A LEMBRANÇA DO FÁBIO…

O jovem professor e técnico Fabio Aguglia de São Paulo, leitor e comentarista de longa data desse humilde blog, me enviou um vídeo que ele coletou na internet, onde duas jogadas de uma equipe da NBA, são analisadas como ações ofensivas esporádicas a realidade do basquetebol que é lá jogado, principalmente agora, quando a maioria esmagadora das ações de ataque se articulam e complementam fora do perímetro, fator este que desencadeou mundo afora o modismo dos arremessos de três pontos, aceito por muitos, e contestado por uns poucos. Eis o vídeo:

Como vemos, uma dupla armação propicia um abastecimento de bons corta-luzes e passes para os homens altos transitando dentro do perímetro, numa ação que deveria ser estendida no transcorrer de toda uma partida, e não esporadicamente, como menciona o analista, oportunizando a todos os jogadores a participar coletivamente, e não priorizando um ou outro especializado nos longos arremessos, fator hoje presente em praticamente todas as equipes da liga, nivelando muito por baixo a qualidade do grande jogo, salvo “esporádicas” jogadas de cunho e criatividade individual de alguns jogadores habilidosos no trato com seus dois instrumentos de trabalho, a bola e o corpo…

Essa tendência, amplamente adotada aqui em terra tupiniquim, começa a ser revista por uma ou duas equipes, porém pecando no aspecto do coletivismo, pois não conseguem amalgamar ações fora e dentro do perímetro, tornando as jogadas estanques e não comunicantes, como deveriam interagir, e onde a participação de todos em constante e ininterrupta movimentação, se torna obrigatória, forçando a defesa a se deslocar em resposta, criando os espaços, que mesmo exíguos, propiciam arremessos curtos e precisos, assim como, garante estratégicas colocações de no mínimo três jogadores na zona dos preciosos rebotes ofensivos…

Em contraponto ao vídeo de ações esporádicas visto acima, e também com a precisa participação do Fábio, que através os últimos anos vem coletando trechos de vídeos aqui publicados de jogos do Saldanha da Gama no NBB2, ofereço ao conhecimento do leitor interessado, esse belo trabalho, utilizado no treinamento de suas equipes de base, inclusive com legendas, de ações que eram “permanentes”  em todas as 11 partidas oficiais por mim dirigidas, daquela humilde equipe, fosse contra defesas individuais, zonais ou pressionadas, numa demonstração da possibilidade de jogar de forma diferenciada e efetiva, muito aquém da mesmice endêmica das demais, mesmice essa que se mantém 10 anos depois daquele NBB2, salvo as exceções acima mencionadas, sendo uma delas o vídeo com as duas jogadas da equipe da NBA. Irônico, não?…

Eis os vídeos:

Devo mencionar, que nenhuma dessas jogadas foram ensaiadas, roteirizadas, rabiscadas em pranchetas, ou afins. Foram produto de leituras de ataque, do comportamento defensivo encontrado no momento da ação, longamente treinadas e analisadas por todos em exercícios de meia quadra por longos períodos, contra defesas rudes física e emocionalmente, sem concessões, num todo em que a participação de todos se tornava, como se tornou, unânime…

Porém, um aspecto uno e indivisível costurou rigidamente todo o processo, o preparo de todos nos fundamentos do jogo, de todos, igualmente, tornando-os proprietários de uma forma única de jogar o grande jogo, uma forma pertencente a todos eles, e que infelizmente não lhes foi permitido continuar. Pena para o basquetebol brasileiro…

Amém.   

Fotos – Trechos de jogos da equipe do Saldanha da Gama no NBB2, compiladas pelo Professor Fabio Aguglia.

