de mais 50cm, tornando o afastamento do mesmo da zona de rebote mais crítico…), originando ou não um indefectível pick and roll, de defesa primaria se feita com atenção, ou a continuidade de mais passes visando os mais indefectíveis ainda arremessos de três, e nos limites dos 24seg, uma penetração afobada e desequilibrada, ações estas repetidas ad infinitum pelas duas equipes, quebradas em algumas situações de contra ataque, originadas pelas constantes falhas de nossos “especialistas” nos três pontos, ou nas primarias violações e erros crassos de fundamentos que cometem.

E como num moto contínuo de mediocridade explicita, segue o grande jogo sua via crucis, emblematicamente emoldurado pelo sistema único, pela panacéia a que nos condenaram assistir, situação por mim negada, pelo menos in loco.

Mas como professor e técnico de inabalável otimismo, ainda mantenho a tênue esperança de poder, um dia, testemunhar o desvanecimento dessa mesmice, para que tenhamos e usufruamos de dias melhores para o grande jogo.

Amém.

TERRIVEL JOGO, NUM ÁRIDO CENÁRIO…

Chego na Arena às 10:45, deserta, com 21 carros no estacionamento, na vastidão daquele estacionamento árido e descampado, ao custo de 15 reais, isso mesmo, 15 reais! Vou até a bilheteria, deserta, compro um ingresso para idoso, os mesmos 15 reais do estacionamento, surreal!

Adentro a enorme e colossal Arena, e… as fotos contam uma verdade dolorosa em pleno domingo, numa radiosa manhã de sol, praticamente deserta, com uma torcida diminuta orquestrada por um animador trajado a La NBA, e um DJ movido a batidão, onde a única música sugerida em nosso idioma foi o hino nacional, e mais nada que lembrasse nossa criativa e majestosa identidade musical. Cultura globalizada é isso ai, sem maiores dúvidas. Lamentável.

E o jogo meus deuses, o jogo!

Mas que jogo, se somente uma equipe se apresentou para o embate, não sendo certamente a equipe do Vitória, agora sem as desculpas do primeiro jogo na liga, quando perdeu de 53 pontos para o Pinheiros, de se apresentar com somente um de seus titulares, assessorado por juvenis, já que as inscrições dos demais não haviam se concretizado administrativamente.

Neste jogo, contra a equipe do Flamengo, lá estavam todos, exceto o armador Muñoz, assim como ausente estava o Duda por parte do anfitrião.

E o resultado? Derrota por 54 pontos, absurdos e inadmissíveis 54 pontos, por mais forte que fosse o adversário, pois ali se defrontavam equipes da elite do basquetebol nacional, e não juvenis imberbes.

E os porquês para tão acachapante derrota, se ambas as equipes jogaram sob um mesmo sistema de jogo, aquele tradicional, enraizado e granítico sistema único de jogo, onde as posições de 1 a 5 são padronizadas e possuídas como capitanias hereditárias por especializados jogadores e seus mentores técnicos? Isso mesmo caro leitor, pelo simples fato de nesse perverso sistema vencerá sempre aquela equipe que tiver os melhores jogadores em cada posição de 1 a 5, onde os confrontos 1 x 1 são um produto final para cada situação de jogo, durante o tempo em que for jogado, como mini jogos do 1 contra o 1 adversário, o 2 contra o 2, e sucessivamente até o 5 contra o 5, numa antítese do jogo coletivo, aquele resultante de uma equipe cujos jogadores dominam uma única posição, a 12.345! Mas isto é exigir demais do corporativismo implantado pela esmagadora maioria de nossos técnicos de ponta, com uma ou duas exceções, no seio dos quais a prancheta é a personagem principal de suas intervenções coreografadas.

E por conta dessa realidade, montam-se as equipes por nomes, por especialistas ( ou o que pensam ser…) de 1 a 5, restritos àquelas exigências padronizadas para cada posição, nas quais determinados fundamentos ( assim pensam em sua maioria…) podem ser relevados em comparação às demais posições, o que no frigir dos ovos determinam uma pobreza de domínio dos mesmos, que atingem limites inconcebíveis. Drible, fintas, passes, posicionamento defensivo, rebotes e arremessos, são negligenciados em função das posições que pretensamente imaginam dominar, tornando-se reféns daqueles mais bem preparados nas mesmíssimas posições.

