INCONSEQUENTES DISCURSOS…

Ao final do difícil jogo, o repórter do Sportv  entrevista o Marcelo Machado (3/8 nos 3 pontos, de um total de 9/22), que diz: “no inicio as bolas não estavam caindo, mas insistimos, pois sabíamos que elas voltariam a cair…”

Pronto, ai está uma boa medida do jogo, quando jogadores como ele próprio, o Alex (0/5), o Guilherme (2/4) e o Luz (2/4), continuam a apostar suas fichas nos arremessos de três, num jogo em que as ações interiores deveriam ter sido exploradas ao máximo, mesmo que sob uma defesa zonal, que continua a ser um entrave à nossa capacidade ofensiva, colocando a equipe venezuelana em cheque e pressão permanente, através o Alex, o Marcos e o Spliter, já que os demais pivôs sequer ameaçaram , e um deles tampouco  entrou na quadra. Somente no quarto final nos enfiamos garrafão adentro, melhoramos um pouco a defesa, e vencemos um jogo que bem poderíamos ter perdido, frente a um adversário de médio porte, com bons e eficientes pivôs, e uma armação superior à brasileira, que oscilou muito e demonstrou preocupante insegurança quando pressionada e pega em dobras defensivas, principalmente o Luz, pontos que deverão ser largamente explorados por nossos adversários.

Creio que agora, com a luzinha de alerta acionada, os marcantes resultados nos torneios preparatórios sejam conotados em seus justos valores, nos quais o caráter amistoso em tudo e por tudo omitiam a realidade dos fatos, como os que nos defrontamos hoje. E se a pouco conotada equipe venezuelana nos brindou com tão indesejado susto, o que dizer da canadense e da dominicana, somente nessa perna da competição?

Não estamos bem na armação, onde o Huertas, apesar de sua qualidade e experiência, não pode ficar isolado e assoberbado de funções, quando bem podia tê-las divididas com um segundo armador, situação esta colocada em escassos minutos na quadra pelo Magnano., mas sem a continuidade devida. E mesmo nesses escassos minutos, quando o Huertas a dividiu com o Luz, ficou provada a carência de técnica individual que os separam, mais ainda com o Benite, numa rapidíssima aparição, e sem que o Nezinho tivesse sequer retirado o agasalho de jogo.

Estamos vulneráveis nos miolos dos garrafões, onde os posicionamentos para os rebotes carecem de precisão, assim como damos continuidade a não contestação dos longos arremessos que nos ferem desde sempre (para evidente desespero do argentino), anulando em boa parte os esforços pelo ainda não convenientemente coletivismo adquirido pela equipe durante a longa preparação, fato este bem explicitado pelo Marcelo na entrevista no Sportv.

Temos agora uma boa e convincente explicação de um dos porquês das proibições de entrevistas e da presença de microfones nos pedidos de tempo por parte do Magnano, pois as poucas que tem vazado, contestam sutilmente o ainda insipiente sentido de coletivismo da equipe, principalmente através dos cardeais, fato aqui previsto desde o pré olímpico antecedente a este, inclusive no testemunho de um possível clima de conforto, que fez perigar a vitória de hoje, dado pelo Alex no mesmo Sportv. Por isso, sugiro ao ingênuo em malandragem brasileira, o técnico Magnano, que, ou proíba enfaticamente tais e embaraçosos testemunhos, ou abra a porteira de vez, quando verá verdadeiramente dimensionada sua liderança na equipe, para júbilo de uma imprensa que adora emitir comentários por sobre as instruções dos técnicos, e não, como é o certo, por sobre o que testemunham e conhecem do grande jogo.

Amanhã, contra a equipe canadense, teremos dimensionadas as verdadeiras possibilidades da seleção nesse pré olímpico, no qual, e a cada jogo que se suceder, mais ficará escancarada a dura realidade de que somente contamos com uma confiável rotação de 8, talvez 9 jogadores (o Spliter ainda se ressente bastante), desnudando de vez o grande equivoco em que se constituiu uma convocação mais política do que técnica, no que pode se transformar num sério obstáculo no caminho da classificação olímpica.

Quem sabe os deuses nos dão uma ajudinha? Torço para que sim.

Amém.

PREVISTOS OBSTÁCULOS…

Bem, a próxima parada agora é em Mar Del Plata, e preparemo-nos para uma maciça dose de dureza, pedreira mesmo, pois apesar do indisfarçável ambiente ufanista que se instalou após esse torneio em Foz do Iguaçu, desde a torcida organizada Sportv ( e eu que sempre pensei ser jornalismo uma fonte de informações, e não estéreis patriotadas, onde um simples bloqueio de arremesso, transformado em monumento nacional, e posterior colóquio face a face entre as partes, se transformasse em agressão de um armador de 1,80m em um pivô de 2,07m, numa risível e unilateral interpretação de uma corriqueira situação de jogo…), até a enxurrada de comentários tipo—“estamos classificados”—que pulularam nos blogs basqueteiros, e que devem ser avaliados frente a realidade dos fatos, preferencialmente técnicos, e não movidos pela paixão, que muitas vezes…cega.

