Enfim, um alento, a seleção venceu a boa equipe dominicana usando por algum tempo, o bom senso tático, apesar dos quinze erros de fundamentos, principalmente as três perdas de bola no drible, duas delas do Huertas, apesar de sua boa participação na armação dupla da equipe, tanto com o George, como, e principalmente, com o Yago no quarto e decisivo período da partida. Até aquele momento, os dominicanos atuando séria e contundentemente no perímetro interno (25/53 em bolas de 2 pontos e 13 rebotes ofensivos), mantinham o placar equilibrado, apesar da perda por indisciplina do Delgado, único a fazer frente direta com o Felício e o Lucas Mariano, que com a saída do Feliz por faltas, deixou a equipe nacional bem mais a vontade para, num relance do bom senso acima mencionado, se lançar para perto da cesta, onde os pivôs fizeram a festa, só que dessa vez de 2 em 2 e de 1 em 1, com mais precisão (16/31) do que as 10/23 tentativas de três pontos, contra as 4/14 dos caribenhos…
O forte ataque interno dominicano.
E porque a festa dos pivôs? Foram municiados por uma dupla armação preocupada em colocá-los realmente em jogo, e não utilizá-los como apanhadores de rebotes oriundos da avalanche de bolinhas, a que se acostumaram a fazer desde sempre. Vinte e um foram os lances livres cobrados contra treze do adversário, pendurando jogadores importantes e garantindo majoritariamente os rebotes (37/31)…
Enfim uma opção válida, a clara disposição ao jogo interno.
Os armadores brasileiros, puderam realmente armar a equipe voltada prioritariamente ao jogo interior, deixando o exterior como complemento das ações ofensivas, como deve se comportar toda equipe no plano coletivo, e não seletivo, quando um pretenso domínio pontuador se desvanece quando competentemente contestado, fator cada vez mais presente em confrontos contra equipes realmente qualificadas no concerto mundial. Falham, no entanto, os armadores, ao se situarem muito distantes entre si, tanto na transposição do campo defensivo ao ofensivo, como em seu posicionamento em torno do perímetro, quando um deles se transforma em ala, deixando seu companheiro a mercê de forte marcação, inclusive com duras dobras, armadilhas em que caímos por três vezes nesse jogo…
Mesmo se beneficiando do jogo interno, o vicio longamente adquirido patrocina uma bolinha com 14seg a jogar.
Huertas, George e Yago, podem se tornar a base criadora da equipe, complementada por Benite e Luz, claro, se a seleção vier a optar por esse sistema diferenciado de jogar, determinando um potente jogo interior, de constante e ininterrupta movimentação dentro do perímetro (o princípio dos cinco abertos, onde um joga e quatro se colocam para os chutes de três, é a antítese desse sistema), onde passes rápidos e precisos, mesmo de curtas distâncias, abrem os espaços necessários a complementações precisas e seguras, além, é claro, do posicionamento estratégico nos rebotes, e retardamento tático nas tentativas de contra ataque do adversário…
Os dominicanos, mesmo sem os melhores fora do jogo, insistem dentro do perímetro.
Essa nova e ainda tímida descoberta do poder decisivo de uma dupla armação de qualidade técnica e criativa, com jogadores que realmente possuem o dom da improvisação, agregando a essas qualidades, funções de eficiente apoio aos homens altos dentro da pequena e conflagrada área ofensiva, é a pedra angular das grandes equipes de alta competição, pois exige jogadores técnicos e inteligentes na leitura objetiva de jogo, assim como técnicos que desenvolvem, ensinam, treinam e insuflam tais conhecimentos em uma equipe que real e comprometidamente deseja galgar parâmetros elevados, e não atuar dentro da mesmice endêmica em que se situam a bastante tempo. Seleções que assim agem (sejam municipais, estaduais ou nacionais), servem de modelo aos que se iniciam, muito ao contrário do que vemos e assistimos desoladamente nesses últimos vinte e cinco anos, de muita enganação e equivoco pomposamente designado como basquete moderno, que nada mais representa do que a confissão explícita de todos aqueles que, em absoluto, entedem o que venha ser o grande, grandíssimo jogo…
Sem dúvida alguma, a dupla armação e o jogo interno melhorou em muitro a atuação da equipe brasileira.
Tenho, no entanto, de reconhecer a enorme melhoria na qualidade das análises técnicas do pessoal da Sportv nesta Copa América, onde o narrador, excelente por sinal, sem abdicar da emoção, leva ao telespectador um relato preciso do que realmente ocorre na quadra, sem o histerismo verborrágico que se instalou na maioria de seus tronitruantes colegas, e o comentarista, um ex jogador, melhorando a cada dia sua visão do jogo, com calma, espírito de observação, e o mais importante, reconhecendo, ainda que timidamente que, realmente, existem outros meios diferenciados de jogar o grande jogo, onde a dupla armação e a utilização inteligente e estratégica dos homens altos próximos à cesta, podem e devem se constituir em um enorme avanço para o nosso combalido basquetebol. Só não vale afirmar ser da tríade que comanda a seleção a Invenção sistêmica que aos poucos vão sutilmente se utilizando, pois neste campo, por cinquenta e muitos anos de quadra, e dezessete através esse humilde blog, divulgo incansavelmente essa forma de atuar, teórica e praticamente, complementando o princípio maior, o do ensino, e treino dos fundamentos básicos, sem os quais sistema nenhum se torna praticável, Faço justiça ao Renatinho, grande e olímpico juiz, professor e comentarista, único a reconhecer minha primazia neste campo. Citação referencial faz parte do mundo acadêmico em que me doutorei…com tese em basquetebol, extensão do longuíssimo trabalho em quadra, e nessa mais humilde ainda, trincheira.
Que os deuses os encorajem a seguir essa boa trilha.
Amém.
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Como sempre, e tradicionalmente, a formação aberta se tornou sua marca registrada, onde um trabalha, e quatro se colocam a serviço das possíveis bolinhas.
De um lado, uma equipe, a brasileira, com poder de rotação muito superior a outra, e de outro, uma equipe uruguaia extremamente coesa taticamente, que por pouco quase complica uma vitória que poderia ter sido bem mais ampla e sossegada, não fossem equivocadas escolhas tomadas pela turma tupiniquim…
E que escolhas foram essas? Pelo fato das duas seleções se utilizarem do mesmo sistema único, que parece ser unanimidade mundial, e se utilizando da dupla armação, com os uruguaios mais bem coordenados que os brasileiros, isso porque ainda patinamos na busca dos armadores mais básicos para a equipe, numa escolha entre Yago, George, Luz, Huertas, Scott e Benite, escolhas essas de grande importância para os jogos deste e dos futuros campeonatos, pois tal definição estabelecendo um trio ou quarteto rotativo, dotará a seleção de uma armação mais estável, criativa e com capacidade improvisadora, que os uruguaios e argentinos vem apresentando durante a competição…
Ataque interno uruguaio, bem mais coordenado que o brasileiro, através armadores mais comprometidos com o jogo coletivo.
A outra escolha foi a de se manter a equipe dentro do princípio do chega e chuta, seguida de perto pelos uruguaios, originando números praticamente iguais, ou seja:
Brasil 76 x 66 Uruguai
(65,5%) 19/29 2 14/28 (50,0%)
(29,4%) 10/34 3 10/31 (32,3%)
(80,0%) 8/10 LL 8/11 (72,7%)
46 R 26
17 E 11
Como vemos, foram os 5 arremessos de 2 a mais, que deram a vitória a seleção, haja vista a maior quantidade de pivôs experientes dentro do perímetro que os uruguaios, fator que explica o controle dos rebotes, principalmente os ofensivos, por parte de uma seleção, que mesmo errando mais (17/11) encontrou na rotação a margem necessária para vencer…
Chute de três sem posicionamento para o rebote.
No entanto, quando vemos um jogo com tal convergência (33/57 nos 2 pontos e 20/65 nos 3), equilibrado até o quarto final, temos de admitir que algo de muito errado está acontecendo com o basquetebol que estamos praticando, pois se torna inadmissível trocar eficiência por aventura, onde todo jogador, independente de posição, peso e estatura, se arvora como especialista nos longos arremessos, que no nosso caso, foram dez nesse jogo, produzindo terríveis números, que bem poderiam ser estancados, se fossem substituídos por arremessos de média e curta distâncias, mais seguros, precisos e eficientes, valorizando todo e qualquer ataque, economizando esforço físico, premiando o trabalho conjunto, sem anular talentos, a capacitação criativa grupal, e a improvisação pessoal…
O festival de bolinhas continua, a qualquer tempo.
