ARTIGO 800 – ETAPAS CUMPRIDAS…

Tenho trabalhado muito nestas duas últimas semanas, quando por conta deste que será o artigo 800, pretendia colocar na rede o blog do CBEB, Centro Brasileiro de Estudos do Basquetebol (substituindo a ECB, Escola Carioca de Basquetebol, que não seria coerente a já existente ENTB/CBB…), com matérias já escolhidas e catalogadas, regulamentos e funcionamento do mesmo, mas a disponibilidade técnica, visando uma produção enxuta e agradável, esbarrou em uma indisponibilidade de tempo hábil, por parte do meu filho e web designer qualificado, André Luis, para concluir o trabalho. Por essa razão, fica adiado em mais alguns dias o lançamento do novo blog.

Criou-se então um grande impasse para mim, o de saudar tão surpreendente marca numa abordagem referencial e única, o que tento daqui para diante.

Desde setembro de 2004 venho discutindo e dialogando com os leitores, assuntos sobre os fundamentos do jogo, técnicas e táticas, treinamento, organização e administração da modalidade, política desportiva, com o basquete em particular, histórias do grande jogo, ética profissional, ética pessoal, ética e responsabilidade funcional, jamais admitindo manifestações apócrifas e anônimas, que tanto preenchem em número e inqualificável presença, blogs campeões em acessos e popularidade, servindo de veículos a opiniões, posições e ataques covardes, pusilânimes e espúrios, escondidos pelas sombras do anonimato e dos covardes heterônimos. Seria algo de grandioso que os blogs nacionais abolissem tais acessos, viabilizando discussões e debates responsáveis, pois assinados e assumidos com a transparência das ações realmente democráticas.

Nesse espaço profundamente democrático, muitas foram os comentários divergentes dos meus, mas discutidos às claras, de frente, e assinados responsavelmente. O direito de resposta sempre esteve aberto, escancarado, mas em nenhum momento da existência do blog, foi requisitado e utilizado, prova inconteste da lisura e honestidade dos posicionamentos aqui postos em todos os 799 artigos antecedentes a este. E ao nos reportarmos aos artigos centenários deste humilde blog, podemos traçar e mapear importantes etapas no seu amadurecimento e posicionamento confiável no âmago de seus leitores, simpatizantes ou não, mas nunca indiferentes aos instigantes assuntos desde sempre abordados e discutidos nestes seis anos de sadia e transparente convivência.

O artigo 100 (UM CEREBRO, PROCURA-SE…), publicado em 27/7/05, iniciava uma abordagem sobre as dificuldades de encontrarmos jogadores habilidosos na armação, assunto esse que serviu de base a uma prolongada campanha, no intuito de desenvolvermos a dupla armação em nossas equipes. Neste estágio do blog, poucos eram os comentários dos leitores, fator que me fez pensar, inclusive, em não dar continuidade ao mesmo, logo substituída pela esperança de vermos soerguido o grande jogo entre nós, bastando para tanto, dedicação e insistência na procura de nossos perdidos valores.

Mais adiante, nos 200 ARTIGOS DE LUTA…, publicado em 30/8/06, tivemos a primeira manifestação pública de um técnico engajado, discorrendo as grandes dificuldades encontradas no dia a dia de seu trabalho, demonstrando com o seu exemplo, ser possível reinvidicar através um órgão de mídia, melhores condições de trabalho, conclamando colegas a um posicionamento mais profissional, e menos omisso. Foi um marco irrepreensível, e inesquecível.

Artigo 300 – A LUTA CONTINUA…, publicado em 24/6/07, foi um começo auspicioso para algumas mudanças técnico táticas em algumas (poucas…) de nossas equipes de elite, principalmente na utilização eficaz da dupla armação, e da retomada do jogo de pivôs, privilegiando aqueles mais ágeis e rápidos, em contra ponto àqueles mais lentos, fortes e massudos. As equipes que assim agiam se tornavam mais competitivas, com um domínio dos fundamentos mais eficiente (fruto da escalação de dois armadores técnicos…), e com definições mais rápidas no perímetro interno, além, é claro, de se saírem melhor e mais eficientemente nos sistemas defensivos, com o aumento da velocidade, propiciando maior precisão nas antecipações.

