O ÓTIMO E OPORTUNO NARRADOR CHINÊS…

Foi muito trabalhoso encontrar imagens dos jogos na China, mas conseguimos em parte, com os melhores momentos do jogo contra a Itália, e o jogo completo contra a Sérvia, e com ótimos bônus, pois nos livramos da gritaria apoplética de nossos narradores, e comentários ufanistas da turma que teima em apresentar um jogo que somente eles vêem, ante a simplicidade comedida de um chinês tradicional…

Num cenário em que “estando livre , chuta”, numa equipe em que praticamente “todos” se consideram especialistas, pouco ou nada sobra para ações coletivistas…
E os italianos não ficam atrás nessa escolha, com uma diferença, tem especialistas pontuais e melhores…

Porém, nada mudou, a não ser a definição para a nossa seleção do que venha a ser atuar em dupla armação, e mais, definir um jogo consistente dentro do perímetro, falha que vem se mantendo por demasiado tempo, afogada pelo tsunami dos arremessos de três, cada vez mais presentes nas competições de que participamos a um longo e tenebroso tempo, e que deveríamos exorcizar de vez para realmente melhorarmos…

Dupla armação bem definida, com três homens altos, esguios e rápidos, faltando somente o fator sistêmico que os façam jogar como uma verdadeira equipe, e não um bando…
O jogo interno, eficiente e repetido dos sérvios, onde a chutação de três é um fator complementar, nunca prioritário…

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As transmissões chinesas não postaram as estatísticas de fim de jogo, as quais não consegui acessar em nenhum blog especializado, mas que me deixaram convicto de que a chutação nunca foi tão presente como agora, e que cada vez mais abandonamos a prioridade do jogo interno, abre te sésamo no enfrentamento das grandes equipes estrangeiras, exatamente pelo poderio das mesmas nesta zona da quadra, onde rebotes importantes e estratégicos deixam de ser conquistados pela aridez presencial de nossos gigantes naquele precioso terreno, tanto atacando, como contra atacando, sim turma, rebote ofensivo é contra ataque, ou não?…

Uma tentativa solitária do Yago ante uma defesa monstruosa, e sem apoio dos demais integrantes da equipe, postados que estão para o arremesso de três…
É até covardia, pois isso não é basquetebol adulto, parecendo mais infantil, carecendo dos fundamentos básicos para jogá-lo dignmente…
Dois dos cinco armadores da seleção, cada um com uma característica pessoal de jogo, porém armadores de raiz, faltando somente quem os direcione de encontro ao coletivo, à cumplicidade, à criatividade, ao improviso consciente…

Mas o que fazer se a turma de fora autoriza e incentiva a queimar tudo “estando livre”, seguindo orientações fundamentadas em um sistema padronizado e formatado desde sempre, não, desde que um determinado grupo corporativo assumiu o destino técnico, tático e formativo do grande jogo neste imenso, desigual e injusto país. Dificilmente sairemos desse nó górdio que nos asfixia, lenta e gradualmente a cada competição internacional, fruto direto da nossa claudicante formação de base, inócua e equivocada, tendo como espelho uma divisão adulta mais equivocada ainda, assim como sua liderança, a tal onde as pranchetas falam…

Sábado agora a seleção inicia sua trajetória no mundial, desajustada em sua concepção de jogo no perímetro externo, e mais desajustada ainda no interno, e já nem mais toco no aspecto defensivo, onde estabeleceu-se o principio de que se falharmos atrás, compensamos lá na frente, pois não se tornou mistério para ninguém que possuímos os melhores arremessadores de três do planeta, todos pretensos especialistas, dos armadores aos pivôs, passando pelos alas, e quem sabe o mordomo também, mas para defender…

Prevejo sérios problemas, pois na amostragem pública nestes amistosos, nem tão amistosos assim, fica razoavelmente fácil estabelecer pontos defensivos visando uma efetiva contestação às bolinhas, chegada mais forte e radical nos armadores que se isolam, se perdendo em dribles desnecessários, onde uma dupla armação bem esquematizada jamais deixaria tais assédios acontecerem, e uma inteligente e óbvia ação no enfrentamento defensivo frontal dos pivôs, sempre isolados quando acionados, tendo como movimento básico os passes para fora do perímetro para os lançamentos da turma completamente aberta em seus locais preferenciais ou induzidos para a matança redentora…

Ora, trata-se de uma atitude cujo primarismo espanta até mesmo quem não conhece bem o grande jogo, pois rouba do mesmo a possibilidade do jogo coletivo, não aquele de intermináveis passes mais um, no intuito de obtenção de espaço para arremessos, quase sempre sem posicionamento efetivo para os possíveis rebotes, mas sim aquele em que a movimentação sincronizada, ou mesmo assíncrona de todos os atacantes, fora e dentro do perímetro, obrigando a movimentação permanente dos defensores, propicie lançamentos de curta e média distâncias, mais efetivos percentualmente, assim como obtenção de espaços suficientes para passes curtos em cruzamentos, corta luzes e bloqueios próximos a cesta, permitindo  pontuação de 2 em 2, e muitas vezes de 1 em 1, pelas largas possibilidades dos defensores cometerem muito mais faltas pessoais, do que tentando contestar longos arremessos ou se antepondo a um solitário atacante dentro de sua cozinha, reservando como atitude complementar as bolas de três, pelas mãos de seus poucos especialistas, e não uma equipe inteira…

Enfim, atuar num sistema 2-3 de ataque não se trata de escalar jogadores nesta formação, e sim ensiná-los, treiná-los e prepará-los para se ajustarem dinâmica e pontualmente no campo ofensivo, numa constante e envolvente movimentação, permanentemente ligada ao comportamento do adversário, numa leitura de jogo eficiente, cujas situações jamais se repetem, pois sistemas ofensivos eficientes não são aqueles que dão certo em sua movimentação básica, e sim quando provocam reações, que quanto mais previsíveis forem melhor se situará o sistema, o bom sistema, o qual em hipótese alguma poderá se submeter a “criações” de prancheta, espelho refletivo de estrategistas que se repetem ad infinitum  no seu estratificado discurso mercadológico, que se perde ante o realismo da fraqueza de jogadores no pleno domínio dos fundamentos básicos, sem os quais sistema algum obterá pleno sucesso, apesar de serem talentosos e fisicamente capazes…