Por que não, ao se ver sozinho no perímetro externo, o jogador não se aproxima da cesta, onde arremessos mais precisos se tornam possíveis, além de situá-lo numa posição de recuperar a bola em caso de falha, ou até provocar falta pessoal em um defensor importante, e mais, ficar situado numa zona de interferência, retardando um possível contra ataque adversário, enfim, todo um corolário de possibilidades, que se perdem por conta de uma arrivista bolinha…
Muito ainda se poderia escrever na análise desses números, mas nenhuma exporia com mais precisão o que representam,senão o fato inconteste de que, a passos largos, evolui a dura tendência de transformar o mais sofisticado, técnica e taticamente desporto, em uma modalidade individual, movida a muita grana, confronto racial (lá na matriz), ego, idolatraria midiática, e interesses pessoais, numa somatória que já originou o 3×3, e já já o 1×1 FIBA, algo bem possível de acontecer…
Até lá, quem sabe, teremos nossos prospectos e talentos convocados para as seleções municipais, estaduais e nacionais, ensinados e treinados nos fundamentos básicos do grande jogo, onde os longos arremessos deixem de ser as prioridades táticas, para se situarem como elementos complementares em situações propícias a sua execução, e mesmo assim, por parte daqueles muito poucos executores, os especialistas, de verdade…,
Com esses luminares, o chega e chuta se estabelece definitivamente na seleção, espelho irradiador para as gerações que se sucederão…
Claro, não é o caso da atual seleção, onde os três maiores, mais preparados, experientes e profundamente conhecedores do grande jogo, formam uma tríade imbatível, capacitada a inclusão definitiva do chega e chuta redentor, de que são os mais luminares arautos, para a glória do basquetebol nacional.
Que os deuses, se puderem, os iluminem…
Amém.
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Foi uma festa, perante uma Colômbia antítese daquela que bem a pouco venceu o Brasil pelas eliminatórias ao Mundial, e que agora se apresentou de uma forma ridícula e constrangedora, ante um adversário em que dez dos doze jogadores arremessaram de três pontos. Realmente é uma equipe abençoada, com sua quase totalidade especializada nos três pontos, façanha negada as maiores franquias americanas e européias, que quando muito têm em seus quadros dois, três reais especialistas no mais sutil e difícil fundamento do grande jogo, mas que para nossos craques, é lugar comum,das divisões de base até as adultas, fator explicativo de muitas das nossas deficiências…
Sem maiores delongas, aberta a temporada de tiro aos pombos…
A começar pela convergência entre os arremessos de dois e três pontos (14/32 e 20/38), com amplo numerário para as bolinhas, critério hoje mais do que estabelecido, balizando comportamentos despertados desde as categorias de base, e desaguando nas adultas, seleções inclusive, emoldurando com dourados louros o auto denominado basquete moderno, que de moderno mesmo seja o fato da explícita tentativa de transformar uma modalidade coletiva clássica em individual, onde muito poucos pensam brilhar, com a esmagadora maioria servindo de escada para aqueles falsos ícones, fabricados e idolatrados por uma mídia, que pouco ou quase nada entende do grande jogo, mas que se capacita como avalista dolarizada do mesmo, pouco ou absolutamente nada enxergando o imenso mal que projeta por sobre um desporto nobre e profundamente técnico, que não merece ser tão duramente prejudicado…
Para que posicionamento para rebotes ante tanta e mortal precisão?
E porque prejudicado? Pelo simples fato de se limitar a um adquirido e péssimo hábito, de abdicar quase que totalmente dos fundamentos, que permitem aos jogadores atuar por toda quadra, mesmo nos recantos mais vigiados do perímetro interno, com desenvoltura e domínio do corpo e da bola, habilitando-os na execução de todo e qualquer sistema ofensivo e defensivo, assim como a correta e importante leitura de situações de jogo, fator básico para a consecução do coletivismo tão almejado por toda equipe séria de competição, em contraponto ao esvair de tempo e esforço nas colossais perdas dos inúmeros erros nos longos arremessos, com suas percentagens nitidamente inferiores aos de média e curtas distâncias, além, e muito além, da nula necessidade de se utilizar de dribles, fintas, passes, quiçá luta por rebotes, trocada pela chutação desenfreada de fora. Num passado não tão distante assim, ensinava-se ao jogador que lançava a cesta, de perto ou de longe, que acompanhasse a trajetória da bola, se possível antes ou ao mesmo tempo que ele chegasse ao aro, como forma de conseguir retomá-la se não obtivesse sucesso, muito ao contrário de hoje, quando a maioria dos jogadores ficam parados, ou retrocedem para seu campo, tal a certeza de um imponderável acerto, motivados e incentivados por uma irreal e capciosa convicção, na maioria das vezes advinda de fora para dentro da quadra, por parte de seus gurus travestidos de saltitantes técnicos/torcedores, ensandecidos narradores e comentaristas extasiados com tanta genialidade, mesmo quando falham…
Sem qualquer presença defensiva, até o roupeiro arremessaria.
Sem dúvida foi uma festa, com lembranças de nunca terem presenciado o pivô Felício ter conseguido dois arremessos de três numa mesma partida, e do outro pivô, o Mariano conseguir um 4/6 depois de um 0/5 no jogo anterior contra canadenses, e de somente o terceiro pivô, o Augusto, ter se preocupado somente em seu trabalho dentro do perímetro, que no final das contas, é o seu dever de ofício…
Defensor sequer salta, e um dos quatro abertos, e em posição de disparo aguardam novas chances..
Muito bem, a equipe brasileira, que enfrentará daqui a pouco a uruguaia, fechando a fase classificatória, provavelmente vencerá a partida, só não se sabendo se festivamente como contra os colombianos, ou mais duramente se a artilharia de fora não consumar mais uma feliz convergência, vamos aguardar. Até lá, se mantêm no ar a instigante pergunta – Será mesmo essa impostura do chega e chuta a redenção do nosso sofrido basquetebol, a reboque de uma impostura maior, definida e mapeada por um sistema único de jogo, imposto por uma liga hegemônica lastreada por uma dinheirama que somente ela possui? …
Que festança de basquete moderno.
Sempre torço para estar enganado, profundamente, mas, infelizmente, quase nunca deixo de acertar, pois a experiência e os muitos anos vividos definem certezas, não sonhos e quimeras, somente certezas…
Que os deuses, pacientes deuses nos ajudem.
Amém.
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Com pivôs fortes, hábeis e velozes que temos, jogar fora do perímetro é um desperdício monumental.
Foi melhorar um pouquinho o jogo interno, para vencer uma partida absolutamente medíocre no aspecto técnico, pois já nem discuto e enfoco o tático, onde, apesar de começarmos a entender como é jogar em dupla armação, com a trinca George, Yago e Huertas se revezando na alimentação dos grandões dentro do perímetro, ainda priorizam os pseudos especialistas dos tiros longos, que nessa noitada perpetraram 99 pontos em potencial (9/33 – 27.2%), para converterem míseros 27, ou seja, 72 pontos jogados ao léu, em 24 ataques inócuos e perdidos. Muito pior foram os canadenses, que barbarizaram na chutação num 3/28 com 10.7% de aproveitamento, preferindo-os aos 21/44(47,7%) arremessos interiores, seis pontos melhores aos 18/38 (47,3%) da turma brasileira, que conseguiram pontuar melhor nos três pontos, compensando um pouco a perda de 8 pontos nos lances livres, contra 2 dos canadenses…
Efetivo ataque interior canadense, esquecido em pról dos arremessos falhados de fora, para nossa sorte.
Voltamos então ao impasse que desde sempre nos assombra, a de nos negarmos a vencer convincentemente jogos difíceis, por optarmos permanentemente pelo jogo exterior, que começa a ser sutilmente negado por alguns jogadores, como o hábil Meindl, que com sua pujança, dribla, finta e se lança para dentro com bastante domínio técnico e enorme vontade de jogar o grande jogo como deve ser jogado, com criatividade e improvisação consciente, assim como um Didi ainda bastante imaturo, porém talentoso. Difícil é engolir e digerir um comentário a respeito do Lucas Dias, que para o comentarista de plantão, deve ser aquele jogador, o cara, a ser trabalhado pelos demais, a fim de colocá-lo como o grande finalizador de fora, (3/7), pois em caso contrário se torna um desperdício mantê-lo em outra função que não aquela, `”sem sentido`”, finalizou. Meus deuses, e as funções de um ala pivô, penetrando como o faz muito bem o Meidl, sendo um jogador bastante alto e forte, precisando melhorar substancialmente o posicionamento defensivo, que são habilidades que podem e devem ser ensinadas por todo o tempo a ele, afinal, estão no comando da seleção os mais competentes técnicos do país, OU NÃO?…
Precisamos expurgar esse padrão de jogo “aberto”, que visa o 1 x 1, a chutação tresloucada de três, e o afastamento dos homens altos da tabela e dos rebotes.
