É minha gente, na marra os caras parecem que estão aprendendo, mas como nada é perfeito, ou mesmo aceitável nesse mundão, não desgrudam das pranchetas, como chupetas tardiamente jogadas fora, talvez não…
Agarrando-se ferozmente ao sistema (?) de jogo que conhecem, o único e praticado por toda a Liga (como ex-jogadores que foram), com.situações táticas conhecidas até pelos esquimós, mas que moldaram a todos, jogadores e técnicos, comentaristas e dirigentes, torcedores também, transformando o grande jogo numa pegajosa massa de pastel, oco e recheado de vento quando processado, num vazio de criatividade que bem justifica sua formatação e padronização autofágica, que tanto mal tem feito ao basquetebol nas últimas três décadas…
Pois é minha gente, foi tudo igual a tudo que foi jogado em todo campeonato, numa profusão de bolinhas, contestadas ou não, de todo e qualquer lado, com poucos acertos, muitos e muitos erros, e air balls também. Dessa vez somente 19 erros de fundamentos, igualdade nas bolas de 2 e de 3, porém um pouco melhor nos lances livres para Franca, demonstrando um apreço melhor ao jogo interno, e por isso vencendo a partida empatando a série…
Na partida em si, focando ações ofensivas, salta aos olhos o protagonismo independente dos estrangeiros quando de posse da bola, driblando-a de uma lado a outro, entrando e saindo da zona pintada, indo e vindo, com a posse indivisível e proprietária da mesma, preparando seu próprio e particular jogo, com esporádicos passes de dentro para fora do perímetro quando brecados por defensores, numa dadivosa renúncia às cestas ansiadas. Nunca nossas quadras foram tão enceradas como agora, com americanos, argentinos e uns poucos nacionais fazendo o que querem e quando querem, à margem de qualquer das pranchetas de plantão, com seus donos torcendo e se contorcendo ao lado das quadras para que tudo dê certo, pois afinal de contas um (de)mérito eles tem, o de escalarem a todos, indistintamente…
Por favor prezados comentaristas, não me venham defender, sugerir ou mesmo exigir fidelidade ao ( ou a um ) sistema de jogo, quando partidas desandam pelo excesso de individualismo, pois a maioria de vocês incentivam ao máximo tal comportamento, premiando-os com salvas e extasiadas homenagens quando eventualmente são bem sucedidos. Defender a volta ao sistema, o único existente, o único que dizem conhecer (em tempo algum ouvi algum deles sequer explicar, definir, ou mesmo demonstrar, mesmo numa prosaica prancheta, o sistema que volta e meia sugerem que seja executado), pois afianço com a mais sincera certeza, não conhecem nenhum, absolutamente nenhum, mas de tocos, enterradas e palpites (hoje trágica e comercialmente oficializados…) sabem tudo, e mais um pouco…
Teremos no sábado o terceiro jogo, na capital paulistana, e mantenho meu prognóstico, de uma obviedade calcada em meio século de quadra, vencendo aquela equipe que jogar fortemente dentro do perímetro, utilizando seus bons alas pivôs (ambas os possuem), alimentados continuamente por bons armadores, na medida que abram mão de encerarem a quadra, lutando todos pelos rebotes, e executando o que para muitos é impossível em nosso imenso, desigual e injusto país, contestarem incansável e ostensivamente os arremessos de três, chave mestra para um retorno ao que sabíamos fazer de melhor, jogar um basquetebol diferenciado e efetivo, que nos fez três vezes campeões do mundo, duas vezes vice campeões, e três vezes medalhistas olímpicos.
Amém.
Fotos – Reproduções da TV. Clique duplamente nas mesmas para ampliá-las.
Muito bem, bem, bem, como diria o inesquecível Arrelia, aconteceu o primeiro jogo das finais do NBB 15 entre as estreladas equipes de Franca e do São Paulo, duelando em Franca, perante uma enorme e vibrante plateia. Foi um jogo clone de todos os outros até aqui disputados por todas as equipes da Liga, nem maior ou menor em qualidade, simples assim…
Foi um jogo a que pude assistir em meu celular a meia viagem de volta de Belfast para Dublin, onde reside meu filho caçula João David, que com seu conhecimento técnico em TI da PayPal, sintonizou com perfeição o celular por todo o trajeto. Mesmo em tela pequena, porém nítida, Ao final da partida, as estatísticas apontaram:
Franca. São Paulo
(48%) 23/34. 2. 22/41. (54%)
(32%) 9/28. 3. 13/28. (46%)
(71%) 15/21. LL. 15/19. (79%)
36. R. 30
14 E. 5
Os números demonstram claramente que o confronto nas artilharias dos três priorizou o jogo das duas equipes, onde o São Paulo foi mais eficiente nos acertos, em contrapartida ao equilíbrio nos dois pontos e nos lances livres, e levando nítida vantagem nos rebotes e erros de fundamentos, com ambas taticamente iguais, o que não é surpresa para ninguém, porém. com o São Paulo insistindo um pouco mais no jogo interno que o Franca. Torno a predizer que, aquela equipe que investir mais energicamente no jogo interno levará o título, complementando a ação com forte contestação nos arremessos de três e maior determinação nos rebotes, principalmente os ofensivos…
Enfim, como afirmam os entendidos, vence aquele que comete menos erros, principalmente nos fundamentos básicos, o que se tornou endêmico em nosso tatibitati basquetebol.