A participação e insistência nesses princípios técnico táticos, aliada a divulgação mais insistente ainda, da importância dos treinamentos dos fundamentos para todos, da base à elite, tornaram o blog num ponto referencial de discussões, de acalorados debates, onde todos que participavam eram lidos, analisados, aceitos, ou não, mas sempre propugnando pela clareza, responsabilidade, e acima de tudo, transparência opinativa e livre.

Mais adiante, um artigo 400 – UM PREITO AOS QUE MERECEM…, publicado em 19/3/08, onde a ininterrupta busca pelos valores que desde sempre, e de um passado brilhante, lutaram pelo engrandecimento do grande jogo entre nós, conclamando à união, ao associativismo profissional, fator básico ao progresso da modalidade, onde uma associação de técnicos teria importância vital na evolução do basquete, não fosse este o grande óbice ao nosso desenvolvimento. A inexistência de uma associação de técnicos é sem dúvida alguma a grande falha por onde drenam nossos valores, nossas tradições, nossos princípios e conceitos, nossa independência dos arrivistas e aventureiros que tanto empesteiam o grande jogo. E por tudo isto, a luta deveria continuar…

Chegamos então ao artigo 500 – FALEMOS DE TÁTICAS E SISTEMAS II…, publicado em 25/12/08, onde demos dois saltos ao mesmo tempo, um, na mudança gráfica do blog, agora mais profissional, mais amplo, mais amigável no trato diário com os leitores, confirmando e sedimentando sua proposta democrática, ampla e discursiva. Outra, inaugurando infográficos técnico táticos, facilitando a compreensão de sistemas e métodos voltados aos novos técnicos, sequiosos de materiais ilustrativos e de grande alcance, no que poderia ser adaptado pela futura ENTB, pulverizando informações, viabilizando o acesso das mesmas pelos mais recônditos recantos deste imenso país, e não reunindo técnicos e futuros candidatos a sê-los, em encontros formais e pontuais de 3-4 dias para provisioná-los como técnicos ligados a discutíveis e precários níveis de 1 a 3.

Seguindo em frente, o artigo 600 – PAPEANDO COM O WALTER 2…, publicado em 22/8/09 ( continuação do PAPEANDO COM O WALTER…, de 19/8/09), o blog, já em sua fase adulta e experiente, demonstra como deveriam ser os debates e discussões pela grande rede, envolvendo técnicos, leitores, dirigentes, e por que não, jornalistas, todos de cara limpa, de frente para os debates, e não como a maioria comentadora, camuflada covardemente, por não ser dotada de seriedade e responsabilidade, egoísta incorrigível que é, no seio de sua permanente e catilinária função.

Finalmente, uma série de artigos, onde o de número 700 – O QUADRAGÉSIMO DIA – A VIAGEM…, publicado em 31/3/2010, nos situa numa posição inesperada, mas repleta de simbolismos e grandes perspectivas, pois afinal de contas, o blogueiro Paulo Murilo, despe-se de sua túnica midiática e vai para o centro do proscênio da elite do basquete tupiniquin, reduto de pouquíssimos e referenciais técnicos de basquetebol, numa liga de âmbito nacional, a LNB, tentando demonstrar que a teoria (como muitos, ou a maioria nos definia, um teórico do grande jogo…) é a alma mater da prática, indissoluvelmente ligadas, principalmente na competição de alto nível, onde o despreparo genérico e cumulativo de saberes e competências cede lugar a um exército de especialistas pontuais, pois estudar de tudo um pouco, ou muito, torna-se inviável (?) pela “velocidade” dos novos tempos, ao se anteporem aos mais antigos, aos velhos mestres, aqueles que detém os profundos saberes, e aos quais devoto imensa gratidão e reconhecimento pelo pouco que sei e amealhei em mais de meio século de trabalho, e a cujas memórias, ensinamentos e inolvidáveis lembranças por todos eles deixadas, prometi transmitir e legar às novas gerações através meu trabalho e esse humilde blog.