Num outro comentário, defendeu ardentemente o posicionamento interior do Mariano, reconhecendo ter o mesmo um potente arremesso de fora, ontem foram 0/5 nas bolinhas, mas um 3/4 dentro do perímetro, sua verdadeira e lógica posição, junto às tábuas, assim como os demais pivôs de ofício, como o Augusto e o Felício, e não executando bloqueios fora do perímetro (muitas vezes faltosos), e tentando chutes de fora, que são ações inerentes ao sistema único implantado, formatado e padronizado em nosso infeliz e judiado basquetebol…
Com 14″ por jogar, nenhum rebote colocado, contestado, arremessa de fora, quando teria tempo para um ataque interno bem elaborado e eficiente.
Jogadores como o Meindl, Mineiro, Lucas Dias, DIdi, e alguns outros que temos no país, merecem um sistema de jogo que os tornem ofensivos dentro do perímetro, sem perderem sua velocidade gestual e atlética, atuando junto a um ou outro pivô de ofício, no domínio dos rebotes, da defesa em bloco, e principalmente, no ataque poderoso e estratégico na cozinha do adversário, onde os jogos são vencidos, de 2 em 2, de 1 em 1 pontos, paciente e cirurgicamente, e onde as percentagens de aproveitamento técnico e físico decidem os vencedores, muito ao contrário do que assistimos contritos e envergonhados perante essa mediocridade endêmica em números constrangedores, como os de ontem, os tais 99 potenciais pontos, com somente 27 conseguidos, transformando o grande jogo numa imensa loteria às avessas, numa monumental perda de tempo, suor e inteligência, se é que ainda a levamos em consideração…
A sempre presente e majestosa bolinha, com rebote defensivo praticamente garantido.
Logo mais enfrentaremos a Colômbia, que nos derrotou dias atrás na classificatória ao Mundial, e que se fosse possível, num relance, numa sutil fresta de bom senso, mudar o raciocínio de que `”estando livre, chuta`”, poderia ser trocado pela pachorrenta opção de que é possível vencer jogos com mais de 80 pontos assinalados, jogando de 2 em 2, com complementares arremessos de 3, e não os mantendo como prioritários, irresponsavelmente aventureiros, para, de uma vez por todas, evoluirmos de encontro a um sistema diferenciado de jogar, proprietário, fazendo com que os adversários readaptem seus comportamentos táticos, ao terem de modificar hábitos longamente adquiridos pela prática do sistema único, que se tornou um padrão mundial, e aqui lembro, vencendo as competições aqueles que detêm os jogadores com os melhores fundamentos, numa rotina que só poderá ser rompida por algo inovador, criativo, proprietário, agregando ao mesmo um preparo enérgico e basilar nos fundamentos do grande jogo, pois em caso contrário, tudo se manterá como desde sempre, em nosso definitivo mergulho no abismo em que já nos encontramos.
Amém.
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Um joga, quatro abrem fora do perímetro, usual formação de ataque brasileiro.
O que dizer, comentar, ou mesmo descrever, o que? Bem, que tal divagar um pouco sobre algo mais do que previsto, pelo menos aqui neste humilde blog, haja vista as análises descritas no artigoanterior, quando foi anunciado e enunciado os fatores que desaguaram no jogo contra os mexicanos, onde os piores presságios se fizeram presentes…
Ataque frontal com bloqueio faltoso, anulando a tentativa de um armador enfrentando uma defesa compacta na linha da bola, inviabilizando a ação.
Começando pela inexistência de um sistema de jogo que pudesse se antepor a mesmice endêmica técnico tática, que se instalou sólida e graniticamente no basquetebol brasileiro, e o pior e mais trágico, desde as categorias de base, espelhando um comportamento formatado e padronizado que passamos a praticar nas competições internacionais , e que nos tem levado ladeira abaixo a cada ciclo olímpico de que tristemente participamos…
Tentativa isolada contra quatro defensores, com os demais fora do perimetro, demonstrando a ausência de um sistema coletivo basico.
Crônicos vícios foram estabelecidos, como o desleixo sistêmico pelos fundamentos do grande jogo, a começar pelos de defesa individual e coletiva, cuja flacidez desencadeou a enxurrada de arremessos de longa distância, as famigeradas bolinhas de três, encorajando a todo jogador assumir o pseudo papel de especialista, permitindo os mais jovens a seguir um caminho desvirtuador da saudável prática dos mesmos, onde o drible inteligente, as fintas e cortes ofensivos, os passes objetivos, o posicionamento defensivo e os arremessos mais precisos de dois pontos, encontraram nas ações fora do perímetro um farto território para o implante, hoje definitivo, da “nova filosofia” e do “basquete moderno”, do terrível e mórbido “chega e chuta”, lastreado pelo princípio do – “se estiver livre, chuta”, não importando quando e como…
Arremesso de fora, não importando quando e como…
E o que se viu no jogo de ontem, contra uma equipe mediana, porém disciplinada e centrada no comando de um técnico inteligente e sagaz, tendo do lado brasileiro um oponente confuso, e profundamente equivocado. Sem dúvida alguma, a seleção tem se apresentado sem unidade tática, sem uma estratégia referencial e comportamental, investindo na chutação de fora (6/30 contra 12/28 dos mexicanos), investindo pouco dentro do perímetro (16/37 contra 18/35), num jogo cujo poderio interno pouco acionado por ambos os contendores, encontrou nos nada contestados longos arremessos mexicanos a eficiencia que nos faltou, além da perda de 10 lances livres contra 12 dos mexicanos, que nos venceram pela unidade tática que mantiveram durante a partida, confrontando uma equipe incapaz de utilizar com alguma eficiência o jogo interno, mesmo tendo poderosos pivôs, em número e força superiores aos mexicanos, com um deles, o delgado Amigo, marcando-os frontalmente e jogando com inteligência e velocidade no ataque, em sintonia permanente com seus bons armadores, ao contrário dos nossos, dissociados e procurando preferencialmente o jogo individual, prato feito para o astuto bloqueio intermo azteca…
Ataque interior bem coordenado de uma equipe bem treinada.
A seleção se comporta de maneira errática, pois não apresenta unidade técnico tática por parte dos armadores, que atuam em dupla, e as vezes trinca, raramente sintonizados com os homens altos que também muito pouco se situam dentro do perimetro, procurando bloqueios (muitas vezes faltosos) fora do mesmo, e até se situando nas laterais extremas para um arremesso de três. Em sintese, uma equipe sem personalidade coletiva, sem conceito ofensivo, e falhas gritantes nas coberturas defensivas, prato feito para os habilidosos arremessadores mexicanos, assim como seus comprometidos pivôs, na permanente luta pelos rebotes e arremessos de curta distância, que sem a menor dúvida será a arma utilizada pelos futuros adversários que enfrentaremos nas importantes competições que se seguirão…
Atacar de 2 em 2 estará sempre fora de cogitação, frente a dura realidade das bolinhas.
Temos alguns bons jogadores, e outros sofríveis, mas de forma geral sub utilizados, cerceados que são por um projeto tático, de longa e triste trajetória, que anula qualquer tentativa de coletivismo, pois se baseia nos confrontos de 1 x 1, e nos longos arremessos, independendo de momento e lógica de jogo. Trata-se de uma tentativa explícita de transformar um jogo eminentemente coletivo em individual, e parece que estão conseguindo, sinalizando para as futuras gerações um caminho sem volta, tuteladas e encordoadas de fora para dentro das quadras, através rocambolescos técnicos tentando aparecer mais do que os jogadores, gritando, saltitando ao lado das quadras, pressionando arbitros, como se fosse permitido fazê-lo perante as regras do grande jogo, noves fora as terríveis e comprometedoras pranchetas, verdadeiro biombo que os separam de aflitos e preocupados jogadores, muito mais necessitados de um olhar compreensivo, de uma orientação pontual, e não violentados por palavrões, e a apreciação de rabiscos desconexos em prosaicas e midiáticas pranchetas. Precisam ter sempre em mente que o universo de um verdadeiro técnico é o treino, intenso, exigente, implacável e, acima de tudo, discutido e desenvolvido por todos, pois o jogo, a competição, pertence aos jogadores, e nada mais do que eles, o que já é uma enorme responsabilidade, que deve ser vivenciada em completo, cabendo ao técnico complementá-lo com sabedoria, e o mínimo de interferência, na precisa medida de sua participação didático pedagógica na consciente e responsável preparação de uma verdadeira equipe de competição…
Essa “nova filosofia”tem de ser severamente avaliada, e consequentemente substituida por uma forma diferenciada de jogar.