IA ME ESQUECENDO…

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Teremos na próxima semana o jogo das estrelas do NBB, e não é que ia me esquecendo de que nada publiquei sobre o do ano passado? Pois é, estou sendo cobrado pelo amigo inquisidor, que nada deixa escapar quando “me esqueço”de algo “tão importante”, para ele, não para mim, ainda mais quando erros são teimosamente repetidos, todos os anos, principalmente na competição de habilidades, que teve como vencedor o americano do Mogi, o Tyrone. Lembro agora que, mesmo tendo origem da melhor escola de fundamentos do mundo, o nosso amigo trapaceou também, e que nada publiquei para no final das contas não me situar como o contumaz inimigo da maior festa do basquetebol nacional, como é definido este jogo das estrelas…

Como não tenho escapatória do olho crítico deste amigo da onça, vamos lá com os argumentos que coletei na internet sobre a fraude em questão, tristemente repetida desde as anteriores competições, conforme publiquei neste humilde blog, agora sutilmente repetida, tornando-a irregular frente aos princípios da correta execução do drible em progressão com  trocas de direção…

No vídeo da última volta do circuito, o americano nitidamente situa a mão impulsionadora por baixo da bola nas duas passagens de obstáculos, conforme o fotograma ampliado, caracterizando a infração, idêntica a todas as competições anteriores, ano após ano, ganhando alguns preciosos centésimos de segundo nos sobre passos executados sem o drible, atitude praticamente oficializada nesta competição, em tudo contrária a sua congênere realizado na matriz, conforme atesta o vídeo anexo, onde o vencedor transpõe os obstáculos com o cotovelo do braço impulsionador colada ao corpo, fazendo com que a mão se situe permanentemente acima e ao lado da bola nas mudanças de direção, e jamais embaixo da mesma. Observem, interrompam a imagem, e atestem uma falha que em todas as competições aqui realizadas sequer um dos endeusados juízes tivesse a coragem de assinalar o grosseiro erro de fundamento,,oficializando a fraude, que já pode ser considerada como oficial, pois afinal de contas se trata de uma festa comemorativa da maior competição do grande jogo neste imenso e cada vez mais injusto país…

Em tempo, o argentino segundo colocado, cumpriu o trajeto obedecendo a correta execução do drible, como determina sua técnica, mas não levou o título, igualzinho aos anos anteriores, conforme a infame tradição…

Finalmente lembro o motivo de nada ter publicado no ano passado, ao sentir que nada mudaria, e que nada mudará este ano também, servindo de excelente, porém triste, exemplo aos mais jovens que se iniciam no basquetebol.

Amém.

Foto e vídeos – Reproduções da TV.

BASQUETE, PRANCHETAS E VAIDADES…

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Tenho estado fora do blog por algum tempo, já bem prolongado, mas não ausente do entorno do grande jogo, mesmo que me negue a descrevê-lo pela mediocridade que o envolve desde sempre, numa inamovível triste realidade que, salvo raras exceções, mantêm nosso basquetebol no patamar de uma mesmice endêmica de arrepiar…

E poe mesmice nisso, técnica e taticamente, onde o volume de erros de fundamentos chega a uma média aproximada de mais de 25 por partida nos playoffs (façam as continhas, por favor), números que constrangem numa liga maior, princialmente nas fintas com drible por parte de alas que somente tem olhos para os lances de três, e nos passes, por conta de armadores que visam as finalizações ao preço que for. Taticamente, novos chifres e punhos dão as caras, que agora são largos, especiais para baixo, para o lado, e aonde não sei mais, mas que, invariavelmente, não funcionam, a não ser nas superfícies lustrosas e delirantes das midiáticas pranchetas, verdadeiros e lamentáveis biombos entre estrategistas e jogadores, afastados e dicotomizados personagens de um desencontro sem prazo de validade…

E uma constatação, triste constatação, a de vermos monocordicamente a exibição de vastos conhecimentos táticos através estrategistas que clara e diretamente enviam seus rebuscados, rabiscados e ininteligíveis recados para uma tripla audiência, a mídia que os deificam, dirigentes que os contratam e um público que pensam ser suscetível a tanta sapiência, mas que aos poucos vão se dando conta de tamanho engôdo.  No entanto, como ficam os jogadores cassados das informações mais vitais, aquelas que deveriam ser passadas nos treinos, isso mesmo, nos treinos, que se bem assimiladas dispensariam as “atualizações pranchetadas”?  Omitem informações básicas (terreno exclusivo para quem realmente conhece o grande jogo…) sobre o comportamento defensivo dos adversários, suas brechas individuais e coletivas, suas opções ofensivas (e ai vale o peso do treino defensivo voltado às suas próprias falhas…), tudo relevado a lamentáveis  atitudes, como a “falta tática”, artifício rasteiro e comprometedor de quem não sabe, sequer desconfia do que venha ser defesa, dominar suas técnicas e minúcias, substituídas pela atitude vazia e indefensável da absoluta falta de conhecimento, ausente e trocado pelas “estratégias pontuais”, que em hipótese alguma são treinadas “exaustivamente” como afiançam os comentários televisivos, substituídas pela criação improvisada nas e em cima das coxas, berço das mágicas, midiáticas e fabulosas estrelas do jogo, por que se assim não fossem, dispensariam o gratuito e risível espetáculo que engendram…