Temos cinco bons armadores, que deveriam agir em sincronia e ajuda permanente fora do perímetro, alas bem altos e velozes, podendo trafegar com desenvoltura dentro do perímetro, em apoio aos também bons pivôs que possuímos, mas que infelizmente atuam como vasos não comunicantes, ocupando todos áreas predeterminadas, como os corner players por exemplo, quando poderiam estar jogando sem a bola, do lado ou em oposição a mesma na quadra, deslocando defensores, que por estarem em movimento podem ser superados mais facilmente, até mesmo aqueles que marcam o pivô frontalmente, mas com todos focados na cesta, indo de encontro a ela, e não se perdendo em passes de contorno, ou em dribles exibicionistas sem objetivo algum…

Bem sei que tais comportamentos são difíceis de obter, mas que deveriam ser perseguidos estoicamente por toda comissão técnica que entendesse profundamente do grande jogo, o que acredito seriamente não ser o caso das atuais que se responsabilizam pelas seleções nacionais, todas elas, que se encontram sob o domínio de uma sistemática técnico tática, onde o preparo físico “ciêntífico” se sobrepõe ao preparo fundamental e técnico, quando apresentamos equipes que correm desabaladamente, saltam a estratosfera, e trombam como carretas de 40 toneladas, porém falhando no manejo de sua ferramenta de trabalho, a bola…

Precisamos ensinar, treinar e formar equipes com jogadores de verdade, fundamentalmente capazes, taticamente preparados e acima de tudo, sabedores dos caminhos e descaminhos que sempre encontrarão dentro de uma quadra, seja de treino, seja de jogo. Para tanto precisamos urgentemente preparar melhores professores, técnicos, e por que não dirigentes, que ao menos gostem de basquetebol, e não o que podem alcançar política e economicamente com ele…

Vou torcer para que façamos um bom mundial, honesta e sinceramente, mas jamais me iludindo com caras e bocas ao lado da quadra e pranchetas que falam…

Em tempo – Não toquei em sistema defensivo para não me situar na mesmice modal que nos aflige. Creio que já escrevi muito sobre ela, está tudo aqui neste humilde blog.

Amém.

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“O BASQUETEBOL QUE VOCÊ NUNCA VIU”…

Caros amigos, eis-me de volta após um breve recesso, no qual estive tratando de reformular um repaginado Basquete Brasil-(paulomurilo.com), pioneiro da marca, em ação constante e ininterruptamente postado ao longo dos últimos 18 anos, na firme disposição de outros tantos anos de luta nessa humilde trincheira, democrático e ético espaço a serviço do grande, grandíssimo jogo…

Em novembro próximo inauguraremos o novo formato do blog, onde o espaço didático-pedagógico estará ampliado em texto e imagem, assim como contará com a colaboração de professores e técnicos capacitados nos campos desportivos e acadêmicos, compondo uma equipe de qualidade comprovada nos mesmos…

Enquanto isso, iremos postando os artigos técnicos, que desde sempre contaram com a audiência de todos aqueles que amam o grande jogo, de verdade.     

A seleção masculina, que se prepara para o Mundial, venceu um torneio preparatório na Austrália, vencendo o Sudão do Sul, a Venezuela, e os donos da casa, partida a que pude assistir, num horário nada convidativo, 4:30 da madrugada desta quarta feira, mas que, pelo caráter de seriedade como foi disputada, merece uma análise precisa e responsável, fatores que levo na mais alta consideração, ainda mais quando se tratando da seleção principal do país…

Como de praxe, cinco abertos…

De saída vamos aos números finais da partida:

                                    Brasil  90  x   86   Austrália

                  (51%)  17/33               2              21/39  (53%)

                  (45%)  16/35               3                9/34  (26%)

                  (72%)    8/11               LL             17/24  (70%)

                                   36              R               45

                                     9              E                 9

Como vemos, ambas as equipes convergiram nos arremessos, com a brasileira arremessando mais de 3 pontos do que de 2, num medíocre cenário de 25/69 (52%) nos 2 pontos, e 38/72 (36.2%) nos 3 pontos por sobre defesas pouco contestadoras, e um jogo interno morno, pois, no caso brasileiro 8/12 jogadores tentaram os 3 pontos, 9/12 os de 2, e 6/12 os lances livres, com percentagens muito abaixo do correto para equipes desse nível, corroborando o princípio de que praticamente quase toda a equipe é autorizada a chutar de 3, indistintamente, seja em que posição atuar cada jogador, numa tácita e absoluta certeza por parte da comissão técnica de que essa é a norma básica para a equipe, não fossem os integrantes da mesma os maiores incentivadores dessa tendência em suas próprias equipes nas competições nacionais. Nossas últimas seleções refletem esses princípios emanados de um grupo que, no comando das mesmas, convocam, treinam e incentivam jogadores na consecução desse projeto absurdo e arriscado, pois se apega caninamente a uma certeza de que somente venceremos se jogarmos fora do perímetro, com cinco abertos, promovendo penetrações que finalizam em passes de dentro para fora do mesmo, a fim de que os arremessos externos possam ser realizados permanentemente, e eventualmente acionando pivôs que estiverem mais próximos à cesta, aliviando um pouco sua função utilitária de apanhadores de rebotes das bolinhas mal endereçadas por convenientemente contestadas…

Chute de três contestado…
Chute de três livre…

Que serão, quando a bola subir no mundial, com o objetivo primordial de toda equipe que nos enfrentar, contestar energicamente a chutação de fora, obrigando as penetrações,onde armadores de baixa estatura enfrentarão sérios problemas, se não forem apoiados permanentemente, daí a dupla armação, que vem sendo utilizada nos últimos jogos, numa evolução técnico tático de imensurável valor…

No entanto, falta-nos aprimorar, reverter mesmo o jogo interno, com a participação presencial de no mínimo dois pivôs, diria mesmo alas pivôs, em contínuo deslocamento interior, provocando o deslocamento, também permanente, dos defensores na área pintada, propiciando arremessos curtos e médios com porcentagem bem mais elevadas que as notórias bolinhas…

Jogo interno mais frequente, o que nos falta…
É uma comissão que abraçou o “chega e chuta” com fervor…

Claro que atuar com três alas pivôs seria exigir demais de uma turma que somente professa a máxima do ”estando livre, chuta”, independendo de como e quando, no que se tornou hábito nas inacreditáveis peladas a que temos assistido, rotuladas do “basquetebol que você nunca viu””, que garanto ser a mais pura verdade, frente ao basquetebol que jogavamos com excelência num ontem não tão distante assim, sepultado e esquecido por um colonizado corporativismo, movido a Q.I.s politicos e retrógrados…

Vejo com desconfiança nossa participação neste mundial, e mesmo numa classificação olímpica, pois teimamos em nos manter escravos de uma mesmice endêmica que nos esmaga, tolhendo os sonhos dos parcos talentos que também teimam em existir, neste deserto de idéias, criatividade e improvisação responsável, cedendo espaço vital a irresponsabilidade planejada do “jogo aberto”, da “chutação irracional” , e a minimização do ensino e exigência dos fundamentos básicos do grande jogo na base…

Quem sabe os deuses se apiedem de nós.

