A CRUEL REALIDADE…

Li nesta semana uma matéria de qualidade superior, irrepreensível, magistralmente escrita, que retrata com a máxima fidelidade a agonia por que têm passado as últimas gerações de bons, ótimos, e alguns, excelentes jogadores, praticamente todos relegados a um ostracismo injusto e repugnante, graças ao sistema de jogo adotado pela esmagadora maioria de nossos técnicos ditos de elite, onde a criatividade clara e espontânea dessas gerações, foi esmagada e vilipendiada em nome de um basquete engessado e coreografado por aqueles que se auto intitulam, e até mesmo se consideram as estrelas do espetáculo.

Relegados e escalados em posições de 1 a 5, rotulados numa vitrine de ações óbvias e repetidas à exaustão, se mediocrizaram de tal forma, que o jogar o grande jogo se transformou numa alegoria de mesmices de jogadas de passos marcados, num simulacro de ações de 1 x 1, onde a ausência de fundamentação técnica os expõem a erros grosseiros, desesperadamente sendo levados a uma absurda compensação, através uma hemorragia suicida de arremessos de três, ante a sucedânea evidência da mais completa ausência de um coerente sentido defensivo, a outra vertente do processo.

The Kids ou o sonho cruel da realidade, publicado pelo Giro no Aro, em 28/6/11, é um desses artigos instigantes, crus, autênticos, que desnudam uma verdade no seu âmago, sem retoques, sem contemplações.

Desde o rock inicial (brilhante analogia…), até a analise de cada jogador, seus destinos e atualidade, que podemos sentir em toda a sua cruel realidade, o quanto de daninha e absurda tem sido a continuidade de nossa teimosia técnico tática ao globalizarmos o sistema único, limitador e castrador de talentos, que sem o aval da liberdade criativa levaram, e continuarão a levar promissoras gerações ao ostracismo absoluto, e mesmo ao abandono da pratica do grande jogo.

E num pequeno espaço da brilhante exposição o autor se debruça sobre o Lucas Costa, mencionando o breve momento que viveu no Saldanha no NBB2, sob a minha orientação técnica, quando o liberei, assim como a todos seus companheiros, ao encontro de suas potencialidades criativas, onde alcançou um elevado patamar de performance, possuidor que é de uma refinada técnica nos fundamentos, e no sentido coletivista que insisti para que o  desenvolvesse junto a equipe. Num vídeo que aqui veiculei, podemos observar uma das duas únicas participações do Lucas naquela retomada do campeonato, nesse caso num jogo contra o Pinheiros, a primeira partida da equipe sob meu comando, e logo depois contra o Paulistano, quando teve uma atuação  inovadora e memorável, mas que não me animei na época a veiculá-la aqui no blog, pela pressão em não fazê-lo, mas que  talvez o faça mais adiante.

Assim como o Lucas, muitos bons jogadores se prejudicaram nessa roda viva de uma mesmice endêmica que nos assaltou e judiou enorme e decisivamente, quando afastou a nossa maior qualidade, a coragem criativa, que se bem acompanhada, e, por conseguinte bem treinada nos fundamentos, embasaria sistemas de jogo abertos, responsável e criteriosamente abertos, e não manietados por jogadas coreografadas de fora para dentro das quadras, num rodamoinho que nos tem levado para o fundo lodoso da ignorância e do obscurantismo técnico tático, fator que considero ser o maior entrave na luta pelo soerguimento do grande jogo em nosso injusto país, e que têm como únicos beneficiários todos aqueles que se escondem sob o manto perverso de um corporativismo anacrônico e de profundos interesses pessoais.

O pessoal do Giro no Aro está de parabéns, e espero que continuem a percorrer o caminho das pedras, na busca de dias melhores para o nosso basquetebol.

Amém.

Foto-Lucas Costa em treino de fundamentos no Saldanha-NBB2. Clique para ampliá-la.

 

RESPONDENDO AO CLIPPING DO ALCIR…

Pergunta-me o Alcir Magalhães do Clipping do Basquete – Qual a sua opinião e/ou avaliação sobre o trabalho que vem sendo desenvolvido nas categorias de base do basquete brasileiro, e o que precisa ser feito para voltarmos a ter a hegemonia no continente sul americano? Resposta – Acabo de assistir um tempo inteiro do jogo Brasil x Argentina na sub-16 em Cancun, e um segundo tempo somente pelas estatísticas, já que o site da Fiba Américas entrou em colapso lá pelas mais de 400 visitas ao mesmo. E o que vi? Primeiro, uma derrota que nos eliminou de mais um Mundial, e sempre por uma equipe hermana. Segundo, a indigência para lá de endêmica de nossos jogadores nos fundamentos do jogo, ante uma gurizada argentina que já dá enormes passos em seu pleno domínio, principalmente seus jogadores mais altos, tanto nos rebotes (pegaram “somente” 49, contra 32 dos nossos), e o pleno domínio ofensivo próximo à cesta, além de todo o grupo marcar com precisão nos dois perímetros, principalmente o externo, somente permitindo 3/4 arremessos de três dos nossos, contra 8/22 deles nos três, obrigando-nos às penetrações, quase sempre bloqueadas por seus altos e ágeis pivôs. Como vemos, desde cedo mantemos nossa incapacidade de defesa fora do perímetro, e eles não, engraçado, não acham?…

Agora, o que realmente impressiona é constatar que, mesmo jogando o sistema único, a diferença abissal no domínio dos fundamentos, explica e define de uma vez por todas onde a desigualdade é mais flagrante, onde a escola argentina é mais determinante, onde eles nos vencem, e continuarão vencendo enquanto nos dedicarmos nas divisões de base nacionais ao preparo físico“científico”, nos testes fajutos de  definição de talentos (um absurdo inominável…), e na preparação quase doentia nos sistemas de jogo, em vez de simplesmente os ensinarem a jogar, a amar o grande jogo, pelo conhecimento, pela descoberta, pelos fundamentos.