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Mas um outro algo tem me chamado profundamente a atenção, o extremo conhecimento do basquete NBA por parte de nossa imprensa jovem, que vai muito além da crítica pura e simples do que veem pela TV, indo a detalhes técnicos e táticos “admiráveis e profundos, profundíssimos”, muitos dos quais sequer domino após mais de cinquenta anos de batente, no que avalio ser a diferença de alimentação, vacinação, sei lá, dessa geração precoce e antenada numa rede (onde está tudo lá, bem mastigadinho…) que não frequento, mas se o fizesse, jamais omitiria suas referências, atitude básica ao mundo acadêmico a que sempre pertenci, trocando-as simplesmente pela simplória…quadra, onde as verdades verdadeiras realmente acontecem…

Finalmente algo que mexeu comigo, mexeu mesmo, pela imprecisão e deliberado esquecimento de um fato marcante ocorrido seis anos atrás em Vitoria, quando dirigi a equipe do Saldanha da Gama por 11 jogos (tão poucos, meus deuses!) no NBB2, numa ação de 49 dias (todos aqui reportados) de muito trabalho, sérios imprevistos, mas plenos de inovações técnicas e táticas que, queiram ou não os analistas jovens ou veteranos, influem até a presente data no nosso basquetebol (a confraria corporativista nega isso, mas eu sei,,,), e que se lá tivessem tido continuidade em muito as teriam acelerado (lá se vão seis temporadas…), pois seriam desenvolvidas por quem as criou, treinou e praticou, à imagem daqueles desprestigiados e subestimados (até hoje o são…) jogadores, e por mim, afastado compulsoriamente até hoje, numa inexplicável ação varrida para baixo do tapete dessa curta história da Liga. E o motivo que me incomodou foi um trecho da entrevista dada ao Globoesporte, pelo dirigente Alarico Duarte, quando afirma em um dos parágrafos da mesma:

(…)Quando nosso time saiu da Liga (Saldanha da Gama), algumas pessoas até gostaram, que sobraria mais dinheiro para outros esportes. Mas hoje de mim, amanhã de ti. O Estado ajudava aqui com transporte e tudo, mas não era possível contratar um time competitivo. O time não tinha dinheiro, tinha alguma estrutura, como tínhamos. Mas não tínhamos o salto de qualidade quando o NBB cresceu. Quando todo mundo era igual, ganhamos do Flamengo lá dentro, do Brasília, do Pinheiros. Mas depois, os outros estados evoluíram e ficamos no mesmo – recorda(…).