Num jogo à vera, como que afastando fantasmas passados, a seleção demonstrou evidentes progressos, principalmente numa razoável consistência de jogo, meta prioritária do Magnano, e somente possível com a anuência de todos os jogadores, ou na melhor das hipóteses, pela maioria deles. E tal consistência se inicia na defesa, setor este que evoluiu, sem dúvida, mais ainda se ressente de um pormenor da maior importância, vital mesmo, o posicionamento defensivo, e ofensivo também, nos rebotes, muito falho, pois se constituindo num dos fundamentos do jogo, precariamente ensinado nas divisões de base, cobra juros muito altos pela deficiência até agora apresentada em seu segmento final, a seleção. E numa comissão superpovoada com três assistentes, era de se esperar que pelo menos um, aliviando a carga brutal de responsabilidades do técnico argentino, se responsabilizasse pelas correções nos rebotes, inclusive individualizando as práticas. Mas me ocorre nesse momento, que dois deles estão ali para aprender com um campeão olímpico, quando ali deveriam estar para assessorá-lo nesses segmentos, após anos e anos de prática em seus clubes, orientando jovens e adultos, exatamente nesses aspectos dos fundamentos, já que para as discussões técnico táticas ele conta com um seu conterrâneo de larguíssima e altamente confiável experiência, pelo menos para ele, e com toda e a mais absoluta razão.

Detalhes outros de marcação individual, como falhas de acompanhamento, pouca percepção de coberturas, desequilíbrio forçado por fintas, oposição e contestação de arremessos, recuperação de bloqueios, são aspectos que dificilmente serão dirimidos, talvez atenuados, mas que pesarão demais nos resultados finais.

Ofensivamente, dois são os obstáculos a serem transpostos, ambos de caráter personalista, frutos de anos e anos de prática intensa, solidificando atitudes e hábitos. A começar pelo empenho coletivista exigido pelo técnico, em contrafação às ações eminentemente pessoais de alguns jogadores, principalmente aqueles que vêem nos longos arremessos as soluções ofensivas sob o prisma do custo beneficio dos três ante os dois pontos x esforço físico e técnico para alcançá-lo. O fato da incidência de erros serem  exponencialmente maiores  nos arremessos de três, jamais inibiu seus ferrenhos defensores, na medida direta que, complementados por pivôs responsáveis pela recuperação de seus insucessos, praticamente submissos a essa tarefa servil. Desconstruir tais atitudes e hábitos, ainda mais em uma seleção nacional, é tarefa hercúlea, mas fundamental ao sucesso do coletivismo proposto, daí o ser bem sucedido nessa correta proposta, passará através pontuais decisões de comando, sem coerções, mas com isento e justo rigor.

O outro obstáculo é decorrente do primeiro, pois destina os pivôs a uma ação mais intensa e profícua no perímetro interno, com tarefas outras que transcendem a quase exclusiva recuperação de rebotes a que estavam condicionados, passando a ser exigidos como passadores, bloqueadores,  finalizadores, além de reboteadores de ofício, numa exigência qualitativa que poucos deles tiveram a oportunidade de desenvolver em pleno, pois num sistema coletivista o conhecimento e domínio dos fundamentos de drible, fintas, passes e arremessos, são exigências básicas a esses jogadores muito altos. Nossa seleção padece dessas limitações fundamentais dos pivôs, somadas ao alto índice de excessos musculares que os travam na velocidade e flexibilidade, fatores que descompassam e descoordenam um sistema coletivista, explicando as oscilações sofridas pela equipe nos jogos preparatórios. É um problemão a ser resolvido, fruto de uma convocação equivocada e não corrigida.

Todos esses fatores explicam a utilização do sistema único, e armação também única, já que compreendido e aceito por todos os jogadores, mas acrescido de uma forte movimentação, intensa troca de passes e uma defesa agressiva, dando origem a retomadas de bola e subseqüentes contra ataques, conquista meritória do bom técnico hermano.

Esse é o quadro que foi exposto, inclusive a adversários diretos no pré olímpico, ficando no ar uma última indagação—Irão além do que foi mostrado, e algo de inusitado e imprevisto poderá vir a ser apresentado? Saberemos a partir de terça feira em Mar Del Plata. Até lá, patriotadas e ufanismos bem que poderiam ceder espaço ao comedimento, e acima de tudo, ao bom senso.