Mas para tanto, precisam nossos gênios da técnica “aprenderem a   ensinar”, conhecerem profundamente “o que ensinar”, e dominarem “o como ensinar”, detalhada, profunda e didaticamente, e não atrelados a modelos e formas direcionadas à formatação e padronização de falsos comportamentos, e mais falsas ainda, panacéias técnico táticas, pranchetas inclusas.

E como o padrão emanado de uma tragicamente equivocada coordenação técnica, incide desde as sub-15 até as sub-19, um quadro sombrio se apresenta ao nosso futuro basquetebolistico, ainda mais quando apresentam tal projeto como referencial aos novos técnicos, principalmente através os conteúdos de uma ENTB mais equivocada ainda, em seus cursos de quatro dias, onde o ouvir e anotar substitui o fazer e praticar por um longo tempo, que queiram, ou não, ainda é a única maneira de conhecer e se aprofundar no grande jogo.

Talvez agora comecemos  a compreender a catástrofe que foi a retirada dos cursos de educação física da área das ciências humanas, para a das ciências da saúde, e a correlata criação dos bacharelatos, todo um plano magistralmente elaborado para que a implantação do culto ao corpo se tornasse na mega indústria que movimenta hoje cerca de 15 bilhões anuais, e que de forma alguma poderia ter como concorrente natural e constitucional a futura massa clientelista de suas holdings, os jovens atendidos por uma educação física escolar de qualidade. Confef/Crefs, hoje avalizam essa industria, utilitária de seus registrados bacharéis e provisionados, e de bote pronto aos professores escolares, para transformá-los em idefectiveis profissionais de ed.física a serviço da mesma.

Mas esse aspecto tem a ver com o basquete Paulo? Sim, pois as escolas de educação física substituíram o ensino dos desportos, que normalmente preenchiam 3 a 4 semestres por modalidade, além das pós graduações de uma ano, substituindo-as por disciplinas biomédicas, a ponto de hoje formarem paramédicos de terceira categoria, em vez de professores e técnicos desportivos, que, como exemplo, têm no máximo 40 horas de basquetebol em sua formação, em vez das 180 quando pertenciam à área das ciências humanas.

Somemos a essa triste evidência, a débâcle econômica dos clubes, onde o aperfeiçoamento dos jovens provindos das escolas era magistralmente concebido, por uma plêiade de formidáveis técnicos, não só nas grandes metrópoles do sudeste, como no país inteiro, e em tal quantidade, que levou o basquete ao nível de segundo desporto nacional, e por extensão, à formação de grandes seleções que nos deram títulos mundiais e medalhas olímpicas, além do domínio sul americano irrefutável, hoje perdido para os argentinos, e para o…volei.

Hoje, muito pouco se joga basquete no país, substituído por um vôlei inteligente, e marqueteiramente bem dirigido, substituindo marcas, símbolos e até camisas que marcaram a era do basquete (vide foto acima), direcionando-os à “nova paixão do povo brasileiro”, o vôlei olímpico e mundial, reduzindo o grande jogo a um pálido, descolorido e amorfo uniforme branco, o mesmo que vi hoje na derrota de nossa equipe sub-16, para uma orgulhosa equipe argentina em seu uniforme clássico e intocável.

Todos esses óbices podem ser revertidos? Sim, na medida em que sejam corrigidas tais distorções, onde a meritocracia volte a ocupar o lugar do QI, das ações entre amigos, das padronizações e formatações técnico táticas, do profissionalismo precoce, do faz de contas nos fundamentos, na implantação de conteúdos realmente técnicos numa ENTB coordenada como uma verdadeira escola, e não um cartel de interesses unilaterais, e que, finalmente se dê partida a uma associação de técnicos, séria e determinada, sem a qual nada evolutivo e elucidativo ocorrerá no âmago do grande jogo entre nós.

E para que fique mais claro meu posicionamento, sugiro a leitura do artigo – A ESCOLA,,, , complementando a resposta ao debate promovido pelo Alcir.

Amém.

PS-Clique na foto (reprodução de Tv aberta) para ampliá-la.

O MAGNANO DE ONTEM…

Assunto     Magnano y el Flex Offense
Remetente     gil guadron Add contact
Para     paulomurilo
Data     Hoje 08:59
Sin  pretender  ofender.

Paulo  he  leido  su  ultimo  articulo  y  le  envio  algunas  acotaciones  de  Magnano, publicadas  en  el  libro ”  NBA  COACHES  PLAYBOOK “,, publicado  por  Human Kinetics, 2009.  con  el  aval  de National  Basketball  Coaches  Association,  con  Giorgio Gandolfi  como  Editor.

Ruben Magnano  publica  un articulo  llamado — FLEX OFFENSE– capitulo  8, paginas 135 – 146.

En  esencia  este  tipo  de  ataque  utiliza  dos  pasadores. Magnano  en  dicho  articulo habla  que  su ataque  se  basa  en  su  defensa, insiste  en  el  juego  de  transicion , lease  salida  rapida.

Argumenta  que  le  agrado  este  sistema  de  ataque  cuando  entrenaba  niveles  jovenes  en  Argentina. De  tal  manera  que  cuando  llega  como  entrenador  de la  seleccion  Mayor  continua  utilizando  el  FLEX ( yo  lo  utilize  en  mis  equipos  semi-profesionales  en  El  Salvador  en  1981 -1983  ).

