A PREDIÇÃO DE UM FORUM…

Muito se tem falado e comentado sobre sistemas de jogo nestes últimos tempos, e qual deles melhor se adequariam ao modo de agir, pensar e jogar do jogador brasileiro. São debates apaixonados e muito pouco ligados a uma evidência inquestionável, a de que discutem, como muito poucas variações, um sistema único de jogo, aqui implantado a mais de 20 anos, e continuado através uma difusão maciça, desde as categorias de base, até nossas seleções representativas, o sistema NBA, considerado o supra sumo das ações técnico táticas no universo do grande jogo.

Desde sempre discordei desse sistema, desse modo de agir e pensar o basquete, pois o mesmo se fundamenta numa realidade somente existente no basquete americano, com sua base voltada aos fundamentos e o sistema em si, através muitos milhares de praticantes nas escolas e universidades, e de modo parecido nos países europeus, com suas prioridades voltadas à educação, onde o desporto ocupa um lugar de primordial importância no processo da formação integral de seus jovens.

Ante tão profícuas e evidentes questões, nossa realidade se situa na contra mão daquele primeiro mundo, numa contundente constatação de que não possuímos e sequer dominamos um mínimo de conhecimentos básicos, não só no campo desportivo, como, e principalmente, no aspecto acadêmico em geral, nos situando, infelizmente, na situação de puros imitadores dos resultados finais alcançados por aquelas nações, sem os estágios probatórios das etapas necessárias por que passaram ao longo de décadas, como se o fato de pularmos etapas nos alinhassem aos mesmos nos conhecimentos e na produtividade, num ledo e triste engano.

Então, e no caso do basquetebol, discutir sistemas de jogo, dissociado da formação básica nos fundamentos, soa falso e sem propósito, já que sistemas, sejam lá quais forem, somente se materializam e exequibilizam quando têm como base sólida de apoio, o pleno domínio dos fundamentos, sem os quais perdem todo o sentido prático.

Portanto, desde muitos anos atrás, quando do preparo das muitas equipes que dirigi, o foco prioritário sempre foram os fundamentos, o pleno domínio dos mesmos, para todos os jogadores, fossem baixos ou altos, fossem armadores, alas ou pivôs, de equipes infantis ou de elite, todos, aprendendo de forma igual, com os mesmos requisitos e exigências, sem exceções, para mais adiante, optarmos por sistemas que melhor se coadunassem com as características de cada um, e não mergulhando-os num sistema único, padronizado e engessado a jogadas pré estabelecidas e coreografadas. E assim foi por longos 50 anos, apostando na capacidade que cada jogador se desenvolvesse no domínio, leitura e amor ao grande jogo.

Finalmente, em 2010 dirijo uma equipe na LNB, que por ser da elite despertou uma enorme curiosidade pelo fato de treinar fundamentos e jogar de “forma diferente”, quando na realidade o fazia fora dos rígidos e engessados padrões que nos impuseram nos últimos 20 anos, tanto em sua preparação baseada nos fundamentos, como no sistema de atuar com dupla armação e tripla atuação no perímetro interno, o que despertou alguns interessantes debates, como esse fórum que surpreendentemente descobri ao percorrer os muitos existentes no blog Draft Brasil – Um pouco de táticas e algumas reflexões que apesar de não ser muito extenso, descobre uma forma não usual de discussão, pois situa o sistema por nós utilizado, numa possível utilização por equipes da NBA, sem mencionar como possível utente do mesmo aquela que veio a se sagrar campeã esta temporada, a equipe do Dallas, que se utilizou de um sistema correlato, cujos detalhes em muito se assemelhavam ao nosso, quebrando de uma vez por todas o rígido sistema da grande liga, num processo que teve no Coach K, quando da direção da seleção americana, vencedora do último mundial, o seu grande incentivador.

Vale a pena dar uma olhada no fórum, quando muito, para avaliarmos o quanto de positivo avanço técnico tático incrementou aquela grande equipe, no âmago do grande e portentoso basquetebol que praticam, ao mesmo tempo compararmos o que ocorreu com o “basquete diferente” desenvolvido pelo Saldanha no NBB2, varrido e jogado para baixo do tapete da história, como uma contravenção indesculpável e inimaginável dentro dos medíocres padrões que teimamos em seguir, disseminar, formatar e padronizar no país, muito mais agora através uma ENTB investida nessa tenebrosa e suicida continuidade, numa progressão aritmética que já alcança 490 técnicos graduados no nível 1 em 3 cursos de 4 dias, autêntico e dantesco recorde mundial, tendo antes graduado em seu curso inicial técnicos de nível 3,  também em 4 dias. E pensar que estudo, pesquiso, ensino, divulgo e pratico o basquete a mais de meio século, e sequer imagino, por não me importar, o nível a que pertenço, já que me situo e considero um humilde professor e técnico, com muito ainda por aprender, e ensinar o grande jogo.

Amém.

OS DETALHES…

Fato é que decididamente nos negamos a aprender.

Fato é que lamentavelmente continuamos a errar.

Fato é que soberbamente insistiremos no erro.

Fato é que arrogantemente culparemos os…detalhes.

 

Detalhe é que os fatos condenam o que implantaram.

Detalhe é que corporativamente não abandonarão o nicho.

Detalhe é que jamais se reconhecerão errados.

Detalhe é que negarão o novo, o ousado, o instigante.

 

Pois, entre fatos e detalhes naufragam gerações de talentos.

Pois, dentre fatos e detalhes, sequer permitem  uma réstia de luz.

Pois, acima dos fatos permeiam detalhes que os pensam absolver.