Amém.
Fotos – Própria autoria. Clique duplamente nas mesmas para amplá-las.
Recentemente a seleção sub-15 masculina venceu o Sul-americano, jogando a final na Argentina contra os donos da casa. Um bom resultado em se tratando de seleções de base, setor tão mal conduzido em nosso país. No entanto, algo pairou no ar sobre a forma como a seleção venceu a competição, pelo fato da mesma ter utilizado a defesa por zona, contra uma outra que não permite sua utilização por menores de 15 anos em todas as suas competições regionais e federais, acolhendo determinação de sua associação de técnicos, como efetiva forma de desenvolver ao máximo as ações e destrezas defensivas em toda sua formação de base, somente conseguidas pela utilização da defesa individual, única e exclusivamente, permitindo as defesas zonais somente daquele data em diante…
Tal determinação conota alta qualidade aos futuros jogadores, fazendo com que os mesmos atinjam alto grau de eficiência defensiva nas divisões acima, principalmente nas seleções adultas…
Veem com clareza os técnicos argentinos os ganhos positivos em suas seleções adultas, em seus aumentos qualitativos na defesa, atestando não serem as conquistas nas divisões da base um fator prioritário, onde a qualificação dos fundamentos ofensivos e defensivos, estes sim, são prioridade absoluta. De nossa parte pensa-se diferente, pois o alvo a ser alcançado pelos técnicos de jovens é fazê-los escadas de suas conquistas individuais, onde títulos recheiam e valorizam seus currículos profissionais, visando contratos mais rentáveis nas categorias superiores, onde o fator desenvolvimentista dos fundamentos básicos são substituídos pelas conquistas rápidas, fáceis, advindas de peneiras, onde parcos conhecimentos sobre o jogo, e a altura elevada dos candidatos, se tornam complementos em torno de defesas zonais, prato feito para as tão desejadas vitórias a curto prazo. Logo, não seria um prosaico sul americano entrave a tais objetivos, nos quais a aplicação sistemática de defesas zonais as facilitam de verdade. Decididamente não se trata de opiniões divergentes entre técnicos, e sim um posicionamento intencional às custas de jovens propositadamente afastados de defesas individuais, muito mais trabalhosas e de longa aprendizagem, porém, se bem ensinadas, bem aprendidas e melhor treinadas, constituirão base sólida nas divisões superiores, seleções inclusas, como fazem os hermanos, americanos e europeus, cujos resultados acabamos de sentir na Copa América este ano em Pernambuco…
Este mês estive em Chicago visitando o técnico, professor e amigo Gil Guandron, colaborador de longa data deste humilde blog, junto ao qual, e experimentalmente, iniciei um podcast, cuja gravação posto ao final deste artigo, e cujo tema central se desenvolve em torno do assunto que postei acima, reproduzindo antes as declarações dos técnicos argentino e brasileiro sobre o referido sul americano, exposições estas que gostaria muito fossem debatidas por todos aqueles realmente interessados em nosso desenvolvimento técnico tático. Vejamos as matérias :
A seguir o podcast com a participação do Prof. Gil Guandron
Como vemos, muito e polemizado assunto poderá gerar uma salutar discussão sobre o ensino e a utilização de defesas zonais antes dos 15 anos dos jovens e futuros jogadores, posição esta a muito defendida e tomada por mim na prática em mais de quatro décadas na formação de base, com extensa matéria publicada neste blog. Aprendi, ensinei e sempre pus em prática convictamente que, somente.se torna eficiente uma defesa por zona, se utilizada por jogadores muito treinados e eficientes em defesa individual, cuja fundamentação básica os aparelham com técnicas e habilidades, que se perdem quando iniciados em defesas zonais, e cujos prejudiciais vícios os tornam enormemente vulneráveis nas divisões superiores, sendo essa a nossa maior limitação quanto ao conceito coletivista que. tanto evocamos, e para o qual não encontramos respostas desde sempre…
Amém.
Errata – Aos 10:12 min do podcast, por falha emotiva, confundi defesa por zona com individual, pela qual me desculpo com os leitores. Obrigado pela compreensão. Paulo Murilo.
Vídeos – Reproduções da Internet.