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 Impressionante tais declarações, pois a equipe em questão, que foi montada por ele mesmo (a peguei no returno daquele campeonato),  era composta de muito bons jogadores, que frente aos resultados alcançados no restante da competição, exatamente por se diferenciar tática e tecnicamente das demais equipes, pela propriedade de sistemas diferenciados de jogo, daria o salto mencionado de qualidade no NBB3, sem dúvida alguma, pois, apesar do desmonte provocado por ele mesmo após os dois bons resultados em São Paulo (quando afastou três importantes jogadores, dois dos quais titulares), enfrentou a corajosa e dedicada equipe duas semanas de derrotas que poderiam ter sido contestadas se tivesse sido mantida completa, mas que mesmo a frente de tantos obstáculos, conseguiu  ascender a uma condição técnico tática admirável, mesmo restrita a uma rotação dos nove experientes jogadores remanescentes. Logo, bastaria ter mantido a equipe, com no máximo duas novas contratações de jogadores sem muita projeção midiática, mantendo a mim e a mini comissão técnica existente, para que o salto fosse dado. Preferiu uma parceria fracassada com uma equipe paulista que  visava a posse da franquia, que somente aproveitou dois jogadores daquela bela equipe, ficando na lanterna do paulista, provando a fraqueza do projeto, e mais adiante, preferiu investir no sistema único de jogo (fator que anulava o tal salto de qualidade…),amealhando derrotas de mais de 50 pontos, mesmo contando com alguns jogadores remanescentes da equipe do NBB2, negando a qualidade do meu trabalho inovador. E quando digo inovador, podemos avaliá-lo por conceitos que aplicamos e publicamos na época, e que vem sendo utilizados pela maioria das equipes atuais, como a dupla armação e a utilização de três homens altos ágeis e velozes, mas claro, muito longe da forma como jogávamos (e aqui vai um exemplo), pois os princípios didáticos utilizados na implementação daqueles sistemas, o ofensivo e o defensivo, continuam inalcançáveis pelos estrategistas que ai estão, quando simplesmente trocam um ala por outro armador, mantendo, no entanto, o sistema único intocado, principalmente na tutela rígida e excludente de jogadores às jogadas impostas de fora para dentro do campo de jogo, e que por conta disso vemos aumentar vertiginosamente desobediências técnicas e táticas por parte daqueles jogadores mais inconformados, ou simplesmente, mais esclarecidos…

Sinto muito pela omissão depreciativa do Alarico, a quem fui leal ao não aceitar, na sua presença, a um convite de uma das maiores franquias da Liga, o que lastimo profundamente hoje, ao aprender como funcionam as engrenagens do desporto de alto nível em nosso infeliz e injusto país. Mas no fundo o compreendo, e um jogo esclarece muito sua posição, quando num ginásio repleto em Vitoria, o classificado nos playoffs e eterno rival Vila Velha, perdeu para seu Saldanha por 30 pontos, dirigida por um veterano professor e técnico que, (in)felizmente teve seu nome aclamado pela torcida em cena aberta (está no vídeo), num gesto espontâneo de agradecimento pelo trabalho realizado, mas mortal quando a vaidade é posta em jogo…

Em tempo – O Flamengo ao vencer o Mogi na quinta partida do playoff, se classificou à final com o Bauru, também para um outro melhor de três. Venceu uma partida em que ambas as equipes privilegiaram o jogo interno, mais seguro e eficiente, não exagerando nas bolas de três, e atuando ambas em dupla armação e velocidade no perímetro interno, com uma única exceção, o Paulão, pivô estilo cincão que, com sua baixa velocidade propiciou ao Flamengo um domínio nas táboas sempre que o mesmo estava em quadra, a tal ponto que os cariocas, numa decisão, somente arremessaram 3/5 lances livres. Velocidade contra massa não se discute mais, ah, mais uma das lições do Saldanha do Alarico no NBB2…

Amém.

Fotos – Reproduções da TV. Clique nas mesmas para ampliá-las, e nas palavras em negrito para acessar multimídia.

 

IMBATÍVEL…

 

Começam as semi finais, e o Flamengo sai na frente na casa do adversário, vencendo um jogo na quadra e não perdendo na prancheta, como seu oponente, que a cada tempo pedido, anula em parte as excelentes condições de uma equipe bem planejada, sem exceder verbas, porém equilibrada, e que apresenta um basquete diferenciado e corajoso, a começar pela enorme mobilidade de seus integrantes, armadores e pivôs, todos muito velozes e hábeis nos arremessos, apesar de em muitas ocasiões exagerarem no jogo externo, deixando de aproveitar os bons pivôs que possuem…