Neste cenário, uma equipe que propugnasse o enfoque prioritário nos fundamentos, e o sucedâneo coletivismo advindo dos mesmos, já que um nivelamento técnico individual se faria sentir durante a preparação da mesma, através um sistema, qualquer um, que priorizasse a participação indistinta de todos os seus integrantes, numa forma democrática de jogar o grande jogo, sem dúvida alguma jamais se submeteria a derrotas de tal teor, jamais, fosse a equipe que fosse.

Enfim, foi uma manhã frustrante, num cenário árido e desprovido do calor humano, minimamente representado ante o gigantismo daquela Arena, onde o valor do meu ingresso foi o mesmo para estacionar o carro, numa prova de que muito ainda nos falta para atingirmos metas mais ambiciosas.

Quanto ao jogo, a mim valeu mais pelo reencontro com alguns atletas que dirigi, com o Washington e o Marcos, assistente e fisioterapeuta respectivamente, e a entrega pelo DeJesus de minha mala que havia ficado em Vitoria desde março. Foi um ótimo reencontro, mas um jogo para esquecer.

Amém.

Clique nas fotos para ampliá-las.

A MESMICE ENDÊMICA…

Inicio de jogo, e em quatro ataques sucessivos da equipe de Brasília algo me grudou na tela, pois ali se esboçava um autêntico sistema de dois armadores e três pivôs móveis, com movimentação interna de grande intensidade, permitindo aos armadores uma seleção de passes que culminavam em arremessos de curta e média distâncias eficientes e precisos, todos executados pelos pivôs de ofício, Lucas Tischer e Cipriano, e os de ocasião, Guilherme e Artur. Não atoa foi o Alex o recordista de assistências na rodada.

E tão rápido como foi estabelecida essa forma de atacar, foi a mudança para o sistema tradicional, que mesmo assim continuou a servir o Tischer com bolas bem aproveitadas por ele.

E mais rápida ainda o abandono das jogadas armadas, substituídas pelos contra ataques e o esquecimento do jogo com os pivôs até o fim da partida, numa resolução tática que cobrou um alto preço a toda a equipe e espelhado no resultado final negativo, frustrando minha expectativa de ver algo de novo solidificado em nossas quadras, como essa fugaz volta ao jogo interior.

Do outro lado uma equipe francana decididamente atuando sob dupla armação, por todo o tempo, priorizando a velocidade e o jogo de penetrações e arremessos de três pontos, que nem mesmo a enxurrada de bolas de três do Nezinho conseguiu reverter um resultado, até certo ponto justo, ante tais e enigmáticas opções candangas.

E no tocante ao Nezinho, verdadeiramente absurda sua liberdade de ações em arremessos longos, com os pés praticamente no solo, e com uma angulação de tiro baixa e tensa, facilmente bloqueável, claro, se marcado de perto, fator este, que se bem aplicado, facilitaria  uma vitoria mais elástica, sem necessidade de um tempo extra.

Enfim, se a equipe brasiliense somente se utilizou de um sistema de ataque que a derrotou no NBB2, mesmo sendo a campeã em seu final, como um teste prático para futura utilização, provou a eficiência do mesmo, e a plausibilidade de sua utilização, mesmo por parte de jogadores conhecidos por suas predominâncias individuais e pouco afeitos ao coletivo puro e simples. Com três pivôs experientes, como Tischer,  Alirio, e Cipriano, além de Guilherme e ocasionalmente Alex e Artur, estarão  perfeitamente equipados para mudar sua estrutura tática, que se situaria num patamar mais eficiente se pudessem contar com mais um armador de qualidade em sua formação definitiva.

Para um inicio de liga, um jogo entre essas duas equipes que tênuamente ensaiam mudanças importantes em suas formas de jogar, contrasta com a mais absoluta mesmice das demais, em suas frenéticas buscas de melhores jogadores nas posições 1, 2, 3, 4 e 5, como exige o figurino prét a porter implantado entre nós a longos e penosos anos, além, mais do que claro, da continuidade da hemorragia dos arremessos de três, mesmo com o acréscimo de 50 cm na distância para sua execução, o que aumentou na mesma proporção a preguiça dos defensores em ir lá para evitá-los, numa estúpida negativa em trocá-los pelos de dois, somada a omissão de técnicos perante tal escolha de seus comandados, e o aberto incentivo da mídia televisiva no apoio aos mesmos.