Amém.

Fotos – Reproduções da TV. Clique duplamente nas mesmas para ampliá-las.

FICOU FALTANDO ALGUMA COISA?…

Enfim, o governo regularizou o comércio de apostas desportivas no país, com regras e exigências bem estabelecidas, conforme a matéria ontem publicada no O Globo. No entanto, em seu rol de exigências, parece que ficou faltando, talvez a mais importante, aquela que proibiria que as empresas proprietárias do generoso e milionário negócio, patrocinasse todos aqueles envolvidos no processo, conforme uma das exigências publicadas, mas que omite exatamente o patrocínio master dos mesmos, não fossem todos os clubes, menos um, da Liga de Futebol Profissional, assim como a Liga Nacional de Basquetebol, patrocinados por empresas de apostas, num típico caso de uma raposa cuidando e vigiando um polpudo e promissor galinheiro…                       Teremos grandes problemas pela frente, e infelizmente, no âmbito do desporto nacional, tão necessitado de ajuda competente e profissional, e não de contumazes apostadores, ainda mais aboletados nas sedes desportivas…

Amém.

Foto – Reprodução do Jornal O Globo. Clique duplamente na mesma para ampliá-la. 

ANATOMIA DE UM ARREMESSO VII…

Desde sua publicação neste blog, a série Anatomia de um Arremesso com seus seis capítulos, tem sido dos mais visitados, e somente superados pelo artigo- O que todo pivô deveria saber I, campeão absoluto neste humilde blog. Sem dúvida alguma, os artigos técnicos, sempre priorizaram a escolha dos leitores, principalmente quanto aos fundamentos básicos e sistemas de jogo, tanto os defensivos, como os ofensivos, numa sede de conhecimentos que abasteceram com alguns milhares de comentários os 1661 artigos publicados desde 2004, neste insistente e longevo Basquete Brasil (paulomurilo.com)…

Função básica do Basquete Brasil, informar, esclarecer, ensinar…

Na data de hoje publico o sétimo capítulo da série Anatomia, ao analisarmos a incrível performance da jogadora Ionescu, na disputa de arremessos de três, no Jogo das Estrelas da liga WNBA, vencida por ela de uma forma absolutamente magistral. Vale muita a pena observarmos, analisarmos e comentarmos tal feito, pois em muito comprova o quase perfeito domínio das  técnicas que envolvem tão complexo fundamento, à luz dos muitos estudos e exemplos que desenvolvi, testei e publiquei, como uma tese de doutorado, defendida em 1992, na FMH/UTL de Portugal intitulada – “Estudo sobre um efetivo controle de direção do arremesso com uma das mãos no basquetebol”, que se mantém atual, e que até o momento não sofreu qualquer estudo contestatório no ambiente acadêmico e científico, tanto aqui, como fora do país…

Comecemos assistindo a bela apresentação da Ionescu –

Apreciem com muita atenção seus 27 arremessos, na execução, nos detalhes, na concepção técnica de todos seus refinados e precisos movimentos.

Muito bem, se possível voltemos a assistir, algumas vezes, afinando o olhar para os sutis detalhes que envolvem as precisas execuções, repetidas execuções, onde os movimentos, se superpostos possíveis fossem, atestariamos que pouco diferem entre si, tal o domínio postural, rítmico, e principalmente direcional, exercidos sobre a bola pela magistral executora, muito próxima da perfeição motora, em 27 tentativas, com somente duas perdas, que mesmo assim tocaram no aro de uma forma semelhante…

A seguir discorreremos sobre os detalhes de seus arremessos, através fotos obtidas do vídeo original, onde poderemos tecer fundamentados comentários sobre encaixes e pegas específicas para esse tipo de arremesso, onde a precisão direcional rege toda a movimentação em torno de um artefato de difícil manuseio, a bola…

Das 27 séries de arremesso, escolhemos aleatoriamente 3 com bolas de coloração laranja, branca e preta, que compunham  o material de lançamentos em diversos pontos das zonas fora do perímetro:

  • Importante observar as descrições de cada fotograma.
A pega inicial com a determinação dos três dedos centrais firmemente sobre a bola, deixando para os dedos polegar e mínimo o controle (por projeção) do correlato direcionamento do eixo diametral girando inversamente no lançamento.
O toque final executado pelos três dedos centrais impulsionando a bola, ação esta que será mais efetiva se os mesmos estiverem em linha sobre a bola, mesmo que para isso tenha o dedo central que se flexionar para isto ocorrer.
O momento final, onde o perfeito alinhamento dos dedos denuncia com a mais absoluta clareza o dominio do eixo diametral da bola em sua precisa trajetória.

Muita atenção a três pormenores que antecedem os lançamentos, e mais um que os finalizam, não esquecendo jamais que o contato final do(s) dedo(s) na bola sempre será o fator determinante no sucesso das tentativas, pelo determinismo final e crítico acerca da aplicação de força, consequente rotação inversa e direcionamento controlado da bola, girando em torno de um eixo diametral naquele último contato, onde os dedos polegar e mínimo definem e o mantém (por projeção) paralelo ao nível do aro da cesta, e os demais aplicam numa ação pronatória de força, e consequente rotação inversa, um preciso controle direcional que, ao manter o eixo em paralelo ao aro e equidistante dos bordos do mesmo, obterá o perfeito direcionamento e alinhamento do arremesso, complementado pelo ângulo de soltura (trajetória) e demais elementos que compõem a mecânica corporal e muscular, que são, fatores de alta importância, porém não determinantes  sem o controle direcional do arremesso (importante rever os artigos anteriores da série, para um mais completo entendimento sobre este complexo fundamento)…

A forte aceleração (distorcendo a imagem) provocada pela pronação dos dedos centrais na bola, originando sua rotação inversa em torno de um eixo, controlado pelos dois dedos laterais. Notar a retração do dedo médio, alinhando-o aos anelar e indicador.
Ação idêntica ampliada pela coloração clara da bola, que pode (e deve ) ser revista em todos os lançamentos efetuados.