E porque perdem na prancheta? Porque seu jovem técnico esquece um principio, que também é esquecido pelo técnico rubro negro, o de que a visão é o mais lento de nossos sentidos, cuja acuidade sofre sérias restrições na captação de informações cumulativas, velozes, exercendo uma seletividade oposta, lenta e detalhista. Expor uma prancheta invertida (oposta ao sentido da quadra), apondo à mesma situações  nervosamente grafadas, perante jogadores cansados, nervosos e instáveis, necessitando muito mais de ajustes personalizados, incentivos e correções pontuais, do que repetições táticas que pecam pela objetividade, se perdendo em obviedades e caprichos de um comando equivocado em sua real função durante um jogo, bem diferente de seu verdadeiro papel na preparação da equipe, onde realmente se faz visceralmente necessário e importante, tanto na fundamentação técnica, como na formulação tática e estratégica…

Chega a ser constrangedora essa fixação midiática em torno de uma negação obtusa do que venha a ser orientar um grupo de jogadores ansiosos por soluções, e não ilações repetidas de forma hermética a um sentido que anseia o olho no olho, e não uma fuga emaranhada em rabiscos ininteligíveis…

Nos dois exemplos abaixo, tentem entender as “mensagens”, mas antes se coloquem no lugar de jogadores em final de jogo, atrás no placar, pressionados e nervosos, buscando algo realmente objetivo, compreensível, simples, porque não, porém nada comparado ao que ai está, gráfica e literalmente, nessa imbatível prancheta.

 

Amém.

Videos – Reproduzidos da TV.

 

MUDAR É PRECISO, E RÁPIDO (ARTIGO 1200)…

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Gostaria imenso que nesse artigo 1200 pudesse discorrer sobre algo de muito positivo para o nosso basquetebol, mas acredito honestamente que, dificilmente, superaremos a má fase em que nos encontramos se, de uma forma até certo ponto radical, não nos unirmos em prol de seu soerguimento em bases firmes e pensadas, em oposição à mixórdia que ai está escancarada à frente de todos, infelizmente.

Em 2009 publiquei dois artigos muito pouco comentados, pelo simples fato de se reportarem a evidências mais do que reais, palpáveis, irretocáveis, mas que ao não serem contestados como deveriam ser, indicavam duas possibilidades, a de não serem considerados factíveis, ou produtos de uma teoria conspiratória, mas que ao longo do tempo se caracterizaram fielmente pelo que ocorre tragicamente hoje no âmago da modalidade, precisa e cirurgicamente falando.

Dou um espaço agora para que os leiam, pois em caso contrario a leitura deve ser encerrada por aqui mesmo, apesar de sua marca de 1200 artigos publicados ininterruptamente. Leia-os aqui e aqui.

Muito bem, o que poderemos então apreciar sobre os assuntos expostos, senão o fato a muito defendido nessa humilde trincheira, de que o maior problema existente em nosso mal tratado basquetebol, é o técnico, pois o administrativo foi, é, e será por um longo tempo crônico, enraizado e  ciclópicamente concretado através décadas de continuísmo político, de interesses escusos e convenientemente velados e protegidos.

A derrama de recursos públicos lá está anunciada pela promessa, hoje cumprida, de um profissionalismo caboclo, eivado de apadrinhamentos e ações entre amigos, e conhecidos também, desde que alinhados à politica da terra arrasada com os recursos públicos abundantes em vésperas de um insidioso e insensível 2016…

Técnico, pelo fato, também irrespondível, de que omitimos da cena brasileira os verdadeiros professores e técnicos, imolados por uma geração que se apossou do grande jogo, exatamente  na esteira dos conchavos e escambos propiciados pela nova realidade “profissional” daqueles que, antes destes, se apossaram do poder federativo e confederativo, tornando-os executores do que aí está criminosamente estabelecido, e quase impossível de ser arraigado…

Mais técnico ainda, pela simplicidade de uma, não, da maior de todas as evidências, a derrocada na formação de professores e técnicos desportivos no país, a partir do momento em que a grande maioria das escolas de educação física se transferiram dos centros de formação de professores, para os de formação da área da saúde, culminando na drástica diminuição curricular específica ao magistério e a técnicas desportivas, substituídas em massa pelas de foco médico, culminando com a triste realidade de estarmos hoje formando, não professores e técnicos plenos de conhecimentos didático pedagógicos, e sim paramédicos de terceira categoria, utilizados pela indústria do corpo a preço vil, aquela que movimenta cerca de 25 bilhões anualmente, e para a qual, atividades educacionais e desportivas na escola jamais serão bem vindas, pois retirariam de seus lucros toda uma formidável parcela de jovens utentes, frequentadores de suas holdings espalhadas pelo país e em fenomenal e imparável desenvolvimento…