Sexta feira agora começamos a participação na Copa América em Recife, que para além da última janela classificatória ao Mundial, contra Porto Rico e México que nos venceram, teremos pela frente outras equipes poderosas, que exigirão uma séria mexida em nossa forma de jogar, mas que duvido bastante que isso venha a ocorrer, pois torna-se bastante difícil demover, ou mesmo sugerir a gênios que o façam, pois afinal de contas, conhecem e sabem tudo sobre o grande , grandíssimo jogo, ou pensam conhecer e muito menos saber o que representa de verdade…
Que os deuses nos ajudem.
Amém.
Fotos – Reproduções da TV. Clique nas mesmas para ampliá-las.
Na parte da tarde, me afastei um pouco dos afazeres inerentes às obras reparadoras na casa para descansar um pouco, e por vício irrecuperável lá fui para o Youtube tentar assistir um jogo da LNB, aquele torneio no qual reservas de equipes de ponta do NBB, com experiência de 3/4 anos na liga maior, atuam ao lado ou contra jovens entre 17 e 19 anos advindos das subcategorias de formação, numa mistura que, absolutamente em nada, os beneficia em termos de competição justa e equilibrada, cuja finalidade seria a de dotá-los de experiência competitiva, e não amargarem derrotas de até, ou mais, de 40 pontos de diferença…
Erros, muitos erros.
Circunstancialmente, os resultados se apresentam pífios, com a média de erros de fundamentos aumentarem a cada rodada, atingindo até o momento o colossal patamar de 37.7 erros em média por partida (façam as continhas se duvidarem), com uma, entre Pato x Flamengo atingindo a inacreditável marca de 51 (30/21), parecendo que a meta dos 60 erros logo, logo acontecerá, definindo e escancarando, de uma vez por todas, o que nos aguarda logo ali na esquina das verdades irrespondíveis, pelo menos por essa turma que pulula saltitante em torno das quadras deste imenso desigual e injusto pais, claro, as poucas exceções muito pouco podem fazer para equilibrar o desastre…
Depois de algum tempo testemunhando mais uma pelada transcendental, além de ouvir incrédulo, comentários absolutamente irreais, ante o desfile absurdo das indesmentíveis imagens, desligo e volto aos meus afazeres, mais uma vez triste em atestar como o grande jogo vem sendo assassinado cruelmente, sem chances de recuperação frente ao prazo que for, a continuar a liderança que aí está de pranchetas nas axílas…
Um dos poucos ataques internos da seleção, pena que não insistiram.
Mais tarde, me aprumo para o jogo da seleção em Porto Rico, e agora que o descrevo, ou comento, ou mesmo procuro entender o que assisti incrédulo (sentimento que já vinha desde a tarde), com uma seleção, que para minha enorme tristeza, confirmava uma profunda predição, largamente exposta, num sem número de artigos publicados neste humilde blog, a cada ciclo olímpico reiniciado nos últimos 20 anos, de que a coercitiva imposição de um sistema único de jogo, formatado e padronizado desde as categorias de base, complementado pela quase obrigatória supremacia técnico tática dos arremessos de 3 pontos, nos levaria de roldão ladeira abaixo a nível internacional, fator que vem se confirmando a cada competição de que participamos recentemente, e que a continuar dificilmente nos recuperaremos a médio e longo prazos, se é que o faremos…
O insistente ataque interno dos costarriquenhos.
A “nova filosofia” do ” basquete moderno”, aclamada e deificada por essa geração de adoradores de pranchetas, assim determinou nossa forma de praticar o grande jogo, onde o lugar comum- estando livre, chuta- se impôs por sobre inexistentes defesas, habito nacional desde sempre, quando o último a encestar fecha a porta e apaga a luz, pois somos o país detentor dos maiores arremessadores de três do mundo, bem, assim pensam, já que a realidade é bem outra como atestamos ontem, por mais uma vez, quando contestações de verdade a definiram duramente…
Com poderosos pivôs optamos pela artilharia de fora.
A seleção convocou cinco armadores, quatro alas e três pivôs (não menciono subposições), onde somente dois atuaram mais de 20 min (Huertas e Luz), dois menos de 10min (Yago e George), e um jogando míseros 47 segundos (Scott). Os quatro alas jogaram mais de 20min cada um (Didi, Meindl, Mineiro e Lucas Dias) assim como dois dos três pivôs o fizeram por menos de 20min (Augusto e Felicio), e o outro por 11:30min (Lucas Mariano), numa claríssima opção pela chutação de fora, com os alas arremessando 7/26, os armadores 4/8, e os pivôs 0/1, através o Mariano, auto elegido um especialista das famigeradas bolinhas…
Na hora mais decisiva, abrimos a quadra, lamentável.
Uma boa olhada nos números finais esclarece com sobras tão canhestras opções, frente uma equipe que vem se afastando do estilo amalucado como sempre atuou, que possui jogadores com melhores fundamentos que os nossos, e jogam perto da táboa com precisão e muita energia, assim como, ao contrário de nós, defendem muito melhor postados em quadra, ainda mais contando com o apoio de sua atuante torcida:
Porto Rico 75 x 72 Brasil
(54,5%)24/44 2 14/31(45,2%)
(25,0%) 6/24 3 11/32(34,4%)
(60,0%) 9/15 LL 11/18(61,1%)
39 R 41
9 E 16
O que vemos de saída foi a terrível, porém habitual, convergência nos arremessos de fora com os de dentro na doentia teimosia de vencer partidas de fora do perímetro, fato corriqueiro aqui dentro de um país onde inexiste uma cultura defensiva, substituindo-a pela “maestria”de nossos arremessadores de longa distância, que quando confrontados com defesas e contestações de qualidade se perdem em erros e péssimas escolhas táticas, e que nessa partida se depararam com um adversário muito bem preparado para o jogo interno, intenso e repetitivo, onde os longos arremessos complementaram sua firme atuação, e não os tornaram prioritários, como nós…
Pontual e eficiente arremesso de fora, ante fragil contestação.
Como sempre lembro e recomendo (mas não aprendem…) uma simples e aritmética continha, a de que bastaria substituir a metade das tentativas falhadas de três, por arremessos internos para vencer com folga, além, é claro, de treinar com afinco os lances livres, pois perder 7 deles numa competição dura como essa se torna fatal. Aliás, foi essa a opção dos costarriquenhos, levando a melhor em tão importante partida, errando menos fundamentos, num 9/16 ingrato para nosotros…
Jogadas abertas para os três emanam da prancheta, num momento em que de 2 em 2 seria mais produtivo.
Finalmente, de que adianta levar cinco armadores se somente dois deles atuaram por longo tempo, que apesar de serem bons tecnicamente erraram seis vezes nos fundamentos, ao passo que os outros três erraram 2 vezes, tendo contra si a prioritária pontuação dos elegidos com seus 3/6 nas bolinhas, e um ou outro DPJ, assim como o fracasso dos alas com uma chutação de fora (7/26), severamente contestada, além do Mariano, que enquanto em quadra (7:22 min) procurava o perímetro para, ele também, tentar ao menos uma bolinha (0/1)…
Arremessos sem possibilidade de rebotes ofensivos foram a tônica do jogo brasileiro.
Os últimos cico minutos do jogo foram lapidares, pois os donos da casa foram para dentro do garrafão com gana de vencer, atuando coletivamente, principalmente nos rebotes, defensivos e ofensivos, e nas eficientes penetrações de seus habilidosos armadores. Do nosso lado, insistimos no jogo exterior, por todo o tempo, quando em muitas oportunidades não tinhamos um único jogador dentro do garrafão, num momento em que a luta pelos rebotes se impunha como estratégica. Mas, ora estratégia, o que importa, se a magia de uma prancheta se impõe solene, afinal de contas ela espelha as genialidades de um comando tripartide, jovem e com a experiência que nenhum técnico mais idoso e experiente sequer imagina ostentar. São fatores que precisam ser repensados, seiamente repensados…
Último suspiro, e mesmo assim fortemente contestado.
