DAQUI A POUCO…

Cinco abertos, chega e chuta, e estamos conversados…

No artigo Reféns aqui publicado recentemente, uma tabela contabilizava os últimos sessenta jogos do NBB, e o que ele representava de negativo para o nosso basquetebol de elite –

Vejamos agora o resultado dos seguintes sessenta jogos do referido NBB:

Arremessos de 2 – 1903/3652  52.1%

Arremessos de 3 – 893/2836    31.4%

Lances livres       – 1203/1684  71.4%

Erros de fund      –  1306           21.7 pj

Concluindo, para os 2 pontos, na média, converteram 31.7 e perderam 60.8 tentativas; Nos 3 pontos, 14.8 e 42.8, nos LL, 20.5 e 28.0, mais os 21.7 erros de fundamentos.

Comparemos agora com a tabela final do torneio Super 8 (7 jogos), finalizado no sábado, com a vitória do Minas TC sobre o São Paulo FC-

Arremessos de 2 – 251/482  51,5%

Arremessos de 3 – 147/432  33,3%

Lances livres       – 161/234  68,8%

Erros de fund     –  142         20,2 pj

As médias finais foram de 35,8 tentativas convertidas e 68,8 perdidas por jogo nos 2 pontos, 21,0 e 61,7 nos 3 pontos, e 23,0 e 33,3 nos Lances livres, números condizentes com os da temporada regular em seus 120 jogos realizados.

Chegamos então a triste conclusão de que, na divisão de elite do basquetebol tupiniquim, os parâmetros de 70, 60 e 90 da elite internacional, está a muitas léguas de distância da nossa realidade, que decresce ainda mais nas divisões de base, principalmente na constrangedora teimosia do chega e chuta solidamente estabelecido…

Se considerarmos serem participantes do torneio, as oito equipes de melhores números na liga, poderemos exercer um pequeno estudo sobre alguns fatores que nos aflige:

– Estamos, como desde muito estivemos, muito mal nos fundamentos básicos do jogo, e de tal forma que, fica determinada a ofensiva em leque, ou seja, os cinco jogadores abertos, fora do perímetro interno, inclusive os alas pivôs, para, de forma avassaladora partirem para a cesta em largas e velozes passadas, a fim de sobrepujar defensores falhos e equivocados, quanto a correta maneira de brecá-los pela boa e eficiente técnica defensiva. Só que, mesmo tomando a frente do defensor, fatalmente encontrará coberturas eventuais, e nesse momento, os princípios técnicos de trocas de mãos e de direção se chocam com a dura realidade de não dominá-los, perdendo o controle da bola, e até das passadas. Com muita sorte, conseguirá uma falta pessoal a favor, ou desfavoravelmente, uma contra si próprio. Muitas e muitas jogadas dessas tem acontecido dentro do errôneo princípio dos “cinco abertos”, a grande arma do atual arsenal dos estrategistas de plantão, plenamente convencidos do poderio da armada americana/argentina que floresce a cada temporada nas franquias, em contra ponto a fraqueza de nossos jogadores nesse quesito, onde se torna cada vez mais corriqueira a presença em quadra de quatro estrangeiros e um único representante nacional do “jogo que você nunca viu, o NBB”…

Espaço para embalar…
E consequente bloqueio

E os caras estão dando as cartas de verdade, tornando uma falsa realidade a glória de muitos dos estrategistas de comandar uma equipe em que o idioma pátrio seja o menos falado, mesmo balbuciando muito mal os idiomas dos caras, que não estão nem aí para taís e insignificantes detalhes, quando o que importa é botar a bola embaixo dos braços, combinarem-se com seus pares, e barbarizarem ao seu modo, vencendo ou perdendo, dentro de um nicho de mercado garantido pela pobreza colonizada daqueles que os pensam dirigir, mas se comportam e agem como meros torcedores de beira de quadra, num erro estratégico que nos cobrará, em breve, um altíssimo preço…

Por acaso, o técnico da nossa seleção poderá contar com esse exército de estrangeiros meia boca em sua maioria no tremendo esforço para a classificação a Paris 2024? Sua solidificada proposta do chega e chuta (nos três artigos anteriores disseco essa proposta, inclusive com  fartos números), agregada ao princípio (?) da abertura em leque acima citada, ambas somadas a dura realidade de nossa carência maior, a defensiva, fundamento absolutamente desprezado desde a formação de base, gerando uma realista e justa apreensão, pelo simples fato de não possuirmos o domínio das técnicas básicas nos fundamentos do jogo, fator que sobra abundantemente nas equipes europeias, americanas, e por que não, argentinas também…

Internacionalmente nos apresentaremos com jogadores nacionais, pensando atuar como se estrangeiros fossem, abrindo em leque para os 1 x 1 de praxe, chutando com ou sem contestações, correndo, saltando e trombando mais ou menos próximos a eles, porém sem os conhecimentos fundamentais da base do grande jogo, e o pior, sem o salutar conhecimento e prática do fundamento maior, a arte de defender, defender, defender, que é aquele responsável pelo desenvolvimento de todos os outros, os ofensivos em particular, praticados individualmente, e acima de tudo, coletivamente…

Pensa realmente nosso head coach que possuímos tal tecnicismo atuando taticamente, como todas as equipes que enfrentaremos atuam em seu sistema único, enriquecido pelo pleno domínio dos fundamentos, mesmo em dupla armação e três alas pivôs ágeis e rápidos, porém sem o domínio daqueles, pensa mesmo?…

Acredito e temo que sim, pois se “atuam daquela forma e vencem, por que não nós também”, por que não? Afinal, parece que temos os melhores arremessadores de três do mundo, ou não? Grande parte de nossos jogadores acreditam piamente que sim, açodados e incentivados por nossos estrategistas, dirigentes, agentes, narradores e comentaristas, verdade ou ilusão?…

Veremos mais adiante, e já os vejo tropeçando em suas próprias pernas ao se verem marcados de verdade, anuladas suas tentativas de três ao se sentirem contestados e serem obrigados a alterar suas trajetórias, perdendo eficiência, e o mais emblemático, terem seus armadores (se jogar com dois), forte anteposição, sem ajudas, pois atuam no sistema único, onde um deles faz o papel de um ala (o tal armador 2), numa composição fajuta para não fugir do tal sistema, quando deveriam atuar o mais próximos possível, propiciando entre ajudas e bloqueios realmente eficientes fora do perímetro, enquanto os três grandes se situam no interno em constante movimentação, prendendo seus marcadores junto a si, em qualquer direção que se locomovam, criando espaços e brechas indefensáveis, a não ser com faltas pessoais…

Mas que nada, pois na concepção atual desses “gênios estratégicos”, sempre existirá um corner player para matar de fora, como acontece frequentemente com nossas fraquíssimas defesas, ao dobrarem sobre os que penetram, pois não dominam as técnicas de defesa 1 x 1, prato feito para as equipes estrangeiras de elite, que a executam com maestria…

E a pergunta que não quer calar inquire: Temos esses jogadores a nível dos que enfrentaremos?  Talvez uns dois, no máximo, porém irremediavelmente atrelados ao indefectível e profundamente burro sistema único, manipulado de fora para dentro das quadras, tendo pranchetas midiáticas e analfabetas na função de mensageiras de hieróglifos ininteligiveis que só funcionam na cabeça de uma turma absolutamente crente de que dominam o grande jogo, minúsculo para a imensa maioria deles todos, aos quais tentei alertar desde sempre em um artigo de a muito publicado, porém pouco levado a serio, infelizmente…

No entanto, uma conclusão pede passagem, a de que atuando em conformidade com as equipes do alto nível que utilizam o sistema único, porém dominadoras dos fundamentos básicos do jogo, jamais teremos chances de grande sucesso, já que altamente carentes no domínio dos mesmos, que é a base exequibilizadora deste ou de qualquer sistema de jogo, por mais simples que sejam, e que são resultantes de uma séria e poderosa formação de base e contínua aprendizagem e aperfeiçoamento nos mesmos, por toda a vida de um jogador…

Enquanto não atingirmos este patamar, urge que joguemos de forma diferenciada, profundamente coletivista, em ajuda constante, com conclusões mais próximas a cesta, logo, mais precisas, condicionando os longos arremessos a condição de complementos, e não básicos de uma equipe, como hoje ousam praticar, com resultados assustadores de tão ruins e perdulários, com acentuadas perdas de tempo, esforços físico e mental…

Quanto ao sistema defensivo, é preciso investir pesado na formação de base, assunto que defendi e aconselhei num recente artigo, e que mesmo carentes individualmente, passemos a defender na Linha da Bola, onde uma flutuação lateralizada compensa bastante falhas individuais, facilitando o posicionamento nos rebotes, pois seus princípios de cobertura se fazem bem mais coerentes e lógicos do que em flutuações longitudinais a cesta…

Atuando com dois armadores, jogando próximos, ajudando e interagindo juntos, alimentando continuamente os jogadores altos em deslocamento constante dentro do perímetro, mantendo seus defensores permanentemente no ! x1, garantindo dessa forma espaços cruciais, mesmo que pequenos, no âmago defensivo, propiciando conclusões perto da cesta, mais precisas e objetivas, com possibilidades reboteiras sempre presentes e atuantes, até mesmo para dificultar contra ataques adversários, possibilitando, inclusive, ótimos passes de dentro para fora, dirigidos aos especialistas de verdade nos longos arremessos, encontrando-os relativamente livres para conseguir bons resultados, colimando um princípio renegado por muitos, de que de 2 em 2 e 1 em 1, podemos atingir grandes placares, onde os tiranbaços de fora estariam restritos, por  sua baixa produtividade, como recurso complementar, e não prioritário, como estamos vendo a cada dia que passa…

Neste Super 8, venceu a equipe do Minas TC, título que, sem dúvida, deve ser comemorado, mas, que no entanto, sacramentou o novo ideário do basquetebol nacional, praticado por todos os integrantes da Liga, conceituando claramente o caminho técnico tático a ser trilhado daqui para frente, cujos reflexos, sem a menor das dúvidas, pautarão o comportamento dos jovens que se iniciam no jogo, e o mais impactante, definirá o comportamento de nossas seleções nos embates internacionais que nos aguardam…

Daqui a pouco estaremos frente a frente com a realidade classificatória, no masculino e feminino também, quando aferiremos, por mais uma vez, a quanto andamos na busca de um processo evolutivo que se esvai década após década, motivado por uma cegueira inconcebível, já se fazendo tarde, bastante tarde, um reencontro com nossas raizes, esquecidas raizes, que nos tornaram, no século passado, a terceira força do basquetebol mundial, o grande, grandíssimo jogo que teimamos em esquecer, nesse imenso, desigual e injusto país…

Que os deuses nos ajudem.