Pois, ante consumados fatos, quem sabe, o verdadeiro detalhe ressurgirá.

 

O fato maior de que o grande jogo merece, por história e tradição, ser

redimido através o maior dos detalhes, a meritória competência.

 

Amém.

UMA QUESTÃO DE FUNDAMENTOS…

(…) O AIS é uma instituição importante para os jovens do esporte do país (e não só no basquete, mas também na natação, no atletismo, no vôlei etc.). Falando da nossa modalidade, posso te garantir que é o melhor lugar da Austrália para quem quer se desenvolver no basquete, pois os treinos são com os melhores técnicos possíveis e com uma estrutura que assusta de tão boa que é. Para ser sincero, é praticamente impossível você não melhorar por lá como pessoa e como atleta, e é um orgulho imenso para mim representar o trabalho do AIS em competições internacionais. E, sim, como você mencionou, ele é responsável por “produzir” talentos aos montes. A Elizabeth Cambage (que hoje joga na WNBA pelo Tulsa Shock) foi a última da fornada deles.(…)

( Trecho da matéria publicada pelo jornalista Fabio Balassiano no blog Bala na Cesta, em 5/6/11, com o jogador Anthony Drmic da seleção australiana sub-19).

Eis uma robusta pista dos “porquês” de uma equipe solidamente preparada na base, cometer 8 violações num jogo duríssimo de mundial, e nossa equipe o fazer em 20 oportunidades, sendo que nossos armadores foram responsáveis por 9 das perdas de bola, números incompatíveis na posição que ocupam, pois os australianos nos roubaram 15 bolas, perdendo 3 para os nossos, numa desproporção até certo ponto assustadora, e anulando a supremacia que obtivemos através 44 rebotes, contra 37 dos mesmos.

Claro ser impossível uma análise técnico tática do jogo pelo não televisionamento, mas o placar baixo pela média do campeonato até aqui ( 63 x 57), deixa claro ter sido um jogo de fortíssima pegada defensiva, fator determinante na importância vital do pleno domínio dos fundamentos, principalmente o drible, as fintas e os passes, básicos nas progressões e nas articulações de jogadas sob intensas pressões.

Falar dos arremessos então, se torna repetitivo, monocórdio, pois teimar na aventura dos “gatilhaços” de três (2/17), quando bastariam trocar 4 dos 15 perdidos por tentativas de dois pontos para vencer a partida, soa como um solitário grito num deserto de idéias, de bom senso, de liderança enfim.

(…) posso te garantir que é o melhor lugar da Austrália para quem quer se desenvolver no basquete, pois os treinos são com os melhores técnicos possíveis (…), ou seja, lá encontram os melhores formadores, as melhores didáticas de ensino, o melhor acompanhamento técnico prático, aprendem a conviver, dominar e se relacionar com a bola e sua instabilidade esférica, tornando-a extensão de seu corpo, garantindo uma melhor submissão e domínio da mesma em situações extremas, daí resultarem perdas menores, além, muito além de aprenderem a amar o jogo, ao contrário de nossos jogadores, jamais submetidos nos últimos 20 anos aos ensinamentos ( sim senhores, e-n-s-i-n-a-m-e-n-t-o-s…) de nossos melhores mestres na arte dos fundamentos, mas atulhados de sistemas, jogadas marcadas, sinalizadas e coreografadas em minúcias ( vide foto acima do Raul no jogo de hoje…), por uma turma de “estrategistas”, como se comandassem bonecos e seus cordéis, num arremedo de basquete, e não do grande jogo.

Sei que errar faz parte do jogo, mas não em tal quantidade perante defesas mais fortes, que se avolumarão mais adiante quando do afunilamento da competição, quando terá de se fazer presente o domínio dos fundamentos, sem os quais, chifres, punhos, polegares, cabeças, camisas, e todo um corolário de “estratégias” e coreografias se esfacelarão por não driblarmos, fintarmos, passarmos, defendermos e arremessarmos com a mesma eficiência de nossos bem fundamentados adversários. Talvez, quem sabe, possamos até nos medalharmos na competição, afinal de contas ainda nos restam resquícios de nossa tradicional combatividade e capacidade de improvisação, de talento, apesar das limitações básicas, e também porque ainda existe quem acredite que alguns dos deuses torcem por nós, e assim, quem sabe…

Prefiro, como professor e técnico, acreditar e torcer para que os grandes e verdadeiros formadores de jogadores existentes no país sejam resgatados, para que num grande mutirão ajudem eficientemente a soerguer o grande jogo entre nós, pois se assim não agirmos, dificilmente teremos convenientemente preparada uma geração para 2016, que jogue, entenda e ame basquetebol, e não se deixe levar por rabiscos desconexos nas pranchetas da vida.

Amém.

PAPEANDO COM O ALCIR…

Chego em casa voando, e já são 13:20, ligo a TV e…nada, vou para o laptop e…nada, me resigno em não poder comentar mais um jogo da seleção sub-19 em um importante mundial, pois não emito qualquer opinião técnico tática por estatísticas, em nada minimamente comparadas ao testemunho ocular de um jogo tão repleto de minúcias como o basquete, onde achismos e suposições cedem espaço à realidade inquestionável, quando…o skype toca, e o Alcir me envia um link salvador, e pude, enfim, assistir um jogo da tão decantada seleção sub-19 jogando contra a Letônia, a dona da casa.

No entanto, nada mais dinâmico do que relatar o nosso pequeno debate sobre o jogo, em tempo real, quando discutimos os aspectos relevantes do mesmo:

[13:34:05] Alcir: está assistindo o jogo do Brasil contra Letônia?