Amém

OCTAGON, UM PROGRAMA PARA TODA FAMILIA 2…

Em sua coluna no O Globo de 24/8/2011, Zuenir Ventura, no seu Papo de Velho escreveu:

Por falar nisso, a gente sabe que está ficando velho quando se choca vendo a foto de um rosto deformado por pancada—olhos e nariz inchados, hematomas, corte profundo—e a notícia em tom comemorativo: “ Lutador brasileiro desfigura rosto de adversário americano no UFC.” Custo a entender que o estrago fora feito praticando um esporte que é o que mais cresce no mundo e no Brasil, onde quase a metade do público é feminino. Procuro me informar mais e descubro no Google outras reportagens e vídeos. Em um, que é saudado como “combate épico”, um lutador desfere um pontapé na cara do outro. São dois brasileiros famosos e a cena mostra como um deles, Anderson Silva, acertou “um chute frontal no queixo do compatriota Vitor Belfort”. O texto fala com empolgação em “chute espetacular”, “cinematográfico”, e eu, por fora, fico sem entender, já que para mim “chute espetacular e cinematográfico” é o que alguém dá na bola, não no queixo do outro (um detalhe: o lutador estirado no chão, inerte, parece desacordado, mas continua recebendo socos na cabeça. Pelo menos mais dois).

O velhinho aqui, desatualizado, gostaria de saber se as jovens aficionadas, que são muitas, sonham com seus filhos fazendo carreira nesse esporte.

E assim como o velho colunista, velho que também sou, professor voltado a educação de jovens através o esporte por mais de 50 anos, não consigo aceitar tal degeneração de um conceito educacional e formativo em nome do mesmo.

(…) Queremos fazer negócio no Brasil. Mas, agora, estou pensando apenas no UFC Rio—disse Dana.—Mas sei que outros talentos vão explodir depois de sábado. Falei com governantes brasileiros. Queremos ajudar a desenvolver isto.(…) Dana White, presidente do UFC ao O Globo de 26/8/2011.

 

(…) Ainda não somos superestrelas. Mas o evento no Brasil é um caminho para alcançarmos espaço—disse Anderson Silva.

–É uma oportunidade excelente para o povo brasileiro ver de perto o MMA, o segundo esporte do país—emendou Minotauro (…) O Globo de 26/8/2011.

 

E sob o co-patrocínio do município do Rio, amanhã, sábado, na Arena da Barra, teremos a suprema oportunidade de apreciar a preços módicos, o futuro do esporte brasileiro, aconselhado inclusive pelo Anderson Silva a fazer parte do currículo escolar de nossos jovens, num autêntico e inspirador programa para toda a família. Imperdível!

Melhor, impossível.

 

PS- Clicando nas imagens, e ampliando-as através ctrl-shift-++, poderemos apreciar em toda a sua dimensão a grandeza educacional desse formidável esporte(?).

TESTANDO OS PERÍMETROS…

Jogo para valer, jogo para inteligentes e competentes técnicos testarem e se testarem mutuamente, escondendo táticas sem, no entanto, entregarem o jogo com a desculpa de que uma indevida exposição cobraria dividendos quando fosse valer uma classificação no próximo e esperado duelo. Coincidentemente, se utilizaram do mesmo estratagema, ao jogarem quase que exclusivamente dentro do perímetro, onde definições, projeções e conclusões puderam ser avaliadas com relativa precisão de acertos. Só espero que o ressuscitado lapitopi caipira, agora empunhado pelo preparador físico da seleção, e que somente nós utilizamos dentre todas as seleções (porque será?…), não venha atrapalhar e complicar diagnósticos óbvios e concludentes, por parte da dupla argentina que efetivamente comanda a seleção.

E o que se pode avaliar de nosso jogo interno, senão a claudicante fraqueza do mesmo, perante uma plêiade de pivôs limitados, pesados, lentos, e com seu maior expoente nitidamente fora de forma física e técnica? O Spliter está travado em sua movimentação, fruto de uma longa inatividade, de uma ausência de treinamento fundamental, principalmente nos arremessos, onde os lance livres mal chegam no aro, o que é de preocupar, já que alvo permanente de bloqueios faltosos em suas conclusões.

Outro fator que se fez presente, e que deve estar preocupando o Magnano, é a colocação dos homens altos nos rebotes, defensivos e ofensivos, hoje claramente dominados pelos dominicanos, e cuja tendência é a de se avolumar contra o poderio portoriquenho nesse fundamento.