E enfim, chegamos hoje, 30 de março de 2011, ao artigo 800, esperando que todos eles tenham sido úteis aos novos e atuais técnicos e professores, aos leitores que sempre nos prestigiaram, aos jornalistas que nos divulgaram, comentaram, divergindo ou não, aos jogadores, iniciantes ou veteranos, que tanto nos argüiram, sempre respondidos, sem uma omissão sequer, aos dirigentes clubísticos, federativos e confederativos, de ligas regionais e nacionais, que quando do alto de suas identidades aqui formularam opiniões, mesmo divergentes, foram recebidas e divulgadas com o devido respeito e consideração, todas visando os mais altos interesses do grande jogo no país.

Terminando, um pedido aos eternos e polipresentes anônimos que tanto amam ver seus comentários e opiniões divulgados pela mídia blogueira, muitos dos quais poderiam, de verdade e sem subterfúgios, colaborarem eficiente e decisivamente no soerguimento do basquetebol pátrio, tão cioso e carente de presenças, de ações, de determinações, de luta, a verdadeira, a do bom combate, de frente, com coragem e desprendimento. A política de baixo nível tem de ceder espaço ao trabalho e ao estudo, fatores determinantes ao progresso de um país, do qual o desporto, o basquetebol, o grande jogo, fazem parte.

Amém.

OBS – Clicar na imagem e nos títulos em vermelho para acessar conteúdos.

QUANDO AS ESTRELAS SE ENCONTRAM…

Oi Paulo, o que achou do Jogo das Estrelas?  Não achei…

Mas o que não achou, cara?  As estrelas do jogo…

Como não?  Vejamos: Três dos mais eficientes e habilidosos armadores da Liga, o Fúlvio, o Muñoz e o Rafinha lá não estavam, assim como não vi em quadra jogadores altos como o Jonathan, o Amiel, o Teichmann, o Douglas, entre outros ausentes, sequer serem mencionados. Mas vi jogador levar toco de aro, tropeçar durante o drible e a finta, passar direto para a lateral, arremessar longe do aro, e o óbvio da não marcação dos adversários, em comum acordo.  E ai, bem ai, contando inclusive com o próprio testemunho do Robert Day, afirmando que com a total liberdade para arremessar, foi o que fez, e atingiu os 50 pontos, “like a practice…”

Mas nada o impressionou nos dois dias?  Sim, a presença do público francano, fazendo jus às tradições daquele grande centro de basquetebol, assim como me impressionou sobremaneira ver um jogador vencer o circuito de habilidades, cometendo por duas vezes nas fintas finais a infração de andar com a bola, já que a paralisava na palma de sua mão, a fim de mudar de direção com mais velocidade, já que o drible suscedâneo ao se  tornar inexistente fazia com que alguns preciosos segundos fossem economizados (a maioria dos juízes conotam essa infração como condução da bola, quando na realidade a infração cometida é a de andar com a mesma, pois o binômio ritmo-passada é quebrado pela interrupção proposital no trajeto da bola). Revejam o vídeo e constatem a irregularidade. O Nezinho, ao superar os obstáculos dentro das regras deveria ter sido o vencedor, mas…

Caramba Paulo, não viu mais nada de relevante?  Ah, sim, vi mais duas coisas, como o show de desinformação e de gracinhas globais, vindo de pessoas que nada têm a ver com o basquete (volei incluso…), junto a outro que tem (autodenominado BBB…), já que pelo canal aberto o marketing em torno dos mesmos pretensamente capitalizaria o grande público para o espetáculo, deixando os comentaristas de ofício de castigo no Sportv. E também, o surgimento de um outro astro global, o juiz Renato, que aos poucos vai se deixando levar pelo showbizz (microfones de lapela em jogos, dispensáveis discursos didáticos aos jogadores…), o que lastimo, por se tratar de um excelente  árbitro.