Podcast – Video, som e edição – João David Raw Iracema (Jay Raw)
É muito triste ver uma equipe montada para vencer todas as competições ser varrida num playoff por 3 x 0, deixando no ar um sentimento de frustração anunciada desde sua montagem, onde “peças” especializadas em longos arremessos se ajustariam com precisão a uma concepção arrivista e temerária, onde os arremessos de três pontos estariam na vanguarda de seu sistema ofensivo, contra qualquer equipe que a defrontasse…
Convergências entre arremessos de 2 e 3 pontos ocorreram em todas as suas partidas, não importando que adversário se lhe opusesse, numa demonstração tácita de de seu comando, o mesmo que ora dirige a seleção nacional, imbuída desta mesma opção técnico tática do chega e chuta, em qualquer situação de jogo, numa preferência basal do jogo externo em detrimento do interno, mesmo possuindo “peças” poderosas no mesmo, talvez bem mais superior as demais equipes da liga…
Nunca se contratou tantos estrangeiros especialistas nos três pontos como neste NBB 15, por muitas das equipes participantes, onde americanos e argentinos formavam uma maioria de respeito, com destaque aos armadores e alas, e raramente num pivô de oficio. Todos com a.função prioritária nas longas finalizações, mesmo sendo armadores, fator fulcral que elevou ao patamar de arremessadores aqueles que deveriam ter a função básica de armadores de suas equipes, ficando bem clara a opção do jogo fora do perímetro, secundarizando o interno, onde bons e.talentosos alas pivôs se voltaram ao externo, competindo com os armadores nas bolinhas, vagando a luta nos rebotes ofensivos, negligenciando uma das mais poderosas armas de uma equipe bem treinada e melhor orientada, a posse e domínio dos rebotes ofensivos…
O que se viu? Um completo desastre tático, e muito pior, estratégico, pois abriu-se mão de uma unidade coletivista, trocando-a por exacerbado individualismo, disfarçado em pretensa super habilidade nas bolas de três pontos perante ausência defensiva, atitude comum a grande maioria das equipes. Tal posicionamento tornava-as similares neste aspecto, tornando possível uma competição desvairada de erros, que comum aos competidores, igualáva-os no campo de jogo. No entanto, em alguns jogos, uma das equipes revertia ao jogo interior, resultando vitórias pontuais e importantes…
Se olharmos com atenção os números de alguns destes jogos, poderíamos com precisão, entender quão falhas algumas das equipes mais poderosas se tornaram no transcorrer da competição, ao optarem pela orgia dos longos arremessos, em vez de prioritário jogo interior, mais rico, preciso e eficiente ao final das partidas, vencendo-as de 2 em 2 pontos, deixando as inconstantes e mais imprecisas bolas de 3, como recurso complementar da equipe em seu todo…
Se olharmos melhor ainda, bastaríamos tomar conhecimento dos comentários analíticos sobre a equipe rubro negra, editados no site Nação Rubro Negra, assinado por Enéas Lima em 19/5/2023 (acesse aqui), onde uma análise sobre o plantel rubro negro é colocado como o culpado pela derrocada no NBB, quando determinados e brilhantes jogadores se tornaram inadequados ao sistema de jogo implantado pelo técnico da equipe, que já estaria em processo de trocas de “peças” para a próxima temporada, adequando-as a seu poderoso e revolucionário sistema fundamentado nos arremessos de três a qualquer custo, de qualquer distância, ao tempo que for, o mesmo que tenta incutir na seleção nacional, na qual, fica bem claro, não possuir as “peças” internacionais altamente especializadas que o grande clube carioca contrata para suprir os megalômanos devaneios de seu gênio paulistano, em sua patética busca de mudar e transformar o grande jogo numa competição descerebrara de tiro aos pombos, no qual os fundamentos e princípios centenários mantidos por excelentes jogadores (e não “peças”), magníficos técnicos e professores de verdade, o tornaram, assim como o futebol, nas modalidades mais difundidas e amadas por todo o mundo conhecido, não só por sua apaixonante dinâmica, como, e principalmente, por sua desafiante complexidade técnica, tática e estratégica, aspectos estes que não podem ser minimizados por uma concepção tacanha de um chega e chuta boçal e retrogrado (a NBA matriz já se dá conta desse engodo)…
Para quem ainda tem dúvidas sobre eficiência entre jogo exterior e interior, ai estão os números de São Paulo e Flamengo nas três partidas disputadas, quando culpar “peças” por derrocadas se torna contundente frente a responsabilidade genial e criativa de comissões técnicas revolucionárias e pretensiosas…
Flamengo. São Paulo
(51,1%) 43/84. 2. 66/85. (77,6%)
(24,0%). 25/104. 3. 36/95. (37,8%)
(83,9%). 47/56. LL. 38/54. (70,3%)
47 (15,6 pj). E. 35 (11,6 pj)
Em jogos dessa dimensão pequenos fatores os dimensionam, e na tabela acima vemos que a opção pelo jogo interno de qualidade deu ao São Paulo os pontos necessários para vencer a série, mesmo duelando nas longas tentativas fora dos perímetros, pois contestou com mais eficiência a artilharia rubro negra, assim como levou a melhor sobre a marcação interna carioca, em que ambos os contendores tiveram nas mãos de seus estrangeiros a verdadeira condução tática dos jogos, com a individualidade americana nas penetrações por parte da equipe paulista, e a liderança argentina severamente contestada pelos melhores fundamentos defensivos dos americanos, fatores que nenhuma prancheta de plantão nas três noitadas os qualificaram. E assim sendo, seguimos os tortuosos caminhos do chega chuta desenfreado, pretensioso e profundamente burro como arma prioritária numa equipe que se arvore em superior, tática, técnica e estrategicamente constituída. A seleção nacional que se cuide, pois já se constitui como realidade a devida e competente contenção das bolinhas de ocasião, ah, e o Flamengo também…
Amém.
Foto – Reprodução da TV. Clique duplamente na mesma para ampliá-la.