Magnano  menciona  en  dicho  articulo  que  el FLEX  se  adecuaba  mejor  a  las  caracteristicas  de  los  jugadores  argentinos, y  a  la  estructura  del  equipo  en  general,  pues:
1- carecian  de  un  centro  dominante,
2-no  eran  muy  fuertes  en  el  1 x 1, pero  si  en  los  movimientos  sin pelota.
3-aprovechar la  versatilidad  de  los  jugadores.
4-cada  jugador  sea  una  verdadera  amenaza  ofensiva,  y
6-el  FLEX  tiene   movimientos  constantes ( cortes  y  pantallas )  que  a  la  larga  confundia  a  los  rivales.

Gil

Recebi esse email do técnico e amigo Gil Guadron, que lança uma sutil e reveladora faceta do técnico campeão olímpico que nos dirige, Rubén Magnano. E uma faceta das mais favoráveis, pois defende com propriedade a dupla armação, e inclusive enumera suas vantagens na constituição de uma equipe que não possui um pivô dominante, ou mesmo, não pratica com razoável destreza o jogo de 1 x 1, mas que apresenta habilidades no jogo sem a bola. Em miúdos, uma equipe com deficiências nos fundamentos, mas com qualidades outras, como a velocidade, aspectos que muito se assemelham à nossa seleção.

Aliás, em muitos aspectos técnicos, foi esse um dos critérios adotados  pelo excelente técnico quando da direção da formidável equipe argentina campeã olímpica, constituída de pivôs ágeis e técnicos, sem serem dominantes, servidos e municiados pela dupla armação, habilidosa e determinante.

Porém, em alguns e fulcrais pontos, esses critérios tendem a não serem aplicados na seleção, frente a uma equivocada( por mais uma vez…) convocação, onde a presença de muitos pivôs de força, e poucos armadores puros, o levarão irremediavelmente ao sistema único, com o indefectível 1, o armador que todos aqueles que pensam entender e explicar o grande jogo defendem. Talvez nesse ponto, a convocação do Larry encontre sua óbvia explicação, ao ser o mais categorizado ( na opinião maciça dos colunistas…) para a reserva, e conseqüente rotação, do já alçado capitão da equipe, o Huertas, e um outro, não necessariamente um armador de oficio ( como um Alex ou Marcelo) que ficaria de regra três na eventualidade sempre presente de um acúmulo de faltas de um dos dois.

E nesse ponto me pergunto- porque o coerente defensor de longuíssima data ( desde as divisões de base argentinas) da dupla armação, e dos pivôs de alta mobilidade, se deixou levar, por mais uma vez, a uma convocação antítese desse posicionamento técnico, responsável por sua maior conquista? Influências de sua experimentadíssima assessoria técnica, composta, inclusive de gênios abaixo dos 40 anos, um deles com somente 1 ano de profissão? Ou uma leitura personalíssima do jogo que praticamos, ou mesmo da pobreza franciscana de nossos jogadores sobre os fundamentos do mesmo?

Eis ai o grande ponto, o cruzamento de vias que nos levarão ou não, a uma olimpíada depois de 16 anos, quando somente uma quebra da mesmice técnico tática endêmica que nos escraviza pelo cabresto do sistema único, nos daria uma real chance de sucesso, pois se professarmos o mesmo comportamento tático dos demais concorrentes, estaremos correndo o real e palpável perigo de somente participarmos daquela olimpíada da qual já estamos classificados, por sermos os patrocinadores.

Torço energicamente, para que o Magnano retorne aos seus primórdios, e que estabeleça em nossa seleção novos e arejados tempos, e que bem poderiam começar pela dupla armação e pelos pivôs ágeis e velozes sendo abastecidos próximos à cesta, e não apanhadores de rebotes frutos da insânia dos três, nossa até agora, marca registrada. E se preciso for corrigir sérias falhas convocatórias, que corajosamente as faça, pois ainda temos algum e precioso tempo.

Amém.

O APOGEU DA MESMICE, OU O RENASCER DO GRANDE JOGO?…

E ai Paulo, que tal a convocação?  Ora, vi como muito coerente, principalmente sendo avalizada por um estrangeiro cioso em manter vivo o seu prestigio de técnico vencedor e muitíssimo bem pago, onde o investimento maior recairá sobre os jogadores, se o tal comprometimento não se fizer presente, como sempre mencionou em suas entrevistas.

Manter os estelares da NBA, mesmo sendo do conhecimento de todos que realmente vivenciam os meandros do grande jogo ( no nosso caso será, ou estará mesmo grande?), que dificilmente acudirão ao serviço da seleção, ou por contusões, cirurgias, problemas contratuais ou de afirmação na liga, ou mesmo indiferença em defendê-la, é um excelente pré álibi frente a um possível fracasso na competição (argumento e artifício utilizado por seu antecessor espanhol), ainda mais se nossos adversários puderem contar com os nebebianos, como seus conterrâneos.

Selecionar um americano para a armação única, isso mesmo, ele jogará (se naturalizado, e tenho a certeza que a turma do vôlei que comanda o esporte nacional, que não perderia essa chance por nada, vai se empenhar ao máximo para que ele consiga a cidadania) com um armador (adoraria estar enganado…), com poder finalizador, em contraponto com o Huertas, mais servidor, ambos calejados no sistema que imperará na Argentina, já que a seleção diferenciada no último mundial já está classificada, e que jogava com dois, deixando o Alex, o Marcelo ou o Leandro (se for…), como armador emergencial, já que alas declarados e comprovados. Mas fica uma indagação, convocaria um americano se estivesse no comando de seus compatriotas? ( Respondam na “caixinha” ai de baixo…).

Os demais comporiam o cenário já conhecido e manjado, com suas  jogadas chifres, punhos, cabeça, e sei lá mais quantas, em português ou castelhano, numa mesmice endêmica de conhecimento de todos os nossos adversários de ontem, de hoje, e por certo de muitos ainda amanhãs…), jogadores mais do que inclusos.