Concluindo então Paulo?  Concluindo ser esse espetáculo a meio caminho da temporada, algo inadequado tecnicamente, pois retira de algumas equipes jogadores, e até técnicos, importantes para nestes dez dias de intervalo, treinarem melhor suas equipes, principalmente as que se situam nas colocações finais (o motivo de meu não comparecimento no JE de Uberlândia em 2010),  mas os 15 técnicos da Liga e outros  mais,  lá estavam para uma reunião técnica (será que a colocação sobre o jogo único imposto pela Globo foi aí discutida?), cumprindo uma determinação da LNB que mantêm um comitê técnico com todos aqueles que dirigiram equipes no NBB, aliás, menos um… Um jogo desse calibre, ao final da temporada, com a participação real dos melhores, e as respectivas premiações, teria de ser estudado, para ser o grande fecho da mesma, e não essa meia bomba de técnica duvidosa e que não conta com os melhores, democratica e tecnicamente estabelecidos ao final de uma temporada.

E fechando a análise, creio que ficou bem clara a opção de todos os envolvidos com a festa pelo sistema único de jogo, desde a apresentação dos quintetos que iniciariam a disputa, dispostos em pares de 1 a 5, com direito a especificações de cada uma das posições, até as instruções pranchetadas de uma forma padronizada comum a todos, jogadores, técnicos, narradores e comentaristas, numa forma contundente de alertar a quem ouse pensar, agir e jogar de uma outra forma que não a estabelecida por todos, no que chamo de mesmice endêmica, e que encontrou nesse Jogo das Estrelas sua ratificação até aqui,definitiva. como convém a uma sociedade cada vez mais corporativa, o que é de se lamentar.

Mas apesar de toda essa exibição milimetricamente copiada da NBA (com um porém, de ser lá uma festa exclusiva do basquete…), ainda acredito que os talentosos jogadores brasileiros sejam merecedores de outras formas de pensar e jogar o grande jogo, precisando para isto de um pouco mais de criatividade na forma de sistemas diferenciados e dedicação mais concentrada  nos fundamentos do jogo. Anseio e sempre ansiarei  para que isso venha a acontecer.

Que me perdoem os maravilhados e deslumbrados com o grande espetáculo global de Franca, órfãos do passado brilhante do grande jogo entre nós (tanto os que o testemunharam, como os que o imaginam ou não…), mas, definitivamente,  sou um técnico, e não um torcedor de fórmulas prontas e palatáveis, e para tal,  prezo e busco a precisão técnica e o bom senso.

Amém.

PS- Video divulgado pelo blog Rebote.

O CONGRESSO…


Este foi o texto que enviei à LNB, com um relato conciso sobre o 1º Congresso de Técnicos de Alto Nível, realizado em São Paulo.
Prezado Claudio Mortari Jr., atendendo a sua solicitação para uma análise do Congresso de Técnicos, encaminho sucintas observações sobre o mesmo, de forma prática e objetiva.
Inicialmente devo me congratular com a LNB por tão importante evento, que espero seja oportunizado mais vezes, pois os resultados positivos em muito superariam as dificuldades em organizá-los. O Basquetebol estará no caminho de seu soerguimento com ações deste calibre, na medida em que:
– Sejam estes encontros liberados a um publico de técnicos como assistentes, sem intervenções, onde terão a oportunidade de aprender com os mais experientes, com aqueles que dirigem as equipes mais representativas, com aqueles que servirão de balizamento para sua evolução no vasto campo da técnica desportiva.
– Que os resultados destes encontros, na forma de relatórios ou depoimentos sejam viabilizados aos técnicos de todo o país, como fonte de estudo e pesquisa.
– E que estes encontros percorram os estados representados pelas equipes da Liga, como um fator de divulgação e popularização da mesma.
Foi um encontro bastante positivo, onde opiniões divergentes puderam ser discutidas de forma direta e profundamente honesta. Problemas estruturais das equipes, e mesmo da nossa realidade desportiva, foram analisados com muita precisão por todos os presentes, através bem escolhidos temas, numa amplitude elogiável e que deixou uma certeza de que ainda poderia ter ido mais além, não fossem as duas palestras sobre psicologia e preparação física ( nitidamente fora do contexto do congresso, em que pese suas excelentes apresentações), com suas 4 horas de duração, tempo esse que possibilitaria a extensão das discussões técnicas, motivação básica do encontro.
Apontar uma ou outra intervenção não seria justo, já que todos participaram de forma objetiva e altamente profissional, fator realçado nas intervenções quando da palestra do técnico Ruben Magnano, enriquecendo o debate e suas ótimas conclusões.
Sem dúvida alguma, a premência de tempo encurtou assuntos relevantes e de importância vital para a modalidade, numa perda de conteúdo que não deverá ser repetida em próximos encontros, assim espero.
Todos os participantes, sem exceções, foram brilhantes em suas apresentações e intervenções, cunhando um ambiente altamente sadio, onde uma ou outra incompatibilidade pessoal ou funcional, se desvaneceu pela ambiência pacífica, amistosa, e profundamente voltada ao progresso do basquetebol.
Por todos estes ingredientes de alto nível, parabenizo a todos, técnicos, assessores e dirigentes da LNB pelo grande passo dado ao encontro de sua maioridade técnica e funcional.
Paulo Murilo Alves Iracema – Técnico do Saldanha da Gama.