Quanto ao nosso sistema defensivo, repetiu-se o empenho da equipe nos dois primeiros quartos, e um flagrante decréscimo nos quartos finais, numa demonstração de perigosa oscilação para um torneio de tão curta duração, como o pré olímpico. Ajustar a defesa é fundamental para o sucesso da equipe, e todos os jogadores têm de se conscientizar desse importante fator.

Mas algo preocupa acima de tudo, a teimosa incidência das “bolinhas” da turma dos três, o Marcelo, o Marcus, o Guilherme e o Alex, que juntos perpetraram um 6/20 para um total da equipe de 7/23. Trocássemos a metade das tentativas erradas por arremessos mais trabalhados de dois pontos, e teríamos um placar mais favorável e tranqüilo. Difícil vai ser convencer a turma dessa premente necessidade, e o Magnano terá de insistir o máximo que puder a fim de manter a unidade de seu sistema de jogo.

Sim, foi um jogo interior, muito mais pela equipe dominicana, que terá de ser estudado com atenção e rigor quando a defrontarmos no pré, assim como ela se precaverá do nosso jogo exterior, contestando ao máximo nossos teimosos arremessos de três, já que não rivaliza com a capacidade de contra atacar da equipe brasileira.

Manter o foco defensivo pelo maior espaço de tempo possível, melhorar o posicionamento nos rebotes, estabelecer consistentemente o jogo coletivo, e optar pelo melhor e mais bem equilibrado arremesso, são os fatores mais importantes para que a equipe consiga enfrentar com boas chances de sucesso as fortes equipes nesse pré olímpico, e claro, treinar em caráter emergencial os lances livres do Spliter, assim como não faz mais sentido a essa altura, lamentarmos equivocadas convocações, principalmente na armação da equipe, e alguns dos pivôs.  É o que temos, e não o que deveríamos ter, restando o mais do que básico comprometimento técnico tático de todos, em prol do sucesso comum.

Amém.

Foto- Marcos Labanca/CBB

CONTROVERSOS CONCEITOS…

Primeiro quarto – 24 x 2 – De um lado uma seleção brasileira atuando duramente na defesa, e contra atacando ferozmente. Do outro, um amontoado canadense desconexo e claramente ausente da competição, como que não a encarando para valer, conotando uma falsa impressão de domínio absoluto por parte de uma seleção com ainda alguns, e sérios problemas a serem resolvidos, como por exemplo, a teimosa continuidade dos arremessos de três, quando as ações dentro do perímetro se impunham, e se fizeram sentir nos quartos subseqüentes.

Segundo quarto – 19 x 16 – Ante a possibilidade de uma contagem avassaladora e vergonhosa na competição, mesmo tratando-a amistosamente  ( propositalmente?), a seleção canadense se estabelece para um confronto mais equilibrado, forçando com a tardia resolução o abrandamento de um placar inesperado.

Terceiro quarto – 17 x 20 – Eis que, ante uma defesa mais atuante e resoluta, revertendo o placar nesse momento do jogo, nossa seleção revela aqueles pontos nevrálgicos que nos tem atormentado nas últimas competições, inclusive sob o comando argentino, e cuja freqüência se torna preocupante, tais como: a instabilidade defensiva de alguns e importantes jogadores, incapazes de manterem o foco defensivo, aposta maior do técnico, por mais de um quarto de jogo, daí a intensa rotação dos mesmos, muito mais pelos fatores de concentração mental, do que de ordem física, cujas conseqüências podem se tornar trágicas quando no confronto para valer daqui a alguns e poucos dias em Mar del  Plata. A quase total ausência nos rebotes ofensivos, principalmente quando arremessos de fora do perímetro são intensamente tentados, numa demonstração da pouca mobilidade e velocidade de nossos pivôs (vejam as fotos…), fator que se não corrigido (e duvido que o seja, pelas características táticas da equipe, que não encontram respostas condizentes de pivôs muito apartados da cesta), ocasionará perdas cruciais nas fundamentais retomadas de bola, ainda mais numa equipe que preza “as bolinhas” acima de tudo, e neste caso em particular, a troca de 3 por 2 deveria ser a opção exigida, pois arremessos de curta e media distâncias por serem mais precisos otimizariam as tão sacrificadas oportunidades ofensivas, na maioria das vezes desperdiçadas nas aventurosas tentativas de três. Pode-se vencer, e bem, partidas de 2 em 2 pontos, por que não?

Quarto final – 28 x 32 – complementando um segundo tempo favorável aos canadenses, mais seriamente empenhados, desnudou-se de vez uma realidade indiscutível, a de que temos ainda muito o que aprender e assimilar dos conceitos do competente técnico argentino, principalmente quanto a um coletivismo desconhecido de alguns e importantes jogadores, já que produtos de uma imperfeita formação de base, onde o “me garanto” transcende o “nos garantimos”, produto maior do conceito básico de equipe, na qual, o pleno conhecimento e domínio dos fundamentos nivelam e igualam a todos em torno do mesmo, e sem os quais, nenhum sistema de jogo poderá ser estabelecido com confiabilidade, consistência e rigor.