Infelizmente, as mudanças técnico táticas ainda demorarão muito a acontecer em nosso basquete, refém de um corporativismo absolutamente seguro de seu poder impositivo e coercitivo, principalmente contra toda tentativa de radicais inovações, que possam expor sua fragilidade formativa e executiva. Essa é a lei.

Amém.

CONTINUAMOS…

Quando em fevereiro desse ano assumi a direção de uma equipe da LNB, para o returno do NBB2, tive de fazer uma opção bastante significativa em minha rotina de vida, orientada ao estudo, e ao blog criado em 2004.

Inicialmente a mudança de cidade e todas as implicações logísticas inerentes à mesma, não fosse eu aposentado do magistério superior, e já estando na casa dos 70 anos, e segundo, a forma como manteria a essência do blog estando na direção prática de uma equipe de alta competição.

Creio ter solucionado os impasses de uma forma bastante pragmática, instalando-me em um hotel, onde o aspecto “administração de uma casa” seria minimizado, e estabelecendo um diário no blog sobre as etapas de treinamento e jogos que passei a enfrentar no dia a dia da competição, e que foi bastante consultado e discutido, principalmente pelos jovens técnicos do país.

Terminada a competição, iniciei um tempo de espera, a fim de dar continuidade, ou não, ao trabalho implantado na equipe, situação essa que dependia exclusivamente da direção da mesma, na busca de patrocínios que a viabilizasse para a temporada a seguir. E durante a angustiante espera me posicionei em um artigo que desnudava toda uma situação de fato, mas não de direito, onde a realidade do nosso basquete se fazia presente com todo o seu desnível sócio esportivo. “Me dei um tempo… foi o artigo em questão, cujo último parágrafo expunha com clareza o processo de indefinição que se fez presente na continuidade da equipe, que acabou sendo liquidada, pelo menos quanto ao processo técnico tático que propus, treinei e a fiz atuar nos 11 jogos finais da temporada.

Hoje, definitivamente fora das quadras de jogos da LNB, por uma disposição injusta e discriminatória, onde o se provar competente e atualizado é fator desqualificante e de somenos importância, ante o poder inamovível de um corporativismo descabido e retrógado,  advindo de fora das quadras, volto aos cânones que sacramentaram a criação deste humilde blog, onde a discussão básica, transparente e responsável, propugna, como desde sempre, o possível soerguimento do grande jogo em nosso país.

Portanto, e após um segundo tempo reflexivo, volto à trincheira desobrigado das funções de técnico atuante, não menos compromissado com as análises, criticas e sugestões que sempre habitaram esse espaço, sempre contando com o apoio, as criticas e sugestões dos muitos jovens técnicos, alguns velhos técnicos e poucos jornalistas e aficionados, presentes nos comentários abertos e democráticos, continuando o caminho traçado desde setembro de 2004.

Muitos assuntos pairam no ar, alguns sequer intocados pela mídia, pelo público em geral, mas repletos de importância e de significados.

Continuamos na teimosa e constrangedora forma de preparo de nossas jovens seleções, onde perder sistematicamente para os argentinos já se tornou um hábito endêmico, quando deveria ser um parâmetro de mudanças e conceitos, e de responsáveis também.

Continuamos a minimizar o ensino dos fundamentos, assunto de uma infinidade de matérias aqui publicadas e discutidas, que bem sei ser domínio de muito poucos excelentes técnicos que possuímos, NENHUM deles responsáveis por quaisquer seleções de base brasileiras, e cujos princípios já extrapolam de modalidades, haja vista o excelente artigo- O erro está na base-  do jornalista Fernando Calazans no Globo de hoje (2/11/2010), que o encerra desta forma – “O remédio, não só para o Flamengo mas para todo o futebol brasileiro, está na base. Está nos meninos de 10, 11, 12 anos que, em vez de terem aulas de tática com os “professores pardais” da categoria, precisam aprender primeiro a lidar com a bola, a dominar, driblar e passar como por exemplo Conca, Montillo, D’Alessandro e outros… argentinos.”  E como pululam pardais em nosso basquete…

Continuamos a mesmice técnico tática que nos esmaga a duas décadas, como um pacto adjeto ao que de pior pode nos referenciar perante a comunidade internacional, depurando sem dó nem piedade qualquer tentativa de “diferenciação”, mesmo que partindo de um insignificante lanterna da liga dirigido por um excêntrico de plantão, mas que poderia deixar de sê-los na continuidade da agora esmagada tentativa. Se pura maldade, ou abjeta burrice, que julguem os entendidos…