Amém.

`Foto – Reproduções da TV. Clique duplamente nas mesmas para ampliá-las.


ABSOLUTAMENTE NADA…

O Prof. Sergio Machado, o grande Sergio Macarrão, medalhista olímpico em Tóquio, autor e editor do blog Kick da Bola, veiculou esse artigo em 21/5/2012, quando divulgou uma troca de mensagens entre mim e o Heleno Lima, onde comentamos as contundentes derrotas de nossos jovens sub 15 para argentinos e uruguaios, num final de ciclo olímpico para Londres, e o início de outro para a Rio 2016. 

De lá para os dias de hoje, após o ciclo Toquio 2021 resta uma pergunta – O que mudou em nossa formação de base ? Resposta? NADA…

* Colando do Professor Paulo Murilo

       Ressonância Magnética do Basquete Brasileiro

       Já citei aqui no blog, mais de uma vez, o Paulo Murilo, um dos ‘craques’ que formou a geração mais vitoriosa da história do basquete do Rio de Janeiro. Foi um tempo, onde a formação era espaço para professores. Quem ensinava sabia o que estava fazendo, onde queria chegar e como. Éramos todos meninos, Paulinho um pouco mais velho, mas já era técnico. Já era um dos ‘craques’. Epaminondas, Gleck, Barone, Paulo Murilo, Geraldo Conceição, Tude Sobrinho, Afro, Olímpio, Passarinho, entre outros, cada um em seu clube, formaram a geração que em 6 anos venceu 5 brasileiros de juvenis. (Assim como hoje, São Paulo dominava, e para surpresa do Brasil, o Rio acumulou essa série de títulos.) Heleno, também foi técnico de ponta no Rio, um pouco depois desses dias. Meu colega na faculdade, e profundo conhecedor de basquete.

      Recebi uma troca de e-mails entre os dois onde se comentava a recente derrota do Brasil para a Argentina no Sul-americano Sub-15 por mais de 40 pontos. Paulo Murilo fez um “triple double”, e por ele autorizado, publico aqui. Todas as loucuras que acredito, ditas dessa forma, nem parecem ser tão loucas assim. Parabéns Paulinho, obrigado. Como te disse, me senti muito melhor quando te li.

———- Mensagem encaminhada ———-

De: heleno lima <helenolima@hotmail.com>

Data: 19 de maio de 2012 13:57

Assunto: RE: BASQUETE ARGENTINO DA UM SACODE NA SELEÇÃO BRASILEIRA SUB-15 MASCULINA

Para: clippingdobasquete02@gmail.com

       Trabalhei muito nestas categorias. A diferença de um ou dois anos é muito grande. Diferenças desaparecem com o tempo à medida que ficam mais velhos. Nós levamos uma equipe com quatro jogadores de 15 anos, sete jogadores de 14 anos e um de 13 anos.

    Podem ter certeza isto explica tudo. Se foi estratégia foi errada. Não é possível que tenhamos somente quatro jogadores de 15 anos em condições de defender nossa seleção da categoria. Tem que haver uma explicação coerente a respeito disto. Levar uma diferença dos portenhos (Uruguai e Argentina) de 64 pontos não tem cabimento. Existe algo errado nisso. Gostaria de ouvir o Prof. Paulo Murilo que entende disso mais do que eu.  

       Prof. Heleno Lima

      O Clipping do Basquete do Alcir Magalhães veiculou a matéria acima, que culmina com o pedido do técnico Heleno Lima para ouvir minha opinião a respeito. Trabalhamos juntos no vencedor projeto do Olaria AC nos anos oitenta, com praticamente todas as categorias, do infantil à primeira divisão, com muita seriedade e competência, num tempo em que a formação de base, não só no Rio, como em muitos estados brasileiros, fluía e se desenvolvia, abastecendo as divisões superiores com jogadores bem treinados nos fundamentos e nos sistemas de jogo, com ótimos técnicos e professores, até o momento em que a modalidade se viu afastada dos clubes pela falta de incentivos e investimentos, até alcançar o estado de penúria em que se encontra.

    Some-se a esta realidade, outra mais perversa ainda, a decadência do ensino do basquete nas escolas superiores de educação física, que deixaram de oferecer três semestres da modalidade, assim como em outras, como o vôlei, o handebol, o futebol, a natação, o atletismo, passando-as a um mínimo insignificante, substituído-as por disciplinas voltadas às áreas médicas, como as fisiológicas, biomecânicas, psicológicas, etc., que passaram a ocupar as grades horárias prioritariamente, numa formação voltada à saúde, como resultado das anexações das escolas aos centros de ciências da saúde, em vez dos centros de formação de professores, onde estavam historicamente situadas. A realidade é que hoje a maioria destas escolas formam paramédicos de terceira categoria, fornecendo pessoal a academias e consultórios, como força de trabalho explorada pelas holdings do culto ao corpo que se espalham velozmente por todo o país, e com uma agravante a mais, com uma formação mais voltada aos cursos de bacharelato do que os de licenciatura, numa inversão absoluta de valores voltados ao processo educacional do país, com o abandono das escolas para a educação física e os desportos.

    Claro que a formação de base se ressente profundamente dessa formação nas universidades, refletindo tal despreparo didático pedagógico nas formações de base de todas as modalidades, que não encontram na maioria dos clubes os subsídios mínimos para suprirem tão vasta deficiência de ensino.

    Por conta de tal situação, ex-jogadores e até leigos são transformados em técnicos formadores, deficientes em tudo o que se refere ao processo educacional de jovens, mas sempre prontos ao sucesso rápido que os catapultem às divisões superiores e melhores salários, situações estas que os poucos convenientemente bem formados não conseguem equiparar, não só por serem minoria, como, e principalmente, por se tornarem onerosos por suas qualificações legais. Por conta dessa distorção, a maior parte dos jovens iniciantes ficam pelo caminho, e aqueles poucos que conseguem prosseguir o fazem eivados de defeitos e limitações, basicamente no instrumental mais precioso para a prática e o domínio do grande jogo, seus fundamentos.

     Outro e incisivo fator define tal situação com grande precisão, a padronização formatada de cima para baixo no preparo daqueles poucos egressos de uma formação altamente deficiente, por parte de federações alinhadas com uma confederação mentora de um único sistema de jogo, cuja maciça divulgação se faz através de clínicas e de cursos patrocinados por uma ENTB totalmente voltada ao mesmo, onde o planejamento, a aprendizagem e fixação do sistema suplanta em muito o ensino, que deveria ser maciço, dos fundamentos,  no que deveria ser o objetivo central a ser alcançado, pois nivelaria todos os jovens jogadores, independendo de funções, estaturas e posições, no pleno conhecimento das técnicas individuais e coletivas que os tornariam aptos aos sistemas de jogo que mais adiante conheceriam e treinariam, sempre respeitando suas individualidades e amadurecimento físico e emocional, variantes que oscilam de individuo para individuo.

     Por tudo isso caro Heleno, é que sempre me insurgi contra esta situação altamente irresponsável, e muitas vezes criminosa, por parte daqueles que ousam querer implantar formatações e padronizações em crianças e adolescentes, da forma mais absurda e, torno a afirmar, irresponsável possível.

    Os 64 pontos acumulados por nuestros hermanos, refletem essa catástrofe, com a mais séria das consequências, por se tratar do futuro do grande jogo, da categoria competitiva inicial, e que não merece ser tratada de forma tão abjeta. Se mudanças têm de ser feitas, é por aí que deverão começar, pela entrega da formação a pessoas qualificadas, altamente qualificadas, as mais qualificadas que possamos recrutar, de uma comunidade que pertencemos, eu e você num passado não tão distante assim, a comunidade daqueles que real e responsavelmente conhecem, estudam, pesquisam, divulgam e ensinam o basquete como deve ser ensinado. E você, como eu, sabemos que existem esses profissionais, só que nunca lembrados, sequer consultados, por quem deveria fazê-lo.

    Heleno, frente a esta realidade, o que mais dizer?

    Amém.

Foto – Reprodução da TV. Clique duplamente na mesma para ampliá-la.

