ARTIGO 800 – ETAPAS CUMPRIDAS…
Tenho trabalhado muito nestas duas últimas semanas, quando por conta deste que será o artigo 800, pretendia colocar na rede o blog do CBEB, Centro Brasileiro de Estudos do Basquetebol (substituindo a ECB, Escola Carioca de Basquetebol, que não seria coerente a já existente ENTB/CBB…), com matérias já escolhidas e catalogadas, regulamentos e funcionamento do mesmo, mas a disponibilidade técnica, visando uma produção enxuta e agradável, esbarrou em uma indisponibilidade de tempo hábil, por parte do meu filho e web designer qualificado, André Luis, para concluir o trabalho. Por essa razão, fica adiado em mais alguns dias o lançamento do novo blog.
Criou-se então um grande impasse para mim, o de saudar tão surpreendente marca numa abordagem referencial e única, o que tento daqui para diante.
Desde setembro de 2004 venho discutindo e dialogando com os leitores, assuntos sobre os fundamentos do jogo, técnicas e táticas, treinamento, organização e administração da modalidade, política desportiva, com o basquete em particular, histórias do grande jogo, ética profissional, ética pessoal, ética e responsabilidade funcional, jamais admitindo manifestações apócrifas e anônimas, que tanto preenchem em número e inqualificável presença, blogs campeões em acessos e popularidade, servindo de veículos a opiniões, posições e ataques covardes, pusilânimes e espúrios, escondidos pelas sombras do anonimato e dos covardes heterônimos. Seria algo de grandioso que os blogs nacionais abolissem tais acessos, viabilizando discussões e debates responsáveis, pois assinados e assumidos com a transparência das ações realmente democráticas.
Nesse espaço profundamente democrático, muitas foram os comentários divergentes dos meus, mas discutidos às claras, de frente, e assinados responsavelmente. O direito de resposta sempre esteve aberto, escancarado, mas em nenhum momento da existência do blog, foi requisitado e utilizado, prova inconteste da lisura e honestidade dos posicionamentos aqui postos em todos os 799 artigos antecedentes a este. E ao nos reportarmos aos artigos centenários deste humilde blog, podemos traçar e mapear importantes etapas no seu amadurecimento e posicionamento confiável no âmago de seus leitores, simpatizantes ou não, mas nunca indiferentes aos instigantes assuntos desde sempre abordados e discutidos nestes seis anos de sadia e transparente convivência.
O artigo 100 (UM CEREBRO, PROCURA-SE…), publicado em 27/7/05, iniciava uma abordagem sobre as dificuldades de encontrarmos jogadores habilidosos na armação, assunto esse que serviu de base a uma prolongada campanha, no intuito de desenvolvermos a dupla armação em nossas equipes. Neste estágio do blog, poucos eram os comentários dos leitores, fator que me fez pensar, inclusive, em não dar continuidade ao mesmo, logo substituída pela esperança de vermos soerguido o grande jogo entre nós, bastando para tanto, dedicação e insistência na procura de nossos perdidos valores.
Mais adiante, nos 200 ARTIGOS DE LUTA…, publicado em 30/8/06, tivemos a primeira manifestação pública de um técnico engajado, discorrendo as grandes dificuldades encontradas no dia a dia de seu trabalho, demonstrando com o seu exemplo, ser possível reinvidicar através um órgão de mídia, melhores condições de trabalho, conclamando colegas a um posicionamento mais profissional, e menos omisso. Foi um marco irrepreensível, e inesquecível.
Artigo 300 – A LUTA CONTINUA…, publicado em 24/6/07, foi um começo auspicioso para algumas mudanças técnico táticas em algumas (poucas…) de nossas equipes de elite, principalmente na utilização eficaz da dupla armação, e da retomada do jogo de pivôs, privilegiando aqueles mais ágeis e rápidos, em contra ponto àqueles mais lentos, fortes e massudos. As equipes que assim agiam se tornavam mais competitivas, com um domínio dos fundamentos mais eficiente (fruto da escalação de dois armadores técnicos…), e com definições mais rápidas no perímetro interno, além, é claro, de se saírem melhor e mais eficientemente nos sistemas defensivos, com o aumento da velocidade, propiciando maior precisão nas antecipações.
A participação e insistência nesses princípios técnico táticos, aliada a divulgação mais insistente ainda, da importância dos treinamentos dos fundamentos para todos, da base à elite, tornaram o blog num ponto referencial de discussões, de acalorados debates, onde todos que participavam eram lidos, analisados, aceitos, ou não, mas sempre propugnando pela clareza, responsabilidade, e acima de tudo, transparência opinativa e livre.