Sempre será importante lembrar um elemento análogo descrito num dos artigos da série, que assim justifica a pega descrita, como um pequeno giroscópio que compõe o sofisticado equipamento de um gigantesco foguete Titan, que simplesmente se desgovernará se o mesmo falhar.

Espero que este capítulo gere outros mais, a fim de que possamos desenvolver melhores e mais extensos estudos, exercícios, e mesmo didáticas bem mais extensíveis das que conhecemos hoje, a fim de aprimorarmos este, que é o mais complexo dos fundamentos básicos do grande jogo, os arremessos.

Amém.

Fotos – Reproduções da TV salvas no YouTube. Clique duplamente nas mesmas para ampliá-las.

Clique nas palavras em negrito para acessar os artigos propostos

QUE (OU FALTA DE) VERGONHA !…

Uma comissão experiente (?)

Por hábito, curiosidade, ou mesmo por obrigação funcional, me vejo perante um ecran de computador testemunhando um terrível jogo de basquetebol feminino no mundial sub 19, entre nossa seleção e o Canadá, numa quarta partida em que perdemos as anteriores com significativas diferenças de, 26 pontos para a Lituânia, 19 para o Japão, e 10 para a Itália, porém nada comparadas aos 44 pontos na acachapante derrota para a razoável equipe canadense, numa clara evidência de nossa absoluta fraqueza na formação de base, aqui bem representada por uma comissão técnica (?), que somadas suas experiências diretivas, formativas e didático pedagógicas na formação de jogadoras, não perfazem nem um terço do conhecimento de qualquer professor e técnico experiente no grande jogo e no processo educativo do mesmo junto aos jovens, existentes e atuantes neste imenso, desigual e injusto país, alijados desse estratégico processo, afastados e esquecidos por força de um imenso e cruel corporativismo existente na proteção de um núcleo onde impera absoluto o Q.I., formatado e padronizado em suas escolhas de cunho político e econômico, cujos resultados mergulham o grande jogo cada vez mais fundo, num poço por ele mesmo escavado, numa autofagia institucionalizada e terminal…

Ter sido uma boa praticante, não determina ser técnica nacional

Assistindo o jogo, nos deparamos com uma realidade que raia o absurdo, pois temos enviado seleções nacionais com componentes dentro e fora das quadras majoritariamente pertencentes a um único estado, praticando um só sistema de jogo, defendendo pífiamente, ou mesmo não defendendo, atacando aleatoriamente, arremessando de três pontos sem sequer dominar os de dois pontos, inclusive simplórias bandejas, e o pior, desconhecendo quase completamente seu instrumento de trabalho, a bola…

Pouco domínio da bola, uma falha lamentável na formação de base

No entanto, apesar do sobrepeso incidindo em mais da metade dos componentes de cada equipe enviada, gabam-se os preparadores físicos de que correm mais velozmente, saltam cada vez mais alto, e trombam com a ferocidade e pujança de uma desenfreada locomotiva, quando precisamos somente de jovens que saibam, amem e se doem ao grande, grandíssimo jogo de suas vidas, simples assim…

Olhando o placar não dá para acreditar…

Uma simplicidade que precisa ser retomada, a de ensinarmos os jovens a jogar, dando aos mesmos conhecimentos profundos dos fundamentos básicos, individuais e coletivos, fator que os farão conhecedores das técnicas que hoje desconhecem, covardemente afastados de um conhecimento que deveria ser de todos, enquanto que muitos fajutos líderes enriquecem seus currículos profissionais, por conta dos parcos esforços de “peças” intercambiáveis, substituídas a cada temporada cessante, num carrossel de perdas talentosas, porém necessárias ao status quo existente…

Nossas seleções de base não sabem arremessar, é um inquestionável fato…

Uma seleção sub 19, porta de entrada as divisões superiores, não pode cometer 83 erros de fundamentos em quatro jogos, com média de 20.7 por jogo, arremessar 12/77 (15,5%) bolas de 3 pontos, 50/164 (30,4%) de 2, e 48/86 (55,8%) nos lances livres, simplesmente não podem!!!

Mas estão podendo, e como, nas últimas e longas três décadas, desde que os votos necessários para a derrubada do saudoso Renato Brito Cunha do comando da CBB, em troca do controle  técnico da entidade, retiraram do Rio, sede da mesma, o centralismo democratico que levou o basquetebol nacional aos três campeonatos mundiais, e a três medalhas olímpicas, nunca mais repetidas. De lá para cá só pan-americanos, que nem mais classificam para as olimpíadas, não devemos esquecer…

Temos pela frente o mundial masculino, e desde já prevejo problemas, pois o receituário existente está mais presente do que nunca, adocicado pelo tsunami das bolas de três, oratório fervoroso da douta comissão, que sendo do conhecimento geral, em nada nos surpreenderá, ou não?

Que os magnânimos e pacientes deuses nos ajudem.

Amém. 

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COMO ESTAMOS?…

Vitória que pode alavancar a retomada do basquetebol feminino no pais.

Inicialmente peço desculpas aos poucos leitores deste humilde blog pela ausência nestas duas semanas de intensa atividade basquetebolista, inclusive com a competição Americup feminina, onde a seleção brasileira se sagrou campeã invicta, a quem parabenizo sinceramente…

Me furtei das corriqueiras análises por me encontrar sob severo tratamento de uma traiçoeira labirintite, reincidente da hospitalização de dois meses atras, quando fui obrigado a me submeter a uma dolorosa UTI (não sugiro a ninguém frequentar uma, por isso cuidem-se preventivamente…), onde fui escrutinado de cima a baixo, de dentro para fora e vice versa, numa rotina exasperante de quatro dias, para ao final nada descobrirem de perigo imediato. Claro, com 83 anos no costado, algumas mazelas acontecem, mas cujos prazos de validade podem ser contemporizados com bom senso e algumas mudanças de hábitos. Mas a danada da labirintite retornou, e já está sendo debelada convenientemente…

Isso posto, posso voltar a exercer, e o farei como sempre, algumas construtivas críticas ao momento do basquetebol feminino em nosso país, principalmente nessa Americup. Realmente vencemos a competição, porém com algumas ressalvas, a começar pelo nível das seleções participantes, e como algumas delas se comportaram, a começar pela norte americana, já classificada para as Olimpíadas e que se fizeram representar por uma seleção universitária, tecnicamente razoável, porém de uma inexperiência internacional gritante. As canadenses, vieram quase completas, com uma ou duas jogadoras de nível ausentes por conta de suas vinculações com a WNBA em plena competição. As demais seleções vieram completas, inclusive a brasileira, reforçada com duas excelentes jogadoras, altas, fortes e ágeis, que atuam nas competições da NCAA…

A seleção usou, enfim, suas competentes pivôs, porém ainda insistiu nos longos arremessos.