*

Postado há 21st May 2012 por Sérgio Macarrão

REFÉNS…

Em um artigo publicado em 26/11/21, Sob Nova Direção, inclui uma tabela sobre os primeiros sessenta jogos do NBB, agora reproduzida

Contrariando firmemente a grande parte da mídia dita especializada, que conota 60% para os arremessos de 2 pontos, 40% para os de 3, e 70% para os lances livres, quando para o nível internacional, 70, 60 e 90 são os números aceitos e reconhecidos, além do número de erros não ultrapassar os 12/14 por jogo, vemos que estamos muito, muito abaixo do aceitável em se tratando de confrontos internacionais de peso, e não aqueles em que os adversários não atingem um mínimo de qualidade, como Ilhas Virgens e Jamaica, para os quais ousamos perder recentemente em outra classificatória similar: 

Os números finais( 60 jogos) espelham com nitidez esse enfoque:

Arremessos de 2 –  2236/4396   50,8%

Arremessos de 3 –  1103/3318    33,2%

Lances livres       –   1447/2071   69,8%

Erros de fund      –    1628            27,1 pj

Entendendo melhor, para os 2 pontos, na média, a cada jogo dos sessenta tabulados, as equipes converteram 37,2 tentativas e perderam 73,2. Nos 3 pontos, 18,3 e 

55,3, e nos LL 24,1 e 34,5, mais os 27,1 erros de fundamentos.

Vejamos agora o resultado dos seguintes sessenta jogos do referido NBB:

Arremessos de 2 – 1903/3652  52.1%

Arremessos de 3 – 893/2836    31.4%

Lances livres       – 1203/1684  71.4%

Erros de fund      –  1306           21.7 pj

Concluindo, para os 2 pontos, na média, converteram 31.7 e perderam 60.8 tentativas; Nos 3 pontos, 14.8 e 42.8, nos LL, 20.5 e 28.0, mais os 21.7 erros de fundamentos.

A competição continua, e se contabilizarmos mais dados semelhantes, pouco fugiremos das duas tabelas acima, principalmente se as compararmos com os índices de aproveitamento de 70, 60 e 90% exigidos para as altas competições internacionais, pois afinal de contas, é de encontro a elas que deveriamos caminhar a cada ciclo olímpico…

Muito bem, até concordo que são parâmetros para lá de exigentes, mas que não perdoam os 52.1, 31.4, 71.4% e os 21.7 erros por partida. se quisermos avançar técnica e taticamente no concerto internacional, ainda mais no olímpico…

Sem a menor dúvida, tais números espelham com rigor a realidade técnico tática do grande jogo entre nós, da base a elite, num comportamento praticamente padronizado, formatado que vem sendo nas últimas três décadas, onde a imposição do modo NBA de atuar, tornou-se um rígido e inflexível dógma seguido, aplicado e desenvolvido pela esmagadora maioria dos técnicos nacionais, e que agora, finalmente, explodirá nas seleções brasileiras, associado ao “chega e chuta” de invencionice tupiniquim, num preito autofágico que nos levará ao prana supremo, ou aos confins de um inferno que nem Dante visitaria…

Produto de uma pobreza para lá de franciscana, o “chega e chuta”, prestes a alcançar o estado da arte preconizado pela nova direção da seleção nacional, cujo líder já anunciou em rede que jogará como a NBA, pois afinal de contas afirma – “ganham todas as competições da forma como atuam”, tentando cristalizar paleontologicamente um sistema que somente se sustenta na realidade em que vivem, jamais a nossa, que ainda terá de saber administrar a pobreza atávica em que vivemos, bem antes de tentar galgar àquela realidade acima do equador…

Quando tínhamos personalidade própria, jogamos de tal forma diferenciada, que nem mesmo a turma lá de cima nos vencia com facilidade, perdiam também, inclusive grandes competições, mundiais, num singelo exemplo de coragem e técnica pessoal e tática de jogar o grande jogo, e não como hoje, quando simplesmente participamos, copiamos servilmente, e olhe lá…

O nosso formidável “chega e chuta” só se torna possível ante o vazio defensivo, fundamento individual mais do que básico, e para muito além, coletivo, mas que passa despercebido na formação de base, ante a presença castradora das defesas zonais, artifício e artimanha de técnicos/agentes, mais interessados em vitórias enriquecedoras de currículos, do que a formação competente e estratégica de bons jogadores, de jogadores de verdade. E é o que se testemunha nos jogos da liga de elite, o cúmplice conluio inter pares pela fragilização defensiva, estabelecendo os duelos de midiáticas bolinhas de três, com a participação de todos, onde o último a acertar desliga a luz do ginásio, indo saborear a “grande vitória”, enaltecida e deificada por uma mídia tonitruante e absurdamente ignorante, com muito poucas exceções, do que venha a ser basquetebol;;;

Ou será que acreditam em fragilidade defensiva por parte de europeus, americanos e…hermanos? Que acreditam na força dribladora de nossos craques, que necessitam atuar o mais longe possível da cesta, por não dominarem seu instrumento de trabalho, uma volúvel, inconstante e fugaz bola, em ações diversionistas, no intuito de terem muito espaço para partir em velocidade supersônica (a turma de fisiologistas garante que sim…), sobrepondo ao raciocínio e a inteligência, e muitas vezes duelando com a bola que pretensamente julgam dominar? Poucos, muito poucos temos atuando por aqui com esse domínio, em sua esmagadora maioria, estrangeiros, pois o “porraloquismo” (desculpem, não encontrei termo melhor) não é propriedade somente nossa, e a turma de fora prova a cada jogo essa certeza…

Fugimos do perímetro interno como o diabo da cruz, mais por inabilidade pessoal e covardia diretiva, do que o puro e nada saudável desconhecimento do que venha a ser jogar dentro da cozinha do adversário, terreno sagrado e somente penetrável por aqueles que gabaritam o jogo de 2 em 2 com a precisão dos bem formados, qualificando cada ataque com perdas recuperáveis, ao contrário do arrivismo inconsequente dos magos dos 3 pontos, com uma imprecisão matemática, mecânica e estatística em tudo e por tudo superior as tentativas de curta e média distâncias.,com perdas de precioso tempo incontornáveis. Mas como todos em quadra, de um lado ou de outro, rezam pela mesma cartilha, equilibram as perdas e os ganhos, numa ciranda dantesca de assistir, num pastiche mal ajambrado do que venha a ser o grande jogo…

-”Me cheira a prorrogação, que venha uma, duas, quantas vierem melhor”, ululam narradores, rezam comentaristas, ansiando ação, emoção, mesmo que técnica e tática inexistam no calor da refrega, fatores menores ante a digitação de likes e sinos, ante abraços aos fãns e lembranças a parentes, encontros para almoços, churrascos, ou um fraterno chopp, pois basquetebol pode ficar para depois…

Nos jornais, nas transmissões, a NBA dá as cartas, como se fosse do interesse nacional as bodas do provecto Lebron, os triples do Curry, as opiniões políticas do Paul George, etc e tal, nada a ver conosco, que pagamos uma assinatura para ler e se inteirar da campanha do Bulls, que ja  despachou o único brasileiro de sua equipe, mas festeja sua camisa, que só perde em vendas aqui, para a do Lakers, assuntos de transcendental importância para o nosso escanteado basquetebol, que não merece constar em página inteira, sequer a menção de sua liga maior, a tal NBA/nbb, lamentável…

Falam e trombeteiam sobre “basquete moderno”, “novos caminhos e filosofias”, “nova direção”? Por que não novos rumos para a formação de base, aumento significativo de carga horária de disciplinas desportivas nas escolas de educação física, subtraídas que foram pelas da área biomédica, atrasando em três décadas a formação de bons professores e técnicos, hoje substituídos coercitivamente no planejamento e comando por fisiologistas fazedores de atletas saltadores, corredores e trombadores, porém profundamente carentes do pleno domínio dos fundamentos desportivos, tornando-os reféns de pranchetas que exigem deles movimentos básicos individuais e coletivos que, simplesmente desconhecem, e o pior, não encontram praticamente ninguém gabaritado para ensiná-los (afinal, fica bem mais prático e fácil a troca das “peças”…), caracterizando a verdadeira tragédia por que passa o desporto neste imenso, desigual e injusto país…

Por tudo isso cada vez mais me afasto do grande, grandíssimo jogo, sem abandoná-lo jamais, resguardando uma sutil fresta de esperança em dias melhores, onde ainda possamos exercer algo que se aprende, se apreende em toda uma vida, a de amar incondicionalmente a arte de ensinar a ensinar, que tanto nos tem faltado, de verdade. Quem sabe um dia acordemos, um dia quem sabe…

Amém.

Fotos – Reproduções da TV e do O Globo. Clique duplamente nas mesmas para ampliá-las.

UMA OBJETIVA REFLEXÃO SOBRE O GRANDE JOGO (ARTIGO 1600)…

Sobre a matéria publicada neste humilde blog, A Crônica de uma Vida, em 10/7/18, dois comentários traçam com fidedignidade e precisão o atual momento do basquetebol brasileiro, valendo a pena uma reflexão argumentativa sobre os mesmos, podendo originar um bom e esclarecedor debate sobre nossas pretensões no plano internacional do grande jogo…