O problema a ser enfrentado, é que, pelo menos três de nossos adversários, mesmo jogando no sistema único, têm alguns jogadores de 1 a 5, melhores do que os nossos, principalmente nos fundamentos do jogo, e mais ainda, sabendo de ante mão que movimentos ofensivos e falhas defensivas encontrarão (sem surpresas…) quando nos enfrentarem. Argentina, Porto Rico, Costa Rica, Panamá, e mesmo o Canadá, já sabem de cor e salteado nosso comportamento técnico tático, agora mais do que comprovado ao tomarem ciência dos jogadores convocados.

Seria de transcendental importância que apresentássemos algo inovador na Argentina, mesmo que experimentalmente, como a dupla armação, com seu apoio permanente em toda a extensão do perímetro externo, a movimentação ininterrupta dos homens altos no perímetro interno, com sua conseqüente melhor seleção de arremessos, pela interação entre esses dois segmentos, a variação constante defensiva, sem pedidos de tempos para executá-la, as finalizações mais precisas a cada oportunidade de ataque, que somente é propiciada pelo jogo de 2 em 2, e não a sangria hemorrágica dos 3 pontos a qualquer preço, e finalmente, o fator inesperado e ousado de uma seleção diferenciada em sua forma de jogar, ante a padronizada sistemática que irá enfrentar.

Mas para tanto, nosso hermano necessitaria de profundos ajustes em sua relação de convocados, a começar pela armação, pois se não temos (é o que afirmam os experts, e que discordo veementemente…) jogadores suficientemente experientes para o sistema único de um armador, teríamos na dupla, onde a ajuda continua no levar a bola, atuação em toda a extensão do perímetro, e agilização  do sistema defensivo, um suporte que em muito compensaria tal deficiência, já que na ajuda contínua a mesma seria vantajosamente compensada. Mas, Benite e Raul ainda não possuem a maturidade funcional, assim como o Nezinho peca pelo individualismo crônico,  o Leandro, Marcelo e o Alex, também pecam nas qualidades ambilaterais exigidas para a função, sobrando tão somente o Huertas e o Larry, que dificilmente, por suas características o faria optar pela dupla armação, e mais ainda se o Larry não for, e a prova é que o Fúlvio, o Helio e outros bons armadores que temos sequer foram cogitados.

Quanto aos homens altos, a escolha de cincões pesados escancara a dimensão do sistema que realmente utilizará no Pré, o sistema único, engessado e terrivelmente controlado por sua prancheta olímpica, e espero honestamente, que ele ( e derradeira chance de classificação olímpica…)  esteja certo perante sua escolha, sua opção, ou que mude para algo instigante, ousado e corajoso (o que duvido…), que ampliaria em muito nossas chances de classificação.

Resta-nos torcer, e é o que faremos fervorosamente.

Amém.

PS- Clique na imagem para ampliá-la.

PRONTO(TESTADO E PREMIADO)PARA USO…

Pronto, agora é só consumir, sem maiores complicações, como estudar, pesquisar, e perder horas, dias, semanas meses, anos, desenvolvendo e aplicando conceitos, sistemas, na incansável e inesgotável busca e compreensão de estratégias de jogo, de campeonatos, de títulos.

A grande matriz ilumina o novo caminho, através sua grande e redescoberta verdade técnico tática, aquela mesma com mais de 70 anos de existência e prática nas high schools, colleges e universities dos irmãos do norte, insumo mater do jogo coletivo, cerne do verdadeiro basquetebol, do grande jogo.

O sistema único, voltado ao confronto individualizado dos 1 x 1, que amalgamaram e sedimentaram a grande liga mundial, com seu auto nominado worldchampionship, exportado para um mundo submisso à sua grandeza colonizadora, cedeu sua hegemonia ao basquete coletivo, liderado por um…alemão, culto e preparado, assessorado por um emocionado professor que o instruiu e educou com as técnicas dos fundamentos do jogo, com a música, com outras atividades desportivas,como o remo e a esgrima, com a dança, com a literatura, com os princípios básicos da educação, testemunhado em suas emocionadas e recatadas lágrimas vertidas em concomitância à justa premiação ao seu aluno e cidadão MVP.

A dupla e formidável armação, e trindade de pivôs de alta mobilidade, provaram que o jogo coletivo ainda permanece vivo, palpitante, emocionante, dando carradas de razões àqueles que nunca permitiram que cedesse sua justa destinação ao individualismo exacerbado, cruel e injusto de todos aqueles que ousaram tentar transformar um jogo, o grande jogo coletivo em individual, tanto lá como, e principalmente aqui em terrae brasilis.

E para todos aqueles que criticaram e condenaram meu humilde sonho de ver o coletivismo preservado no grande jogo, ai está a mais convincente de todas as respostas, dada não pelo mais humilde ainda Saldanha, mas por um Dallas, campeão da NBA. E ajudando mais ainda todos aqueles apaixonados e escravizados às pranchetas, ai vai um link que os farão sorrir de felicidade, de uma matéria veiculada em 1985 pelo grande técnico espanhol Aito Garcia, mas sempre lembrando que treinei minhas equipes com esses princípios a mais tempo ainda, sem jamais esquematizar e coreografar tais conceitos, num permanente exercício de didatismo, onde o livre pensar e agir orientavam o trabalho de ensinar, e o de aprender, obrigando os jogadores a pensarem soluções de acordo com as suas leituras defensivas, suas experiências e vivências individuais, e acima de tudo, coletivas, e sem jamais, em momento algum, me utilizado sequer de uma jogada pré-estabelecida, como as que constam na matéria do Aito.

Eis o link- dos fuera y tres dentro

Mas algo a mais tem de ser dito, a grande Liga nunca mais será a mesma depois desse domingo, 12 de junho de 2011, quando um lídimo campeão redimiu o jogo coletivo, aquele que deveria ser praticado como no restante de um mundo que ela sempre quis subjugar pela força do dinheiro e pelo monopólio corporativo. Quem viver verá.