OBS- Clique nas fotos para ampliá-las duplamente.

PREOCUPAÇÕES…

Preocupa-me a herança do NBB2, principalmente na forma de jogar das equipes intervenientes, da limitação e alto grau de previsibilidade técnico tática das mesmas pelo uso indiscriminado e absoluto do sistema único de jogo, onde a maioria de suas ações são voltadas ao preparo e a consequente execução dos arremessos de 3 pontos.
Preocupa-me o elevadíssimo número de erros de fundamentos, acusados sistematicamente na maioria das partidas do campeonato, sendo que nos playoffs finais atingiram cifras alarmantes.
Preocupa-me a fragilidade defensiva da maioria das equipes, principalmente na anteposição aos arremessos de 3 pontos, e à marcação dos pivôs, sempre por trás, jamais à frente, como deveria ser.
Preocupa-me o fato de uma defesa centenária por zona, a 2-3, ainda se constituir um terror para equipes de alta competição, numa desoladora perspectiva do quanto ainda temos de evoluir em termos de fundamentos de drible, fintas e passes, ou seja, o bê a bá do grande jogo.
Preocupa-me a tendência cada vez mais presente de uma homogeneização e padronização deste sistema único nas divisões de base do país, limitando perigosamente a criatividade e espontaneidade de nossos jovens.
Preocupa-me o avanço maciço de alguns profissionais, e outros nem tanto, de outras áreas, na formação destes jovens, com um conhecimento canhestro do jogo, e apresentando propostas incompatíveis à evolução natural dos mesmos, tanto no aspecto bio psíquico, como no social e cultural.
Preocupa-me a não organização das associações de técnicos, fundamentais ao desenvolvimento da modalidade em todos os sentidos, principalmente no político, social e profissional, bases de uma profissão reconhecida e respeitada.
Preocupa-me que pela ausência das associações, outras categorias envolvidas no esporte se apossem de núcleos técnicos específicos, para coordenarem e implantarem cursos e escolas para os quais não têm competência e formação, se situando única e exclusivamente pelo poder político vigente.
Preocupa-me a passividade e aceitação de técnicos a essa situação ambígua e constrangedora, tornando-se possíveis cúmplices de uma anomalia inadmissível.
Preocupa-me a seleção, ou seleções, entregues a estrangeiros que convocam jogadores que se negaram a defender o país dentro de competições internacionais, claro, por não se tratar dos países deles, e que se verão ante jogadores que lideram grupos fechados, e que em muitos casos, não costumam seguir instruções que não forem de seu agrado, como temos assistido no campeonato nacional.
Preocupa-me a divulgação do basquete voltada aos jovens, com sua maioria quase absoluta impossibilitada ante a TV aberta, pois somente canais a cabo o divulgam, assim como a precariedade na popularização do mesmo nos núcleos escolares, e mesmo clubísticos, a muito abandonados à própria sorte.
Preocupa-me que o poder de novas idéias, de novos rumos técnico táticos, fundamentados na pratica maciça dos fundamentos e da plena utilização da criatividade e do livre pensar, seja minimizado pela ausência de divulgação quase unânime, pela mesmice e pela mediocridade de um sistema único e avassalador, implantado no âmago de nossa juventude, ávida de conhecimentos e sonhos, por interesses que não os nossos, brasileiros, e outrora campeões mundiais e medalhistas olímpicos.
Enfim, preocupa-me a impossibilidade ao êxito e a um futuro inspirador, tolhido que estamos pela mais absoluta ausência de bom senso, responsabilidade cívica e amor ao grande jogo, naquele ponto que o torna imbatível no concerto das demais modalidades, sua concepção instigante e de permanente evolução.
E com estas preocupações me dirijo amanhã ao Congresso dos Técnicos da LNB em São Paulo, para o qual fui convidado como técnico do Saldanha da Gama, onde no calor dos debates, dos temas, das apresentações e das bem vindas discussões possamos manter vivas as esperanças de encontrarmos o caminho perdido nas trilhas dos últimos 20 anos, de desmandos e de imperdoáveis omissões. E honestamente espero que assim seja.
Amém.