2 comentários

  • João
  • 12.07.2018
  • Treinador..Desculpe ser importuno, mas para sua análise:
    Verificando um levantamento dos nossos atuais atletas “selecionáveis” e suas atuações , certifiquei-me que é pouco provável que o Brasil consiga realmente algum resultado expressivo no cenário mundial daqui para frente…vejamos:
    Na faixa dos 35 anos,.. os que estão queimando o último cartucho temos o Larry,Huertas,Marquinhos, Leandrinho, Varejão, Nenê, Alex, JP Batista, Olivinha, Murilo,Guilherme…um grupo considerado forte, mas que não conseguiu passar da fase de grupos na olimpíada do Rio.
    Mas é na faixa dos 25 a 31 anos que estão a maioria dos jogadores que fazem parte do futuro do nosso basquete, Raulzinho,Benite,Felício,Léo Mendell, L.Bebé, Caboclo,Scott Machado, R.Mineiro, Cauê Borges,Elinho,Gui Deodato,Rosetto, Derek,Renan…e podemos colocar neste grupo o Yago com 19 e o Lucas Dias com 23 anos.. destes jogadores quem tem realmente um destaque.?..jogadores com grande potencial e talento a nível internacional ,a ponto de impactarem dentro de uma seleção ?
    Comparando com as principais equipes, não temos um time em reais condições de brigar pelas primeiras colocações contra as melhores seleções do mundo, atualmente estamos fora do Top 10 da FIBA…
    Urge um trabalho muito sério de desenvolvimento total das categorias de base do basquete nacional..abraço Treinador.
  • Basquete Brasil
  • 12.07.2018
  • Prezado João, nada a desculpar, somente agradecer pela sua colocação “chave” porque passa o grande jogo neste imenso e injusto país. O levantamento feito por você, mostra uma realidade técnico tática comum a todos os jogadores apontados, independendo se acima ou abaixo dos 30 anos, se em fim ou início de suas trajetórias pelas quadras daqui e lá de fora, já que todos, absolutamente todos, professam e praticam o sistema único desde a formação de base, orientados por técnicos, daqui e lá de fora, utentes do mesmo sistema, formatado e padronizado pelo mundo, com poucas exceções, fator este que projeta uma indiscutível evidência que reporto desde sempre nesta humilde trincheira, a de que num universo em que todos jogam de uma forma semelhante, vence aqueles que, em cada posição estabelecida de 1 a 5, que é uma marca indelével do sistema em questão, tiverem os jogadores mais preparados nos fundamentos(que não é a nossa realidade formativa), constituindo as melhores equipes, que somente poderão ser vencidas por adversários que se utilizem de sistemas divergentes, tornando-os proprietários de algo antagônico ao que pratica a esmagadora maioria dos jogadores e das equipes daqui, e lá de fora também. Sempre defendi essa colocação, inclusive colocando-a em prática quando na direção do Saldanha da Gama no NBB2, em continuidade ao que ensinei e treinei jogadores e equipes por 50 anos, com mais do que evidentes sucessos ante adversários pseudamente mais fortes pelos plantéis que possuíam. Já postei inúmeros artigos sobre este assunto, e só posso concluir afirmando convictamente que, independendo dos jogadores e suas idades, apontados por você( veja a realidade do futebol neste mundial com seus veteranos ditando o ritmo de jogo), a equipe nacional que defenderão, obteria bons resultados se radicalizasse seu preparo, desde os fundamentos, até a constituição de sistemas proprietários, absolutamente antagônicos a mesmice endêmica que praticam, assim como, seus últimos técnicos estrangeiros, todos adeptos do sistema único, ou não?
    Exceto os americanos, que inovaram(?) com o Coach K, não vejo mais ninguém jogando de forma diferenciada, e sabe porque João, pelo fato da mais absoluta ausência de coragem e preparo para ousar outros caminhos na busca do inusitado, do realmente novo, pois é bem mais cômodo professar uma globalização pétrea e profundamente burra, mas garantidora do emprego de todos.
    Enfim João, mudar não é para qualquer um, é para os melhores.
    Um abraço, e obrigado pela “chave”…
  • Amém.

Com esse artigo alcançamos a marca de 1600 publicados nesses 16 anos de Basquete Brasil. Que os deuses nos ajude a prosseguir,,,

DIAS MELHORES…

Eis-me de volta a dois dias do fechamento desse tenebroso 2020, que se os deuses ajudarem, será substituído por um 2021 pleno de esperanças e recuperação da saúde física, mental e econômica de um povo sofrido e maltratado por um governo ignóbil e criminoso, porém democraticamente eleito pelo mesmo, que espero tenha aprendido a diferenciar o joio do trigo de uma vez por todas…

Tenho tentado acompanhar o NBB, mas o sacrifício é enorme pelo descalabro em que tornaram o grande jogo praticamente irreconhecível, pois dói, e muito, assistir um descerebrado corre corre, com arremessos insanos de fora, trombadas por dentro e uma média de erros de fundamentos de 28 por partida, complementados pela mais comezinha ausência defensiva, hoje trocada por “faltas estratégicas e inteligentes”, emoldurando um quadro aterrador, onde três, e até quatro estrangeiros (americanos meia boca em sua maioria), ouvem com ar blasé as perorações “altamente técnicas e estratégicas”, esboçadas em pranchetas de araque, para logo após se reunirem combinando ações próprias deflagradas pelo “extraordinário” sistema de 5 abertos, matreiramente escolhido pelos estrategistas de plantão, por se basear sequencialmente no 1 x 1, fator “mamão com açúcar” para os gringos se esbaldarem, lembrando suas históricas peladas em parques espalhados em suas maiores cidades, e no meio dessa espantosa empulhação, um punhado de bons armadores argentinos, que aos poucos vão aderindo a loucura geral, principalmente pela ausência de uma liderança técnica que estabeleça sistemas e comportamentos coletivistas, que é o mínimo que se espera de uma equipe bem treinada e orientada, e mais, devidamente ensinada no trato com os fundamentos, e exemplarmente, no trato com o instrumental básico do jogo, a até agora massacrada bola…

Toda essa parafernália enaltecida aos berros histéricos de narradores absolutamente ignorantes do que se passa nas quadras, confundindo e enganando espectadores que ainda amam o grande jogo, não esse ai, onde comentaristas falam e falam sem explicar uma linha sequer do que venha a ser um jogo bem jogado, mas pródigos em beijos, abraços e lembranças de ouvintes que não estão nem aí para o que veem, na medida que se sintam reportados e lembrados na telinha…

Por tudo isso rareia em mim a vontade de assistir a uma pelada profissional apresentada como o “NBB como nunca se viu”, e não vi mesmo, pois sou de um tempo em que jogavamos, e venciamos praticando basquetebol, e não esse pastiche de terceira categoria que aí está…

Oito anos atrás publiquei o artigo Um tiro no pé, que reproduzo a seguir, e onde podemos constatar que nada, absolutamente nada mudou de lá para cá, numa antevisão do horror que conseguiram, os estrategistas de plantão, implantar no que há de pior e retrógrado no grande jogo em nosso país, carente e empobrecido de criatividade, espontaneidade e improviso consciente, e não essa coisa pasteurizada, formatada e padronizada, por quem, na triste realidade, odeia o grande, grandíssimo jogo, por não o entender em sua essência e genialidade. Eis o artigo, com o qual desejo aos poucos que aqui ainda se preocupam de verdade, um próximo ano repleto de esperanças em dias melhores, com muita saúde e paz no coração.

Amém. 

O TIRO NO PÉ…

sexta-feira, 22 de junho de 2012 por Paulo Murilo5 Comentários

Meus amigos, do que adianta defender uma tese provada no campo de jogo por anos e anos, de que de dois em dois pontos podemos vencer jogos, atingir contagens elevadas, defender com mais precisão, agilizar tanto o jogo interior, como o exterior, dotar os jogadores do poder decisório em quadra, item tão temido por tantos técnicos, por aprenderem e apreenderem a arte da leitura de jogo, por sedimentarem no dia a dia dos treinos os fundamentos do jogo, ferramenta visceral para a execução dos sistemas ofensivos e defensivos, pela aprendizagem ao diálogo sobre o que treinam e jogam, entre si, e com seus técnicos, numa mútua relação de confiança, respeito e consideração, professando uma autêntica dupla armação, e uma corajosa e diferenciada ação interior através uma tripla utilização de alas pivôs, rápidos, ágeis, flexíveis, e acima de tudo plenamente participantes do jogo, e não coadjuvantes de uma interminável hemorragia de arremessos de três pontos, que tanto empobrece nossa autofágica maneira de jogar o grande jogo.

Foi o que ocorreu, pela milionésima vez no jogo com a Venezuela, quando de dois em dois pontos endurecemos um jogo perfeitamente ao nosso alcance, para numa falha sucessão de bolinhas de três, propiciarmos contra ataques venezuelanos que esticaram o placar além dos 20 pontos.

E o que dizer do jogo da Sub 18 contra os americanos, que jogaram dentro de nós, enquanto treinávamos a pontaria de fora, sem falar na brutal diferença na postura fundamental de seus jogadores, frutos de uma escola que nos negamos a praticar, trocando um tempo precioso de formação por formatações e padronizações de sistemas de jogo, numa opção equivocada e absurda.

Senhores, utilizar uma dupla armação adaptada ao sistema único é praticamente um tiro no pé, pois retira do foco da ação exterior um dos armadores, que ridiculamente vai executar bloqueios dentro do garrafão, e de encontro aos grandes pivôs, enquanto seu companheiro de armação se vira sozinho e sem balanço defensivo presente, além de somente poder contar para uma jogada incisiva com um dos alas, claramente inferiores nos fundamentos básicos de drible e passes, pela ausência do outro armador. O resultado se reporta aos passes de contorno, num crescendo inócuo e destituído de penetração aos pivôs, que por conta de uma movimentação sagital se postam de costas para a cesta, quando deveriam atacá-la de frente e em veloz movimentação, situando-se dessa forma um tempo adiante dos defensores, que é a arma mais letal para superá-los.

O que poderia dizer ou acrescentar a mais, frente a resultados tão medíocres por repetitivos, e tão solidificados por padronizações e formatações?

Nada, se frente a uma realidade imutável, sólida e corporativista.

Tudo, se uma fresta, por tênue que fosse, de repente, se abrisse para algo de novo, iluminando caminhos abertos pelo diálogo, pelo trabalho conjunto daqueles que realmente conhecem e amam o grande jogo, e que comungassem princípios e conhecimentos entre jovens e veteranos técnicos e professores, no reencontro de um destino rompido e violentado pela mesmice endêmica que tem ferido de morte nossa maior riqueza, a criatividade inata de nossos jovens, enclausurada que se encontra nos limites de uma lamentável prancheta.