[13:34:36] Alcir: este é o endereço na internet: http://www.ltv7.lv/video_streams/adobe-flash-player-350kbps/

[13:35:07] Paulo Murilo: Cheguei agora do banco e vou tentar ver o jogo. Está na tv ou internet?

[13:35:24] Alcir: Isto, o endereço esta acima

[13:35:27] Paulo Murilo: ok, vou ligar. Depois comentamos.

[13:35:39] Alcir: o time esta jogando direitinho

[13:44:49] Paulo Murilo: Deu para ver que as duas equipes se utilizam do mesmo sistema ofensivo, fator esse que beneficia a equipe que tiver os melhores jogadores em cada posição de 1 a 5, e nisso o Brasil me parece bem melhor.  Preocupa-me somente quando enfrentarmos equipes com melhores fundamentos, onde a similitude de sistemas pouca diferença fará.

[13:45:41] Alcir: eu achei o time bem treinado e sem precipitar

[13:46:30] Paulo Murilo: Mas essa foi a formula mágica que as comissões técnicas da CBB encontrou e adotou para o nosso basquete, e é ai que discordo deles todos, pois lá em cima, a diferença de estilos é que darão as cartas. O Dallas acabou de provar a tese do Coach K no Mundial.

[13:47:28] Paulo Murilo: Somos macacos de imitação, no que denomino de colonização endêmica, pois fica mais fácil copiar do que estudar e criar algo de inusitado.

[13:47:38] Paulo Murilo: Vamos ver no que vai dar…

[13:48:04] Alcir: acho que vamos ganhar

[13:49:02] Paulo Murilo: O que me preocupa não é ganhar agora, e sim lá na frente, na divisão principal, que é a que modela as gerações que se iniciam.

[13:51:44] Paulo Murilo:  Essa é uma equipe de base, e está na linha do que viemos fazendo nos últimos 20 anos, só que com jogadores melhores. Se está bem treinada e sem se precipitar, concordo somente no aspecto do não abuso nos arremessos de três, cuja campanha a respeito venho mantendo nos últimos 6 anos de blog. Acho que agora começam a entender que de 2 em 2 também podemos vencer jogos.

[13:53:07] Paulo Murilo: Agora, para não darem o braço a torcer, esnobam a dupla armação, que poderá ser o ponto de desequilíbrio quando adversários que a utilizam nos enfrentarem nas fases finais. Vamos ver se tenho ou não razão…

[13:53:09] Alcir: Eu achei treinadinha e com possibilidades de brigar pelo titulo pelo que o pessoal que está lá fala

[13:55:09] Paulo Murilo: Alcir, base é para abastecer as futuras equipes seniors, e para tanto têm que apresentar algo que as diferenciem da mesmice. Esse é o ponto que realmente interessa, pois quem vai disputar olimpíadas é a equipe principal, e não subs.

[13:56:37] Alcir: começou

[13:56:43] Paulo Murilo: E essa equipe joga igualzinho ao que viemos jogando desde sempre, com menos chutes de três. E ainda falha demais na defesa. Essa é a minha preocupação, pois estamos repetindo à exaustão um modelo que todos os demais estão abandonando.

[13:56:56] Paulo Murilo: Vamos ao jogo que recomeçou

[13:56:58] Alcir: vou assistir ao jogo

[14:43:23] Paulo Murilo: Bom Alcir, a equipe venceu bem, mas me pareceu que os donos da casa se pautaram demais nos arremessos de três. Foi contestá-los um pouco que as bolas começaram a não cair, dai para frente a contagem se dilatou, finalizando preferencialmente de dois pontos, como deve ser.

[14:44:24] Paulo Murilo: Vou almoçar agora que estou morto de fome. Mais tarde, se você quiser, conversamos mais. Aliás, esse bate papo daria uma boa matéria para o blog, mas você quase não me deixa falar, ehehehehehe.

[14:44:35] Paulo Murilo: Uma abraço Alcir. Até mais.

 

Acessando as estatísticas após o jogo, constata-se alguns aspectos que pouco se encaixam com as suposições e avaliações dos que analisam jogos pelas mesmas, a começar pelo fato de que nesse jogo a equipe brasileira arremessou mais bolas de três ( 7/25 – 28%) do que a decantada artilharia da Letônia com seus 5/21 – 23.8% arremessos. Nos de dois pontos nos sobressaímos com 25/42 – 59.5%, contra 20/41 – 48.8% dos letonianos, e também  nos LL ( 17/20 – 85%, contra 18/28 – 61.3% da Letônia).

Como praticamente empataram nos rebotes, 36/35 para nós, os pontos decisivos foram aqueles dentro do perímetro, onde o Raul ressuscitando o DPJ em grande estilo definiu sua alta pontuação sem uma tentativa sequer dos três pontos, esta sim, uma grande evolução técnica.

Com o afunilamento da competição, mais do que nunca a diferenciação técnico tática se fará sentir para a definição da mesma, e é nesse ponto que me preocupa o sistema de jogo da seleção, pois carece de um comportamento tático  mais elaborado na direção de seus altos e ágeis centrais, presos que estão aos padrões dos pivôs clássicos e pesadões, assim como pela pouca habilidade nas fintas de seus alas, prioritariamente dirigidos às finalizações de três pontos, o que os afastam dos rebotes ofensivos, destinando as penetrações com finalizações ao armador em quadra, pois é uma equipe que raramente se utiliza da dupla armação. Defensivamente continuamos a falhar nas coberturas e ocupações de espaços nas linhas de passe, ocasionando um altíssimo número de faltas, principalmente de seus homens altos. Nos jogos mais difíceis que os aguardam, teremos dimensionada em todo seu realismo, a qualidade da preparação a que foram submetidos, tanto no preparo e sintonia fina dos fundamentos do jogo, como na percepção e leitura tática de seus oponentes, e por que não, de si mesmos. Ademais fico imaginando o quanto de qualidade e de contagem teriamos alcançado, se tivessemos substituido 15 dos perdidos 19 arremessos de três por

finalizações de dois…

Amém.