Temos sérias e preocupantes lacunas que dificilmente poderão ser corrigidas no atual momento, não sei se por exigências contratuais, empresariais, ou mesmo de Q.I., mas fatos são, nossas deficiências na armação, onde numa competição de tal importância o fator experiência deveria ter sido obrigatoriamente observado, já que temos no país armadores possuidores de tais atributos, e que foram postergados em troca de uma renovação fictícia e comprometedora, assim como quanto aos pivôs, que frente ao dinamismo proposto aos mesmos pelo técnico argentino, incoerentemente foram selecionados aqueles que conotam uma antítese a tal conceito, já que pesados e lentos, deixando de lado outros mais rápidos e ágeis, o que os tornariam mais presentes no âmago do perímetro interno, mas sem a grife de atuarem fora do país, com as exceções do Huertas e do Spliter, justificando a mesma.

Mesmo assim, acredito que possamos evoluir um pouco, mas talvez, não no sentido de nos sentirmos seguros e tranqüilos quanto a uma classificação olímpica, mas certamente no pleno conhecimento de que, e de uma vez por todas, devemos nos concentrar num autêntico e estratégico trabalho de base, mas não esse que aí está, coercitivo e egocentrado num sistema único, garantidor de uma pseudo elite que tem como propósito, também único, o de manter o rentável nicho em que se encontram encastelados desde sempre.

Mas acredito e tenho a mais absoluta fé de que dias melhores hão de vir, para o soerguimento do grande jogo, enfim.

Amém.

PS-Clicar nas fotos para ampliá-las

Fotos-Reproduções da TV.

TUDO SE RESUME A UMA…

…QUESTÃO DE PULSO.

Amém.

Foto-Gazeta Esportiva

O RACHÃO…

Certamente se torna muito difícil analisar uma partida de basquetebol, quando ao final da mesma a diferença ultrapassa os 50 pontos, e o incrível, entre duas seleções nacionais. Ainda recordamos o recorde de pontuação infringido ao Vitoria pelo Flamengo, no último NBB3, em 54 pontos, como algo imponderável, e agora, 56 da seleção esmagando o México. Em ambos, um basquete unilateral, e obviamente fictício.

Logo, gastos com passagens, hotéis, alimentação, arbitragem, pessoal de apoio e manutenção de um ginásio, em absolutamente nada soma ou contribui para uma diagnose precisa do atual momento de uma seleção às vésperas de um pré olímpico fundamental, e nem mesmo se apresenta como um campo fértil de observação para a efetuação dos cortes finais na equipe.

Na verdade, nosso competente técnico se encontra perante um enigma, que pode ser explicitado na seguinte premissa, a indefinição Spliter, fora de atividade prática desde o término da temporada americana, ausente de todo o treinamento até agora realizado, e “ligeiramente” indefinido para o quadrangular de Foz do Iguaçu, quiçá a grande competição em Mar Del Plata ( seria o álibi definitivo e providencial…).

Se observarmos a pelada (desculpem, quis dizer “rachão”…) de hoje, toda a supremacia da equipe, exemplificada nos 35 x 5 do terceiro quarto, se fundamentou numa forte defesa interior ( atenção ao quase certo jogo exterior dos caribenhos, ainda uma falha nossa gritante …), onde pesados pivôs não encontraram dificuldades ante a fragilíssima ofensiva azteca, distribuindo passes médios e longos aos velozes alas e armadores nacionais, em contra ataques indefensáveis, mas somente um dos grandões os acompanhavam, o Rafael. Se for esta a estratégia do Magnano, que vem de encontro a uma nossa tradicional característica, o apoio de um pivô nas velozes conclusões ofensivas só se fará presente através o Rafael e o Spliter, já que os demais são lentos e pesados demais. Agora imaginem o impacto ocasionado por uma possível ausência do Spliter?  E como foi infeliz a opção de escolha da turma de peso radicada na pátria das paellas, quando aqui mesmo pivôs velozes e elásticos, como o Teichmann, o Morro, o Estevan, bem melhores tecnicamente do que os convocados, principalmente pela opção de jogo agora esboçada, bem contrária à “de choque” inicial? Ou ainda teimaremos na idéia de que peso, corpulência e cara feia por si só garantem garrafão, na defesa e no ataque? Ainda mais saindo um palmo do chão, numa clara predisposição aos rebotes pela ocupação horizontal de espaços, onde DPJ`s e arremessos de três, que fatalmente serão utilizados contra nós, os manterão à distância daquelas ofensivas?