Mantenho uma contida esperança, de que nossa seleção olímpica possa vir a romper alguns desses grilhões, apresentando um jogo voltado ao perímetro interno, através um pleno domínio no externo, equilibrando ações voltadas ao coletivismo defensivo e ofensivo, onde arremessos de media e curta distância, mais precisos e eficientes, se sobreponham definitivamente às aventureiras bolinhas, lastreado por um sistema defensivo ousado e corajoso, base verdadeira de uma equipe de alta competição. Que assim seja, torço e espero.

Amém.

Foto-Divulgação CBB. Clique na mesma para ampliá-la.

EM TEMPO- Agora,  oficialmente na America do Sul, estamos em quarto…

5 comentários

  • Rodolpho
  • 25.06.2012
  • Professor, apesar de ser um pessimista (ou realista) com relação à Seleção Brasileira, duvido muito que o Magnano repita os erros da seleção no sul americano.
    Mesmo desfalcada, a seleção marcou muito bem e foi contida nas bolinhas durante o pré-olímpico. A tendência é melhorar o que deu certo, principalmente com a chegada dos reforços da NBA, que entram em vagas de jogadores sem condições técnicas ou táticas de disputar uma posição decente em Londres.
    Obviamente o nível dos adversários será muito superior, mas nossa seleção tem bons nomes (quantas seleções tem um garrafão do nível de Nenê/Varejão/Splitter?), o que me leva a crer que podemos chegar nas quartas de final sem sermos taxados de azarões.
    Pra um país com um campeonato nacional novo (4 anos) e de nível tão baixo, com a maior parte dos seus participantes ainda em nível amador, além, é claro, da vergonhosa situação das categorias de base, ficar entre os 8 primeiros do mundo é um prêmio a cada atleta e membro da comissão técnica, que, mesmo sem apoio da CBB (muitas vezes com a confederação atrapalhando) conseguirão chegar a Londres numa condição privilegiada.
    E quando o Brasil chegou entre os 8 melhores de um Mundial ou Olimpíadas?
    E quando o Brasil chegou entre os 8 melhores de um Mundial ou Olimpíadas sem depender de milagres do Oscar (as vezes com Marcel)?
    Faz muito, muito tempo.
    Espero que o sucesso nas Olimpíadas (acredito nisso plenamente) não seja usado como mérito da CBB, pois não será. Será tão e somente mérito de cada jogador (e sua família) que sabe o que é conseguir chegar no nível mais alto do esporte sem apoio algum de sua pátria. E ainda sim criticado quando (realmente) não pode participar de alguma competição.
    Professor, poderemos vê-lo comandando algum clube num campeonato estadual adulto esse ano???
  • Basquete Brasil
  • 25.06.2012
  • Não esquecer as três medalhas olímpicas de bronze (Londres, Melbourne e Toquio), e os dois mundiais no Chile e Rio de Janeiro, todos conquistados pela geração que antecedeu a do Oscar, prezado Rodolpho. Não esquecer também que a FIBA relacionou o Brasil como a quarta potência no Basquetebol do século 20, somente atrás dos Estados Unidos, União Soviética e Iugoslávia.
    Sim, já fomos referência mundial no grande jogo, condição perdida pelas absurdas e criminosas gestões na CBB dos últimos 25 anos.
    Muito será o trabalho para o soerguimento do basquete no país, e quem sabe um bom papel em Londres ajude nesse esforço.
    Um abraço, Paulo Murilo.
  • Basquete Brasil
  • 25.06.2012
  • EM TEMPO – Rodolpho, não respondi a sua pergunta feita ao final do comentário – “Professor, poderemos vê-lo comandando algum clube num campeonato estadual adulto esse ano???”
    Mas o faço agora.
    Somente me verão dirigindo uma equipe em qualquer campeonato, municipal, estadual ou nacional, se for convidado, o que duvido muito que aconteça. Relatar treinamentos e jogos visando um maior conhecimento por parte dos jovens técnicos brasileiros, como fiz ao dirigir o Saldanha da Gama no NBB2, através relatos diários no blog, mantê-lo atuante e combativo ano após ano; propor na teoria e na prática intensa, novos caminhos técnico táticos para o nosso basquete; lutar com denodo pela urgência de um associativismo por parte dos técnicos de forma ampla e irrestrita; contrariar interesses de Cref’s e entidades que monopolizaram e lotearam o desporto nacional, minimizando e quase extinguindo o esporte como parte integrante do processo educativo nas escolas, canalizando toda uma juventude para os corredores e salas de mega academias; se negar a deixar de escrever e publicar nessa humilde trincheira em troca de possíveis colocações no mercado de trabalho; tudo isso são os reais fatores impeditivos ao meu exercicio profissional de técnico de basquetebol, apesar de muito necessitar economicamente do mesmo, face ao grande dispêndio financeiro que passei a enfrentar quando da quase perda de minha casa num processo espúrio e criminoso, além da conceituação de velho e ultrapassado, que é o estigma por que passam os profissionais acima dos setenta anos, independendo de sua formação e qualificação, neste nosso injusto e cego país.
    Mas sigo em frente, atuante e atento ao mundo que me cerca, pleno de esperanças e fé em dias melhores para todos nós que amamos o grande jogo.
    Não, prezado Rodolpho, me verem em quadra de novo é assunto proibido, pois dependeria de quem, assim como eu, propugnasse por algo antagônico ao que ai está. Logo…
    Um abraço, Paulo Murilo.
  • Rodolpho
  • 27.06.2012
  • Professor, o basquete há de pregar uma peça na gente (como a vida sempre faz) e muitos que querem o bem do jogo não esperam a hora de te ver no seu lugar, que é no comando de alguma equipe com estrutura decente.
  • Basquete Brasil
  • 27.06.2012
  • Amém, prezado Rodolpho, amém.
    Paulo.

A SÍNDROME DOS 40…

E aí fulano, 42% nos 3 é bom? Claro, beltrano, é um número muito bom para bolas de 3 pontos, que aliás, é uma marca registrada dessa grande equipe…

Legal. formidável, encorajador para os mais jovens se iniciarem nesta autofagia desenfreada e tosca de um basquetebol absurdo e capenga. São comentários deste quilate nas transmissões de um “NBB que você nunca viu”, os também responsáveis pela “pelada descomunal” em que estão selando o infausto destino deste infeliz e mal jogado ex grande jogo entre nós, e sem contar os outros números que já ultrapassam os 40 erros em uma só partida, como Minas 105 x 100 Brasília, onde ambos os contendores perpetraram 20 erros cada, ou 40 atentados contra os fundamentos num único jogo. Mais algumas rodadas e outras mais equipes deixarão essas marcas para trás, com certeza, pois a insânia não tem freios, ainda mais com as incendiárias pranchetas os comandando (ou tentando comandar)…

Vamos aos números “ideais” dos comentaristas, 40% para bolas de 3, ou seja, se a equipe acertar 4 em 10 tentativas, estará OK, e aí me pergunto, e as outras 6 tentativas, ficam no vazio? Mas como nunca arremessam menos do que 20 (algumas equipes vão além dos 30), o número de ataques falhos cresce matematicamente, e se for emulada pelo adversário (os famosos duelos), aí a coisa ( ou o simulacro de jogo) fica absurdamente ridículo. Somemos ao despautério os imperdoáveis números de erros de fundamentos, e teremos o que em forma de jogo, o que? Isso mesmo, uma enorme e condenável palhaçada, aplaudida e incensada como obra da mais alta emoção, vibração, e por que não ENGANAÇÃO, o termo correto, sem dúvida…

Dos 40 anos muitos jogadores já se aproximam, ou mesmo superam, fazendo a mesma coisa, ano após ano, sem que ninguém os corrijam, ou pelo menos tentem corrigir, já que prontos e polidos, amestrados posicionalmente de 1 a 5, bitolados, formatados e padronizados pelo figurino corporativista de seus estrategistas, voltados aos títulos e currículos, todos remando um barco de timão rompido, volteando num moto contínuo que não leva a lugar nenhum, numa mesmice endêmica e letal…

Mas que chutam e chutam como ninguém, de longe, muito longe, onde a mecânica não importa se as bolinhas caem (comentário feminino de ontem), pegas corretas então nem falar, são detalhes supérfluos, pois com a profusão crescente de tentativas uns 40% de vez em quando premia vitórias retumbantes, porém com um detalhezinho “esquecido”ou não mencionado por ignorância mesmo, o de não serem contestadas, não em 40%, mas sim em 90/100%, vamos falar a verdade, o óbvio ululante!!!…

Ninguém vem marcando ninguém de a muito tempo, tapeiam, enganam, fazem faltas estratégicas, usam os braços, quando as pernas são a base de qualquer defensor bem treinado, logo escolado na função defensiva, que é o fundamento mais importante do grande jogo. Porém lá na frente metem pra valer, ou pensam que metem, até se defrontarem com equipes argentinas e europeias (já nem menciono as americanas para não parecer covardia), e aí nem os 40% atingem, com as desculpas de que não era o dia ou simplesmente “hoje não caíram”…

E os 60% de bolas perdidas (só as de arremessos de 3, noves fora os erros de fundamentos), por que não trocadas pelas de 2 pontos, muito mais precisas, porém exigentes na aproximação, impossíveis sem o domínio dos fundamentos básicos, nosso criminoso tendão de Aquiles, olvidando gerações passadas que o dominavam, hoje enviados ao limbo das impossibilidades por não ensinados como deveriam sê-los? Tenho publicado e comentado os incríveis números de cada LDB realizada, com as médias de erros de fundamentos na faixa dos 28 por partida realizada, para mais adiante se ufanarem de uma seleção nacional disputar uma America Cup com a maioria dos jogadores egressos e “formados” na mesma, mas omitindo a liderança de um Caio formado na escola argentina, errando um mínimo aceitável pela idade e experiência. Se o técnico croata, substituir muitos %’s de puxação de ferro por uma extensa e dura preparação nos fundamentos do jogo, passarei a acreditar em melhora substancial do grande jogo entre nós, espelhando para os mais jovens como se deve encarar uma modalidade com princípio, meio e fim, e não se escudando e escondendo deles os princípios básicos do jogo. fazendo-os optar pela artilharia de fora, a correria descerebrada, o faz de conta defensivo, e o mais básico de tudo, a leitura inteligente e de custoso e sacrificado aprendizado, seus fundamentos, sem os quais, jamais jogarão o basquetebol de verdade, e sim um assemelhado desprovido de criatividade e improvisação consciente, pois só improvisa quem sabe, quem conhece e domina o grande, grandíssimo  jogo, aquele que marcará indelevelmente suas vidas, claro, claríssimo, se bem ensinado e treinado, como sempre deveria ser, para um percentual mínimo de 70%, pelo fundamento que for, e não os 40% trombeteados e deificados por aqueles que não tem a menor noção do que ele representa na cultura desportiva mundial…

Amém.