Que aliás venceram as americanas por duas vezes, no entanto não enfrentaram o Canadá, no que seria um ótimo teste entre equipes veteranas e experientes. Dificuldades mesmo somente contra as argentinas, com seu jogo baseado em bons fundamentos e um espírito de luta elogiável, perdendo a partida ao falharem numa última tentativa a dois metros da cesta, não fosse este seu fundamento mais claudicante…

A equipe brasileira venceu jogando perto da cesta, com suas pivôs imensamente superiores às adversárias, e em algumas ocasiões atuando com as duas melhores juntas, Kamilla e Damires, esta muito firme nos fundamentos, porém travada por um visível excesso de peso, limitando nela uma arma que possuía no início da carreira, a velocidade nos deslocamentos laterais de ataque e defesa,  cujo padrão poderá ser adequado (tenho sérias dúvidas) a WNBA, mas nunca as competições FIBA, pelo dinamismo presente dentro e fora do perímetro em suas competições mundo afora…

A força de suas pivôs levou a seleção a vitoria na competição, fator que devera ser muito bem avaliado em seus futuros compromissos.

Nossas armadoras e alas ainda pecam em demasia nos fundamentos, principalmente nos passes, dribles e arremessos, onde teimosamente insistem nos de longa distância em grande quantidade, quando seriam muito mais efetivas nos de curta e média distâncias, estatisticamente mais precisos, dando preferência aos passes interiores, de encontro às suas eficientes pivôs. Mesmo assim, nos momentos mais importantes das partidas, foram as pivôs o maior referencial da equipe, e não à toa foram as escolhidas para o quinteto da competição, junto a pivô canadense e as  armadoras americana e porto riquenha, lembrando em muito a formação 2-3 (duas amadoras e três pivôs móveis) que tanto utilizei em 50 anos de quadra com todas as equipes que dirigi. Creio que aos poucos essa forma diferenciada de jogar vai sendo assimilada por nossos estrategistas, assim espero…

Enfim, foi um belo feito para o nosso combalido basquetebol feminino, no qual, nem mesmo a grande Paula quis, ou pode se envolver como desejaria.

Amém. 

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O QUE ESTÁ NOS FALTANDO, MEUS DEUSES, O QUE?…

França e Espanha fizeram uma final no Mundial Sub 19 onde as defesas brilharam como nunca.

Venho tentando acompanhar as seleções nacionais pela TV e internet, na medida do possível, já que minha paciência tem se mostrada num limite próximo à indiferença, o que me deixa triste e preocupado, não comigo, orangotango velho de muitas décadas junto ao grande jogo, mas sim com o futuro do mesmo em nosso imenso, injusto e desigual país…

Acompanhei, e até comentei, a participação da Sub 17 na Americup, e a Sub 19 no Mundial, onde fracassaram ruidosamente, falhando sistematicamente nos fundamentos básicos, principalmente nos de defesa, fator larga e copiosamente descrito e publicado em muitos e muitos artigos neste humilde blog, sem, no entanto, conseguir o mais tênue suspiro de esperança em mudanças, por menor que fossem, no intuito de fugirmos dessa mesmice endêmica que asfixia o basquetebol intuitivo e criativo de nossos jovens, pródígos nessas qualidades se bem ensinados, preparados e treinados fossem por professores e técnicos engajados em promover tais e estratégicas mudanças…

Ao contrário, se afundam cada vez mais num modelo sistêmico, no qual, o jogo aberto fora do perímetro, e a chutação de três se impõem absolutos, assim como o brutal equívoco na formação de base, onde as defesas zonais se sobressaem exatamente nas categorias mais jovens da base formativa, retirando das mesmas o pleno domínio das técnicas fundamentais de defesa, cuja deficiência nos tem sido cobrada nas categorias acima dos 16 anos, vide o que ocorreu nestas duas competições mais recentes, a Sub 16 feminina, a Sub 17 e a Sub 19 masculinas, onde algo de grande preocupação fica evidente, serem estes jovens o futuro das seleções adultas, que entrarão nas competições mais importantes com uma deficiência letal e irrecorrível, a de não saberem defender no mesmo nível de seus adversários, tornando-os inferiorizados técnica e taticamente, onde nem científicos preparos físicos os socorrerão quando a bola subir…

As brasileiras atuando em algumas oportunidades com duas jogadoras muito altas no garrafão, se impuseram contra Porto Rico, classificando-se para as finais.
Penetrando e atuando dentro do garrafão o jogo ficou mais a favor das brasileiras, fator que deve ser encorajado para a final de logo mais.

Agora mesmo participamos na Americup adulta feminina, com seleções secundárias das equipes mais ranqueadas, como Canadá e Estados Unidos, esta com uma seleção universitária com idade limite de 23 anos, enquanto as demais sul americanas, a mexicana e a porto riquenha, assim como a brasileira, vieram com sua força máxima. Nesse panorama, a equipe brasileira se impôs até agora sem derrota, sendo capaz até de vencer a competição, o que será visto hoje na decisão com os Estados Unidos, perdedor quando se defrontaram na classificação…

Apesar de continuarem a errar enormemente nos fundamentos, a equipe brasileira vem apresentando duas situações de jogo inéditas até essa competição, uma defesa mais agressiva e contestadora aos longos arremessos, variando bastante entre defesa individual e zona, e contando com pivôs e alas muito altas e batalhadoras, tendo ainda uma armação pelo menos mais voltadas ao jogo interior, principalmente com as boas pivôs da equipe. No jogo decisivo de hoje, essas duas qualidades estarão em evidência, onde as ações dentro do garrafão terão de ser incentivadas e realizadas à exaustão, assim como deverão ser mais comedidos os longos arremessos, pois as americanas contra atacam com mais eficiência que nossa seleção , apesar da extrema juventude das mesmas, em confronto com a enorme experiência de nossas veteranas jogadoras. Uma vitoria, quem sabe, seria um enorme alento ao basquete feminino do país, tão maltratado e esquecido…

Continuo a acreditar num soerguimento plausível do nosso basquetebol, na medida em que o mesmo reencontre o elo perdido três décadas atrás, quando “inventamos”  a artilharia de fora, afrouxando a defesa externa, omitindo os fundamentos básicos na formação de base, e principalmente, nos voltarmos ao colonialismo de uma forma de jogar que somente existe em um único país, imensamente rico e historicamente conflagrado racialmente, onde se guerreiam em arenas uivantes, com regras específicas, à margem do basquetebol internacional, jogado pelos demais países deste mundo que habitamos…

Neste momento me pergunto o que nos falta, meus deuses, o que? 