ADENDO À PALESTRA DE LISBOA…

Na palestra que proferi em Lisboa na abertura do 3º Congresso Mundial de Treinadores da Língua Portuguesa, faço menção a um organograma sobre análise de sistemas que não fica bem visível na imagem, dificultando sua plena compreensão. Publico agora uma imagem mais nítida do mesmo, que poderá ser impressa para um acompanhamento mais preciso da palestra.

OBS- Clicar na imagem para ampliá-la.

FALEMOS UM POUCO DE TÁTICAS E SISTEMAS IV…

Cumprindo mais uma etapa deste blog, publico hoje o primeiro artigo com o apoio de vídeo, sobre o sistema de jogo que desenvolvi junto à equipe Infanto Juvenil do Barra da Tijuca BC em 1995, todo ele fundamentado na dupla armação, e com uma singularidade, sua utilização indistinta contra defesas individuais ou zonais.

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ECOS DE LISBOA…

Estou em casa, mareado pelas constantes viagens e pelo fuso itinerante e de custosa adaptação. Mas casa é casa, porto e raiz.

Só algo é imutável, continuísta, política, e terrivelmente previsível, nossa vetusta (nos hábitos) CBB.

Leio nos blogs que o novo diretor, agora remunerado, de basquete masculino é um jogador recém aposentado, que afirma categoricamente sua primeira intervenção, a uniformização de conceitos e técnica nas seleções de base, exatamente dentro da linha atual e continuista da administração anterior, somente com uma astuta substituição de palavras, trocando padronização por uniformização, que em miúdos “conceitua” seis por meia dúzia.

E já era de se esperar tal comportamento por parte da nova (?) direção cebebiana, extensa e copiosamente prevista por este blog em inúmeros artigos, agora tornado realidade, numa afirmação de acordo explicito e corporativista.

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FALANDO DE SUCESSO…

Foi uma conferência cujo formalismo de uma aula inaugural transformou-se numa palestra eminentemente técnica, para técnicos jovens e veteranos, dirigentes, representantes oficiais de governo, jornalistas e professores. Vi-me de volta aos cursos que dei por todo o nosso país, anos a fio, repleto de entusiasmo, esperança e absoluta crença num futuro melhor. Em alguns momentos a voz embargou, logo substituída pelo vigor de alguém que acredita firmemente no que transmite, pois resultante de muita luta, experiências validadas no acerto e muitas derrotas, ambas assimiladas e reconhecidas como valores positivos de aprendizagem e conseqüente formulação de conceitos, prontamente divulgados para estudos e estabelecimento de melhores técnicas didático pedagógicas.

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OS PASTÉIS DE BELÉM…

Desembarco em Lisboa vindo de New York, exausto mas feliz em retornar àquela magnífica e hospitaleira cidade. E quem veio me esperar? O José Curado, ex técnico do Benfica e da Seleção Portuguesa, e atual presidente da Confederação das Associações de Treinadores de Portugal, organizadora do Congresso Mundial de Treinadores da Língua Portuguesa, no qual terei a honra de proferir a conferência inicial.