Fotos – Reprodução da TV e arquivo particular.

A GRANDEZA DO GRANDE JOGO…

Esperei por 15 anos, desde que edito e publico este humilde blog, ter a oportunidade de assistir uma seleção brasileira atuar com uma dupla armação de verdade por toda uma partida, num rodízio entre quatro armadores, como nesse jogo contra o Panamá, compondo duplas que variassem conforme as necessidades e exigências táticas dentro do campo de jogo, e me vi compensado ao testemunhar quatro jovens armadores exercitarem a quase esquecida arte do improviso, da criatividade, onde o surpreendente Caio encontrou no Yago o companheiro ideal para produzir um basquetebol ágil, ousado e magnificamente autoral. George e Alexey necessitam ainda exercitar essas novas funções, díspares e antagônicas do que produzem desde suas formações de base, o que será possível se corretamente ensinados e dirigidos, não sendo absolutamente surpresa o Caio ter se adaptado mais fielmente ao sistema adotado pelo croata, por sua formação no basquetebol argentino, onde os fundamentos e a boa leitura de jogo são exercitadas desde a formação de base, em clara anteposição ao que é feito, e muito mal feito em terra tupiniquim…

Logo, nenhuma surpresa pela desenfreada busca pelos armadores platinos, com nossas franquias valorizando-os bem acima da média, depreciando bastante nossos jovens aspirantes da função, mesmo que bitolados pelo indefectível sistema único padronizado e formatado desde sempre. Fossem os mesmos ensinados e orientados na criação e improvisação fundamentadas numa correta e objetiva leitura de jogo, e os teríamos tão bons ou melhores que os hermanos, como os tínhamos num passado não tão distante assim, varridos nessas qualidades pela plêiade de estrategistas que resolveram tutelar o grande jogo de fora para dentro da quadra, com suas absurdas jogadas semaforizadas e de passo marcado, registradas nos ininteligíveis hieróglifos postados em suas mais absurdas ainda midiáticas pranchetas…

Porém, um hiato ainda persiste, intocado e de distante compreensão por parte da maioria dos estrategistas nacionais, e porque não, pelo croata também, o fato da não correta e perseguida conexão entre as ações efetuadas pelos armadores no perímetro externo, com os alas pivôs em permanente deslocamento pelo interno, simbiose que quanto mais presente e perfeita, maiores serão os resultados alcançados, fator básico e irrefutável na busca do coletivismo criativo e altamente eficiente, onde a progressão pontual de 2 em 2 e 1 em 1, destinando as conclusões de 3 como detalhe complementar, e não prioritário de um eficiente e vencedor sistema ofensivo de jogo, diminuiria bastante a incidência de erros nos arremessos, pelas menores distâncias em que se concretizariam, otimizando cada ataque realizado, em anteposição aos muitos e muitos perdidos sem pontuação, face a desenfreada artilharia de fora que tantos prejuízos vem causando ao basquetebol nacional…

Quando no artigo anterior propus a visualização de dois jogos lá postados, como uma prova inconteste da utilização do sistema com dois armadores e três alas pivôs, comprovando na quadra e nos resultados ali alcançados, o fiz como uma proposta da exequibilidade do mesmo, ontem ensaiado em Buenos Aires, porém ainda muito distante “do como” conectá-lo à prática, pois o ensino e o treinamento do mesmo exige uma larguíssima experiência detalhista, somente alcançada por uma específica didática fundamentada em muitos anos de estudo, pesquisa, e decidida vontade e competência em torná-lo realidade prática de jogo, na qual a criatividade constante e o improviso responsável e muito bem pensado e elaborado, alcance uma leitura imediata de jogo quando no enfrentamento de situações que jamais se repetem, antítese do que a enorme maioria dos nossos estrategistas buscam alcançar sem a mais absoluta chance de conseguí-lo, sabem porque? Porque atuam num mundo onde tudo se copia, e muito mal, onde contam com a cumplicidade da maioria dos jogadores, concordes com a mesmice técnico tática em que convivem ano após ano, mudando de franquias para exercerem os mesmos papéis, até a chegada de alguns nas seleções, para fazerem e exercerem o mesmo desde sempre, o de executores contritos do sistema único e da hemorragia dos três, fatores que nos tem lançado ao fundo de um poço, na contramão do vôlei, com sua sempre inovadora forma de ensinar, treinar e preparar jogadores nas técnicas mais evoluídas, sendo referência para outros países, que aqui vem se atualizar, pois não pararam no tempo, fornidos por um vultoso patrocínio de um banco que se iniciou no marketing esportivo no basquetebol, modalidade que o perdeu por injunções políticas, e que não soube buscar outro que pudesse vir alimentar seu progresso técnico tático administrativo, sendo lançado aos braços de um corporativismo interesseiro e retrógrado, porém garantidor do pequeno e seleto nicho empregatício que restou daquela debacle…

Enfim, nos tempos atuais observamos com curiosidade algumas proposições como essa na jovem seleção que nos representa na Cup America, mas ainda destituída de uma verdadeira, autêntica e provada forma diferenciada de jogar o grande jogo, no que vejo de pronto seu ponto fora da curva, o desconhecimento de como exequibilizar tão árduo e necessário projeto de preparo de equipes, da formação a elite, numa mudança radical do que se faz e pratica atualmente, conhecimento de muito poucos neste imenso, desigual e injusto país, e um deles, desculpem a imodéstia, sou eu, Prof. Paulo Murilo, 81 anos e com muita saúde ainda para demonstrar com sobras as proposições acima descritas, provadas teórica e praticamente em mais de 55 anos de quadra, e jamais sobraçando pranchetas, nenhuma, somente referendando e respeitando o mágico mundo do treino, onde as verdades verdadeiras acontecem, longe, bem longe dos midiáticos holofotes, que tanto atraem todos aqueles que julgam conhecer o grande, grandíssimo jogo, mas que sequer o entendem em sua grandeza, tornando-o pequeno por sua mesquinhez e curta, e talvez inexistente visão…

Amém.

Fotos – Reproduções da TV,

ENFIM, UM POUCO DE LUZ…

(…)Teremos quatro armadores, mas isso não é nenhum tipo de problema. De 15 a 20 minutos, vamos jogar com dois armadores ao mesmo tempo, pois temos armadores diferentes. Essa experiência pode ser muito boa. Além disso, está tudo ‘normal’. Lucas Mariano está muito bem no São Paulo e merece essa convocação. Os demais, já vêm participando de outras janelas. Estou feliz com esses atletas – citou Aleksandar Petrovic(…)

Somente uma declaração dessa do técnico da seleção brasileira ontem publicada, faria com que eu saísse do mutismo em que me encontro a uns bons dois meses, não pelo fato de estar confinado numa quarentena forçada por uma pandemia criminosamente omitida e minimizada por um governo espúrio, tendo como algum contato com o grande jogo um NBB insosso e desprovido do insumo básico para a sua aceitável prática, seus fundamentos básicos, aviltados numa escalada assustadora na maioria quase absoluta dos jogos até agora realizados nessa competição, que são números que não mentem, 969 erros de fundamentos básicos em 36 jogos, alcançando a média de 26,9 por jogo, com partidas como Corinthians x Franca, e Flamengo x Campo Mourão, onde 36 erros foram perpetrados, e um inacreditável Corinthians x Pinheiros, com 38, isso mesmo, 38 assassinatos dos fundamentos. Somente duas partidas, Flamengo x Pato, e Brasília x Corinthians ficaram abaixo dos 20 erros (19/18), números ainda bem acima de marcas aceitáveis para uma divisão de elite, como é considerado(?) o NBB, com o basquete “como você nunca viu”,como tronitroam narradores ensandecidos pelos espetáculos da mais “pura técnica técnico tática” que transmitem e comentam enlevados…

Mas como nada ainda pode ser considerado como perdido neste deserto de idéias e absoluta falta de criatividade, por mais simplória que seja (já teve estrategista rodando com somente um jogo engabelado), vemos com surpresa atenção a maturação da dupla armação pela maioria das equipes da liga, não como uma mudança sistêmica mais profunda, e sim como um artifício para melhorar a qualidade técnica de um sistema único corroído e arcaico, que teimam em perpetuar, por ser o único que conhecem, todos, de técnicos a comentaristas, e porque não, agentes e dirigentes, convencendo patrocinadores a apoiá-los, numa trilha que vem lançando o grande jogo ladeira abaixo, ano após ano, década após década, de encontro a um infindo fundo de poço colossal. e cada vez mais enriquecido com o idioma da matriz, agora mais do que nunca com a permissividade de quatro estrangeiros por equipe. E o artifício tem enganado muita gente, ao substituírem um ala (o 3 deles) por um outro armador, numa simulação de dupla armação, denominando-o como um 2 pontuador, ou seja, tudo como dantes, com um pouco mais de destreza individual…