Começamos a colher o que plantamos a 20 anos, abdicando do jogo interno, num momento em que abundam bons pivôs no país, fortes, rápidos e elásticos, priorizando o externo com sua fajuta certeza de que dominamos os longos arremessos, e por conta disso, abdicando lamentavelmente os fundamentos do jogo, seu ensino, especialização e divulgação maciça entre os jovens, e por que não, os marmanjos também, pois afinal de contas é o ferramental de trabalho de todos, tornando-os aptos na execução de todo e qualquer sistema de jogo, ofensivo e defensivo, fórmula esta desacreditada por essa turma que, empunhando suas mágicas pranchetas (imaginem quando descobrirem que a do técnico costarriquenho é eletrônica, meus deuses, vai ser o caos…), discorrem sapiência que avaliam transcender o espírito do grande, grandíssimo jogo, enaltecidos e glorificados por uma mídia que, como ontem, passou o tempo todo comentando aspectos e curiosidades sobre a NBA, jantares e passeios, emolduradas com hienasticas gargalhadas de um deles enquanto o jogo transcorria, numa partida importante para a classificação ao Mundial, até que, num repente o som da TV se foi, se mantendo mudo até o final da partida, e que, pasmem, não fez absolutamente falta, muito ao contrário, pois fiquei livre de tanta bobagem, podendo apreciar a partida sem desvios de atenção. No próximo desligo de saída…
Depois de tudo, fazendo jús da minha eterna esperança em dias melhores, sugiro humildemente que mudem a forma de jogar de nossa seleção, que tem bons e talentosos jogadores, apesar de fraquejarem nos fundamentos, bastando treiná-los com mais afinco, intensidade, tanto nos arremessos e nos princípios defensivos, como, e principalmente, utilizando sistemas ofensivos que privilegiem o jogo interno, coletivo e solidário, pois temos bons jogadores altos e rápidos, talentosos armadores, podendo produzir com mais eficiência para o coletivismo tão acalentado, porém anulado se mantida essa absurda “nova filosofia”, implantada por quem, em absoluto, entende um jogo maior, uma modalidade para quem realmente o entende e o ama, de verdade…
Amém.
Fotos – Reproduções da TV. Clique nas mesmas para ampliá-las.
-Que tal elogiar a seleção feminina vencedora do sulamericano, em vez das críticas contundentes que emanam de seus artigos, hein Paulo?
Recebo do amigo de longa data, crítico bem vindo e contumaz desse humilde blog, um email (ele jamais se expõe na rede, fato que não concordo, mas respeito), considerando o questionamento pertinente digno de resposta, o que farei a seguir.
Olha cara, precisei ir ao You Tube, para assistir a partida em sua totalidade, já que de posse das estatísticas todo um quadro realista deixa de ser devidamente analisado. E o que pude constatar após uma paciente visão de um jogo absolutamente medíocre, espelho fiel dos números apresentados pela estatística, que ambas as visões se encaixavam perfeitamente. Vamos aos fatos, gráficos e visuais:
Primeiro vamos aos números do jogo final contra a Argentina, pois frente aos resultados nas demais partidas, ficou mais do que claro, ter se tratado de um campeonato de um jogo só, pela mais do que evidente fraqueza das demais equipes participantes, com placares acima dos 100 pontos em algumas partidas.
Brasil 69 x 68 Argentina
(40,0%) 20/50 2 19/43 (44.2%)
(23,8%) 5/21 3 6/25 (24,0%)
(58,3%) 14/24 LL 12,21 (57,1%)
48 R 46
12 E 15
Foi um jogo final eivado de erros, técnicos, táticos, estratégicos e acima de tudo, nos fundamentos, principalmente nos arremessos, curtos e médios, longos e lances livres, deixando no ar uma questão emblemática, a de que o fundamento do arremesso a cesta é caótico para essa geração mercosulista, pois, ante os referenciais números para competições do mais alto nível, como seleções nacionais adultas, de 90% para os lances livres, 70% para os arremessos de media e curta distâncias, e 50% para os de longa distância, basta um olhar primário nas estatísticas acima para se constatar a precariedade técnica no ato conclusivo de um ataque a cesta, com uma dedução óbvia, não sabem e nem dominam os arremessos, inclusive as prosaicas bandejas, perdidas em profusão, que no nosso caso se torna lamentável, pois uma vasta comissão técnica lá está, exatamente para corrigi-las ou mesmo, ensiná-las, no que fracassam redundantemente, como sempre o fazem, pois vem de longe essa ausência, e por que não desconhecimento, omissão no dever de empenho máximo no ensino dos fundamentos do jogo, e não se aferrando a sistemas de jogo que claudicam, exatamente pelo fraquissimo desempenho das jogadoras nos funadamentos básicos, onde os arremessos (que não são contabilizados nas relações estatísticas que medem o desempenho) recebem valores afastados dos demais fundamentos, sendo ironicamente, o mais importante de todos, pois exequibilizam e concluem os demais, sendo, enfim, a finalidade do grande jogo.
Arremessos de fora e de dentro descalibrados e inseguros, foi a rotina do jogo.
Estes fatores, expõem e determinam a falência dos sistemas “”exaustivamente” treinados, manipulados extra quadra através discursos ilustrados em pranchetas midiáticas, tela mágica (?) que explica e justifica atitudes estratégicas absolutamente furadas, frágeis perante qualquer análise primária de quem realmente conhece o caminho pedregoso de como, didática e pedagogicamente, se prepara uma equipe, fundamentando-a e estruturando-a através sistemas proprietários, desenvolvidos e compreendidos por todos os componentes de uma equipe, nos quais seus valores pessoais e técnicos sejam valorizados, desenvolvidos e aperfeiçoados, e não secundando pesquisas em preparação física, empenho prioritário em táticas e jogadas de passo marcado, fatores antítese ao desempenho lastreado na criatividade, na improvisação consciente, base estrutural de qualquer equipe fortemente balizada nos fundamentos e no empenho ao bem comum, o coletivismo egresso do conhecimento e aceitação de todos os envolvidos numa seleção de verdade…
Quatro abertas e uma pivô batalhando sozinha.Continuidade na luta solitária da pivô.Dando continuidade ao “sistema”.A outra solitaria opção, o individualismo da Tainá, premiada com a cesta da vitória.
Voltando a partida, podemos visualizar através as fotos acima que, um detalhe tático ainda se mantém presente, quatro jogadoras abertas e uma pivô enfrentando sozinha a defesa argentina, porém com uma enorme vantagem, a estatura na casa dos 2 metros, estratagema largamente utilizado nas divisões iniciais de base quando muitos técnicos auferem títulos em seus currículos utilizando-o permanente e politicamente. Muitas carreiras de sucesso se estabeleceram dessa forma, sem os desagradáveis percalços do longo e penoso ensino dos fundamentos, assim como a perda de algumas gerações de jovens promissores, alguns dos quais chegam nas divisões superiores desprovidos dos fundamentos básicos, expondo a vitrine deficitária que os limitam tristemente, inclusive nas seleções. Recentemente um comentarista propunha a ida do Georginho para o exterior, a fim de poder adquirir melhores técnicas, que bem poderia usufruir aqui mesmo, como muitos outros, se ensinados e treinados por quem realmente entende do riscado…
Ofensiva argentina bem mais estruturada que a brasileira. Alguns centimetros a mais definiram a partida e o título.
Enfim, venceu a seleção brasileira uma seleção argentina melhor dotada de bons fundamentos e um sentido coletivo bem mais apurado que a nossa, porém claramente inferiorizada na estatura, perdendo de um ponto por essa decisiva razão. Tivessem as hermanas só mais uma pivô equivalente e venceria a partida, sem dúvida alguma, mas o que vale para o enriquecimento curricular da turma do banco, é a taça, testemunha eloquente de seu sucesso junto a midia, seus agentes, e dirigentes cúmplices da colossal vitoria.
Que se acautelem, pois frente a seleções estruturadas nem sempre somente a estatura é suficiente para outras taças, e sim a conquista e domínio de sistemas defensivos e ofensivos de qualidade e, acima de tudo, proprietários, mas isso é outra história, aquela que venho contando a décadas, sem que aprendam absolutamente nada, mas o que importa, as oportunas taças a tudo redime e justifica…
Porém sejamos justos com uma bem vinda vitória, parabéns campeãs, mas…
Amém.
Fotos- Reproduções da TV/You Tube. Clique duplamente nas mesmas para ampliá-las.
