FALANDO DE FLUIDEZ…

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Não me parece ser tão difícil, ou complexo assim, analisar o jogo em Buenos Aires, se nos pautarmos por um argumento, ou melhor, uma evidência que salta aos olhos de quem entende, ou procura entender, minúcias técnico táticas do grande jogo, a começar pelo aspecto consistência de equipe…

 

Que honestamente falando, pouco existe, e que varia brutalmente conforme são escalados alguns jogadores, que ora ou não se entendem, mesmo sob a égide de um sistema de jogo, que creio fortemente treinado, porém, fraca e convincentemente entendido e aceito…

 

São armadores que fogem sistematicamente do foco das ações ofensivas, se perdendo em passes lateralizados ou se escondendo atrás da defesa oponente, assim como pivôs indo ao perímetro externo armar jogadas, numa inversão de valores preocupante, pelo primário fator de que a existência de um sistema organizado peca pelo básico, a inconsistência, gerando por conseguinte, uma ausência de fluidez que precede o imobilismo tático…

 

Escolhi cinco, das muitas fotos que captei da transmissão televisiva, que demonstra tal imobilismo, preocupante às vésperas da grande competição, e que não poderá ser sanado somente pela disputa sequencial de amistosos, nem sempre favoráveis, e sim pelo forte e dinâmico treinamento em busca da fluidez desejada.

 

Poderia também discorrer sobre os platinos, sua forma harmônica de atacar e defender em massa no garrafão, assim como sua constância e firmeza no jogo externo, principalmente na precisão de seus arremessadores, mas creio ser o mais importante nos reportarmos aos nossos óbices, pois será na correção dos mesmos que poderemos alcançar o patamar de lídimo concorrente a um bom posicionamento em um torneio mundial, mesmo que se autoconvidando a um preço elevado, fora os seguros nebebianos…

 

No entanto, ao considerarmos que agora temos na equipe os jogadores longamente reclamados pelos aficionados do grande jogo, principalmente seus grandes pivôs, mesmo não relacionando outros bons jogadores esquecidos na convocação, e mantendo outros que já não ostentam condições técnicas para lá se encontrarem, podemos avaliar o quanto de trabalho ainda deverá ser estabelecido e praticado, a fim de que a equipe, num todo, consiga chegar na Espanha com uma razoável margem de coletivismo, necessário e vital para os enfrentamentos que se deparará em escala crescente e sem volta, se desejar estabelecer uma continuidade até onde puder, ou tiver competência para ir…

 

E se fluidez tática é o nosso objetivo primal, reporto-me a uma entrevista que o jornalista Fabio Balassiano do Bala na Cesta fez comigo em 3/3/2010, por conta de minha ida para a direção da equipe do Saldanha da Gama no NBB2, onde justifico o sistema de jogo utilizado, com dupla armação e três pivôs móveis, respondendo, inclusive, a uma questão colocada sobre os atuais pivôs que defendem a seleção para esse mundial, deixando no ar uma idéia, agora bem real, do que poderia  ser adaptado, ou utilizado pela mesma, em se tratando de fluidez sistêmica, que sugiro ser vista e analisada através o video que apresentei na época, de um dos jogos daquela equipe, e o quanto poderia inspirar a seleção sobre o fator que tanto vem sendo discutido, o da fluidez ofensiva, conseguida através um sistema proprietário e até agora único, já que coercitivamente esquecido…

 

Nele, podemos aquilatar como o comportamento entrosado e de mútua ajuda de armadores, pode influenciar decisivamente no municiamento de pivôs em constante movimentação, ora abrindo, ora se infiltrando no âmago defensivo de seu adversário, complementando arremessos seguros, pois de curta distância, e uns poucos de longa, e sem limitar as ações vindas do perímetro externo (nesse jogo, contra Joinville, o armador Muñoz fez 28 pontos, sem deixar em nenhum momento de exercer sua função armadora…), e onde a característica de unidade se materializa na fluidez de um sistema bem treinado, assimilado, discutido e aceito por todos, indistintamente (e só foram 49 dias…), através jogadores de pouca projeção midiática, deixando no ar a seguinte pergunta – Como seria com os nominados e talentosos jogadores que aí estão vestindo nossa outrora gloriosa camisa, como?…

 

Colocada a questão, que tal responderem ao desafio que fiz no artigo 1000 desse humilde blog?…

 

Amém.

Fotos – Reproduções da TV. Clique nas mesmas para ampliá-las e terem acesso às legendas.

 

 

 



4 comentários

  1. Walter Carvalho 10.08.2014

    Ola Professor Paulo,

    Mais uma vez seus comentarios e observacoes sao bastante relevantes pois aquele que enxerga o jogo com olho tecnico consegue perceber a falta de proposito, fluencia e filosofia de jogo dentro das caracteristicas de nosso jogadores.

    Quando eu consigo assistir os jogos do Brasil pela televisao, eu percebo que nao ha coordenacao ofensiva e defensiva que favorecam as caracteristicas individuais e nossos atletas. Como mencionei em meus comentarios estamos jogando como uma equipe do leste Europeu ou China – de uma forma lenta, pesada e sem movimentacao de bola e homem.