Em Foz do Iguaçu, mesmo que ainda escamoteadas, as equipes terão de fechar suas opções, pois na semana seguinte os confrontos serão para valer, sem retornos e desculpas. O Magnano que é sagaz e muito inteligente se verá frente a duas opções, um time com um Spliter meia bomba, ou um sem bomba nenhuma. Com ele, um Rafael de apoio ou rodízio, sem ele, só o Rafael. E neste caso, o jogo ficará mais moroso, cadenciado, acadêmico, pois deslocar tonelagem pela quadra se tornará lugar comum, e o jogo exterior cairá no colo dos cardeais e sua artilharia infernal…se as ‘bolinhas” caírem…

Ter um time nas mãos quando em treinamento passível de cortes, é uma situação. Outra, é quando a bola subir para a viagem sem volta, para constatarmos se realmente o controle será exercido em toda sua dimensão.

Torço para que o grupo tenha realmente aceito e comprado a estratégia de preparo e jogo do bom argentino e sua liderança de grife, pois em caso contrário, bem, 2016 está logo ali…e garantido.

Um último e significativo aspecto – Os rasgados elogios à forma de jogar no terceiro quarto, feitos pelo Magnano à equipe, numa clara manifestação de que o academicismo campeão olímpico, aqui no nosso caso, ficou bem para trás. Coisas do grande jogo.

Amém.

UM DESFOCADO COLETIVISMO…

E num determinado momento, o Marcelo arremessa de três…e erra. Rebote ofensivo voltando a bola para o Marcelo que, de novo arremessa de três…e erra. Novo rebote ofensivo, volta de bola para o Marcelo que, agora de dois, e mais uma vez…erra.

Daí para diante, com a porteira aberta, tome chute de três, pois se ele pode e fica na quadra, porque eu não posso?

Pedida de tempo, Magnano preocupado, algumas ponderações, e a equipe retorna jogando mais dentro do perímetro, com os pivôs, demonstrando que o treinamento não fechou a equipe em torno de sua proposta coletivista, e que ainda muito caminho tem de ser percorrido até que tal concepção se arraigue no imaginário de nossos craques, ante a viciosa realidade que os acompanha desde a formação de base. Correr e chutar, chutar e correr mais ainda, é a condição que mais os identificam desde sempre, onde o sentido defensivo sequer é considerado como algo básico (Por quê? Se correr e chutar designam tal comportamento? ), e de tal maneira neste jogo isso foi evidenciado, que a fraquíssima equipe mexicana não se cansou de arremessar do perímetro com algum sucesso, o que se tornará um desastre anunciado se tal passividade se repetir ante as metralhadoras caribenhas em Mar Del Plata.

No meio tempo, entrevistado, Guilherme afiança que a intensidade ofensiva sendo mantida, e com as “bolinhas” voltando a cair, em conformidade com o que é pedido pelo Ruben, tudo irá melhorar, e não deu outra, pois nosso ala pivô desandou a arremessar de três com algum sucesso, e a equipe se afastou no placar. Mas, sinceramente falando, duvido bastante que seja essa a vontade prioritária do Magnano, ainda mais agora que se defronta com um Spliter vai mais não vai, um Paulão paquidérmico, perante o qual o Josuel parece uma sílfide, três pivôs de força, e somente isso, força, e uma armação cada vez mais indefinida, se com um ou dois armadores, daí sua análise pontual de testá-los dois a dois, ontem com os dois espanhóis, e quem sabe amanhã com os dois que atuam na terra?

No entanto, a nave está se encaminhando para a tríade de comando dos cardeais, Alex, Marcelo e Guilherme, com um dos pivôs de força, ou o Spliter se sair do vai ou não vai desestabilizador e atordoante, e um armador de ofício para alimentar a inesgotável sede artilheira de sempre, pois lá no fundo, se lembrarmos bem, é uma trinca que chega às últimas grandes competições em boa forma, sem contusões aparentes, e que defendem seus feudos como ninguém. Agora, se preenchem as exigências e anseio técnico tático do argentino, é outra conversa, e sempre lembrando que o Marcos ainda se encontra em divida com os cardeais pela catilinária de Porto Rico, sendo na época (lembram-se?) fortemente criticado por eles. Mesmo assim corre por fora, agora mais maduro, e quem sabe, para o seu bem, mais calado, mas… conivente?

E como disse, La nave vá, ondulante e instável, sob o comando de um bom, experiente, laureado e sagaz técnico, da pátria da milonga, prima em primeiro grau da malandragem tupiniquim, a mesma que tem nos comprometido nos últimos 20 anos, não só dentro, mas muito mais, e decisivamente, fora das quadras do grande jogo.