PS- Foto de um DPJ do Davi Rosseto, excelente opção para armadores. Clique na mesma para ampliá-la.

A CRUEL REALIDADE…

Li nesta semana uma matéria de qualidade superior, irrepreensível, magistralmente escrita, que retrata com a máxima fidelidade a agonia por que têm passado as últimas gerações de bons, ótimos, e alguns, excelentes jogadores, praticamente todos relegados a um ostracismo injusto e repugnante, graças ao sistema de jogo adotado pela esmagadora maioria de nossos técnicos ditos de elite, onde a criatividade clara e espontânea dessas gerações, foi esmagada e vilipendiada em nome de um basquete engessado e coreografado por aqueles que se auto intitulam, e até mesmo se consideram as estrelas do espetáculo.

Relegados e escalados em posições de 1 a 5, rotulados numa vitrine de ações óbvias e repetidas à exaustão, se mediocrizaram de tal forma, que o jogar o grande jogo se transformou numa alegoria de mesmices de jogadas de passos marcados, num simulacro de ações de 1 x 1, onde a ausência de fundamentação técnica os expõem a erros grosseiros, desesperadamente sendo levados a uma absurda compensação, através uma hemorragia suicida de arremessos de três, ante a sucedânea evidência da mais completa ausência de um coerente sentido defensivo, a outra vertente do processo.

The Kids ou o sonho cruel da realidade, publicado pelo Giro no Aro, em 28/6/11, é um desses artigos instigantes, crus, autênticos, que desnudam uma verdade no seu âmago, sem retoques, sem contemplações.

Desde o rock inicial (brilhante analogia…), até a analise de cada jogador, seus destinos e atualidade, que podemos sentir em toda a sua cruel realidade, o quanto de daninha e absurda tem sido a continuidade de nossa teimosia técnico tática ao globalizarmos o sistema único, limitador e castrador de talentos, que sem o aval da liberdade criativa levaram, e continuarão a levar promissoras gerações ao ostracismo absoluto, e mesmo ao abandono da pratica do grande jogo.

E num pequeno espaço da brilhante exposição o autor se debruça sobre o Lucas Costa, mencionando o breve momento que viveu no Saldanha no NBB2, sob a minha orientação técnica, quando o liberei, assim como a todos seus companheiros, ao encontro de suas potencialidades criativas, onde alcançou um elevado patamar de performance, possuidor que é de uma refinada técnica nos fundamentos, e no sentido coletivista que insisti para que o  desenvolvesse junto a equipe. Num vídeo que aqui veiculei, podemos observar uma das duas únicas participações do Lucas naquela retomada do campeonato, nesse caso num jogo contra o Pinheiros, a primeira partida da equipe sob meu comando, e logo depois contra o Paulistano, quando teve uma atuação  inovadora e memorável, mas que não me animei na época a veiculá-la aqui no blog, pela pressão em não fazê-lo, mas que  talvez o faça mais adiante.

Assim como o Lucas, muitos bons jogadores se prejudicaram nessa roda viva de uma mesmice endêmica que nos assaltou e judiou enorme e decisivamente, quando afastou a nossa maior qualidade, a coragem criativa, que se bem acompanhada, e, por conseguinte bem treinada nos fundamentos, embasaria sistemas de jogo abertos, responsável e criteriosamente abertos, e não manietados por jogadas coreografadas de fora para dentro das quadras, num rodamoinho que nos tem levado para o fundo lodoso da ignorância e do obscurantismo técnico tático, fator que considero ser o maior entrave na luta pelo soerguimento do grande jogo em nosso injusto país, e que têm como únicos beneficiários todos aqueles que se escondem sob o manto perverso de um corporativismo anacrônico e de profundos interesses pessoais.

O pessoal do Giro no Aro está de parabéns, e espero que continuem a percorrer o caminho das pedras, na busca de dias melhores para o nosso basquetebol.

Amém.

Foto-Lucas Costa em treino de fundamentos no Saldanha-NBB2. Clique para ampliá-la.

 

RESPONDENDO AO CLIPPING DO ALCIR…

Pergunta-me o Alcir Magalhães do Clipping do Basquete – Qual a sua opinião e/ou avaliação sobre o trabalho que vem sendo desenvolvido nas categorias de base do basquete brasileiro, e o que precisa ser feito para voltarmos a ter a hegemonia no continente sul americano? Resposta – Acabo de assistir um tempo inteiro do jogo Brasil x Argentina na sub-16 em Cancun, e um segundo tempo somente pelas estatísticas, já que o site da Fiba Américas entrou em colapso lá pelas mais de 400 visitas ao mesmo. E o que vi? Primeiro, uma derrota que nos eliminou de mais um Mundial, e sempre por uma equipe hermana. Segundo, a indigência para lá de endêmica de nossos jogadores nos fundamentos do jogo, ante uma gurizada argentina que já dá enormes passos em seu pleno domínio, principalmente seus jogadores mais altos, tanto nos rebotes (pegaram “somente” 49, contra 32 dos nossos), e o pleno domínio ofensivo próximo à cesta, além de todo o grupo marcar com precisão nos dois perímetros, principalmente o externo, somente permitindo 3/4 arremessos de três dos nossos, contra 8/22 deles nos três, obrigando-nos às penetrações, quase sempre bloqueadas por seus altos e ágeis pivôs. Como vemos, desde cedo mantemos nossa incapacidade de defesa fora do perímetro, e eles não, engraçado, não acham?…