Amém.

Fotos – Reproduções da TV. Clique duplamente nas mesmas para ampliá-las.

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DURO E VER, ENTENDER, ACEITAR…

Jantar com os filhos e a nora em Varsovia.

Chego de viagem, longa, cansativa, porém repleta de boas lembranças junto aos filhos que vivem na Europa, trabalhando e se encontrando com seus destinos, sadios e com a cabeça em ordem, Chego cansado, porém feliz,,,

Feliz, mas preocupado com os rumos do grande jogo neste imenso, desigual e injusto país, que cada vez mais mergulha no enorme buraco em que o meteram de três décadas para cá, e aparentemente sem volta, pois estabeleceu-se uma mesmice endêmica de difícil solução, da base ao adulto, onde a ordem máter é a de se manter o status quo no preparo, ensino e direção de jogadores  ao preço que for, começando com a própria liga, patrocinada por uma empresa de apostas desportivas, que muito mais cedo do que possamos imaginar, gerará distorçòes que hoje assombram o futebol profissional, que tem todas  as equipes, menos uma, da divisão maior, patrocinadas pela jogatina oficializada, e por que não, desenfreada…

Por conta desta falência formativa, que venho abordando a longo tempo, sendo matéria do último artigo publicado neste humilde blog, onde a questão defensiva é lembrada com precisão,e também num outro e recente, A encruzilhada, num debate expositivo com o Prof. Gil Guandron, no qual discutimos o emprego da defesa por zona que originou a vitória brasileira no sul americano Sub 15 na final contra a seleção argentina jogando em casa. Esta mesma seleção que foi derrotada por Porto Rico na Copa América Sub 16, utilizando defesa por zona, sendo superada também quando marcava individualmente, sem sistema organizado de jogo defensivo e ofensivo, errando brutalmente nos fundamentos, principalmente nos de defesa, perdendo a classificação ao Mundial da categoria, e vendo a equipe argentina obter a quarta colocação e a vaga  ansiada naquela competição…

Uma equipe sistemicamente confusa e sem sentido coletivo
Conceituação equivocada quanto as defesas zonais na formação de jovens jogadores.

Se não bastasse, assistimos a tão decantada seleção Sub 19, com uma extensa e douta comissão técnica a dirigi-la, eliminada nas oitavas exatamente por outra seleção argentina, magnífica em sua defesa individual e robusto sistema ofensivo, resultante de bons fundamentos (lembrando sempre que os argentinos  liberam as defesas zonais em suas competiçòes regionais somente após os 16 anos), ante uma seleção em que um jogador põe a bola embaixo do braço (claramente apoiado pela comissão técnica) e resolve ganhar o jogo sozinho, fruto de uma equipe desarvorada, mal treinada, e pior orientada em quadra, exemplificado com os números a seguir, para horror de quem os lê:

–  Números das duas partidas em que foi derrotada, para a Sérvia e a Argentina:

                             Brasil                           Sérvia/Argentina

                (44,1%) 38/86          2                (46,9%) 38/81

                (28,8%) 13/45          3                (38,4%) 20/52

                (62,6%) 42/67          LL              (58,1%) 25/43

                         95 (47,5pj)       R                  86 (43pj)

                         33 (16,5pj)       E                  26 (13pj)

Jogo consistente e interno da Argentina ante a fragilidade defensiva brasileira.
A equivocada opção brasileira pelos cinco abertos.
A padronizada opção pelas bolas de três, lamentável…
Uma carga absurda nos ombros de um promissor jogador…

Em se tratando de uma divisão (Sub 19) porta de entrada para a elite, é de se desejar números mais enfáticos, e não os apresentados pelas três equipes, cujos percentuais nos arremessos se situam bem abaixo dos índices aceitáveis de 70% para o de 2 pontos, 50% nos de 3, e 80% nos lances livres, que não foram alcançados por nenhuma delas, o que reforça o argumento sobre a importância capital que incide nos erros de fundamentos nos passes, arremessos, drible, fintas, sobre passos e conduções de bola, fatais por não oferecerem respostas sequer paliativas. Sem dúvida alguma temos muito bons e talentosos jogadores, mas que comumente falham no manuseio de sua ferramenta de trabalho, a volúvel e errática bola,a muito substituída por testes de habilidade, equilíbrio, potência, saltos e velocidade de deslocamento, servindo de material para “pesquisas” que nunca vem a público, mas que alimentam currículos de pseudo fazedores de atletas, mas não de jogadores de verdade, papel fundamental e estratégico para professores e técnicos do grande jogo, em qualquer divisão, seja escolar, clubística e seleções municipais, estaduais e nacionais, que em sua maioria se omitem, por ignorância, do papel básico de sua profissão, o de ensinar, desenvolver, treinar e liderar jovens e adultos (por que não?) na difícil arte do bem jogar, preferindo e aderindo a oportunistas peneiras, garimpando o trabalho dos que realmente querem desenvolver as técnicas individuais, e acima de tudo, as coletivas, na esmagadora realidade do quase nulo apoio a eles negado…

Testes, medidas, corridas, saltos, trombadas, mas bola que é o básico, pouco, ou nada…

Afinal de contas, os números finais contra a Argentina contam uma outra história, bem melhor contada e embasada:

Brasil 85 x 87 Argentina

(40,3%) 21/52 2 22/40 (55,0%)

(26,0%) 6/23 3 11/32 (34,3%)

(59,4%) 25/42 LL 10/14 (71,4%)

49 R 44

12 E 16

Classificados e felizes

Teremos em breve pela frente disputas importantes no feminino e no masculino, este em um mundial, onde, pela enésima vez constataremos a utilização formatada e padronizada do sistema único de jogo, com suas ofensivas de cinco abertos, permanentes corner players, chutação desenfreada de três pontos, e a pouca, ou quase nada atenção aos atos individuais e coletivos de defesa, enfermidade crônica que nos prejudica desde sempre, e que o simples fato de, experimental ou definitivamente  proibirmos defesas zonais antes dos 15 anos (como faz a Argentina…), em muito amenizariam essa deficiência, o que não parece ser um fator bem recebido pela turma curricularmente bem fornida e de QI elevado…

Enfim, foi um retorno que reencontrou a mesmice endêmica cada vez mais estabelecida, e com pouquíssimas chances de ser debelada, a não ser que…Ora, o que importa, deixemos para lá, ou não?