Mais técnica ainda, quando vemos uma boa ideia como a ENTB ser parte integrante da mesmice endêmica e cruel do que está estabelecido em nossa realidade basquetebolistica, onde os vícios corporativistas e as padronizações e formatações dão as cartas, sedimentando uma visão unilateral do que deveria ser democraticamente universal, sobre técnicas, táticas, e acima de tudo, formação de base.

Fala-se agora em associação de técnicos, objetivo que defendemos e pelo qual lutamos a mais de 40 anos, desde 1991, quando em São Paulo durante o Mundial Feminino, sugerimos e participamos na criação da primeira associação de técnicos, a ANATEBA, segunda no mundo, atrás da americana que já existia desde 1925, mas à frente das hoje vitoriosas associações espanhola e argentina, e depois em 1995 a BRASTEBA, ambas afogadas pelo poderio político e econômico da CBB, pois foram fundadas com a premissa da participação de todos aqueles professores e técnicos interessados em suas existências, em debates e encontros públicos, e não como hoje se apresenta, como iniciativa de um fechado grupo ligado a LNB, ou seja, fazendo parte do corporativismo que não abre mão do território e mercado de trabalho conquistado, nem sempre de forma meritória, onde o contraditório é omitido e convenientemente expurgado…

Mas como nem tudo é desilusão e tristeza, um pequeno vídeo do jornalista Alexandre Garcia no programa Bom Dia Brasil coloca o professor ante a maior de todas as evidências, esta sim, irretocável e estratégica para o país, onde o fator educacional acadêmico, artístico e desportivo, teria de ser o grande fundamento da nação, basicamente quando aspira um lugar de destaque internacional através sua maior riqueza, seu povo, seus velhos e principalmente, seus jovens, tão esquecidos e mal tratados.

Amém.

Vídeo – Programa Bom Dia Brasil da Rede Globo.

 

PRINCÍPIO E FIM…

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A LNB deu partida a uma empreitada que dará, sem dúvida alguma, um grande empurrão no soerguimento do grande jogo no país, ao veicular daqui para diante, jogos em tempo real pela internet, propiciando um significativo aumento de público para esse apaixonante e complexo jogo.

            No entanto, muito desse bom projeto somente se materializará através uma bem planejada escolha dos jogos a serem transmitidos, evitando “estrelismos”, corriqueiros na emissora patrocinadora, privilegiando bons jogos, sistemas inovadores, cobrindo todas as equipes da Liga, assim como poderia investir em programas de entrevistas com técnicos sobre seus treinamentos e conceitos de jogo, enriquecendo os conhecimentos dos técnicos que se iniciam, com suas experiências e vasta vivência profissional.

            Enfim, uma excelente iniciativa que torço para que produza os efeitos desejados por toda a coletividade apreciadora do grande jogo.

 

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Em oposição a algo tão promissor, um outro mundo que se desmorona, apesar de estar patrocinado pelo governo e duas prefeituras de um estado, num projeto corriqueiramente equivocado, numa repetição que deixa severas dúvidas  sobre sua confiabilidade.

         Porém, o mais emblemático são duas declarações publicadas na imprensa  pelos dois técnicos que se enfrentaram nesta semana, ambos responsáveis pela mesma equipe na temporada, e que se chocam frontalmente sobre a produção de um plantel que sequer foi formado com a supervisão dos mesmos, e sim por um dirigente que sempre agiu, e continuará agindo dessa forma, contando, como sempre contou, com a condescendência de técnicos a serem contratados para dirigirem (?) o pacote, e a anuência de verbas oficiais.

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            Eis as declarações:

 “Temos que enaltecer a luta desses jogadores, que fizeram de tudo para mostrar serviço. Infelizmente aconteceu essa queda, mas não vejo como algo negativo, pois não se pode olhar apenas os resultados em quadra. Existe uma somatória de coisas que nos levou a isso, como, por exemplo, falta de uma pré-temporada, lesões e técnico que saiu durante a competição”, avaliou o comandante da equipe capixaba, Enio Vecchi.