Agora, o que realmente impressiona é constatar que, mesmo jogando o sistema único, a diferença abissal no domínio dos fundamentos, explica e define de uma vez por todas onde a desigualdade é mais flagrante, onde a escola argentina é mais determinante, onde eles nos vencem, e continuarão vencendo enquanto nos dedicarmos nas divisões de base nacionais ao preparo físico“científico”, nos testes fajutos de  definição de talentos (um absurdo inominável…), e na preparação quase doentia nos sistemas de jogo, em vez de simplesmente os ensinarem a jogar, a amar o grande jogo, pelo conhecimento, pela descoberta, pelos fundamentos.

Mas para tanto, precisam nossos gênios da técnica “aprenderem a   ensinar”, conhecerem profundamente “o que ensinar”, e dominarem “o como ensinar”, detalhada, profunda e didaticamente, e não atrelados a modelos e formas direcionadas à formatação e padronização de falsos comportamentos, e mais falsas ainda, panacéias técnico táticas, pranchetas inclusas.

E como o padrão emanado de uma tragicamente equivocada coordenação técnica, incide desde as sub-15 até as sub-19, um quadro sombrio se apresenta ao nosso futuro basquetebolistico, ainda mais quando apresentam tal projeto como referencial aos novos técnicos, principalmente através os conteúdos de uma ENTB mais equivocada ainda, em seus cursos de quatro dias, onde o ouvir e anotar substitui o fazer e praticar por um longo tempo, que queiram, ou não, ainda é a única maneira de conhecer e se aprofundar no grande jogo.

Talvez agora comecemos  a compreender a catástrofe que foi a retirada dos cursos de educação física da área das ciências humanas, para a das ciências da saúde, e a correlata criação dos bacharelatos, todo um plano magistralmente elaborado para que a implantação do culto ao corpo se tornasse na mega indústria que movimenta hoje cerca de 15 bilhões anuais, e que de forma alguma poderia ter como concorrente natural e constitucional a futura massa clientelista de suas holdings, os jovens atendidos por uma educação física escolar de qualidade. Confef/Crefs, hoje avalizam essa industria, utilitária de seus registrados bacharéis e provisionados, e de bote pronto aos professores escolares, para transformá-los em idefectiveis profissionais de ed.física a serviço da mesma.

Mas esse aspecto tem a ver com o basquete Paulo? Sim, pois as escolas de educação física substituíram o ensino dos desportos, que normalmente preenchiam 3 a 4 semestres por modalidade, além das pós graduações de uma ano, substituindo-as por disciplinas biomédicas, a ponto de hoje formarem paramédicos de terceira categoria, em vez de professores e técnicos desportivos, que, como exemplo, têm no máximo 40 horas de basquetebol em sua formação, em vez das 180 quando pertenciam à área das ciências humanas.

Somemos a essa triste evidência, a débâcle econômica dos clubes, onde o aperfeiçoamento dos jovens provindos das escolas era magistralmente concebido, por uma plêiade de formidáveis técnicos, não só nas grandes metrópoles do sudeste, como no país inteiro, e em tal quantidade, que levou o basquete ao nível de segundo desporto nacional, e por extensão, à formação de grandes seleções que nos deram títulos mundiais e medalhas olímpicas, além do domínio sul americano irrefutável, hoje perdido para os argentinos, e para o…volei.

Hoje, muito pouco se joga basquete no país, substituído por um vôlei inteligente, e marqueteiramente bem dirigido, substituindo marcas, símbolos e até camisas que marcaram a era do basquete (vide foto acima), direcionando-os à “nova paixão do povo brasileiro”, o vôlei olímpico e mundial, reduzindo o grande jogo a um pálido, descolorido e amorfo uniforme branco, o mesmo que vi hoje na derrota de nossa equipe sub-16, para uma orgulhosa equipe argentina em seu uniforme clássico e intocável.

Todos esses óbices podem ser revertidos? Sim, na medida em que sejam corrigidas tais distorções, onde a meritocracia volte a ocupar o lugar do QI, das ações entre amigos, das padronizações e formatações técnico táticas, do profissionalismo precoce, do faz de contas nos fundamentos, na implantação de conteúdos realmente técnicos numa ENTB coordenada como uma verdadeira escola, e não um cartel de interesses unilaterais, e que, finalmente se dê partida a uma associação de técnicos, séria e determinada, sem a qual nada evolutivo e elucidativo ocorrerá no âmago do grande jogo entre nós.

E para que fique mais claro meu posicionamento, sugiro a leitura do artigo – A ESCOLA,,, , complementando a resposta ao debate promovido pelo Alcir.

Amém.

PS-Clique na foto (reprodução de Tv aberta) para ampliá-la.

O MAGNANO DE ONTEM…

Assunto     Magnano y el Flex Offense
Remetente     gil guadron Add contact
Para     paulomurilo
Data     Hoje 08:59
Sin  pretender  ofender.

Paulo  he  leido  su  ultimo  articulo  y  le  envio  algunas  acotaciones  de  Magnano, publicadas  en  el  libro ”  NBA  COACHES  PLAYBOOK “,, publicado  por  Human Kinetics, 2009.  con  el  aval  de National  Basketball  Coaches  Association,  con  Giorgio Gandolfi  como  Editor.