Três meses se passaram sem algo por aqui postado, e que sem dúvida alguma não fez a menor diferença, face a mesmice endêmica que se instalou no basquetebol tupiniquim, seja na formação de base e na forma técnico tática de atuar das equipes na elite, padronizada e formatada, seja nas seleções nacionais, onde um sistema único de jogo asfixia de morte o que ainda pouco resta de criatividade e ousadia das últimas gerações, pobres e miseravelmente espoliadas em seu direito de atuar sob a égide de sistemas proprietários de jogo, e não esse pastiche mal ajambrado advindo de uma NBA voltada ao business mercadológico, individualizando o grande jogo, a ponto de praticamente reduzi-lo a embates 1×1 por todo o campo de jogo, lançando por terra o coletivismo inerente aos princípios que o nortearam desde sua criação no final do século 19…
Dias atrás assisti pela ESPN via computador ao sexto e definitivo jogo entre Miami e New York pela NBA, vencido pelo,primeiro, fechando a série por 4×2, merecidamente aliás, claro, dentro da sistêmica maneira de atuar que todas as franquias vêm implantando no mundo, o embate 1×1 por todos os limites da quadra, e o chega e chuta desde o perímetro externo, em quaisquer situações em que se apresente o jogo, num frenesi de correrias e erros primários de fundamentos, que não eram cometidos a poucos anos atrás, conotando uma tendência que fatalmente retroagirá o desenvolvimento harmônico do grande jogo por lá, por aqui e pelos países que seguem cega e colonizadamente a tutela da grande liga americana…
Porém, muitos assuntos vieram à baila nestes três meses de ausência de artigos neste vetusto é teimoso blog, sequer comentados e discutidos, quando à sombra do famigerado, endeusado e mercantilizado “basquete internacional” transmitido aos hecatombicos berros de narradores que, sentem ser este o estilo que levará de volta as quadras o verdadeiro público do grande jogo, em nada ajudados por comentaristas de ocasião, alguns deles mergulhados até o pescoço nas maliciosas malhas de empresas de apostas em jogos desportivos que, muito mais cedo do possamos imaginar, detonarão a imagem do jogo correto e ético do cenário desportivo, lançando a todos num torvelinho de manipulações que, dificilmente poderá vir a ser revertido num prazo aceitável, condenando nosso infeliz basquetebol a descer mais fundo ainda no imenso poço em que se encontra a quase três décadas de descrédito e desastrosa gestão…
E se não bastasse tanto descaso, principalmente no aspecto formativo e técnico tático de todas as equipes filiadas `a LNB, vemos agora desenrolar um processo célere de domínio progressivo de programas de preparo e formação de técnicos, de jovens jogadores, e até, pasmem, de dirigentes e gestores, inclusive com estágios internacionais, com patrocínio geral da NBA, numa apropriação indébita de uma atividade socioesportiva, que em qualquer nação independente, responsável e com a devida vergonha na cara, seria obrigação de seus poderes municipais, estaduais e federal, como parte integrante e indivisível do processo educacional de seus jovens, reserva estratégica que são do país…
Aqui de fora do país, acompanhando in loco o que é planejado e feito por países que levam muito a sério a educação de sua juventude, e ter exercido o magistério em em todas suas etapas, complementando-as com o preciso trabalho na técnica desportiva, vislumbro com maior clareza ainda do que a usual, o quanto de subjugação nos encontramos frente a interesses que, de forma alguma, poderiam alcançar objetivos tão flagrantemente contrários à condução de nossos jovens em sua sacrificado e penosa jornada neste imenso, desigual e injusto país…
Temos alguma saída para tão doloroso impasse? Certamente que sim, e algumas ideias e análises foram intensamente publicadas e discutidas neste humilde blog, ao longo de seus dezoito anos de existência, cujas matérias continuam disponíveis nesta trincheira desde sempre…
O que dizer então do inconteste fato de termos todos os clubes futebolísticos, assim como muitas franquias da LNB, patrocinadas por empresas de apostas, abrindo o perigoso e mais do que provável caminho das manipulações em resultados de jogos e competições, que aliás já vem ocorrendo, cuja tendência é a de se espalhar rápida e seriamente? Dizer o quê, a não ser lamentarmos tão previsíveis possibilidades? Lamentável destino provocado por cabeças pensantes(?) que não estão nem um pouco preocupadas com a educação de um povo tão carente da mesma, oprimido a séculos de seu direito constitucional a uma educação plena e de qualidade cognitiva, emotiva e psicomotora, três dos mais importantes objetivos necessários e alcançáveis por qualquer governo que represente plenamente os anseios de seu povo…
Estamos no limiar das decisões na NBA , e em sua pobre e carente filial, o NBB, onde as enormes e profundas crateras expõe suas diferenças técnicas, táticas, formativas, estratégicas, e principalmente econômicas, sociais e educacionais, que só serão sanadas, diminuídas, se reaprendermos a administrar nossa pobreza funcional e histórica, e nos prepararmos com afinco, plena e paciente dedicação ao objetivo maior, a educação desse sofrido povo, desse imenso, desigual e injusto país.
Amém.
Fotos e reproduções pessoais e da internet. Clique duplamente nas mesmas para ampliá-las.