Amém.

E AGORA, CAROS COLEGAS?…

Se o Coach K se adiantou no Mundial apresentando um sistema de jogo fundamentado na dupla armação, e jogadores altos transitando aleatoriamente pelo perímetro interno, indignando os puristas americanos e as viúvas do sistema único que por aqui colonizadamente pululam, imagino agora o grau de perplexidade de que estão acometidos com o que foi apresentado ontem pela equipe do Dallas, com sua trinca de armadores, o Kidd, o Terry e o Barea, se revezando de dois em dois, e seus altos alas pivôs bagunçando o coreto interno do Heat de tal forma, que no quarto final, passes e mais passes foram lançados de dentro para fora do perímetro para os equilibrados e soltos arremessos de três a não mais poder.

E o que argumentar sobre o “terrível” perigo dos mismatch’s a que a equipe do Texas se expunha com dois baixos armadores em quadra, obrigados a bloquearem gigantes como Lebron e Wade? Lógico, que para os escravos das estaturas e dos grandões, soaria como uma blasfêmia inominável, porém, em seus limitados conhecimentos sobre fundamentos básicos do jogo, jamais dimensionariam duas óbvias realidades, a de que para penetrar defesa adentro, tanto James, como Wade necessitariam do drible progressivo, e da finta  em deslocamento lateral, ambos os movimentos realizados abaixo da cintura, logo, dentro dos domínios defensivos dos três armadores do Dallas, que também os lançavam para as laterais da quadra, onde somente a ação de arremessar por cima dos mesmos,baixos que são, poderia ser possível, já que a possibilidade de ir de encontro a um possível rebote deixaria de existir naquela posição.

A dupla armação da equipe do Dallas somente foi contestada quando da entrada de um armador de oficio, como o Bibby, pois o Lebron, que se postava repetidamente na função não conseguia progredir satisfatoriamente pela intensa pressão que sofria, no entanto, o técnico do Heat teimava na formação clássica da NBA, apostando suas fichas no trio de craques de sua equipe, e um só armador para acioná-los, e por isso perdeu, e tornará a perder se não contrabalançar as ações e o posicionamento dos jogadores do Dallas.

Essa mudança de padrão de jogo deverá influenciar decisivamente  no futuro da grande Liga, anteriormente ensaiado pela equipe do Suns, dois anos atrás, e que foi tão duramente criticada.

E foi no transcurso daquele quarto e brilhante final, que meu filho me flagrou com um discreto e amargo sorriso nos lábios, sabedor da triste emoção que estava sentindo pelo fato de ter estudado, desenvolvido e aplicado desde sempre como técnico de basquetebol, (e lá se vão mais de 50 anos…), exatamente as bases do sistema a que estava assistindo a cores e cinematográfico HD, um  sistema similar que ousou desenvolver no NBB2, na direção do Saldanha, e que empregou no Barra da Tijuca 15 anos atrás, e que por conta disso, foi defenestrado do NBB3, e dos subseqüentes, certamente.

Mas, se a equipe do Dallas for a campeã, não tenhamos a menor dúvida de que a dupla armação e a trindade de alas pivôs será implantada na maioria das equipes nacionais, pois se a matriz assim age, por que não a filial, ou pretensa e infeliz filial?  Afinal, estudar para que, se um novo prêt à porter está no forno prontinho para ser consumido?

Aliás, o que terá a dizer a ENTB em seus próximos cursos de fim de semana? Mudará seus conceitos sobre o sistema único, extravasado e difundido inclusive nas seleções de base (a seleção sub-19 embarcou para o Mundial com somente dois armadores…), ou se adequará ao sopro que emana do hemisfério norte, já que o daqui não passou de um arfar?

Mais, o que dizer das duas idas do Wade para o vestiário em pleno jogo, mancando e sentindo fortes dores nos quadris, e conseqüentes voltas, lampeiro e pronto para o combate enquanto o efeito da “água milagrosa” persistisse?

E que dizer da entrega psíquica e física do Lebron, repetindo o desastre em Cleveland, senão os efeitos de um corpo cansado e estafado pelo efeito incontornável do tempo? Aliás, qual a verdadeira idade do Lebron?

Amém.

SIGNIFICATIVAS, PORÉM AINDA PEQUENAS EVIDÊNCIAS…

Duas matérias que foram veiculadas nesta semana pelos blogs Território LNB e Giro no Aro, me chamaram muito a atenção, pois discutiam ações estabelecidas por mim quando da direção do Saldanha da Gama no NBB2.

O que nos dizem estes 50cm, foi a matéria inicial editada pelo jornalista Bernardo Guimarães do Território LNB, englobando um excelente estudo sobre os arremessos de 2 e 3 pontos efetuados por todas as equipes no recém findo NBB3, comparando-os com os dois NBB’s anteriores, num exercício impactante sobre a enorme influência dos arremessos de 3 pontos na nossa cultura basquetebolistica.

Porém, num único ponto o excelente estudo cometia uma quase imperceptível falha, o fato de que no NBB2, a equipe do Saldanha da Gama viveu dois momentos técnico táticos radicalmente diferentes durante o campeonato, quando na terceira rodada do returno daquela competição, teve mudados seus sistemas de jogo, alterando consubstancialmente sua forma de utilização dos arremessos de 2 e 3 pontos, consoantes na forma de atuar da equipe no emprego do sistema único de jogo adotado por todas as equipes participantes. Com a profunda mudança, passou a atuar com 2 armadores e 3 pivôs móveis, priorizando intensamente o jogo interno, reservando os longos arremessos aos dois especialistas da equipe, e em situações únicas e exclusivas de passes advindos de dentro para fora do perímetro interno.