Longe de mim o derrotismo, perto de mim a esperança de bons e pródigos jogos na terra irmã, torcendo para que as “bolinhas”, não só do Guilherme, mas de todos eles, caiam, nem que de um ponto de cada vez, já que o apregoado e desejável jogo coletivo deva ficar para 2016, já que desfocado, no momento.

Amém.

NOTA- Tenho recebido insistentes comentários apócrifos, principalmente de um leitor(?) que se assina EU. Se não enviar um email que não seja falso, como o enviado, e assinar seu nome, nada feito, pois anônimos aqui nesse blog não têm guarida. PM.

O VITÓRIA DO ALARICO…

Fiquei muito triste com o relato do Doutor Alarico Duarte sobre a situação da equipe do Vitória para o NBB4. A ausência de patrocínios por parte do empresariado do Espírito Santo põe em risco total a participação, não só do Vitória, como do CETAF, a dois meses do inicio da competição, no que seria um brutal retrocesso naquela modalidade tão querida do simpático e torcedor povo capixaba.

No entanto, gostaria de tecer algumas ponderações a respeito, já que dirigi a equipe no returno do NBB2, num trabalho aqui minuciosamente relatado, e que marcou profundamente todos aqueles jovens técnicos, que ao acompanharem aquela sofrida saga, puderam testemunhar através os relatos do dia a dia da equipe, e mais adiante vídeos de seus principais jogos, os formidáveis progressos técnicos alcançados, assim como a grande contribuição tática com a introdução do sistema de dupla armação e três alas pivôs móveis, cujas influências se fazem sentir até hoje em suas divisões de base, muito bem preparadas e dirigidas pelo professor Washington, meu assistente na época.

Infelizmente, aquele projeto inovador voltado a uma equipe composta por jogadores subvalorizados  pela mídia nacional, foi erradicado quando do NBB3, onde uma falida e improvável parceria com a Metodista de São Paulo, originou uma série de resultados de triste memória, como a última colocação no Campeonato Paulista, a não classificação para os playoffs no NBB, e os recordes negativos de contagem alcançados naquela competição, fatores que certamente colocaram os patrocínios para a equipe numa faixa de rejeição para o próximo NBB4.

Mas algo tem me chamado a atenção, além do impacto promovido por aquela equipe no NBB2, sempre lembrada com admiração, o fato de que aqueles excelentes (apesar de esnobados pelas grandes equipes) jogadores, que não tiveram, assim como eu, a oportunidade de treinar e jogar, com principio, meio e fim, numa competição de tamanha importância, ainda poderem ser reunidos, pois, com a exceção do Casé, não estão ligados a equipes da LNB, e sim disputando campeonatos regionais, que não os impossibilitam de participar da mesma, e tenho quase certeza ( desculpem a ousadia…) de que aceitariam o desafio, após a instigante experiência que tiveram no NBB2 pelo Saldanha da Gama, se seguramente contratados para realizá-la, e em concordância ao projeto técnico tático original. E como as restrições ao meu nome( a começar por esse humilde blog…) são de escalão superior(?), que o Washington pudesse desenvolver o projeto de onde foi interrompido e retroagido à mesmice de amarga memória, pois não conheço mais ninguém que tivesse a coragem de desenvolvê-lo, e com potencial probabilidade de romper com o que ai está sacramentado a mais de 20 anos.

Não seria um projeto caro, talvez bem inferior ao R$ 1,5 milhão, projetados pelo Doutor Alarico, mas rico em possibilidades e empenho, já que preenchido e defendido por excelentes jogadores, que provaram serem unidos e participativos. Amiel, Roberto, De Jesus, Rafael, João, Muñoz, André, quem sabe o Casé e o Gaspar, o Matheus e os mais jovens da terra, formariam um time a ser respeitado, pois proprietários de um sistema de jogo que somente eles professariam e praticariam, logo, diferenciados das restantes equipes. Se provaram isso no pouco que puderam jogar com o mesmo, por que não agora, mais experientes, vividos e calejados, naquela que seria a última tentativa de emergirem dessa terrível mesmice, por que não?

Faço votos para que o Vitoria e o CETAF superem tantas dificuldades, mas indo um pouco mais além do que somente se fazerem presentes na disputa, ao desenvolverem novas formas de jogar o grande jogo, com audácia e coragem, o que duvido muito possa vir a ocorrer nas demais equipes, preocupadas que estão em nomes, ribaltas midiáticas, e o sistema único. Precisamos investir e mudar conceitos, e quem sabe, o modesto Vitoria possa dar o salto providencial, aquele ensaiado com méritos no NBB2. Assim espero, como renitente torcedor que sempre fui, sou e serei do grande jogo.