No entanto, como toda burrice crônica e endêmica, um ou outro estrategista mais esclarecido e inteligente, foge da mesmice, e aos poucos vai descobrindo o real valor de uma dupla armação voltada ao todo da equipe, e não a estúpida setorização, que atinge sua magnitude na falácia dos “cinco abertos”, onde o 1 x 1 encontra seu nicho ideal, porém fracassando pela ausência e desconhecimento dos fundamentos, principalmente no drible e nas fintas com bola em movimento, onde a negaça e as trocas variáveis de direção exigem o mais completo domínio do corpo e da bola, instrumento esférico e altamente volúvel e de controle difícil e especializado, daí a busca frenética por armadores americanos e argentinos, infinitamente mais técnicos e preparados do que nossa escola tupiniquim, gerando por conseguinte o enorme engano de que por si só resolvem os embates 1 x 1, anseio maior dos estrategistas torcedores de beira de quadra, além, muito além, da artilharia de fora, embuste sufragado pela mais completa e ausência defensiva, como num trato de cavalheiros, onde “o faço que defendo e você chuta” persiste até a última bolinha, que convertida, ou não, define o vencedor, até o próximo encontro…de cavalheiros, onde todos fora dos perímetros, armadores, alas e pivôs brincam de basquetebol, sem as agruras estafantes de preparo nos fundamentos, onde todos, remam um barco na única direção que professam, um bem fornido e irrespirável fundo de poço…

Como afirmei antes, uns poucos, muito poucos entenderam a dupla armação com suas imensas possibilidades, mas ainda não entenderam o que venha a ser jogar dentro do perímetro com os três alas pivôs em mobilidade constante e errática, assíncrona, criativa e profundamente improvisada, pois “só improvisa quem sabe e conhece profundamente seu ofício, seu instrumental de trabalho, os fundamentos e o domínio de sua ferramenta, a imponderável e sutil bola”…

Quero e preciso acreditar que o inteligente croata esteja no limiar de conceber esses novos tempos, de descobertas e criação, comuns em seu velho continente e novo mundo americano, porém rarefeito por aqui, onde as raras exceções foram devidamente varridas para baixo do tapete, mesmo provando na teoria e na prática como ensinar, treinar e preparar equipes para atuar com dupla armação e três alas pivôs dentro de perímetro, assim como defesas na linha da bola lateralizada e prática constante e ininterrupta dos fundamentos básicos do grande, grandíssimo jogo…

Sugiro humildemente que se interessados forem sobre o que venha a ser dupla armação e como jogar dentro do perímetro com três alas pivôs, que vejam ou revejam dois jogos da extinta equipe do Saldanha da Gama no NBB2, dirigida por mim, para terem uma idéia de como foi jogada fora pela janela da história, uma sacrificada experiência, que se tivesse tido continuidade estaríamos em outro patamar técnico tático no confronto interno, e mesmo internacional, e não esse pastiche que praticamos referendados em 26,9 erros em média nas partidas do NBB, noves fora a hemorragia jamais estancada nas bolas de três, terrível hábito que se espraia nas divisões de base, fatores que não encontrarão na humilde, competente, bela e esquecida equipe de Vitória…

Amém

Saldanha x Brasília 

Saldanha x Joinville

Fotos – Divulgação CBB e arquivo pessoal.

ANOS LAMENTAVELMENTE PERDIDOS…

TRISTE, MUITO TRISTE…

Em 2013 escrevi e postei o artigo O Prodígio, que sugiro fortemente que o leiam, antes de prosseguir a leitura do artigo que hoje posto. E o por que da sugestão, senão pelos fatos irrefutáveis de que nada, absolutamente nada mudou no cenário pobre e carente do basquetebol nacional, apesar dos “altos” investimentos em tecnologias midiáticas, televisivas, patrocínios e parceria com uma NBA voltada muito mais aos seus interesses econômicos e comerciais, do que realmente ajudar a mudar a mesmice técnica da parceira tupiniquim, decidida e servilmente submetida às migalhas da matriz, e sabedora incorrigível de que os parâmetros financeiros da mesma são e serão irremediavelmente inalcançáveis por uma modalidade desportiva que mal sobrevive em um país que não desenvolve e apoia sua cultura e educação, quanto mais desportos…

(Pausa para a leitura)

Bem, para os que leram ou não, pergunta-se – O que não mudou? Estamos em 2020 e o artigo é de 2013, depois de um Pan Americano, e três anos antes de uma Olimpíada, que para o basquetebol foi trágica, com a equipe feminina derrotada em todos os jogos, e a masculina eliminada pela rival argentina. De lá para cá, foram mais quatro anos da mesmice endêmica técnico tática de sempre, porém maquiada por feéricos espetáculos, transmissões com narrações apopléticas e ufanistas, comentários fora da realidade, e acima de tudo, uma pobreza técnica pungente, onde nem a presença de muitos estrangeiros aufere benefícios, frente a dura realidade de que vigora no âmbito da maioria esmagadora das equipes do NBB, a “filosofia” dos cinco abertos, da autofágica sanha dos três pontos, e da mais absoluta e absurda ausência defensiva, fator alimentador dessa terrível realidade…

Terrível? Sim, e mais ainda quando brotam desse terreno inóspito um caudal de “filosofias” personalistas, na maioria copiadas sem referências autorais e bibliográficas, “lives” com palestras atulhadas de termos em inglês e conclusões estéreis e vazias de conteúdo, numa embromação que incomoda pela desfaçatez, assim como depoimentos históricos e personalistas, e nas poucas matérias técnicas, o cientificismo rolando solto, como a panacéia de todos os nossos males. Mas o buraco negro que nos engole sequer é cogitado de ser enfrentado, o salto a ser dado em nossa evolução técnico tática, que é decorrente da falência de um consistente preparo de professores e técnicos nos cursos superiores de educação física, cujos currículos das disciplinas desportivas foram esvaziados e minimizados pelas disciplinas da área médica, fator preponderante para a falência nos alicerces da pirâmide da formação de base, nas escolas e nos clubes, sem a qual, absolutamente nada alcançaremos para o soerguimento do desporto, e do grande jogo em particular…

No bojo cruel dessa pandemia, algo voltado a técnica deveria ter sido patrocinado pelas entidades que lideram e organizam o basquetebol nacional, dos princípios aos conceitos, da organização aos projetos formativos, do estudo ao compartilhamento da informação técnica e didático pedagógica, alimentando de conhecimentos e experiência todos aqueles que lutam e perseveram no ensino do basquetebol, situados nos confins deste imenso, injusto e desigual país, que sempre amou e prestigiou o grande jogo, mas que foi encampado por uma corriola oportunista e político interesseira, que se corporativou e se estratificou muito além do bom senso, a ponto de expurgar todo aquele que se opuser a seus dogmas, onde a importância estratégica do contraditório é simplesmente omitida, ou mesmo, defenestrada…

Os problemas e as falhas apontadas no artigo em questão são, após sete anos, os mesmos de hoje, como uma ou outra raridade inovadora rapidamente afogada, expurgada de um meio totalmente voltado a um sistema de ensino, preparo e aplicação prática, solidamente padronizado e formatado, formando e moldando “filosofias” definidoras do basquetebol que nos tem arruinado de vinte cinco anos para os dias de hoje, e o pior, sem indícios minimamente aceitáveis de que irá evoluir para melhor, lamentavelmente…

Que os deuses em sua magnanimidade nos protejam…

Amém.

Foto – Reprodução da TV.

A ENDÊMICA CEGUEIRA…

Quarentena a todo vapor, saída para vacina contra a gripe cercada de todo um aparato de guerra, máscara, assepsia ao sair e voltar, e sem sair do carro, mas ao final do dia, caramba, um momento simples de curtição gastronômica, frente a uma pizza e um cálice de um bom tinto português, compensando um pouco o afastamento social a que todos estamos submetidos, apesar de reféns dos descompassos governamentais a que assistimos incrédulos, ante tanta insensibilidade com a saúde de um povo sofrido e abandonado em sua grande maioria…

Porém, mesmo paralisado pela grave crise que nos assola, o grande jogo ainda nos reserva insuspeitadas surpresas, como as saídas das equipes de Bauru e Pinheiros do NBB, fato inadmissível num incompleto campeonato, principalmente frente aos critérios econômicos e logísticos exigidos às franquias para o ingresso na LNB, aspectos que não justificam seu abandono sob qualquer ponto de vista, como o de Bauru, mais focado na próxima temporada, como se a atual, que mesmo adiada sem prazo determinado, poderá, ou não, ser concluída, oferecesse um confronto desigual com Mogi no playoff, resultado nada desejado pela franquia em questão, cujo plantel não conta com as “peças” desejadas, mas possíveis para a próxima temporada. No caso do Pinheiros, clube referência na formação de jogadores de ponta, é uma saída mais drástica, pois já vinha dando indícios de que sairia do NBB, mesmo contando com uma equipe competitiva dentro dos padrões técnico táticos das demais franquias, alinhadas ao sistema único de jogo, agora oficialmente referendado pela LNB na escolha através votação do quinteto ideal dos NBB’s, onde as posições foram definidas como armador, dois alas e dois pivôs, modelo básico do sistema único, em contraposição a dupla armação e três alas pivôs que, aos poucos, vem sendo desenvolvido e aplicado por umas poucas franquias, com inconteste sucesso. Como vemos, a liderança técnica encastelada na liga, determina ser esta a direção a ser continuada no basquetebol nacional, onde a inclusão da ” filosofia” do chega e chuta deverá ser mantida agora, e nos futuros NBB’s, afinal de contas, trata-se do “basquete moderno”, aquele que nos levará de volta ao concerto internacional, fato que, particular e conscientemente, duvido que consigam, sob quaisquer critérios que se possa analisar, infelizmente…

Trata-se de uma endêmica cegueira, gosmenta e pegajosa cegueira, que me fizeram postar alguns artigos neste humilde blog, um dos quais relembro agora, colocando-o no painel daqueles que nunca foram comentados, apesar da importância de seu teor contestatório e desafiador. Leiam-no se assim o desejarem…

Amém.