Sugeri ao ótimo jornalista e pesquisador, que avaliasse a possibilidade de um sub estudo de sua matéria prioritária, no que fui entendido e atendido de forma precisa e elucidativa. A matéria Um recorte nos 3 pontos – O Saldanha do Paulo Murilo, fez justiça àquela rápida (foram 11 jogos) participação de uma equipe que inovou sistemas, com coragem e ousadia ante uma mesmice técnico tática endêmica.

Mas foi uma liliputiana vitória de Pirro, pois não foi permitida à mesma ( e a mim em particular…)toda e qualquer continuidade no NBB3, já que ousava transgredir padrões estabelecidos, para a desgraça do grande jogo aqui (sub)desenvolvido.

O Giro no Aro, dos jornalistas Alfredo Lauria e Guilherme Tadeu, teve por este publicada a matéria Rafinha, o próximo grande armador brasileiro, jogador que dirigi naquela mesma equipe do Saldanha, quando das mudanças acima mencionadas, dividindo a armação da equipe com seus companheiros Muñoz e João Gabriel. Naquele sistema de dupla e real armação, onde as funções eram idênticas na forma e na técnica de atuação, a única variável incidente era a do teor de criatividade emanada de cada um dos três especialistas na função de armar e unir coerentemente seus companheiros, em torno de um sistema exclusivo e montado para uma equipe que o treinou, estudou, discutiu e aplicou de forma uníssona e comprometida.

E foi dentro desse sistema que o Rafael se destacou de forma brilhante e consistente, com pouquíssimos erros e uma enorme contribuição na arte de armar uma equipe de basquetebol, além, e o mais importante, exercer uma instigante presença defensiva, que foi a marca daquela inesquecível experiência basquetebolistica que tive a honra de participar.

Enfim, vejo e sinto que aos poucos eclode, ainda que fragilmente, um conceito de reconhecimento a um fato, ou fator, de que podemos jogar o grande jogo de uma (ou várias) formas diferentes de um sistema único, que ainda nos escraviza a posicionamentos exclusivos de 1 a 5, em torno do qual se montam e desmontam equipes ( na esmagadora maioria por dirigentes, e não os técnicos, como deveria obrigatoriamente ser……), escravas de empresários e agentes que marqueteiam falsos astros, e muita gente que se deslocada de suas posições “ especializadas”, sequer domina os fundamentos básicos do jogo.

Que essa triste e comprometedora realidade nos faça pensar e repensar novos caminhos, na perene busca do soerguimento do grande, grandíssimo jogo entre nós.

Amém.

PS- Clique na imagem para ampliá-la.

MEU AMIGO BORIS…

Foi o amigo e companheiro da família por oito anos, enorme, pujante, forte e com a mansidão emergindo de seu olhar terno e permanentemente atento à natureza que o rodeava, amigo que era até de alguns gatos que nos visitavam. Mas, acima de tudo, foi meu fiel e dedicado amigo, sempre deitado próximo de onde eu estivesse, e mesmo que a janela do escritório nos separasse, fosse dia ou noite, lá estava o Boris próximo a mim.

Foi um Doberman mestiço atípico, pois nunca, em tempo algum rosnou contra ninguém, e cuja mansidão e sabedoria cativava a quem dele se aproximasse. Dividimos grandes e prolongados silêncios, porém unidos por um preito de confiança e respeito que encontrei muito pouco entre os humanos, principalmente na área administrativa do desporto, onde ainda teimo em participar por idealismo e amor à causa da educação.

O querido Boris se foi, vencido por seu enorme coração, nos deixando órfãos de sua bondade, amizade, lealdade e amor, mas sem antes percorrer todos os cantos e cantinhos preferidos do jardim e do quintal da casa, para ai sim, deitar e se deixar levar para seu descanso, mansamente, como sempre viveu, como sempre nos ensinou a viver.

Sinto uma enorme tristeza, não só pelo amigo que se foi, mas pela falta que já sinto de seu olhar terno de paz e sabedoria, de mansidão e amor.

Amém.

PS-Clique na foto para ampliá-la.

CONVITE? ESQUEÇA…

 

Assunto Reunião Comitê Técnico
Remetente Lula Ferreira
Para Bial , Carlão Rodrigues , Cesar Guidetti , Chui , Daniel Wattfy , Dedé , Demetrius , Enio Vecchi , Espiga , Fabio Appolinário , Gonçalo Garcia , Guerrinha , Gustavo di Conti , Hélio Rubens , Hudson Previdelo , Jau Paulo , João Batista , João Marcelo , Jose Carlos Vidal , Luiz Felipe Azevedo , Marcio Azevedo , Marcio Kanthach , Nestor Garcia , Paulo Murilo , Pipoka , Raul Togni Filho , Raul Togni Filho , Regis Marrelli , Rodrigo Carlos da Silva
Cópia Alarico Duarte Lima , Alexandre Arantes , Alício Torres Junior , André Guimarães , Angelo Varejão , Cassio Roque , Charles Eide Junior , Claudia Sueli Duarte Lima , Claudio Mortari , Cristina Callou , Edson Ferraciu , Eduardo de Almeida Pinto , Fernando Larralde , Geraldo Campesan , João Rosa da Silva Filho , Joaquim Carvalho Motta Junior , Jorge Bastos , Jorge Bauab , Luis Carlos Teixeira , Luis Fernando Silva , Luis Inácio Messias , Marco Antonio Bajo Castrillo , Margareth Santos , Paulo Nocera Alves , Pedro l. Poli , Rossi , Sandro Steurnagel , Vitor Bornia Jacob
Data 17.05.2011 07:47

Prezados técnicos

Segue anexo o boletim  tempo técnico no 11 que trata da reunião do Comitê Técnico.