Me dei um tempo, aliás, um tempão, pois já não estava aguentando tanta mesmice endêmica que assaltou de forma definitiva o grande jogo entre nós. Do último artigo aquipublicado, até hoje, absolutamente nada foi agregado de positivo a esse indigente basquetinho que ora praticamos, a não ser aquele outro simultâneo apresentado de forma coercitiva pelo enxame de estrangeiros aqui aportados, que impõem aos nossos osmóticos estrategistas a primaria lei do fazer o que bem entendem dentro da quadra, onde ate as prestigiadas pranchetas são esnobadas de forma acintosa, pois absolutamente nada do que elas emanam os interessa, ainda mais quando tem carta branca para os cinco abertos e o chega e chuta absurdo, porém faustosamente aceito e agregado por todos eles…
Dentro dessa dolorosa realidade todos eles, principalmente a horda de armadores americanos, argentinos, e um ou outro latino, executam seu rosário de grande conhecimento prático dos fundamentos básicos, principalmente no 1 x 1, regiamente oferecido pelo princípio dos cinco abertos, cumulando com um outro fundamento bem aprendido em suas escolas natais, o dá e segue, e mesmo o bloqueio duplo, ou pinquerol, endeusado por toda a claque circundante de um grande jogo, ora pequeno, exatamente por conta dela. a claque, ignara e analfabeta da alma do basquetebol, que por conta disso está sendo submetido a um pastiche oportunista por essa bem paga horda, que aqui pratica livremente algo que jamais praticariam em seus países de origem, ou mesmo aqueles mais sérios do que o nosso, por onde rodaram em seu périplo de andarilhos profissionais, com uma ressalva porém, os muitos e ótimos armadores argentinos que aqui estão somente pelo peso de reais em muito mais valorizados que seus inflacionados pesos, e que infelizmente para nós retornarao as suas seleções, com ótimas histórias para contar sobre jogo aberto, chutação desenfreada de três, e estrategistas boquirrotos sobre uma arte que simplesmente desconhecem, a não ser aquela inventada em midiáticas e ridículas pranchetas que falam, bem, dizem e afirmam que falam, o que? Bem sabemos, nada, a não ser refletindo o ego descomunal da grande maioria deles, onde as exceções não ultrapassam os dedos de uma das maos…
Franca 76 x 65 Flamengo
(51%) 20/39 2 15/29 (52%)
(45%) 10/22 3 11/38 (29%)
(86%) 6/7 LL 2/5 (40%)
39 R 34
9 E 10
Dentre tantos desastres somente um aspecto realmente me preocupa, e os números acima, da decisão do Super Oito não deixam margem para quaisquer dúvidas, em se tratando de seleção brasileira para o Mundial deste ano, os quais demonstram tacitamente o caminho escolhido pelos atuais gênios que a comandam, do alto de seus vastos e infinitos saberes, onde a convergência entre os arremessos de dois e os de três pontos em muito já foi alcançada, e o sistema de jogo dos cinco abertos já está disseminado até nas categorias formativas, privilegiando o 1 x 1, somente possível ante a catástrofe defensiva de nossos jogadores, assim como a ausência de contestações aos longos arremessos, onde os tocos são festejados por narradores e muitos dos comentaristas embevecidos com tal arte, quando o grande segredo é a alteração de trajetórias e nao o bloqueio, quase sempre faltoso, dos três pontos, que exige técnica aprimorada na transformação da velocidade horizontal em vertical por parte do defensor envolvido na ação, claro, matéria para quem entende, e nao para clientes assíduos do QI corporativo institucionalizado…
Os dois estrategistas nacionais nao terao na selecao a pleiade de bons argentinos.americanos e um mexicano, que independem de seus conceitos de basquetebol moderno para dotá-los de troféus e premiaçoes que os fazem hegemônicos em Pindorama, driblando com maestria e inteligência, passando com discernimento, arremessando com precisao de dois e três pontos, defendendo com firmeza e reboteando com eficiência, e tudo isso tirando partido de um sistema único caduco e inodoro, em que teimamos autofagicamente praticar, pois é o único em que podem tentar transmutar em rabiscos em suas pranchetas, aquelas que falam…
Teremos seríssimos problemas nas próximas janelas ao Mundial, e se passarmos, lá mesmo os teremos em profusão, a começar com a perfeita leitura dos números que apresentamos em nossas principais competições. Quem viver verá, e torço enfaticamente que alguma luzinha, por mais tênue que seja, se acenda lá no finzinho deste imenso túnel, ou buraco em que meteram o grande, grandíssimo jogo entre nós,,,
Amém.
Em tempo – Desejo a Ana Moser, recém empossada Ministra dos Esportes, que se mantenha lúcida como sempre esteve como atleta e jogadora da seleção brasileira, e feroz lutadora pelo desporto nacional de formação em clubes e escolas deste imenso, injusto e desigual país, não dando tréguas ao verdadeiro exército de oportunistas, travestidos de educadores e técnicos, que buscam verbas e meios para implantar verdadeiras armadilhas em nome da educação de nossos jovens, como lutas violentase sanguinolentas de submissão, jogos eletrônicos cujo princípio básico é a aniquilação a tiros de inimigos, hoje virtuais, amanhã, sabemos quais, numa tentativa absurda de insuflar princípios que em nada somam a educação plena e democrática de nossos jovens, reserva e futuro do país. PM.