Amém. 

Fotos – Reproduções da TV, e arquivo particular. Clique duplamente nas mesmas para ampliá-las.     

A OMISSÃO FUNCIONAL (FROM VARSÓVIA)…

Dia de sol e calor em Varsóvia


Não pude assistir o quarto jogo da série por estar viajando de Dublin para Varsóvia, com traslados complicados nesta trepidante Europa pós pandemia, com aeroportos cheios de ansiosos viajantes, carentes de ferias, sol e reencontros…

Mesmo assim, examinando as estatísticas finais daquele jogo, constatamos a realidade de uma mesmice para lá de endêmica, que cansativa e repetidamente venho expondo em muitos e muitos artigos publicados neste humilde blog…

Começando com a acentuada discrepância nos arremessos de 2 e 3 pontos das equipes em confronto, com o São Paulo lançando 19/38 bolas de 2 pontos e 11/31 de 3, contra 10/24 e 13/33 respectivamente de Franca, numa clara prevalência são-paulina no perímetro interno, e equilíbrio no externo, pegando mais rebotes, e errando fundamentos no mesmo patamar que Franca (11/10)…

Eis os números:

                            Franca.   81.  X.    86    São Paulo

          (42.0%)  10/24.                2.          19/38 (50.0%)

          (36.0%). 13/33.                3.          11/31.(35.0%)

          (81.0%). 25/31.                LL.        15/17 (88.0%)

                      36.                       R.                    44

                      10.                       E.                    11

Em suma, São Paulo priorizou o jogo interno com o apoio de seus pivôs, e erroneamente duelou com Franca nos longos arremessos, vencendo a partida por sua maior eficiência nas bolas curtas mais precisas…

Prioridade das prioridades, as bolinhas…

E veio o jogo final, ao qual pude assistir desde Varsóvia com meu filho João David conectando seu poderoso laptop numa televisão 32 polegadas do apartamento alugado, dando-me a oportunidade de assisti-lo integralmente. E o que vi? Um primeiro quarto tétrico de arrepiar, findo o qual 2/19 bolas de três foram indiscriminadamente disparadas com um acerto por equipe, como um pré jogo peladeiro indigno de uma final nacional. Melhoraram tecnicamente no segundo quarto, com os são-paulinos abdicando do jogo interior e Franca o forçando, numa correta leitura de jogo aproveitando o retraimento de seu adversário. No intervalo, o jogador Betinho do São Paulo afiançou da necessidade do Ansaloni (que foi de enorme eficiência nos jogos anteriores e só havia atuado ;pouquíssimos minutos nesta final) deveria voltar, pois a equipe teria de acionar os pivôs se quisesse vencer a competição…

Acionamento falho do pivô ante o imobilismo dos demais atacantes…

Foi a mais justa e equilibrada opinião de quem estava lá dentro da arena de jogo, e que não encontrava e não encontrou respostas de quem estava do lado de fora, confirmando com sobras que não basta juntar estrelas e nominados para vencer competições sérias e equilibradas, sem comando qualificado, experiente, e profundamente preparado na condução de equipes, da base ao adulto, sem saltar aquelas etapas necessárias a plena formação de um professor e técnico na acepção do termo, fatores que infelizmente em nosso imenso, desigual e injusto país é simplesmente equalizado através QI’s hereditários e políticos…

Franca foi bem mais presente e eficiente no perímetro interno, vencendo o jogo, apesar das 8/32 bolas de três.

Do outro lado, Franca foi forte e eficiente dentro do perímetro, assim como nas decorrentes penetrações, provocando mais lances livres que seu batido adversário, e ganhando 13.rebotes a mais (46/33), somando pontos e placar elástico, vencendo o campeonato com justiça..

Merecida vitória de quem soube ler com mais clarividência o sentido do jogo.

Justiça esta que clama por respostas a importantes e estratégicas questões, tais como:   – Quando assistimos a maioria dos jogos serem vencidos e muitas vezes perdidos por jogadores estrangeiros, principalmente atuando em dupla armação, que de forma alguma seguem o catecismo emanados das “pranchetas que falam”, tomando para si o controle dos jogos, nitidamente contradizendo e contrafazendo situações pseudo táticas que foram “exaustivamente” preparadas e treinadas (assim discorrem os comentaristas de ocasião), num determinismo que expõe a extrema pobreza de comissões técnicas conceitualmente fracas, pois seguem caninamente um pseudo sistema de jogo que prioriza o jogo aberto e a artilharia de fora, apelidado de “basquete internacional”, o famigerado sistema único, arsenal raquítico e limitado, que tanto inferniza o grande jogo, e que coloca nas mãos da estrangeirada a condução impune, sacramentada e cúmplice de nossos estrategistas mais torcedores do que técnicos, bailando, se contorcendo, coagindo arbitragens ao lado das quadras, rabiscando pranchetas com algo que nenhum deles leva muito a serio. Fica a questão de quando teremos nosso basquetebol de volta, com jogadores nacionais liderando em quadra, quando? Que tal reduzir para dois os estrangeiros? O grande jogo agradeceria, principalmente a Seleção.

O jogo aberto, até quando meus deuses?

Outra questão, esta tão seria como a exposta acima, nossa preparação de base, acionada técnica e taticamente por professores e técnicos melhor formados para atuarem nas escolas (para tanto tem de ser licenciados em Educação Física e não `’provisionados” por Crefs e congêneres), clubes e associações espalhadas por este imenso país, e não por escolas e institutos liderados a décadas por um mesmo grupo, .profundamente interessado na manutenção do status quo vigente, garantidor de um mercado fechado, hoje claramente direcionado aos interesses da NBA na formação de técnicos e jogadores seguidores de sua forma de atuar técnica e comercialmente num país de 208 milhões de habitantes, líder inconteste na América Latina…

Influência, poder, domínio…

Podemos e devemos sim, mudar para melhor os currículos dos cursos superiores de educação física, maximizando os créditos das disciplinas desportivas, minimizados com o desmesurado aumento das de cunho paramédico, assunto que tem sido largamente analisado e discutido neste humilde blog, como ação prioritária na correta formação de professores e técnicos desportivos, e não paramédicos de terceira categoria a serviço de uma politica de culto ao corpo bilionária, a quem não interessa educação física, desportos, artes, nas escolas (vide a tão proclamada reforma do ensino que criminosamente torna opcionais estas básicas e fundamentais atividades educacionais, que são um direito constitucional dos jovens brasileiros), e nos clubes comunitários também…