            O treinador do Uberlândia, João Batista, lamentou a queda do Espírito Santo, time que treinou antes de se transferir para Minas. “Vejo com tristeza esse rebaixamento, porque tive um começo bom de trabalho no Espírito Santo. Conquistamos três vitórias e, depois, o rendimento caiu. Espero que consigam se reorganizar melhor e mantenham a equipe em atividade. O basquete não pode acabar”, completou.

            Afinal, se começaram bem, porque caíram de produção, e o pior, não evoluíram sob o comando de dois técnicos renomados e um dirigente fundador da Liga, porque?

            Bem, se respondida essa questão poderemos ter a franquia de volta à divisão de elite num breve futuro? Torço para que sim, mas com o atual modelo, duvido…

            Amém.

Fotos – Divulgação LNB e reprodução da TV. Clique nas mesmas para ampliá-las.

 

 

 

 

 

UMA BOA NOTÍCIA…

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Ao termino do NBB2 postei nesse blog, um tanto na marra, uma série de vídeos de alguns dos jogos do Saldanha da Gama, que dirigi no returno daquele campeonato, e que ainda podem ser vistos na sessão Multimídia.  Digo que foi um tanto na marra, porque existia uma exclusividade da Rede Globo sobre a divulgação de vídeos e jogos, num contrato de 10 anos com a LNB, mas como nenhum dos jogos da equipe naquele returno foram veiculados, considerei ser direito de torcedores, jornalistas, jogadores conhecerem um pouco dos inéditos sistemas de jogo postos na prática por aquela instigante equipe. Foi um sucesso, e inclusive desencadeei dali para diante uma campanha para que todos os jogos dos subseqüentes NBB’s pudessem ser vistos por todos aqueles interessados no grande jogo, como uma fórmula bastante positiva para o desenvolvimento e popularização da Liga junto a todos os seus admiradores.

Infelizmente nada foi feito pela Liga, pelas equipes, e muito menos pela dona dos direitos de imagem da grande competição.

Leio agora num artigo no Bala na Cesta de 17/12/13, que a LNB pensa seriamente em colocar à disposição do público em geral jogos do NBB, ao vivo e gravados, no que seria uma enorme conquista para o desenvolvimento do grande jogo, e estudam a melhor forma de fazê-lo sem que os gastos sejam muito elevados.

Sugiro então, na contramão de alguns que já se movimentam para inflacionar a idéia, que a LNB o faça, inicialmente, da forma mais simplificada possível, no formato stream, sem narrações e comentários, somente acompanhadas das estatísticas que já estão implantadas, e indo aos poucos implementando nas transmissões técnicas melhores, na medida das suas possibilidades econômicas, pois o que realmente interessaria seria o alargamento do conhecimento das equipes envolvidas na competição, dando possibilidades a todos de analisar técnica e taticamente as mesmas e seus jogadores de forma geral.

Para cada rodada dois ou três jogos poderiam ser transmitidos ao vivo, e os demais em vídeo, num começo menos ambicioso, porém efetivo em sua função de divulgação da modalidade, principalmente entre os jovens, estabelecendo novos admiradores por todo o país.

Torço para que o pequeno exemplo do Saldanha no NBB2, seja convenientemente ampliado, muito mais agora com a cessão de direitos feita pela detentora dos mesmos, gerando a grande oportunidade para o salto de qualidade que tanto ansiamos desde o NBB2.

Que assim seja.

Àmém.

Foto – Divulgação LNB. Clique na mesma para ampliá-la.

FILHOS…

Ontem foi o Dia Mundial do Musico, e tenho um filho musico, cantor e compositor, que vive em Dublin, Irlanda, basqueteiro e que faz muita falta por aqui, por sua jovialidade, talento e leal amizade. Veiculo um pouco de sua arte, homenageando a significativa data. Um abração Jay Raw, saudades.

Veja também –Late Train

Amém.