Att

 

Prezados Técnicos

O Departamento Técnico da LNB, na tarefa de organizar a II Congresso Técnico do Comitê Técnico da LNB, e seguindo as orientações do Conselho Técnico, composto pelos técnicos Hélio Rubens, Alberto Bial, Flávio Davis, Luiz Felipe e Lula Ferreira, informa que o referido encontro terá a seguinte pauta de assuntos:

  1. Tema Livre: cada um dos técnicos do NBB 3 terá 30 minutos para discorrer sobre um tema de sua livre escolha.
  2. Avaliação do NBB 3: o grupo irá avaliar o desenvolvimento técnico da edição 2010/2011 do NBB.
  3. Sugestões para a edição do NBB 2011 / 2012.
  4. Campeonato Sub – 20
  5. Temas a serem desenvolvidos por profissionais de diversas áreas, que foram convidados, e aguardamos as respectivas confirmações:
  • O técnico de basquete como um gestor / Rede Globo/ Sportv.
  • Aspectos do Código Brasileiro Justiça Desportiva / Comissão Disciplinar LNB.
  • Controle Emocional /Psicologia Esportiva / Dra Regina Brandão
  • Pré Olímpico 2011- Técnico da CBB Ruben Magnano.

Esta programação será distribuída dentro dos seguintes dias:

Dia 01 junho, 4ª feira, das 8:30 h às 20 h.

Dia 02 junho, 5ª feira, das 8:30 h às 20 h.

Dia 03 junho, 6ª feira, das 8:30 h às 13 h.

Assim que os convidados confirmarem suas presenças, enviaremos a programação detalhada do evento.

Solicitamos que cada técnico das equipes do NBB 3 nos envie o tema que irá desenvolver, até o dia 23 de maio, 2ª feira.

Certos de contarmos com a importante colaboração de todos, estamos à disposição para qualquer informação e/ou sugestão

Att.

Lula Ferreira

Gerente Técnico

 

 

O evento se iniciou nesta quarta feira em São Paulo, e ainda aguardo o envio de sua programação detalhada e convite anexo, capacitando-me ao mesmo, o que por certo não ocorrerá. Lamentável omissão, pois no transcurso do I Congresso, do qual participei como técnico do Saldanha da Gama, foi comunicado aos técnicos presentes que todo aquele que porventura dirigisse uma equipe no NBB faria parte permanente de seu  Comitê Técnico, mesmo estando sem equipe na ocasião do mesmo.

Como podemos atestar, não foi o meu caso, que inclusive, como também redator e editor de um dos blogs mais prestigiados da modalidade, sendo além de professor e técnico, jornalista por formação, sequer recebi convite para a Festa de encerramento do NBB3, direito auferido aos demais blogs e mídias voltadas ao basquetebol e ao desporto em geral.

Fico triste e decepcionado, mas nada que me faça desistir de continuar a luta pelo soerguimento do grande jogo em nosso muitas vezes injusto país, pois sou competente, experiente e preparado, não tendo que provar mais nada a quem quer que seja, e essa determinação não há como ser coibida, sequer calada, jamais. Vida que segue.

Amém.

PS-Foto do I Congresso dos Técnicos da LNB (Clique na foto para ampliá-la).

UM EXERCÍCIO HIPOTÉTICO…

  • ·  Giancarlo (Ontem).

Olá, professor,

Consegui acompanhar os últimos dois jogos da final do NBB, perdendo os demais por incompatibilidade de horários. Mas segui seus comentários aqui, não sem alguma surpresa. De Franca eu até esperaria alguma cautela ofensiva, algum tutano. De Brasília, não mesmo.

Pois aí veio essa avalanche do jogo derradeiro, sem surpresa alguma, claro. E acho que chegou a hora de se botar os pingos nos ‘is’, como sua pergunta no artigo sugere.

Não estamos falando de garotos intempestivos. São veteranos incontroláveis, mesmo. Não tem jeito. Que espécie de disciplina é necessária para enquadrá-los? Já foram vários os técnicos que passaram no comando, e nada de conter esse ímpeto desenfreado de atirar toda e qualquer bola para a cesta, não importando o contexto da partida, a posição em quadra.

Do trio Nezinho-Alex-Giovannoni, o único que se segurou em quadra foi o Alex, alguém que dá bastante trabalho fora dela pelo jeito ‘brabo com muito orgulho’ de ser. No fim, porém, essa atitude ao menos o torna um marcador muito bom, por não temer o confronto com ninguém, não importando sua estatura, mas, sim, a agilidade, força e, especialmente, seu empenho e coragem.

Os outros dois? Vejo problemas sérios, incorrigíveis, embora de naturezas diferentes.

Especialmente no caso do ‘armador’. Quando os holofotes estão acesos, como no caso de uma final de NBB, ele não se controla. Adora o jogo mano-a-mano, massageando a bola sem parar, numa postura que lembra até mesmo os pretensos jogos And-1. Quer ser o cara, quer dar show e, no fim, o pior: não vai para a cesta, não vai desafiar os marcadores lá dentro, contentando-se com os arremessos completamente tortos (em sua forma) e desequilibrados a dois passos da linha de três pontos. Um (em uma dúzia) cai, e basta para ele se realizar. Espero que Magnano não caia nessa barca furada mais uma vez. Pois, sem a turma da NBA, o Huertas vai precisar pontuar mais e precisará de um segundo armador ao seu lado capaz de lhe dar um descanso e de facilitar sua vida também. Penso que o argentino valorize a velocidade do Nezinho, pensando na marcação pressionada de quadra inteira ou meia-quadra, mas, se ele resume o substituto de Huertas a esse papel, nosso Eric Tatu cumpre com essas funções com muito mais eficácia.