Ruben Magnano  publica  un articulo  llamado — FLEX OFFENSE– capitulo  8, paginas 135 – 146.

En  esencia  este  tipo  de  ataque  utiliza  dos  pasadores. Magnano  en  dicho  articulo habla  que  su ataque  se  basa  en  su  defensa, insiste  en  el  juego  de  transicion , lease  salida  rapida.

Argumenta  que  le  agrado  este  sistema  de  ataque  cuando  entrenaba  niveles  jovenes  en  Argentina. De  tal  manera  que  cuando  llega  como  entrenador  de la  seleccion  Mayor  continua  utilizando  el  FLEX ( yo  lo  utilize  en  mis  equipos  semi-profesionales  en  El  Salvador  en  1981 -1983  ).

Magnano  menciona  en  dicho  articulo  que  el FLEX  se  adecuaba  mejor  a  las  caracteristicas  de  los  jugadores  argentinos, y  a  la  estructura  del  equipo  en  general,  pues:
1- carecian  de  un  centro  dominante,
2-no  eran  muy  fuertes  en  el  1 x 1, pero  si  en  los  movimientos  sin pelota.
3-aprovechar la  versatilidad  de  los  jugadores.
4-cada  jugador  sea  una  verdadera  amenaza  ofensiva,  y
6-el  FLEX  tiene   movimientos  constantes ( cortes  y  pantallas )  que  a  la  larga  confundia  a  los  rivales.

Gil

Recebi esse email do técnico e amigo Gil Guadron, que lança uma sutil e reveladora faceta do técnico campeão olímpico que nos dirige, Rubén Magnano. E uma faceta das mais favoráveis, pois defende com propriedade a dupla armação, e inclusive enumera suas vantagens na constituição de uma equipe que não possui um pivô dominante, ou mesmo, não pratica com razoável destreza o jogo de 1 x 1, mas que apresenta habilidades no jogo sem a bola. Em miúdos, uma equipe com deficiências nos fundamentos, mas com qualidades outras, como a velocidade, aspectos que muito se assemelham à nossa seleção.

Aliás, em muitos aspectos técnicos, foi esse um dos critérios adotados  pelo excelente técnico quando da direção da formidável equipe argentina campeã olímpica, constituída de pivôs ágeis e técnicos, sem serem dominantes, servidos e municiados pela dupla armação, habilidosa e determinante.

Porém, em alguns e fulcrais pontos, esses critérios tendem a não serem aplicados na seleção, frente a uma equivocada( por mais uma vez…) convocação, onde a presença de muitos pivôs de força, e poucos armadores puros, o levarão irremediavelmente ao sistema único, com o indefectível 1, o armador que todos aqueles que pensam entender e explicar o grande jogo defendem. Talvez nesse ponto, a convocação do Larry encontre sua óbvia explicação, ao ser o mais categorizado ( na opinião maciça dos colunistas…) para a reserva, e conseqüente rotação, do já alçado capitão da equipe, o Huertas, e um outro, não necessariamente um armador de oficio ( como um Alex ou Marcelo) que ficaria de regra três na eventualidade sempre presente de um acúmulo de faltas de um dos dois.

E nesse ponto me pergunto- porque o coerente defensor de longuíssima data ( desde as divisões de base argentinas) da dupla armação, e dos pivôs de alta mobilidade, se deixou levar, por mais uma vez, a uma convocação antítese desse posicionamento técnico, responsável por sua maior conquista? Influências de sua experimentadíssima assessoria técnica, composta, inclusive de gênios abaixo dos 40 anos, um deles com somente 1 ano de profissão? Ou uma leitura personalíssima do jogo que praticamos, ou mesmo da pobreza franciscana de nossos jogadores sobre os fundamentos do mesmo?

Eis ai o grande ponto, o cruzamento de vias que nos levarão ou não, a uma olimpíada depois de 16 anos, quando somente uma quebra da mesmice técnico tática endêmica que nos escraviza pelo cabresto do sistema único, nos daria uma real chance de sucesso, pois se professarmos o mesmo comportamento tático dos demais concorrentes, estaremos correndo o real e palpável perigo de somente participarmos daquela olimpíada da qual já estamos classificados, por sermos os patrocinadores.

Torço energicamente, para que o Magnano retorne aos seus primórdios, e que estabeleça em nossa seleção novos e arejados tempos, e que bem poderiam começar pela dupla armação e pelos pivôs ágeis e velozes sendo abastecidos próximos à cesta, e não apanhadores de rebotes frutos da insânia dos três, nossa até agora, marca registrada. E se preciso for corrigir sérias falhas convocatórias, que corajosamente as faça, pois ainda temos algum e precioso tempo.

Amém.

O APOGEU DA MESMICE, OU O RENASCER DO GRANDE JOGO?…

E ai Paulo, que tal a convocação?  Ora, vi como muito coerente, principalmente sendo avalizada por um estrangeiro cioso em manter vivo o seu prestigio de técnico vencedor e muitíssimo bem pago, onde o investimento maior recairá sobre os jogadores, se o tal comprometimento não se fizer presente, como sempre mencionou em suas entrevistas.

Manter os estelares da NBA, mesmo sendo do conhecimento de todos que realmente vivenciam os meandros do grande jogo ( no nosso caso será, ou estará mesmo grande?), que dificilmente acudirão ao serviço da seleção, ou por contusões, cirurgias, problemas contratuais ou de afirmação na liga, ou mesmo indiferença em defendê-la, é um excelente pré álibi frente a um possível fracasso na competição (argumento e artifício utilizado por seu antecessor espanhol), ainda mais se nossos adversários puderem contar com os nebebianos, como seus conterrâneos.