Mal pus os pés no Hotel, e sem mesmo tempo de conhecer o apartamento, eis-me a caminho da mais famosa pastelaria lisboeta ao lado dos Jerônimos, onde sou recepcionado por ele com pasteis de Belém e uma bica(cafezinho) tradicional. Melhor não poderia ter sido.

E lá, naquele reduto mais do que centenário, ficamos a discutir a situação dos técnicos de nossos países, com suas diferenças peculiares e a similitude de comportamentos e ações que nos unem e afastam. Fomos longe nas discussões, concordantes e até discordantes, mas sempre obedecendo uma linha coerente de raciocínio e disposição em ver evoluir o nosso sonho comum, a união de todos sob a égide do conhecimento, da precisão profissional, e da disseminação democrática e estratégica da informação técnica e da bibliografia específica.

Falamos sobre o Congresso, o sucesso junto aos treinadores aqui presentes para os Jogos da Lusofonia, e mesmo de técnicos não participantes dos mesmos, mas profundamente interessados em novas técnicas e idéias que os façam avançar na profissão.

Concordamos no principio da divulgação virtual abrangente do conhecimento, fator que viabiliza o transito da informação onde antes era inadmissível a existência dessa possibilidade, agora aberta pelas novas tecnologias, e como poderemos viabilizá-la para proveito e desenvolvimento de todo aquele interessado a um preço razoável e justo, e muitas vezes gratuito.

E de repente, vimos o tempo se extinguir pelos compromissos inadiáveis, e nos despedimos até mais tarde, quando novas rodadas de pastéis de nata e bicas nos aguardarão dourando as cenas de novas, esperadas e produtivas conversas sobre o tema que amamos, o desporto educativo, competitivo e formador de melhores pessoas, de melhores cabeças, de eternos amigos.

Obrigado amigo Curado pela bela, simples e adorada recepção.

Amém

O TÉCNICO DE SUCESSO…

No dia 16 de julho, às 17 horas, proferirei a conferência de abertura do 3º Congresso de Treinadores de Língua Portuguesa, que transcorrerá em Lisboa, com o tema – O que é ser um treinador de sucesso – e cujo sumário apresento à seguir a todos aqueles que verdadeiramente amam sua profissão, e particularmente o basquetebol, como um preito de respeito e admiração por seu trabalho, e profunda dedicação.

O TÉCNICO DE SUCESSO- Não propriamente o maior vencedor de torneios e campeonatos, grandes ou de menor expressão, e sim alguém visceralmente comprometido com a tarefa de educar através do desporto, preparando bons cidadãos, ótimos atletas, e equipes competitivas, todos dentro dos mais altos padrões sociais, éticos e desportivos, no seio da sociedade em que vive e atua, sempre com presteza, conhecimento e profissionalismo.

O mundo em que vivemos, repleto de injustiças e insensibilidade, anseia por mudanças, principalmente aquelas nações relegadas ao estigma terceiromundista, que no limiar de um novo século ainda não encontraram soluções que reduzam tantas e profundas diferenças com as demais nações desenvolvidas.

A Educação é um dos caminhos redentores, base e sustentáculo de uma sociedade mais justa e igualitária, e o desporto um dos elementos voltados a estes objetivos, com sua proposta aglutinadora e profundamente democrática.

O professor e técnico desportivo foi, é e continuará sendo o agente propulsor de alguns destes importantes objetivos, e para tanto deverá ser preparado e instruído com afinco, atualizado e reciclado permanentemente à luz dos conhecimentos científicos, didático pedagógicos e incondicional acesso à informação virtual.

O professor e técnico desportivo assim preparado, experiente, estudioso e participativo, sempre trilhará o caminho do possível e alcançável progresso de seu povo, através seus alunos, seus atletas, suas comunidades e equipes. E quando um destes segmentos atingir objetivos e metas planejadas, poderá ser considerado professor e técnico de sucesso, se bem que tal projeção não seja tão importante e crucial como se propala, pois o sucesso deve ser definido como um bem realizado trabalho, nada mais do que um bom e recompensador trabalho. Notoriedade e fama ficarão por conta de outras, e quase sempre descartáveis circunstâncias.

Espero representar com honra e dignidade professores e técnicos deste esperançoso país.

Amém.