Quanto ao Guilherme, não é de hoje… Sua vocação é de cestinha, de pontuador. Não há dúvida de que tenha um arremesso de três invejável, regular, dificilmente ele muda os movimentos, o que mostra muito treino da sua parte. Porém, é um desperdício de seu jogo de pés e movimentos internos, que não encontraram resposta da defesa francana em muitas ocasiões. No fim, seu talento, tal como o do Marcelo Machado (não cabe mais o ‘inho’, né? soa estranho para alguém há tanto tempo na cena), sobra, o que cobre qualquer pecado. Em jogos mais equilibrados, contudo, ficamos deficitários. Por isso, pensando na composição de uma seleção brasileira, tenho minhas dúvidas quanto à sua compatibilidade com nossas ‘estrelas’. Penso que ele se torna um jogador que também para muito a bola. Que vai pensar sempre primeiro em arremessar do que no passe, impedindo qualquer fluência ofensiva. Não sei se precisamos de (mais um!) jogador desses no time. Se ele aceitasse jogar em doses homeopáticas, com poucos minutos e funções delimitadas, talvez pudesse funcionar. Mas não creio que sua personalidade (não estou falando de caráter) permitiria esse tipo de ajuste. Imagino que o Arthur, na função de um arremessador para quebrar defesas por zona, para situações delimitadas, serviria melhor ao time. Embora, viajando mais, o Márcio, de Franca, seja ainda melhor arremessador e, que idade que nada, segure mais as contas na defesa.

Gostaria de propor um exercício hipotético ao senhor: se não tivesse em mãos os jogadores da NBA – nem mesmo o Tiago, que já afirmou que seu destino está atado às negociações contratuais entre os donos e a associação dos jogadores -, qual seria hoje sua seleção brasileira? Imagino que nossos leitores se divertiriam, e aprenderiam também, como de praxe, com esse exercício.

Um abraço,
Giancarlo.

Esse foi o comentário do Giancarlo Giampietro, jornalista dos bons, sobre o artigo aqui publicado em 25/5/11, A Vencedora Incoerência…, onde argumenta com propriedade sobre realidades do nosso basquete, e ao final me propõe um exercício hipotético sobre como formaria uma seleção brasileira que não contasse com os jogadores da NBA, visando o pré olímpico que se avizinha na Argentina, e como técnico que sempre fui, só poderia responder como tal, como um técnico. Então, vamos lá…

Iniciando o exercício, proponho de imediato uma releitura dos artigos O que nos falta treinar I, e O que nos falta treinar II, publicados em 2005, nos quais reitero convicções e princípios de jogo, que apliquei cinco anos mais tarde no Saldanha da Gama, sem tirar nem por, rígida e pragmaticamente, obtendo alguns resultados relevantes, como esse jogo exemplar veiculado no blog em 23/3/2011, Pensando o Futuro…o Grande Jogo, assim como dois artigos que elucidam o sistema defensivo – Sistemas I- Defesa Linha da Bola e o ofensivo- Artigo 500-Falemos um pouco de táticas e Sistemas III.

Pronto, eis um retrato teórico prático do que faria numa seleção brasileira, quando algo de muito novo apresentaríamos a um universo engessado pelo sistema único que será desenvolvido por “todas” as seleções envolvidas no pré olímpico, onde adoraria ver como reagiriam a algo antagônico ao que fazem e aplicam desde sempre, com seus modelos pautados em posições de 1 a 5, e jogadas sinalizadas de forma idêntica, trocando somente os idiomas usados, num exercício explícito de previsibilidade técnico tática.  Seria formidável e instigante testemunhar tal confronto ante uma equipe cuja imprevisibilidade de ações seria sua tônica.

Ah, os jogadores que convocaria para os treinamentos? Pois não, ai está a lista inicial de 18 convocados, prezado Giancarlo:

Armadores : Valter, Benite, Helio(Franca), Rafael(CETAF),  Andre (Joinville) e Fúlvio.  Para 4 vagas.

Por qualquer impedimento inicial: Eric e Raul, nessa ordem.

Alas : Teichmann, Guilherme, Alex, Douglas, Alexandre, Marcos para 4 ou 5 vagas.

Por qualquer impedimento inicial: Arthur e Alex(Bauru), nessa ordem.

Pivôs: Fiorotto, Morro, Murilo, Rafael Mineiro, Tischer, Cipolini para 4 ou 3 vagas.

Por qualquer impedimento inicial: Estevan e Probst, nessa ordem.

A equipe seria reduzida a 14 jogadores após o treinamento intensivo nos fundamentos do jogo( sem os quais nenhum sistema de jogo ofensivo ou defensivo prosperaria), até os jogos preparatórios, quando então seria definida para a competição oficial.

E estaria delineado o sistema de 2 armadores e 3 alas/ pivôs, com jogadores que aqui jogam, sem interferências, desculpas ou exigências de caráter administrativo, de saúde, ou mesmo de marketing, desenhando um momento do basquete brasileiro na busca de seu soerguimento, e servindo de referencia pontual para as gerações que os sucederiam, claro, se bem trabalhadas por quem realmente entende do grande jogo, e não a confraria que ai está.

Uma única exceção deveriamos considerar, o inegável acréscimo de qualidade que um Huertas daria ao grupo em treinamento, se o mesmo pudesse atender as datas e prazos como os demais, pois sempre demonstrou interesse e real participação nas seleções a que foi chamado, sem estrelismo e exigências descabidas. E só.

Bem, como um exercício absoluto e irreversivelmente hipotético até que estaria de bom tamanho para os sistemas propostos, prezado Giancarlo, já para o indefectível, presente e imutável sistema único, o famigerado basquete internacional, quaisquer outras alterações, ou mesmo total reformulação serviriam, pois se adequariam ao prèt a porter que servil e colonizadamente nos acostumamos a praticar, para o júbilo e alegria daqueles que o utilizam muito melhor do que nós, graças a uma base de alta qualidade, nossos adversários no Pré.

Será que nuestro hermano Magnano compraria, pelo menos, a idéia da imprevisibilidade técnico tática? Bom seria, não? Torço para que sim, pois aumentaria, em muito, as nossas chances.

Amém.