E o mais impactante, temos agora apostas pagas no NBB, inclusive sendo co-patrocinado por uma das empresas envolvidas. Não dou nem muito tempo para termos resultados de jogos manipulados pela jogatina, afinal temos precioso norrau em matéria de apostas. Educação atraves o desporto é isso aí, ou não?
Num determinado momento do último quarto do jogo, técnico e assistente se entreolharam sorrindo, com o júbilo transparente nos olhares, pois enfim, atingiam o orgástico prana de suas convicções sobre e para o grande jogo, que dali para diante, não seria mais o mesmo neste imenso, desigual, e injusto país, pois acabavam de provar sua exequibilidade tática e estratégica, sobre uma forte seleção (porém ausente) em sua própria casa…
Os números finais não podem deixar ou originar dúvidas, ei-los –
Brasil 102 x 56 Mexico
(83,3) 15/18 2 15/43 (34.8)
(50.0) 20/40 3 5/25 (20.0)
(75.0) 12/16 LL 11/15 (73.3)
44 R 30
13 E 8
Na somatória das duas equipes obtiveram-
Nos dois pontos – 30/61
Nos tres pontos – 25/65
Nos lances livres – 23/31
Nos erros – 21
É a provada redenção de um princípio, creem agora dogmático seus executores, que tentam a final escalada desde a era Oscar, na busca do easy basketball, aquele em que dribles, fintas com e sem a bola, passes críticos, bloqueios e cortam luzes, técnicas defensivas cedem seus perdulários espaços ao chega e chuta minimalista, aquele, que segundo essa inculta malta, analfabeta funcional, mudará o jogo, pelo menos entre nós. Ledo engano, pois nos anos sessenta uma outra equipe já o praticava entre nós, o Praia de Uberlândia, que arremessava ao transpor o meio da quadra, e numa época em que a linha de três pontos sequer era cogitada…
Os americanos mergulharam de cabeça seguindo o momento Curry, os europeus nem tanto, porém os asiáticos e pacíficos aderiram de primeira, todos motivados pela indefinição lógica, marcar prioritariamente fora ou dentro do perímetro, com ou sem coberturas, zona ou individual, todas opções que deixam rastros, vazios, indecisões. Porém, perfeitamente contornáveis, mas extremamente trabalhosas nos treinos, nas contendas, nas pequenas, medias e grandes competições, daí o caminho mais factível, o chega e chuta…
Olhem e analisem bem estes dois gráficos, e tentem, com um mínimo de bom senso, aceitar que uma seleção nacional vença a uma outra arremessando 15/18 nos dois pontos e 20/40 nos três. contra 15/43 e 5/25 respectivamente numa partida inteira. Que seleção mexicana é essa que cede os espaços externos, contestatórios, deixando-os absurdamente livres, originando a mais absoluta certeza brasileira de que se todos os seus jogadores arremessassem de fora as bolas caíriam, que foi o que aconteceu com onze deles, que seriam doze, pois o Lucas Dias (logo ele…) não atuou…
Os mexicanos bem que tentaram acompanhar a festança, num 15/43 de dois pontos e 5/25 de três, rigorosamente contestados, porém estendendo o tapete vermelho no contorno externo, exequibilizando o butim, e o mais preocupante, firmando a certeza de que nossa seleção tenha encontrado o velocino de ouro supremo, por contar com doze aspirantes a Curry, ou Oscar, não importando o quem é quem nessa equação difícil de digerir, aquela que desconsidera a arte defensiva do adversário, porém minimamente acreditando em sua própria, mais por vontade, não por técnica fundamental…
São pequenas realidades que não serão encontradas num mundial, numa olimpíada, possuindo ou não doze chutadores de fora, pois bastariam dois ou três especialistas numa equipe com altos índices defensivos e contestatórios para nos vencer, e elas existem, e logo logo as encontraremos…
Da próxima vez que sorrirem ante o milagre (?) dos doze que chegam e chutam, tentem cair na realidade de que do lado de lá possa acontecer um outro milagre, o dos doze que sabem e dominam os caminhos individuais e coletivos da defesa, a arte primal do grande, grandíssimo jogo que dispensam solenemente giocondos sorrisos, daqueles que ouviram o galo cantar e se encontram de bússola na mão tentando encontrá-lo…
Muitos e muitos acreditam neles e seus sorrisos, infelizmente, por força da dura labuta, dos estudos sem fim, e da pedregosa estrada ainda a ser percorrida, sincera e honestamente não acredito. Direito auto concedido aos 83 anos (14/11/1939), e aqui autenticado no Basquete Brasil desde 4/9/2004…
Amém.
Fotos – Reproduções da TV e arquivo próprio. Clique duplamente nas mesmas para ampliá-las.