    Observo que falta treinamento ao Brasil, coisas basicas que mostram se uma equipe esta sendo eficientemente treinada ou nao, ou seja:Identifco as seguintes areas como sendo areas problematicas para o Brasil:

    Defesa:
    1. Nao sabemos marcar o pick and roll e o arremesso de tres pontos.
    2. Nossa flutuacao, especialmente na marcacao dos alas, afunda muito sempre deixando o arremessador de tres livre.
    3. Nossa pegada defensiva e sempre a mesma o jogo inteiro! sem alternancia e porposito coletivo. Marcamos todos os jogadores adversarios da mesma forma como se todos fossem importantes para a equipe adversaria. E isto jogando contra equipes que conhecemos!!! e inadmissivel!
    4. Ainda nao consegui perceber a filosofia basica de defesa do nosso selecionado. Forcamos a bola para o fundo ou centro da quadra. Forcamos a bola para o lado que nao favorece o ataque? Negamos a bola de volta para o armador? Cortamos a linda do passe do cestinha adversario e flutuamos nos outros jogadores? Marcamos o pivo de baixo pela frente ou nao? Nossa postura basica defensiva e uma salada de conceitos o que dificulta qualquer coordenacao defensiva de grupo, pois os jogadores marcam sem ter um objetivo coletivo e foco!

    Ataque
    1. Movimentacao contra individual e por zona muito lenta sem movimento de bola e de homem sem bola. Movimentacoes que sao altamente previsiveis.
    2. Jogadas de situacao especiais nao sao aproveitadas como oportunidade de cesta. Estes possiveis 10 pontos podem ser muito importantes em um jogo duro e contra equipes de alto nivel.
    3. Nao possuimos jogadas de contra-ataque. apos cesta, apos lance livre convertido etc.
    4. Falta contra-ataque para esta equipe – se nao for primario, poderiamos utilizar as chegadas de nossos pivos e coordenar uma movimentacao secundaria onde eles pudessem receber a bola como continuacao do contra-ataque fluindo naturalmente da defesa para o ataque sem ter que recorrer a multiplas movimentacoes, etc… que por sinal sao altamente previsiveis pois sao iguais a equipes americanas ate mesmo as que a Argentina utiliza. O tal de sistema unico – que falha na utilizacao de movimentacoes que venham aprovaitar ao maximo as caracteristicas de nossos jogadores.
    5. Com o objetivo de ajustar o nosso ataque aos pivos altos e pesados, estamos tirando de jogo o Huertas e outros. Estes estao jogando fora de suas caracteristicas individuais. So melhoramos um pouco no joga na Argentina qdo comecamos a correr a dobrar na marcacao, ai o Alex e o Leandrinho passaram a ser jogadores menos previsiveis…Pois a bola chegava em movimento e no contra-aqtaque.

    Resumindo, nao consigo observar um conceito e a pratica de uma filosofia de jogo.

    Ate breve,

    Walter

  2. Gil Guadron 10.08.2014

    LA FILOSOFIA DEL ENTRENADOR

    Los cimientos o bases sobre lo que esta construido un equipo de basquetbol son el dominio de los fundamentos tantos ofensivos como defensivos.

    Para que un equipo tenga la capacidad de competir, de estar en la pelea en un mayor numero de partidos , necesariamente debe tener jugadores que tengan automatizados la ejecucion correcta de los fundamentos.

    Esto nos lleva al punto fundamental: que la principal tarea del entrenador…. es hacer, construir, jugadores que dominen los fundamentos del deporte: que somos profesores de basquetbol.

    Y los primeros que hay que dominar son la posicion basica o fundamental y el juego de piernas ( footwork ), utilizandolos tanto con la pelota como sin ella y defensivamente marcando la pelota o estado alejada de esta.

    Claro que hay que hacer algunas otras cosas para enfrentarse a un rival, quizas muchas veces con mayor talento que el nuestro.. y esa pequeña ventaja le llamo DEFENSA !!! DEFENSA !!! Y mas DEFENSA !!!

    Para ello es necesario dedicar un tiempo significativo del tiempo de entreno a la defensa.

    Mi filosofia estuvo centrada en la defensa…

    La consecuencia favorable para mis jugadores en el ataque fue que mejoraron enormemente sus destrezas ofensivas,como unica ruta para enfrentarse a mi asfixiante defensa a presion.

    Claro que reconozco que en basquetbol gana el que anota mas puntos… pero tambien gana el equipo al que le anotan … menos puntos.

    Mi meta fue costruir un equipo que valore enormemente cada ” posesion de la pelota “…

    Un equipo en el que ofensivamente solo tiran los jugadores que tienen la luz verde del entrenador ; tomando tiros solo dentro de su rando de tiro.. solo tiros de alto porcentaje..

    Una posible excepcion es que uno de los atacantes no autorizados para tirar.. se encuentre completamente solo bajo la canasta.

    La pelota es demasiado valiosa para perderla en un tiro fuera de control, desperdiciando todo un maravilloso esfuerzo defensivo por obtenerla.

    Y aun asi, el renovado y denodado esfuerzo tecnico/tactico defensivo… nos mantendra en el partido, pues en basquetbol existen dos constantes:

    1 – la defense , y

    2 – el tablerro.

    Mis respetos.

    Gil Guadron

  3. Basquete Brasil 11.08.2014

    Walter,desentortar o que já vem torto é um tremendo trabalho de reeducação, ou de convocações mais acertadas, fatores que parecem não terem sido observados nessa equipe nominada e midiática. Salvas honrosas exceções, alguns dos que ali estão, não merecem estar ocupando posições que de a muito, deveriam ter sido preenchidas por novos e bem trabalhados valores, o que infelizmente não aconteceu. Por essa razão temo que não alcancem os resultados que julgam merecedores no Mundial. O grande jogo é acima de tudo seletivo e fundamentalmente técnico, logo…
    Um abração, Paulo.

  4. Basquete Brasil 11.08.2014

    Gil, uma coisa é se dizer possuidor de uma filosofia de jogo, outra é conseguir incuti-la no âmago de uma equipe, o que não é o caso desta seleção nacional, infelizmente.
    Um abração, Paulo.

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