Mais adiante, um artigo 400 – UM PREITO AOS QUE MERECEM…, publicado em 19/3/08, onde a ininterrupta busca pelos valores que desde sempre, e de um passado brilhante, lutaram pelo engrandecimento do grande jogo entre nós, conclamando à união, ao associativismo profissional, fator básico ao progresso da modalidade, onde uma associação de técnicos teria importância vital na evolução do basquete, não fosse este o grande óbice ao nosso desenvolvimento. A inexistência de uma associação de técnicos é sem dúvida alguma a grande falha por onde drenam nossos valores, nossas tradições, nossos princípios e conceitos, nossa independência dos arrivistas e aventureiros que tanto empesteiam o grande jogo. E por tudo isto, a luta deveria continuar…
Chegamos então ao artigo 500 – FALEMOS DE TÁTICAS E SISTEMAS II…, publicado em 25/12/08, onde demos dois saltos ao mesmo tempo, um, na mudança gráfica do blog, agora mais profissional, mais amplo, mais amigável no trato diário com os leitores, confirmando e sedimentando sua proposta democrática, ampla e discursiva. Outra, inaugurando infográficos técnico táticos, facilitando a compreensão de sistemas e métodos voltados aos novos técnicos, sequiosos de materiais ilustrativos e de grande alcance, no que poderia ser adaptado pela futura ENTB, pulverizando informações, viabilizando o acesso das mesmas pelos mais recônditos recantos deste imenso país, e não reunindo técnicos e futuros candidatos a sê-los, em encontros formais e pontuais de 3-4 dias para provisioná-los como técnicos ligados a discutíveis e precários níveis de 1 a 3.
Seguindo em frente, o artigo 600 – PAPEANDO COM O WALTER 2…, publicado em 22/8/09 ( continuação do PAPEANDO COM O WALTER…, de 19/8/09), o blog, já em sua fase adulta e experiente, demonstra como deveriam ser os debates e discussões pela grande rede, envolvendo técnicos, leitores, dirigentes, e por que não, jornalistas, todos de cara limpa, de frente para os debates, e não como a maioria comentadora, camuflada covardemente, por não ser dotada de seriedade e responsabilidade, egoísta incorrigível que é, no seio de sua permanente e catilinária função.
Finalmente, uma série de artigos, onde o de número 700 – O QUADRAGÉSIMO DIA – A VIAGEM…, publicado em 31/3/2010, nos situa numa posição inesperada, mas repleta de simbolismos e grandes perspectivas, pois afinal de contas, o blogueiro Paulo Murilo, despe-se de sua túnica midiática e vai para o centro do proscênio da elite do basquete tupiniquin, reduto de pouquíssimos e referenciais técnicos de basquetebol, numa liga de âmbito nacional, a LNB, tentando demonstrar que a teoria (como muitos, ou a maioria nos definia, um teórico do grande jogo…) é a alma mater da prática, indissoluvelmente ligadas, principalmente na competição de alto nível, onde o despreparo genérico e cumulativo de saberes e competências cede lugar a um exército de especialistas pontuais, pois estudar de tudo um pouco, ou muito, torna-se inviável (?) pela “velocidade” dos novos tempos, ao se anteporem aos mais antigos, aos velhos mestres, aqueles que detém os profundos saberes, e aos quais devoto imensa gratidão e reconhecimento pelo pouco que sei e amealhei em mais de meio século de trabalho, e a cujas memórias, ensinamentos e inolvidáveis lembranças por todos eles deixadas, prometi transmitir e legar às novas gerações através meu trabalho e esse humilde blog.
E enfim, chegamos hoje, 30 de março de 2011, ao artigo 800, esperando que todos eles tenham sido úteis aos novos e atuais técnicos e professores, aos leitores que sempre nos prestigiaram, aos jornalistas que nos divulgaram, comentaram, divergindo ou não, aos jogadores, iniciantes ou veteranos, que tanto nos argüiram, sempre respondidos, sem uma omissão sequer, aos dirigentes clubísticos, federativos e confederativos, de ligas regionais e nacionais, que quando do alto de suas identidades aqui formularam opiniões, mesmo divergentes, foram recebidas e divulgadas com o devido respeito e consideração, todas visando os mais altos interesses do grande jogo no país.
Terminando, um pedido aos eternos e polipresentes anônimos que tanto amam ver seus comentários e opiniões divulgados pela mídia blogueira, muitos dos quais poderiam, de verdade e sem subterfúgios, colaborarem eficiente e decisivamente no soerguimento do basquetebol pátrio, tão cioso e carente de presenças, de ações, de determinações, de luta, a verdadeira, a do bom combate, de frente, com coragem e desprendimento. A política de baixo nível tem de ceder espaço ao trabalho e ao estudo, fatores determinantes ao progresso de um país, do qual o desporto, o basquetebol, o grande jogo, fazem parte.
Amém.
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