Pouco ou nada tenho escrito sobre basquetebol, principalmente este do NBB, pois, ao se manter sob uma mesmice técnico tática endêmica, absoluta e teimosamente sufragada por técnicos, jogadores, dirigentes, agentes e mídia, sob a égide de um discutível `”basquete moderno”, onde todas as equipes praticam um mesmo sistema de jogo, é de se esperar que a seleção nacional assim também atue, espelhando fidedignamente o que vem praticando desde sempre nas competições nacionais dos últimos vinte e poucos anos, onde a chutação de três pontos, as majestosas enterradas e os monstruosos tocos passaram a definí-lo como o vencedor objetivo a ser alcançado no cenário internacional, tristemente perdido por uma modalidade desportiva que alcançou a quarta posição entre as nações no século vinte, segundo classificação da FIBA…
Tenho lutado intransigentemente contra esse desmando, principalmente nos últimos dezoito anos de existência deste blog, o Basquete Brasil, hoje alocado logotipo da CBB e recentemente apondo seu nome ao IBB, Instituto Basquete Brasil, remendo da prematuramente falecida ENTB, Escola Nacional de Treinadores de Basquetebol, liquefeita pelo mesmo, mesmíssimo grupo que agora se empodera no IBB, nome por nome, e que bem sei, por larguíssima experiência que não irá muito longe, ainda mais quando se manterá professando o desmando rei, o sistema único, formatado e padronizado para todas as divisões masculinas e femininas, nas áreas municipais, estaduais e nacionais, como dogma absoluto, descerebrado e profundamente destituído de criatividade, e improviso consciente, haja vista o progressivo e asfixiante encordoamento de jogadores manipulados como marionetes, por todo o tempo em quadra, por técnicos/estrelas, ou estrelados, entocados por trás de pranchetas, verdadeiros biombos que os separam de atônitos e muitas vezes incautos jogadores, todos reféns de uma falácia disfarçada de estratégia máxima do grande jogo, aquele que deveria sê-lo, e nao esse pastiche que aí está cercado de ufanismo e ignorância sobre o que ele representa de verdade. Pretendem formar e graduar técnicos por todo o país, tendo ao lado um CREF que não possui qualificações acadêmicas para tal objetivo, pois trata-se de um orgão voltado exclusivamente ao controle ético e funcional dos denominados profissionais de educação física, e mais os milhares de leigos provisionados em cursos de infima duração por todo o país, nada tendo a ver com as licenciaturas e bacharelados obtidos nas universidades reconhecidas pelo MEC em seus cursos superiores de educação física e desportos. Pretender formar técnicos desportivos é função inconstitucional, já que, como cursos superiores pertencem as universidades. Provisionar leigos não acredito ser a forma mais recomendável de didático pedagogicamente implementar o desporto junto aos mais jovens, função para frofessores de verdade…
Os reflexos de tanta insânia se desnudam nas grandes competições, como o torneio de classificação para o mundial masculino, onde a seleção já amargou três derrotas (Porto Rico, México e Colômbia), vencendo uma piada de seleção americana, composta por jogadores desligados das franquias da NBA, e participantes de sua D League, assim como os jogadores brasileiros que são enviados para a matriz como prospectos da mais alta qualidade, num ledo e constrangedor engano, de todos aqueles que se se acham vastos conhecedores do basquete NBA, quando sequer conhecem o do NBB, do país em que professam sua vasta sabedoria…
Vamos aos fatos deste último jogo com os americanos meia, e põe meia boca nisso, e que explica com a maior clareza o imenso óbice em que se encontra o nosso judiado e marginalizado basquetebol. comecemos com alguns números estatísticos
– Brasil 58 x 34 USA (Dados do primeiro tempo)
(69.5) 16/23 2 11/24 (45.8)
(37.5) 3/8 3 2/13 (15.3)
(85.0) 17/20 LL 6/8 (45.0)
21 R 15
4 E 6
Brasil 36 x 45 USA (Dados do segundo tempo)
(50.0) 7/14 2 13/24 (54.1)
(43.7) 7/16 3 5/13 (38.4)
(59.0) 1/2 LL 4/7 (57.1)
19 R 17
8 E 2
Brasil 94 x 79 USA (dados finais)
(62.1) 23/37 2 24/48 (50.0)
(41.6) 10/24 3 7/26 (26.9)
(81.8) 18/22 LL 10/15 (66.6)
40 R 32
12 E 8
No primeiro tempo a equipe brasileira, que sempre atuou com dois armadores (o Benite é um armador de raiz, e bissexto nas bolas de três, nunca uma ala), jogou com seus homens altos, com bom percentual de arremessos de média e curta distâncias (69.5%), numa movimentação intensa, principalmente dentro do perímetro. Arremessou somente oito bolas de três (37.5%), e faturou muitos lances livres (85.0%), deixando defensores americanos pendurados com faltas. Por conta da má pontaria de fora dos americanos (15.3%), bem contestados defensivamente, e pegando 21 rebotes contra 15, pode a seleção nacional terminar os dois períodos iniciais com 24 pontos de diferença, alcançada de 2 em 2 e 1 em 1 pontos, metodicamente…