Amém.

30 DIAS DEPOIS…

Enfim, pude ver a seleção em ação após 30 dias de treinamento intensivo, e mesmo assim via internet, num jogo contra a fraquíssima equipe da Venezuela, e absurdamente contando somente com nove dos quatorze jogadores que permanecem disputando posições no grupo final.

É lamentável que após tanto tempo treinando, e agora jogando, problemas burocráticos ainda pendentes, retire do técnico argentino a possibilidade de ver na prática o resultado de seus esforços no comando da seleção, e isso às vésperas de um pré olímpico decisivo.

Na verdade, o motivo escamoteado do público interessado na seleção, aponta para o não pagamento dos seguros de alguns dos jogadores, os mais valorizados, deixando-os como torcedores de arquibancada, num momento importante da preparação da equipe, que se confirmado tratar-se-ia de uma falha imperdoável e altamente comprometedora, digna de uma administração caótica e equivocada.

Quanto ao arremedo de jogo, alguns pontos podem ser enfocados, tais como:

– A equipe vai adotar o sistema único de jogo, adaptando um dos armadores como um ala, atitude que foi largamente utilizada pelas equipes do NBB, o que leva a crer que três serão os armadores constantes da lista final, e onde o Huertas e o Rafael se manteriam, restando a última vaga a ser disputada pelo Nezinho, o Benite e o Raul, pois a ausência nos jogos até agora disputados do Rafael, reforçam o fato de que seu seguro está sendo providenciado, assim como o do Paulão, pois em caso de possível corte por deficiência técnica, que num prazo de 30 dias qualquer técnico notaria, tais esforços quanto ao mesmo não seriam levados adiante, como estão, ou parecendo estarem sendo.

– Definindo o sistema de jogo, como aquele que os jogadores estão mais do que ajustados em suas funções de 1 a 5, demonstra o técnico argentino que seu esforço maior deverá estar direcionado ao sistema defensivo, principalmente dentro do perímetro, onde parece acreditar que serão decididos os jogos no pré olímpico, daí sua predileção pelos pivôs de força, como o Caio e o Rafael, permitindo maiores liberdades ao Guilherme, e certamente ao Spliter, apostando na velocidade de contra ataques, tão ao gosto do jogador brasileiro, e isso ficou bem claro, pelo menos no jogo de hoje, quando a trinca do Brasília foi complementada pelo Caio e o Marcelo, nos melhores momentos dessa forma de jogar.

– Mas, sempre o indefectível mas, duas equipes que adoram jogar fora do perímetro, Porto Rico e Dominicana, duelarão com nosso ponto mais fraco, mais claudicante, a praticamente inexistente anteposição aos arremessos de três, os quais são poderosíssimos nestas duas equipes, assim como a Argentina, fator este, que aparentemente não foi corrigido nestes 30 dias.

– Acredito que no próximo torneio de Foz do Iguaçu, tais tendências se materializarão, porém bem mais reforçada pelas presenças dos cinco jogadores até agora indesculpavelmente ausentes, num modelo de gestão desportiva simplesmente lamentável.

– Finalmente, duas, e mais do que repetidas, constatações, a de que o Marcelo continua arremessando o que quer nos três pontos, e o fato de que o Alex agora arremessa o lance livre dentro dos 5 segundos regulamentares, em vez dos 11 segundos nos jogos do NBB, sob a proteção desvelada de nossos árbitros de renome internacional.

– Ah, a também constatação de que o Raul e o Nezinho, sob intensa pressão viram as costas para o defensor, pois incapacitados na sequência drible, passo atrás concomitante ao corte, arma fundamental e básica de todo armador de alta qualidade, principalmente numa seleção nacional. Nada posso mencionar sobre o Rafael Luz, pois não o vi jogar, assim como sobre o Benite, que muito antes do defensor dele se aproximar já arremessou, de que distância for, comprometendo bastante seu depoimento público de querer se tornar um armador puro.

Bem, após 30 dias de intenso treinamento, pouco, ou nada mudou em nossa forma de jogar, a não ser uma certeza que se espraiou no imaginário de nossos analistas e torcedores, de que o fator osmótico advindo do bom técnico argentino, junto aos nossos jogadores, possam transformá-los em vencedores olímpicos, tal qual como ele o foi brilhantemente em Atenas.

Mas não basta tocar, e sim fazê-los jogar de uma forma diferenciada de um sistema que todas as equipes se utilizarão em Mar Del Plata, inclusive a de seu próprio país. Essa seria nossa grande e decisiva oportunidade, ao quebrar e romper essa mesmice esmagadora e óbvia.

Amém.

OBS- Clique na imagem para ampliá-la (Foto Deportes-Venezuela)