A INADIMISSÍVEL CEGUEIRA…

quarta-feira, 17 de outubro de 2018 por Paulo MuriloSem comentários

Olhando com cuidado e muita atenção a página inteira do O Globo ai do lado, fico imaginando o que estão fazendo com o basquetebol brasileiro, proposital e cirurgicamente, destinado-o ao comezinho papel de “poste”(está na moda…) virtual e presencial de um outro jogo, de uma liga que sequer prática as regras internacionais, dimensionada à estratosfera de um poder econômico brutal, e um suporte técnico lastreado por uma formação maciça de base em suas escolas e universidades, numa contraposição devastadora frente a nossa realidade educacional, econômica e social, mas possuidora de um emergente mercado a bordo de seus 208 milhões de habitantes, onde um décimo de seus jovens, por si só, viabiliza investimentos em calçados, uniformes e apliques oriundos das franquias da turma lá do norte, e claro, de seus fiéis e colonizados prepostos abaixo do equador…

Honestamente, não vislumbro qualquer vantagem mínima nesse intercâmbio, a não ser para a turma lá de cima, amaciando nossos jovens na inoculação de seus princípios e metas a médio e longo prazos, onde o acesso às riquezas de seu interesse estratégico e político, se tornam factíveis na medida direta da maior ou menor simpatia e admiração de seus valores por parte de uma juventude torcedora da NBA, da NFL, e por que não, do MMA…

O basquetebol, sem dúvida alguma é o desporto mais consumido em todo o mundo, divulgado e estudado de forma científica desde sempre, e aquele que comporta a mais vasta bibliografia acadêmica e popular, o que justifica plenamente o imenso interesse político social dos irmãos do norte, principalmente na inteligente globalização que estabeleceram em sua liga maior, elencando cada vez mais estrangeiros em suas franquias multibilionárias…

Olhando com mais cuidado ainda me pergunto – o que representa o Le Bron, ou o Tom Brady para o nosso país, para nossos jovens, quando nenhum deles jamais poderá ter acesso ao seu status econômico e social jogando basquetebol ou chutando uma bola oval? Quem sabe trocando pancadas numa arena de MMA, como alguns patrícios que, inclusive, sugerem ser a modalidade adotada em nossas escolas…

Triste país, onde nem a direita e nem a esquerda deseja o povo educado. aquela para se manter no poder, esta para usá-lo como massa de manobra para conquistá-lo, como nos últimos desgovernos que nos lideraram, e que ainda teimam em manter o que aí está, vide a ausência dessa estratégica necessidade nos discursos dos que aí estão na reta final das eleições…

E no compêndio educacional e cultural de nosso imenso e injusto país, o grande jogo tem um lugarzinho no coração de nossos jovens, e daqueles que já o foram um dia, nas escolas, nos clubes, nos parques, e nas imorredouras imagens de um recente e brilhante passado, onde venciamos a todos, mesmo aqueles que agora nos impõem regras e comportamentos fora de nossa realidade, mas plenos da certeza de que, pelo poder econômico nos dobraremos a sua cultura e poder hegemônico…

Este é o padrão que está sendo estabelecido por uma liga associada a liga maior, aquela lá de cima, onde os negócios, os patrocínios e os master investidores semeiam a padronização, a formatação de um conceito de basquetebol antítese de nossa realidade de país carente daquele aspecto que tornam seus mentores poderosos, a formação de base, a massificação desportiva nascida na escola e nas políticas governamentais, nos destinando a feérica ilusão de um espetáculo dentro das quadras que raia ao ridículo atroz, em sua pobreza técnico tática e de formação de base, onde a média de erros de fundamentos, nessa versão 2018 da LDB, alcança os 35.9 por jogo, com partidas, como  UNI 71 x 85 Corinthians, com inacreditáveis 59 erros de fundamentos (29/30) !! E como nos primeiros quatro jogos da primeira rodada do NBB11, quando duas equipes perdem seus jogos arremessando mais de três pontos do que de dois (Paulistano 8/37 e Brasília 11/38), com um dos técnicos justificando –  Precisamos defender melhor. Tomamos bolas fáceis. Nós precisamos evoluir muito defensivamente. Isso é o que vai dar força para o time buscar os resultados. Porque com o poder ofensivo que nós temos, vai ser natural o nosso ataque desenvolver bem”- Terrível equívoco este, pois com tal desperdício de tempo e esforço com bolinhas em profusão (11/38), perdendo o jogo por um ponto, bastaria seguir a regra das continhas, trocando metade das bolas de três perdidas pelas de dois, quando venceria com alguma folga. Mas é claro que os jogadores tiveram o beneplácito do técnico na enxurrada de bolinhas, corroborando com a afirmação do mesmo sobre o “poder ofensivo” da equipe, ou não?

Felizmente, parece, ainda de uma forma um tanto tímida, que a hemorragia dos três pontos começa a ser estancada (inclusive na matriz) com contestações mais enérgicas e presentes no perímetro externo, o que será muito bom para o basquetebol tupiniquim, num momento em que as equipes embarcam seriamente na dupla armação, e investem em alas e pivôs atléticos, rápidos e flexíveis, mesmo que ainda falhos nos fundamentos básicos, tornando o jogo mais dinâmico, apesar de ainda muito longe da fluidez necessária para alçar ao patamar competitivo no campo internacional, fator este que exige um didatismo mais elaborado para o ensino e a aprendizagem da mesma, num processo pedagógico exclusivo de uns muito poucos profissionais ainda existentes no país, porém relegados ao ostracismo em prol de uma corporação de estrategistas, pouco ou nada interessada em modificar sua rentável e proprietária zona de conforto no restrito mercado de trabalho ora existente, onde o QI ainda impera absoluto…

E o mais instigante, é a irrefutável constatação, de que a origem de todo este movimento renovador tem sido proposital e politicamente omitido desde o NBB 2, quando iniciei junto ao Saldanha da Gama, com somente 49 dias de trabalho e 11 jogos disputados, tudo o que de forma rudimentar adaptaram no que aí está, demonstrados publicamente através os quatro primeiros vídeos completos de jogos daquela competição (hoje universalizados através redes abertas e fechadas de TV, Facebook e Twitter), nos quais todos aqueles avanços acima mencionados em conquistas técnico táticas foram divulgadas em 2010, bem antes das mudanças atuais, que estão sendo propagandeadas como as desencadeadoras do “moderno basquetebol”, mas que vem sendo copiadas e empregues sem o mais remoto reconhecimento de como, ou através de quem se iniciaram, numa canhestra apropriação, porém capenga e confusa, pois não conseguem penetrar no âmago de suas concepções, onde o didatismo acima mencionado se torna impenetrável para essa turma que se convenceu que o grande jogo nasceu junto com ela, esquecendo que desde o fim do século dezenove ele já existia, com a complexidade e a grandeza que desconhecem, e sequer se interessam em estudar, dando razão ao Alberto Bial em seu depoimento na matéria do O Globo reproduzida acima…

Mas duro mesmo é você testemunhar um ala pivô galardoado em seleções nacionais, a cinco segundos do final do jogo entre Corinthians e Franca, partir driblando de frente para a cesta, tentar uma finta com troca de mãos, perder a bola por pura inabilidade fundamental, dando adeus a uma possível vitória, numa condensação da dolorosa realidade em que lançaram o grande jogo, numa padronização e formatação absurda, quando inverteram com suas obtusas e midiáticas pranchetas e”filosofias” de jogo a prioridade dos fundamentos, substituídos e minimizados  pelo sistema único, num acordo e conluio inter pares, que nos lançou num poço que parece não ter fim, porém enfeitado e glamourizado com penduricalhos voltados aos poucos frequentadores das enormes e desertas arenas, também transformadas em rinhas de torcidas de camisa, onde o esporte cede vez ao pugilato e gratuitas agressões…

Fico por aqui, mas antes sugiro a leitura a seguir, de um blog de basquetebol de Joinville. elucidativo e revelador, pecando somente em não enfatizar os aplausos espontâneos de sua torcida pelas grandes jogadas da esquecida equipe do Saldanha (que podem ser ouvidos no vídeo), com seu basquetebol fluido e realmente apaixonante, executado por excelentes jogadores, nada valorizados ou mesmo bem remunerados, mas plenos da importância de praticarem um basquetebol proprietário e evoluído, o mesmo que tentam desde então copiar, sem no entanto reconhecer de onde vem o canto do galo. Se quiserem atestar o que aqui exponho, se aboletem na poltrona, curtam, aprendam, e se humildes forem, acompanhem os aplausos da torcida catarinense, num ginásio repleto e pulsante frente a uma forma inovadora de jogar o grande, grandíssimo jogo

Amém.    

Fotos – Reproduções da TV. Clique duplamente nas mesmas para ampliá-las.

Vídeo – Arquivo particular.

Outros vídeos disponíveis no espaço Multimídia deste blog.

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