Lá se vão 66 anos, desde aquela noite no ginásio do Tijuca, ainda com o telhado azul de alumínio, quando aos 16 anos lá estive para assistir a melhor equipe amadora dos Estados Unidos, campeã da NCAA, a Universidade de São Francisco, os Dons, onde despontavam dois dos maiores jogadores da época, o armador K.C.Jones, e o grande pivô, Bill Russell. A equipe do Clube Sirio e Libanes, hoje inexistente, que junto ao Flamengo liderava o Campeonato Carioca seria seu adversário, num ginásio lotado e excitado com a rara oportunidade de assistir duas escolas tão diferentes atuarem. Russell estava com 22 anos, seu último ano universitário, assim como K.C.Jones, ambos draftados para a NBA, e eu, muito jovem, espremido numa arquibancada repleta, curtindo a oportunidade de testemunhar e aprender de um jogo que começava a se entranhar na minha mente, no meu coração…
Foi uma bela partida, bem jogada e aplaudida por todos, impressionando sobremaneira a figura esguia, elástica e muito veloz do Russell, assim como a maestria coletivista do armador Jones, deixando em mim uma embrionária certeza de que, mesmo sendo fisicamente inferior aos pivôs da época, Russell se imporia na NBA pelos atributos atléticos, técnicos e veloz raciocínio, num ambiente onde a massa muscular sobressaia nas franquias da liga. E não deu outra, seguindo numa carreira mítica na grande liga, cujo documentário aqui postado mostra um pouco de sua arte de jogar o grande jogo, conquistando 11 títulos como jogador e técnico…
Como eminente cidadão , lutou pelos direitos humanos em seu racialmente conflagrado pais, recebendo sua maior condecoração civil pelas mãos de um presidente afro americano como ele, e a maior medalha do esporte mundial, a olímpica em 1956 em Melburne..
Bill Russell faleceu no domingo passado aos 88 anos, deixando um incomensurável legado de uma vida brilhante e, acima de tudo, inspiradora para as gerações que partilharam de sua exemplar vida, assim com as futuras o reverenciarão para sempre.
Não escrevo já a um bom tempo por aqui, e confesso que, honestamente, pouco, muito pouco teria a acrescentar sobre a atualidade do basquetebol brasileiro, me orientando para uma possível repaginação deste humilde blog, retornando, quem sabe, ao seu formato original, onde artigos técnicos em profusão aqui foram publicados, e celeremente buscados por todos aqueles que se interessavam em aprender princípios técnicos, táticos, estratégicos, científicos, didáticos e pedagógicos sobre o grande jogo, discutidos e replicados neste imenso, injusto e desigual país, fator que fez valer a pena todo os esforços e sacrifícios para publicá-los, referenciando-os como um verdadeiro Instituto Basquete Brasil, e não esse anunciado com pompas e circunstâncias pela CBB, que, provavelmente, pelo histórico usual e repetitivo da entidade, fará companhia a ENTB de triste memória…
Mas antes de tal mudança de rota (será a primeira em 17 anos de existência ininterrupta do blog), vou me dando ao luxo de exercer a crítica técnica e fundamentada em mais de meio século de participação junto ao grande jogo, como professor, técnico, pesquisador e jornalista, graduado e pós graduado academicamente, e nas quadras daqui e de outras plagas…
Vamos em frente então:
O Padrão – Sem duvida alguma, um padrão de jogo foi implantado solidamente em nossa forma de jogar, seguindo, segundo seus defensores, a tendência internacional, padrão NBA, que de uns vinte e cinco anos para cá copiamos ávida e colonizadamente na ânsia de nos alçarmos a matriz, sem, no entanto, termos a mais remota possibilidade de sucesso, pois a forja que os abastece, escolas, colégios e universidades, são fontes desconhecidas entre nós, ainda arraigados aos poucos clubes que teimam em formar jogadores, cada vez mais desinformados e afastados dos princípios técnicos, táticos e didáticos básicos a uma prática que os qualifique aos grandes embates internacionais, como testemunhamos recentemente ao vencermos um torneio quadrangular. contra uma equipe universitária americana, com uma seleção de jogadores profissionais a mais de quatro anos, e com um placar para lá de apertado, deixando no ar uma questão – Quantos deles seguirão em alta produção dentro de alguns anos, quando atingirem a plenitude da forma? Uma equipe que enfrenta jogadores cinco anos mais velhos em igualdade de condições não deixa dúvidas quanto a resposta, infelizmente bem mais realista do que pensamos…
O padrao gera outros padrões, como a definitiva formatação e implantação dos arremessos de três pontos na preferência generalizada das equipes brasileiras, em todas as faixas etárias, como objetivo prioritário de jogo, sabendo ou não os jogadores exercerem esse modus operandi com pleno conhecimento e domínio de sua exigente e precisa técnica, desencadeando essa autofagia destrutiva que corroe a modalidade desde a formação de base, indiscriminadamente, incentivada pela mais absoluta ausência efetiva de postura defensiva que, se existente, em muito restringiria tal descalabro. Somemos a essa triste realidade o fator, constrangedor e demolidor, da ausência consensual no ensino dos fundamentos básicos do jogo, como devem ser ensinados desde muito cedo, e mantidos atuantes por todo o percurso dos jogadores, como instrumental absolutamente necessário as suas trajetórias enquanto ativos e atuantes…
Um tenta jogar, os demais, inclusive dois pivôs abrem para o chute de três. Armadores inoperantes…
A prova inconteste dessas afirmações podem ser observadas nos incríveis números de erros de fundamentos nos primeiros 30 jogos dessa equivocada LNB, que deveria ser um amplo espaço para jovens jogadores, e não uma capitânia de jogadores que atuam no NBB, visando títulos e não formação, e que mesmo com esses jogadores mais rodados, apresentaram na temporada anterior a marca de 28,6 erros de fundamentos por jogo, e que nessa atual atinge 34,5 até o momento, com nove deles acima dos 40 erros, marcas indesculpáveis em equipes sub 23, onde muitos participam do NBB, e até de seleções nacionais. Difícil entender e aceitar o conceito de que um sistema único de jogo com suas invenções realçadas em pranchetas manipulem jogadores de fora para dentro do campo de jogo, encordoando-os como marionetes descerebrados em vez de ensiná-los e treiná-los nos fundamentos individuais e coletivos básicos, suficientes à boa prática criativa e inteligente do jogo, fatores que antecedem o desenvolvimento da improvisação consciente no âmbito coletivista, mas que desde muito cedo são trocados por movimentações tático mecânicas, que só se tornarão factíveis através o domínio consciente dos princípios fundamentais, transformando as partidas em peladas monumentais, para o gáudio saltitante e verborrágico de estrategistas ao lado das quadras, e de narradores ensandecidos, crentes de que estão bem servindo a causa do basquetebol, noves fora comentaristas que analisam jogos que somente eles veem, enaltecendo velocidades alucinantes, tocos monumentais, enterradas geniais, diametralmente oposto dos que assistimos incrédulos, na triste e constrangedora realidade dos jogos, digo, peladões inacreditáveis. Claro que bons e talentosos jovens jogadores se apresentam, porém muito distantes das exigências mínimas que se espera deles, manipulados e manietados pela incutida crença de que são craques prospectados a NBA, quando mal se iniciam num NBB, onde quatro estrangeiros permitidos por equipe canalizam-se em mútuas ajudas, sob a cumplicidade de técnicos que perpetuam o sistema único e suas pranchetas, ano após ano, trocando peças (nova e pejorativa designação de jogadores) que não se adequam aos seus arroubos pretensamente criativos, geniais, porém restritos a alguns ininteligíveis rabiscos em suas midiáticas pranchetas…
Dá no que pensar como treinam suas equipes dentro de um padrão que se repete anos após anos, década após década, mas que de vez em quando adotam uma dupla armação, luta a que me dediquei por mais de quarenta anos, mas que somente agora é levada tenuamente a sério, com a presença dos bons armadores argentinos e um ou outro americano, cada vez mais presentes nessas plagas, mas dentro do sistema único, formatado e padronizado por todos, numa aceitação corporativa, como mandam e definem as herméticas reservas de mercado. O resultado final fatalmente deságua nas seleções nacionais, espelho fiel da realidade nacional, mas que já começa a sentir o brutal peso das péssimas opções acolhidas como as soluções definitivas ao encontro do basquete moderno, como definem o grande jogo, começando com resultado nada abonador contra a seleção colombiana pela janela classificatória ao mundial, cujos números, em tudo e por tudo, escancaram a escalada regressiva que tanto venho comentando nos últimos dez anos, cujos números definem tão lamentável opção :
Colômbia 106 x 98 Brasil
27 52 2pt 23 47
12 38 3pt 10 36
14 18 LL 22 33
47 Rb 61
11 E 17
Foi um jogo em que 10 de nossos jogadores arremessaram de 3 pontos, contra 9 dos colombianos, demonstrando tacitamente qual o enfoque determinado por seu técnico, exatamente em concordância como age em seu clube, e agora na coordenação das seleções de base. Tratando-se de um arremesso altamente especializado e de precisão crítica, torna-se irreal que toda uma equipe seja autorizada nos longos arremessos (neste jogo o pivô Renan não arremessou de três, que é um comportamento usual dele no NBB). Na próxima janela, Croacia, e Rússia por certo contestarão os longos arremessos, assim como exercerão forte bloqueio defensivo dentro do perímetro. complicando uma seleção que joga de passo marcado e chuta de três a qualquer preço e risco, e com uma armação mais voltada as finalizações do que “o fazer jogar” seus bons alas pivôs, tornando muito difícil sua classificação ao mundial, a não ser que mude sua forma de jogar atuando incisivamente no perímetro interno, continua e metodicamente, deixando o arremesso de três como recurso oportunista, e somente nas mãos de especialistas de verdade, e não ocasionais como defendem seus líderes, ao afirmarem – se estiver livre chuta…
A cultura dos três pontos se impõe, absoluta.