Selecionar um americano para a armação única, isso mesmo, ele jogará (se naturalizado, e tenho a certeza que a turma do vôlei que comanda o esporte nacional, que não perderia essa chance por nada, vai se empenhar ao máximo para que ele consiga a cidadania) com um armador (adoraria estar enganado…), com poder finalizador, em contraponto com o Huertas, mais servidor, ambos calejados no sistema que imperará na Argentina, já que a seleção diferenciada no último mundial já está classificada, e que jogava com dois, deixando o Alex, o Marcelo ou o Leandro (se for…), como armador emergencial, já que alas declarados e comprovados. Mas fica uma indagação, convocaria um americano se estivesse no comando de seus compatriotas? ( Respondam na “caixinha” ai de baixo…).

Os demais comporiam o cenário já conhecido e manjado, com suas  jogadas chifres, punhos, cabeça, e sei lá mais quantas, em português ou castelhano, numa mesmice endêmica de conhecimento de todos os nossos adversários de ontem, de hoje, e por certo de muitos ainda amanhãs…), jogadores mais do que inclusos.

O problema a ser enfrentado, é que, pelo menos três de nossos adversários, mesmo jogando no sistema único, têm alguns jogadores de 1 a 5, melhores do que os nossos, principalmente nos fundamentos do jogo, e mais ainda, sabendo de ante mão que movimentos ofensivos e falhas defensivas encontrarão (sem surpresas…) quando nos enfrentarem. Argentina, Porto Rico, Costa Rica, Panamá, e mesmo o Canadá, já sabem de cor e salteado nosso comportamento técnico tático, agora mais do que comprovado ao tomarem ciência dos jogadores convocados.

Seria de transcendental importância que apresentássemos algo inovador na Argentina, mesmo que experimentalmente, como a dupla armação, com seu apoio permanente em toda a extensão do perímetro externo, a movimentação ininterrupta dos homens altos no perímetro interno, com sua conseqüente melhor seleção de arremessos, pela interação entre esses dois segmentos, a variação constante defensiva, sem pedidos de tempos para executá-la, as finalizações mais precisas a cada oportunidade de ataque, que somente é propiciada pelo jogo de 2 em 2, e não a sangria hemorrágica dos 3 pontos a qualquer preço, e finalmente, o fator inesperado e ousado de uma seleção diferenciada em sua forma de jogar, ante a padronizada sistemática que irá enfrentar.

Mas para tanto, nosso hermano necessitaria de profundos ajustes em sua relação de convocados, a começar pela armação, pois se não temos (é o que afirmam os experts, e que discordo veementemente…) jogadores suficientemente experientes para o sistema único de um armador, teríamos na dupla, onde a ajuda continua no levar a bola, atuação em toda a extensão do perímetro, e agilização  do sistema defensivo, um suporte que em muito compensaria tal deficiência, já que na ajuda contínua a mesma seria vantajosamente compensada. Mas, Benite e Raul ainda não possuem a maturidade funcional, assim como o Nezinho peca pelo individualismo crônico,  o Leandro, Marcelo e o Alex, também pecam nas qualidades ambilaterais exigidas para a função, sobrando tão somente o Huertas e o Larry, que dificilmente, por suas características o faria optar pela dupla armação, e mais ainda se o Larry não for, e a prova é que o Fúlvio, o Helio e outros bons armadores que temos sequer foram cogitados.

Quanto aos homens altos, a escolha de cincões pesados escancara a dimensão do sistema que realmente utilizará no Pré, o sistema único, engessado e terrivelmente controlado por sua prancheta olímpica, e espero honestamente, que ele ( e derradeira chance de classificação olímpica…)  esteja certo perante sua escolha, sua opção, ou que mude para algo instigante, ousado e corajoso (o que duvido…), que ampliaria em muito nossas chances de classificação.

Resta-nos torcer, e é o que faremos fervorosamente.

Amém.

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PRONTO(TESTADO E PREMIADO)PARA USO…

Pronto, agora é só consumir, sem maiores complicações, como estudar, pesquisar, e perder horas, dias, semanas meses, anos, desenvolvendo e aplicando conceitos, sistemas, na incansável e inesgotável busca e compreensão de estratégias de jogo, de campeonatos, de títulos.

A grande matriz ilumina o novo caminho, através sua grande e redescoberta verdade técnico tática, aquela mesma com mais de 70 anos de existência e prática nas high schools, colleges e universities dos irmãos do norte, insumo mater do jogo coletivo, cerne do verdadeiro basquetebol, do grande jogo.

O sistema único, voltado ao confronto individualizado dos 1 x 1, que amalgamaram e sedimentaram a grande liga mundial, com seu auto nominado worldchampionship, exportado para um mundo submisso à sua grandeza colonizadora, cedeu sua hegemonia ao basquete coletivo, liderado por um…alemão, culto e preparado, assessorado por um emocionado professor que o instruiu e educou com as técnicas dos fundamentos do jogo, com a música, com outras atividades desportivas,como o remo e a esgrima, com a dança, com a literatura, com os princípios básicos da educação, testemunhado em suas emocionadas e recatadas lágrimas vertidas em concomitância à justa premiação ao seu aluno e cidadão MVP.

A dupla e formidável armação, e trindade de pivôs de alta mobilidade, provaram que o jogo coletivo ainda permanece vivo, palpitante, emocionante, dando carradas de razões àqueles que nunca permitiram que cedesse sua justa destinação ao individualismo exacerbado, cruel e injusto de todos aqueles que ousaram tentar transformar um jogo, o grande jogo coletivo em individual, tanto lá como, e principalmente aqui em terrae brasilis.