 

O DESAFIO… (ARTIGO 1000)

Dedico esse artigo ao Melchiades Filho que, infelizmente parou no 529, e ao Geraldo da Conceição que aos 92 anos se mantêm na luta pelo grande jogo.

Amém.

OBS- Outros jogos do Saldanha em vídeo, acesse o espaço Multimídia nesse blog.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

A CRUEL REALIDADE…

Li nesta semana uma matéria de qualidade superior, irrepreensível, magistralmente escrita, que retrata com a máxima fidelidade a agonia por que têm passado as últimas gerações de bons, ótimos, e alguns, excelentes jogadores, praticamente todos relegados a um ostracismo injusto e repugnante, graças ao sistema de jogo adotado pela esmagadora maioria de nossos técnicos ditos de elite, onde a criatividade clara e espontânea dessas gerações, foi esmagada e vilipendiada em nome de um basquete engessado e coreografado por aqueles que se auto intitulam, e até mesmo se consideram as estrelas do espetáculo.

Relegados e escalados em posições de 1 a 5, rotulados numa vitrine de ações óbvias e repetidas à exaustão, se mediocrizaram de tal forma, que o jogar o grande jogo se transformou numa alegoria de mesmices de jogadas de passos marcados, num simulacro de ações de 1 x 1, onde a ausência de fundamentação técnica os expõem a erros grosseiros, desesperadamente sendo levados a uma absurda compensação, através uma hemorragia suicida de arremessos de três, ante a sucedânea evidência da mais completa ausência de um coerente sentido defensivo, a outra vertente do processo.

The Kids ou o sonho cruel da realidade, publicado pelo Giro no Aro, em 28/6/11, é um desses artigos instigantes, crus, autênticos, que desnudam uma verdade no seu âmago, sem retoques, sem contemplações.

Desde o rock inicial (brilhante analogia…), até a analise de cada jogador, seus destinos e atualidade, que podemos sentir em toda a sua cruel realidade, o quanto de daninha e absurda tem sido a continuidade de nossa teimosia técnico tática ao globalizarmos o sistema único, limitador e castrador de talentos, que sem o aval da liberdade criativa levaram, e continuarão a levar promissoras gerações ao ostracismo absoluto, e mesmo ao abandono da pratica do grande jogo.

E num pequeno espaço da brilhante exposição o autor se debruça sobre o Lucas Costa, mencionando o breve momento que viveu no Saldanha no NBB2, sob a minha orientação técnica, quando o liberei, assim como a todos seus companheiros, ao encontro de suas potencialidades criativas, onde alcançou um elevado patamar de performance, possuidor que é de uma refinada técnica nos fundamentos, e no sentido coletivista que insisti para que o  desenvolvesse junto a equipe. Num vídeo que aqui veiculei, podemos observar uma das duas únicas participações do Lucas naquela retomada do campeonato, nesse caso num jogo contra o Pinheiros, a primeira partida da equipe sob meu comando, e logo depois contra o Paulistano, quando teve uma atuação  inovadora e memorável, mas que não me animei na época a veiculá-la aqui no blog, pela pressão em não fazê-lo, mas que  talvez o faça mais adiante.

Assim como o Lucas, muitos bons jogadores se prejudicaram nessa roda viva de uma mesmice endêmica que nos assaltou e judiou enorme e decisivamente, quando afastou a nossa maior qualidade, a coragem criativa, que se bem acompanhada, e, por conseguinte bem treinada nos fundamentos, embasaria sistemas de jogo abertos, responsável e criteriosamente abertos, e não manietados por jogadas coreografadas de fora para dentro das quadras, num rodamoinho que nos tem levado para o fundo lodoso da ignorância e do obscurantismo técnico tático, fator que considero ser o maior entrave na luta pelo soerguimento do grande jogo em nosso injusto país, e que têm como únicos beneficiários todos aqueles que se escondem sob o manto perverso de um corporativismo anacrônico e de profundos interesses pessoais.

O pessoal do Giro no Aro está de parabéns, e espero que continuem a percorrer o caminho das pedras, na busca de dias melhores para o nosso basquetebol.

Amém.

Foto-Lucas Costa em treino de fundamentos no Saldanha-NBB2. Clique para ampliá-la.