Continuamos, enfim, a administrar sofregamente as vultosas e bilionárias verbas que se avizinham a 2014 e 16, todas elas comprometidas com os negócios, da industria ao turismo, nas mãos dos apaniguados e dos chupins dos poderosos, onde a menção de termos como, educação integral, democrática  e de boa qualidade, preparo e aperfeiçoamento de jovens atletas, pagamento justo e meritório de professores e técnicos, se tornam impublicáveis em seus projetos megalômanos e anti patrióticos, já que excluem a verdadeira riqueza de um país que pretende se alçar e ombrear com as nações desenvolvidas do mundo, seus jovens, esquecidos e criminosamente abandonados.

Continuamos assim, a luta que sei ser sem fim, até quando os deuses permitirem.

Amém.

OBS- Clique na foto para ampliá-la.

UMA SUTILEZA DO DESTINO…

  • Washington Jovem Alexandre. Ontem

Professor,

Agradeço por ter participado desse trabalho que o Senhor implantou aqui com a equipe do Saldanha da Gama, trabalho esse que levei para as categorias de base do clube, ensinando aos meninos uma nova forma de jogo, que a principio acharam estranho, mas, após a adaptação entenderam a forma de jogar. Hoje as equipes de base do clube jogam um basquete diferenciado, buscando a pontuação de 2 em 2 como o Senhor dizia sempre, e com muita “sutileza”, palavra essa que ficou gravada em minha memória. Obrigado pela experiência vivida, e pelo aprendizado que foi de muita valia para mim. Hoje essa forma de jogar é conhecida entre os meninos como sistema ” Paulo Murilo”. Um abraço e mais uma vez o meu muito obrigado professor. Do seu assistente técnico Washington Jovem

Recebi ontem esse comentário sobre o artigo “26/02/2010 – UMA DATA PARA RECORDAR…, do meu assistente técnico, e responsável pelas categorias de base do Saldanha da Gama, Prof. Washington Jovem, que me deixou imensamente feliz, pois reflete com exatidão o impacto positivo de um bom trabalho numa divisão principal, e sua estratégica influência nas divisões de base de uma modalidade de técnica refinada como o basquetebol. E se essa divisão principal pautar sua preparação básica nos fundamentos do jogo, mais ainda essa influência se caracterizará, pois estará exequibilizando todas as necessidades técnicas exigidas num sistema de jogo diferenciado pela participação equânime de todos os integrantes da equipe, dos armadores aos pivôs, onde as oportunidades técnico táticas são comuns a todos, num exemplo ímpar para os jovens que se iniciam.

O Washington foi um grande jogador no Espírito Santo, marcador implacável, e pontuador de primeira, e realiza um ótimo trabalho nas divisões de base do Saldanha, movimentando muitos jovens capixabas. Com essas credenciais, o diretor daquela que foi a franquia CECRE/Saldanha, Dr. Alarico Lima, me indicou o seu nome para assistir-me na direção da equipe principal, naqueles 49 dias que duraram nossa participação no NBB2, cuja história já foi amplamente discutida aqui no blog.

Creio ter custado um pouco ao Washington, dada às suas características combativas, captar meu aparente distanciamento naqueles momentos cruciais de uma partida tensa e disputada ponto a ponto, onde as tensões beiram a ruptura, onde equilíbrio e desequilíbrio compactuam um mesmo e tênue fio condutor, onde um erro, por simples que seja, fará pender o fiel da balança para um dos lados. Mas acredito o ter induzido a um raciocínio que prima pela lógica, o de que um jogo deve ser mental e meticulosamente metrificado em seus três quartos iniciais, a fim de que no quarto final o mesmo possa vir a fluir, lastreado por reservas técnicas, físicas e emocionais, acumuladas parcimoniosamente naqueles indefinidos e decisivos quartos.

E juntos pudemos testemunhar pequenas grandes conquistas, onde o duro trabalho e os sacrifícios conduziram aquela humilde equipe a um patamar respeitado e agora, pelas mãos do Washington, continuado.

Exatamente pela continuidade junto aos jovens daquele trabalho, creio ser eu a agradecer. Obrigado Washington,  seja feliz e vitorioso, você merece.

Amém.

PS- Foto de um treino de fundamentos com o Washington ao meu lado. Clique na foto duas vezes para ampliá-la.