Uma questão específica do grande jogo também deveria ser prontamente discutida, pontual e honestamente, a mudança, senão radical, a mais ampla possível em nossa medieval forma de preparação das categorias de base, assim como nas adultas, seleções em particular, para servirem de espelho às mais jovens, hoje cativas das finalizações de longa distância, jogo aberto individualizado, defesas zonais e influências exógenas, perdendo em galopante velocidade o interesse pelos fundamentos básicos, exaustivos, porém essenciais em sua sólida formação como praticantes do grande, grandíssimo jogo, hoje tão depreciado em sua exata dimensão, numa terrível omissão funcional que o tem descaracterizado como um exemplar desporto coletivo, sendo transformado em individual por todos aqueles que o odeiam, por não compreendê-lo, e consequemente amá-lo…

Que os deuses nos ajudem

Amém.

Fotos – Reproduções da TV e O Globo. Clique duplamente nas mesmas para para ampliá-lãs.

QUASE LÁ (FROM DUBLIN)…


Um pouco mais de 2:5 seg para zerar o cronômetro, lateral para Franca que perdia por um ponto, tendo em quadra dois jogadores que adoram arremessar de três, e o que faz a equipe do São Paulo? Não esboça qualquer contestação ao David Jackson, cobrador do lateral, distribui os demais em marcação 1 x 1 por trás, sem tentar, nem de leve a defesa frontal, tirando um pouco a precisão do passe inicial, e mais, permite que o mesmo caia nas mãos do Mariano num corner player acintoso, assim como, num bloqueio diversivo contrário a bola, mantém o espaçamento dentro do garrafão. Recebendo o passe inicial e de bate pronto, o Mariano devolve a bola para o DJ, ficando de frente para a cesta, completamente livre da marca’ão próxima do Marcos, balanceado, lançando de três como sempre gostou de fazer, dezenas de vezes neste NBB, onde arremessadores de ofício, e mesmo os que não são, chutam pra valer, de todos os cantos e distâncias, sem interferência alguma. Perdeu o São Paulo um jogo ganho, quando bastaria atrasar um pouco o passe inicial, e acompanhar ombro a ombro o americano, obrigando-o a se ajeitar driblando para o arremesso, ações primárias para defensores ensinados e treinados, e que normalmente ultrapassariam os 2:5 seg de tempo de jogo…

David Jackson simula um passe em direção do bloqueio, e solta rápido para o Mariano no canto da quadra, sem receber qualquer contestação do Marcos que flutua…
Numa chicotada Mariano devolve para o DJ, que absolutamente solto pela flutuação do Marcos, que sequer tira os pés do solo, executa o seu arremesso preferido ganhando o jogo.

Claro que as ações acima descritas necessitam ser aprendidas, apreendidas pelo treinamento permanente dos fundamentos básicos, no caso os de defesa, tão negligenciados em nossa formação de base, assunto da maior importância que descrevo e discuto no artigo A encruzilhadahttp://blog.paulomurilo.com/2023/05/30/a-encruzilhada-from-dublin/, publicado recentemente neste humilde blog, onde ponho em foco a utilização generalizada da defesa por zona em nossa formação de base, e suas péssimas consequências a medio e longo prazos nas divisões superiores…

O jogo interior, decisivo, preciso nas maiores percentagens, é rigorosamente esnobado pela turma da prancheta, que prefere torcer pelas bolinhas, que nem sempre caem…

O jogo foi equilibrado? Sim, por jogarem de forma mais do que semelhante, sem variações que os pusessem em cheque, defensivo, e acima de tudo ofensivo, pois atuar no sistema único ( como é turma do comentário que clamam pelas pranchetas, já desfiaram as entranhas do SU?), desafia toda e qualquer iniciativa de criação e improvisação consciente.no coletivismo de qualquer equipe que se preze. Se a chutação desenfreada é comum aos dois adversários, a contabilidade dos erros é dividida pelos dois, igualmente, na consideração de que 40% de acertos nas bolinhas é um bom índice, numa perda enorme de esforço físico desperdiçado nos mais de 60% de bolas perdidas. E é neste ponto que se sobressaírem os preparadores físicos e fisioterapeutas, guindados a posição de construtores de atletas, que correm mais rápido, saltam mais alto e trombam com maior eficiência, tomando para si, inclusive, planejamento de treinamentos, ao qual devem se submeter os técnicos, ficando bem claro para todos os envolvidos ser o conhecimento do jogo, da bola em especial, matéria de segunda ordem na montagem de uma equipe séria do grande jogo. Logo, os erros se avolumam, de ataque e de defesa, no coletivo nem se fala, pois sem o domínio dos fundamentos  básicos nada funciona, a não ser o atleticismo descerebrado, e no desconhecimento absurdo sobre a ferramenta primordial do trabalho, a volúvel e escorregadia bola, estranho e desconhecido pormenor do grande jogo, gerando o mais trágico dos cenários, o pleno desconhecimento do que venha a ser jogo coletivo, irmanado, cúmplice, parceiro, solidário, fatores perdidos para o primoroso, testado, retestado e científico (?) preparo físico, onde saltar, correr e trombar dão as solenes cartas no desporto dito como de alto nível, num esforço monstruoso de transformar uma modalidade coletiva em individual, o que conseguirão brevemente a continuar tal obtuso e estúpido caminho…

Entretanto, observando com cuidado os números dos jogo, um fator deve ser entendido, a prioridade que a equipe francana deu ao jogo interno (23/42 contra 15/27 do SP), originando bater 21 lances livres, convertendo todos, compensando ter o SP convertido 14/30 nos três pontos contra 9/29 dos francanos, porém ter perdido 2 de seus 22 lances livres cobrados…

O dono e mentor do jogo

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Para o quarto jogo em Franca, mantenho, por mais uma vez, o prognóstico de que vencerá aquela equipe que conteste os longos arremessos com mais presença e eficiência, massifique o jogo interior, e priorize os rebotes, a qualquer custo, pois entre equipes semelhantes sempre será este um argumento poderoso, não mais do que ter em suas fileiras americanos, e argentinos que põem a bola embaixo do braço resolvendo, e até perdendo partidas, olhando de lado as “pranchetas que falam”, isto quando olham…

Amém.

Fotos – Reproduções da TV. Clique duplamente nas mesmas para ampliá-las