Acabo de assistir, pacientemente, o jogo Paulistano e Corinthians pelo LDB, os números estão aí embaixo, em que nenhuma das equipes atinge os índices mínimos de eficiência nos arremessos, exigência em equipes na porta de entrada da liga maior tupiniquim, e que cometeram 39 erros de fundamentos, sem maiores comentários…
Com estes resultados e prospectos super valorizados, assim como a inexistência de sistemas eficientes de jogo, e a teimosa insistência em negligenciar o ensino competente dos fundamentos básicos do grande jogo, prioritariamente os de defesa, continuaremos a patinar entre a insânia, e a negação de uma evidência que nos pune desde sempre, a de negarmos ao nossos jovens um preparo responsável, criterioso e evolutivo na arte de bem jogá-lo, respeitando seus ciclos evolutivos, sua educação, sua saúde, ensinando-os a amar o jogo coletivo aprimorando suas habilidades, e não lançando-os a drafts antes de seu amadurecimento pessoal, cultural, profissional e técnico, condenando sua maioria ao fracasso, pois as pouquissimas exceções pouco contam…
Precisamos com certa urgência cuidar com mais precisão, competência e responsabilidade nossos jovens, respeitando sua particular evolução, seus rítmos psicomotores diferenciados, sua maturação arrítmica intelectual e psicológica que divergem de indivíduo para indivíduo, enfim, respeitando profundamente sua individualidade divergente. Professores, técnicos, dirigentes, jornalistas, médicos terapeutas e preparadores físicos têm a obrigação de não serem omissos a tais e básicas necessidades, a fim de orientar, ensinar e desenvolver os jovens carentes, relegados e esquecidos deste imenso, desigual e injusto país, onde o desporto, por que não o basquetebol, tem papel fundamental nesse prioritário e estratégico processo educacional.
Aí estão os playoffs, os daqui e os lá da matriz, com suas excentricidades e adaptações aos tempos modernos, como as absurdas mudanças nas regras centenárias, beneficiando a chutação de três do agora decadente Harden, com seu anacrônico step back, oportuna encomenda beneficiando seu arremesso de três, que começava a ser contestado, e a passada zero, instituída para acelerar penetrações concluídas com enterradas cinematográficas, que claro, com um tempo rítmico a mais dos dois antes permitidos (cada tempo rítmico compondo uma passada), poucas seriam as chances de um defensor bloquear a investida, mudanças estas que comprometem seriamente a essência do grande jogo, transformando-o num handebol de péssima qualidade. Tais mudanças não têm encontrado boa aceitação de muitas arbitragens, daqui e lá de fora, que mantém as infrações de andar com a bola, num movimento que poderá desencadear a revisão das mesmas, o que seria excelente para o grande jogo…
Assistimos, também, que nada, ou pouquíssima coisa mudou em nossa forma padronizada e formatada de jogar, com as poucas licenças táticas contabilizadas em nome dos novos gênios das pranchetas, como, segundo relato de alguns comentaristas, jogar com dois armadores de ofício, e três pivôs leves e rápidos próximos a cesta, fosse algo de revolucionário nascido da excepcionalidade de suas cabeças, e não algo de há muito existente, por aqui mesmo, neste carente, espoliado e judiado basquetebol tupiniquim, alçado a sistemas de ponta criado pelas mesmas, sob o aplauso e a admiração de seus contumazes torcedores midiáticos, puxa sacos profissionais que são em sua esmagadora maioria, onde as corretas e pouquíssimas exceções pouco contam, mais que galhardamente existem e, por que não, subsistem…
O derrotado mural…
O que dizer, entretanto, das tentativas, cada vez mais exitosas, de um mercado mais bilionário a cada temporada, de transformar o mais completo e exitoso jogo de equipe, numa modalidade individual, onde seus grandes expoentes batem recordes continuamente, sem, no entanto, levar suas equipes ao pódio vencedor por sua atuação coletivista, heróis estes que projetam suas imagens humanizadas ou virtuais por sobre cidades e nações, envoltos em suas egolatras personalidades, que nada somam ao princípio coletivista e solidário que deveria emanar de suas equipes, balizando os caminhos a serem percorridos por uma juventude necessitada do apoio comunitario, fator básico e transcendental para suas vidas no futuro, como atletas e cidadàos…
Só mais um pouquinho de tempo nos separa da hora da verdade para o nosso basquetebol, afinal, o ciclo abreviado para Paris 24 está em curso, e competições classificatórias ao mesmo ocorrerão muito em breve, quando aferiremos quão geniais são nossos comandantes na direção de jogadores nacionais, sem os fundamentais estrangeiros que compõem suas equipes, atuando ou exemplificando uma forma de jogar negada aos nossos, pelo desconhecimento dos mesmos do ferramental que justifica e exequibiliza o grande jogo, desde sua formação de base, os fundamentos individuais e coletivos, sem os quais cabeças e genialidades jamais funcionarão, sejam os sistemas que forem, ofensivos e defensivos, tendo ou não as estrelas fabricadas a sombra dos pseudos ícones que habitam e festejam a grande matriz do norte, principalmente em nossas seleções…
Só mais um pouquinho para aferirmos o que nos espera, e para reforçar tal argumento, republico a seguir o artigo Daqui a Pouco, publicado em 30 de janeiro deste ano, num relato que deveria ser debatido com ardor e conhecimento, por todos aqueles que amam e admiram o grande, grandissimo jogo, neste imenso, desigual e injusto pais.
Amém.
Fotos – Reproduções da Internet. Clique duplamente nas mesmas para ampliá-las.
Cinco abertos, chega e chuta, e estamos conversados…
No artigo Reféns aqui publicado recentemente, uma tabela contabilizava os últimos sessenta jogos do NBB, e o que ele representava de negativo para o nosso basquetebol de elite –
Vejamos agora o resultado dos seguintes sessenta jogos do referido NBB:
Arremessos de 2 – 1903/3652 52.1%
Arremessos de 3 – 893/2836 31.4%
Lances livres – 1203/1684 71.4%
Erros de fund – 1306 21.7 pj
Concluindo, para os 2 pontos, na média, converteram 31.7 e perderam 60.8 tentativas; Nos 3 pontos, 14.8 e 42.8, nos LL, 20.5 e 28.0, mais os 21.7 erros de fundamentos.
Comparemos agora com a tabela final do torneio Super 8 (7 jogos), finalizado no sábado, com a vitória do Minas TC sobre o São Paulo FC-
Arremessos de 2 – 251/482 51,5%
Arremessos de 3 – 147/432 33,3%
Lances livres – 161/234 68,8%
Erros de fund – 142 20,2 pj
As médias finais foram de 35,8 tentativas convertidas e 68,8 perdidas por jogo nos 2 pontos, 21,0 e 61,7 nos 3 pontos, e 23,0 e 33,3 nos lances livres, números condizentes com os da temporada regular em seus 120 jogos realizados.