E para todos aqueles que criticaram e condenaram meu humilde sonho de ver o coletivismo preservado no grande jogo, ai está a mais convincente de todas as respostas, dada não pelo mais humilde ainda Saldanha, mas por um Dallas, campeão da NBA. E ajudando mais ainda todos aqueles apaixonados e escravizados às pranchetas, ai vai um link que os farão sorrir de felicidade, de uma matéria veiculada em 1985 pelo grande técnico espanhol Aito Garcia, mas sempre lembrando que treinei minhas equipes com esses princípios a mais tempo ainda, sem jamais esquematizar e coreografar tais conceitos, num permanente exercício de didatismo, onde o livre pensar e agir orientavam o trabalho de ensinar, e o de aprender, obrigando os jogadores a pensarem soluções de acordo com as suas leituras defensivas, suas experiências e vivências individuais, e acima de tudo, coletivas, e sem jamais, em momento algum, me utilizado sequer de uma jogada pré-estabelecida, como as que constam na matéria do Aito.

Eis o link- dos fuera y tres dentro

Mas algo a mais tem de ser dito, a grande Liga nunca mais será a mesma depois desse domingo, 12 de junho de 2011, quando um lídimo campeão redimiu o jogo coletivo, aquele que deveria ser praticado como no restante de um mundo que ela sempre quis subjugar pela força do dinheiro e pelo monopólio corporativo. Quem viver verá.

Amém.

E AGORA, CAROS COLEGAS?…

Se o Coach K se adiantou no Mundial apresentando um sistema de jogo fundamentado na dupla armação, e jogadores altos transitando aleatoriamente pelo perímetro interno, indignando os puristas americanos e as viúvas do sistema único que por aqui colonizadamente pululam, imagino agora o grau de perplexidade de que estão acometidos com o que foi apresentado ontem pela equipe do Dallas, com sua trinca de armadores, o Kidd, o Terry e o Barea, se revezando de dois em dois, e seus altos alas pivôs bagunçando o coreto interno do Heat de tal forma, que no quarto final, passes e mais passes foram lançados de dentro para fora do perímetro para os equilibrados e soltos arremessos de três a não mais poder.

E o que argumentar sobre o “terrível” perigo dos mismatch’s a que a equipe do Texas se expunha com dois baixos armadores em quadra, obrigados a bloquearem gigantes como Lebron e Wade? Lógico, que para os escravos das estaturas e dos grandões, soaria como uma blasfêmia inominável, porém, em seus limitados conhecimentos sobre fundamentos básicos do jogo, jamais dimensionariam duas óbvias realidades, a de que para penetrar defesa adentro, tanto James, como Wade necessitariam do drible progressivo, e da finta  em deslocamento lateral, ambos os movimentos realizados abaixo da cintura, logo, dentro dos domínios defensivos dos três armadores do Dallas, que também os lançavam para as laterais da quadra, onde somente a ação de arremessar por cima dos mesmos,baixos que são, poderia ser possível, já que a possibilidade de ir de encontro a um possível rebote deixaria de existir naquela posição.

A dupla armação da equipe do Dallas somente foi contestada quando da entrada de um armador de oficio, como o Bibby, pois o Lebron, que se postava repetidamente na função não conseguia progredir satisfatoriamente pela intensa pressão que sofria, no entanto, o técnico do Heat teimava na formação clássica da NBA, apostando suas fichas no trio de craques de sua equipe, e um só armador para acioná-los, e por isso perdeu, e tornará a perder se não contrabalançar as ações e o posicionamento dos jogadores do Dallas.

Essa mudança de padrão de jogo deverá influenciar decisivamente  no futuro da grande Liga, anteriormente ensaiado pela equipe do Suns, dois anos atrás, e que foi tão duramente criticada.

E foi no transcurso daquele quarto e brilhante final, que meu filho me flagrou com um discreto e amargo sorriso nos lábios, sabedor da triste emoção que estava sentindo pelo fato de ter estudado, desenvolvido e aplicado desde sempre como técnico de basquetebol, (e lá se vão mais de 50 anos…), exatamente as bases do sistema a que estava assistindo a cores e cinematográfico HD, um  sistema similar que ousou desenvolver no NBB2, na direção do Saldanha, e que empregou no Barra da Tijuca 15 anos atrás, e que por conta disso, foi defenestrado do NBB3, e dos subseqüentes, certamente.

Mas, se a equipe do Dallas for a campeã, não tenhamos a menor dúvida de que a dupla armação e a trindade de alas pivôs será implantada na maioria das equipes nacionais, pois se a matriz assim age, por que não a filial, ou pretensa e infeliz filial?  Afinal, estudar para que, se um novo prêt à porter está no forno prontinho para ser consumido?

Aliás, o que terá a dizer a ENTB em seus próximos cursos de fim de semana? Mudará seus conceitos sobre o sistema único, extravasado e difundido inclusive nas seleções de base (a seleção sub-19 embarcou para o Mundial com somente dois armadores…), ou se adequará ao sopro que emana do hemisfério norte, já que o daqui não passou de um arfar?

Mais, o que dizer das duas idas do Wade para o vestiário em pleno jogo, mancando e sentindo fortes dores nos quadris, e conseqüentes voltas, lampeiro e pronto para o combate enquanto o efeito da “água milagrosa” persistisse?

E que dizer da entrega psíquica e física do Lebron, repetindo o desastre em Cleveland, senão os efeitos de um corpo cansado e estafado pelo efeito incontornável do tempo? Aliás, qual a verdadeira idade do Lebron?

Amém.