Chegamos então a triste conclusão de que, na divisão de elite do basquetebol tupiniquim, os parâmetros de 70, 60 e 90 da elite internacional, está a muitas léguas de distância da nossa realidade, que decresce ainda mais nas divisões de base, principalmente na constrangedora teimosia do chega e chuta solidamente estabelecido…
Se considerarmos serem participantes do torneio, as oito equipes de melhores números na liga, poderemos exercer um pequeno estudo sobre alguns fatores que nos aflige:
– Estamos, como desde muito estivemos, muito mal nos fundamentos básicos do jogo, e de tal forma que, fica determinada a ofensiva em leque, ou seja, os cinco jogadores abertos, fora do perímetro interno, inclusive os alas pivôs, para, de forma avassaladora partirem para a cesta em largas e velozes passadas, a fim de sobrepujar defensores falhos e equivocados, quanto a correta maneira de brecá-los pela boa e eficiente técnica defensiva. Só que, mesmo tomando a frente do defensor, fatalmente encontrará coberturas eventuais, e nesse momento, os princípios técnicos de trocas de mãos e de direção se chocam com a dura realidade de não dominá-los, perdendo o controle da bola, e até das passadas. Com muita sorte, conseguirá uma falta pessoal a favor, ou desfavoravelmente, uma contra si próprio. Muitas e muitas jogadas dessas tem acontecido dentro do errôneo princípio dos “cinco abertos”, a grande arma do atual arsenal dos estrategistas de plantão, plenamente convencidos do poderio da armada americana/argentina que floresce a cada temporada nas franquias, em contraponto a fraqueza de nossos jogadores nesse quesito, onde se torna cada vez mais corriqueira a presença em quadra de quatro estrangeiros e um único representante nacional do “jogo que você nunca viu, o NBB”…
Espaço para embalar…E consequente bloqueio
E os caras estão dando as cartas de verdade, tornando uma falsa realidade a glória de muitos dos estrategistas de comandar uma equipe em que o idioma pátrio seja o menos falado, mesmo balbuciando muito mal os idiomas dos caras, que não estão nem aí para taís e insignificantes detalhes, quando o que importa é botar a bola embaixo dos braços, combinarem-se com seus pares, e barbarizarem ao seu modo, vencendo ou perdendo, dentro de um nicho de mercado garantido pela pobreza colonizada daqueles que os pensam dirigir, mas se comportam e agem como meros torcedores de beira de quadra, num erro estratégico que nos cobrará, em breve, um altíssimo preço…
Por acaso, o técnico da nossa seleção poderá contar com esse exército de estrangeiros meia boca em sua maioria no tremendo esforço para a classificação a Paris 2024? Sua solidificada proposta do chega e chuta (nos três artigos anteriores disseco essa proposta, inclusive com fartos números), agregada ao princípio (?) da abertura em leque acima citada, ambas somadas a dura realidade de nossa carência maior, a defensiva, fundamento absolutamente desprezado desde a formação de base, gerando uma realista e justa apreensão, pelo simples fato de não possuirmos o domínio das técnicas básicas nos fundamentos do jogo, fator que sobra abundantemente nas equipes europeias, americanas, e por que não, argentinas também…
Internacionalmente nos apresentaremos com jogadores nacionais, pensando atuar como se estrangeiros fossem, abrindo em leque para os 1 x 1 de praxe, chutando com ou sem contestações, correndo, saltando e trombando mais ou menos próximos a eles, porém sem os conhecimentos fundamentais da base do grande jogo, e o pior, sem o salutar conhecimento e prática do fundamento maior, a arte de defender, defender, defender, que é aquele responsável pelo desenvolvimento de todos os outros, os ofensivos em particular, praticados individualmente, e acima de tudo, coletivamente…
Pensa realmente nosso head coach que possuímos tal tecnicismo atuando taticamente, como todas as equipes que enfrentaremos atuam em seu sistema único, enriquecido pelo pleno domínio dos fundamentos, mesmo em dupla armação e três alas pivôs ágeis e rápidos, porém sem o domínio daqueles, pensa mesmo?…
Acredito e temo que sim, pois se “atuam daquela forma e vencem, por que não nós também”, por que não? Afinal, parece que temos os melhores arremessadores de três do mundo, ou não? Grande parte de nossos jogadores acreditam piamente que sim, açodados e incentivados por nossos estrategistas, dirigentes, agentes, narradores e comentaristas, verdade ou ilusão?…
Veremos mais adiante, e já os vejo tropeçando em suas próprias pernas ao se verem marcados de verdade, anuladas suas tentativas de três ao se sentirem contestados e serem obrigados a alterar suas trajetórias, perdendo eficiência, e o mais emblemático, terem seus armadores (se jogar com dois), forte anteposição, sem ajudas, pois atuam no sistema único, onde um deles faz o papel de um ala (o tal armador 2), numa composição fajuta para não fugir do tal sistema, quando deveriam atuar o mais próximos possível, propiciando entre ajudas e bloqueios realmente eficientes fora do perímetro, enquanto os três grandes se situam no interno em constante movimentação, prendendo seus marcadores junto a si, em qualquer direção que se locomovam, criando espaços e brechas indefensáveis, a não ser com faltas pessoais…
Mas que nada, pois na concepção atual desses “gênios estratégicos”, sempre existirá um corner player para matar de fora, como acontece frequentemente com nossas fraquíssimas defesas, ao dobrarem sobre os que penetram, pois não dominam as técnicas de defesa 1 x 1, prato feito para as equipes estrangeiras de elite, que a executam com maestria…
E a pergunta que não quer calar inquire: Temos esses jogadores a nível dos que enfrentaremos? Talvez uns dois, no máximo, porém irremediavelmente atrelados ao indefectível e profundamente burro sistema único, manipulado de fora para dentro das quadras, tendo pranchetas midiáticas e analfabetas na função de mensageiras de hieróglifos ininteligiveis que só funcionam na cabeça de uma turma absolutamente crente de que dominam o grande jogo, minúsculo para a imensa maioria deles todos, aos quais tentei alertar desde sempre em um artigode a muito publicado, porém pouco levado a serio, infelizmente…
No entanto, uma conclusão pede passagem, a de que atuando em conformidade com as equipes do alto nível que utilizam o sistema único, porém dominadoras dos fundamentos básicos do jogo, jamais teremos chances de grande sucesso, já que altamente carentes no domínio dos mesmos, que é a base exequibilizadora deste ou de qualquer sistema de jogo, por mais simples que sejam, e que são resultantes de uma séria e poderosa formação de base e contínua aprendizagem e aperfeiçoamento nos mesmos, por toda a vida de um jogador…
Enquanto não atingirmos este patamar, urge que joguemos de forma diferenciada, profundamente coletivista, em ajuda constante, com conclusões mais próximas a cesta, logo, mais precisas, condicionando os longos arremessos a condição de complementos, e não básicos de uma equipe, como hoje ousam praticar, com resultados assustadores de tão ruins e perdulários, com acentuadas perdas de tempo, esforços físico e mental…
Quanto ao sistema defensivo, é preciso investir pesado na formação de base, assunto que defendi e aconselhei num recente artigo, e que mesmo carentes individualmente, passemos a defender na Linha da Bola, onde uma flutuação lateralizada compensa bastante falhas individuais, facilitando o posicionamento nos rebotes, pois seus princípios de cobertura se fazem bem mais coerentes e lógicos do que em flutuações longitudinais a cesta…
Atuando com dois armadores, jogando próximos, ajudando e interagindo juntos, alimentando continuamente os jogadores altos em deslocamento constante dentro do perímetro, mantendo seus defensores permanentemente no ! x1, garantindo dessa forma espaços cruciais, mesmo que pequenos, no âmago defensivo, propiciando conclusões perto da cesta, mais precisas e objetivas, com possibilidades reboteiras sempre presentes e atuantes, até mesmo para dificultar contra ataques adversários, possibilitando, inclusive, ótimos passes de dentro para fora, dirigidos aos especialistas de verdade nos longos arremessos, encontrando-os relativamente livres para conseguir bons resultados, colimando um princípio renegado por muitos, de que de 2 em 2 e 1 em 1, podemos atingir grandes placares, onde os tiranbaços de fora estariam restritos, por sua baixa produtividade, como recurso complementar, e não prioritário, como estamos vendo a cada dia que passa…
Neste Super 8, venceu a equipe do Minas TC, título que, sem dúvida, deve ser comemorado, mas, que no entanto, sacramentou o novo ideário do basquetebol nacional, praticado por todos os integrantes da Liga, conceituando claramente o caminho técnico tático a ser trilhado daqui para frente, cujos reflexos, sem a menor das dúvidas, pautarão o comportamento dos jovens que se iniciam no jogo, e o mais impactante, definirá o comportamento de nossas seleções nos embates internacionais que nos aguardam…
Daqui a pouco estaremos frente a frente com a realidade classificatória, no masculino e feminino também, quando aferiremos, por mais uma vez, a quanto andamos na busca de um processo evolutivo que se esvai década após década, motivado por uma cegueira inconcebível, já se fazendo tarde, bastante tarde, um reencontro com nossas raízes, esquecidas raízes, que nos tornaram, no século passado, a terceira força do basquetebol mundial, o grande, grandíssimo jogo que teimamos em esquecer, nesse imenso, desigual e injusto país…
Que os deuses nos ajudem.
Amém.
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