Nos dois períodos finais, a síndrome longamente implantada no cerne do nosso basquetebol se fez presente, quando arremessamos mais bolas de três do que de dois (a famigerada e já endêmica convergência), e como paramos de jogar dentro do perímetro, arremessamos somente dois lances livres, enquanto a trôpega equipe americana inverteu o papel estabelecido pela nossa seleção, em todos os aspectos do jogo, inclusive seus números, como atesta a segunda tabela acima, ou seja, perdemos esses quartos por 9 pontos, não suficientes para dirimir a vantagem de 24 pontos alcançada no primeiro tempo. São números preocupantes, pois enfrentaremos mais adiante equipes bem mais estruturadas que essa remendada seleção americana , que rotaciona seus jogadores, não somente durante os jogos, e sim em sua convocação que varia conforme as disponibilidades de seus jogadores. Como provavelmente se classificarão, possivelmente poderão contar com alguns jogadores mais graduados da NBA para o Mundial, melhorando significativamente a parte técnica e estrutural da equipe, colocando-a como forte candidata ao título…
No próximo jogo contra a boa equipe mexicana, num duelo decisivo para a classificação, teremos boas chances se jogarmos como o fizemos no primeiro tempo da partida contra os americanos, que foi uma mudança técnico tática com excelente resultado, comprometida pela volta ao rame rame que nos têm contemplado com o pior dos mundos, aquele onde a mesmice endêmica, a nulidade criativa, e a ausência da improvisação consciente, marca indelével do coletivismo inter pares, alcançado no duro e minucioso treino, e não no improviso chutador grafado em pranchetas, aquelas que muitos afirmam que falam, mas que garanto serem descerebradas como os que a manejam midiaticamente. Uma grande equipe é formada e forjada no treino, jamais em convescotes, malabarismos e estrelismos de beira de quadra, quadra essa de plena propriedade de jogadores bem iniciados, bem formados, melhor ainda, treinados e acima de tudo proprietários de sistemas diferenciados de jogo, e não repetidores imbecilizados de conceitos equivocados, formulados e impostos de fora para dentro da quadra, impunemente…
Espero que o bom senso baixe por sobre a seleção nesta segunda-feira, senão…
Amém
Fotos – Reproduções da TV. Clique duplamente nas mesmas para ampliá-las.
Tenho um leitor (ou serão leitores…) que sempre acessa específicos artigos sobre formação de base, antigos e novos (e olhem que são dezoito anos de blog com mais de 1650 artigos publicados), pertinentes a realidade em que patina o grande jogo entre nós, nos quais extensos debates são estabelecidos com retidão, conhecimento, ética, e acima de tudo, amor ao basquetebol, o grande jogo. Reproduzo alguns, sugerindo que os leiam, pensem e reflitam a respeito, e se possível deem seguimento aos mesmos, pois refletem com a mais absoluta precisão o trágico momento que atravessa o grande jogo entre nós. Clicando em algumas palavras em negrito, outros textos correlatos são expostos a análise mais profunda de tão instigante assunto…
PS – No levantamento dos artigos publicados, tenho acesso às estatísticas dos assuntos pesquisados, onde são somente mencionados os números de buscas realizadas, sem menção de nomes, o que não caracteriza anonimato, por não se tratar de comentários, vetados no blog sem a responsabilidade nominal de quem os endereçam. PM.
Se interessados num real e claro retrato de nosso basquetebol formativo, aí estão os artigos, e principalmente, os comentários a eles agregados, como um testemunho crítico e objetivo de como se encontra o nosso maltratado e vilipendiado basquetebol.
Assisto ao jogo, me concentro, mas não acredito no que vejo. Saio da sala, vou até a cozinha, pego um café, e volto. Continuo não acreditando, mas persisto teimoso que sempre fui, e se comecei a ver, penso ir até o fim. De repente acordo (foi um cochilo de uns 30-40 segundos), como se o corpo e a mente tivessem reagido ao que testemunhavam, se protegendo de algo inenarrável, e pelo mais absoluto respeito que ainda mantenho pelo grande jogo desligo a TV e volto à minha leitura interrompida, jurando me calar, e até esquecer tão absurdo espetáculo, principalmente por se tratar da partida inaugural de uma Liga adulta.
Abro hoje os sites de basquete, e leio o artigo do Fábio Balassiano no Bala na Cesta, que publica tudo aquilo que me revoltou, e até certo ponto me envergonhou, travando a vontade imensa de extravasar um sentimento de tristeza ante tanta pobreza técnica e de fundamentos, principalmente estes. Mas o Fabio foi lapidar e cirúrgico em sua crítica, a qual não aporia uma vírgula sequer, pois refletiu em toda sua dimensão “a quantas andam o nosso outrora brilhante basquete feminino”.
É inadmissível que jogadoras adultas confundam desenfreadas corridas com basquete, tropeçando na bola, ultrapassando-a em várias ocasiões, que não dominem o drible, mesmo usando somente a mão natural, que não saibam arremessar, de longe, muito menos de perto, que não saibam se deslocar defensivamente, e o pior de tudo, que não dominem, nem de longe, a arte de passar a bola. E perante tanta falta de habilidades individuais, como ousam os técnicos exigir jogadas e sistemas sem que as jogadoras sequer saibam dominar uma bola?
O que falta para ensinar fundamentos a todas elas, igual, democrática e tecnicamente confrontadas, nivelando-as perante a necessidade grupal de que sem os mesmos nada conseguirão ou atingirão de realmente prático nos sistemas e jogadas que são instadas a praticar? Será que seus técnicos só conhecem sistemas, jogadas e chaves, se auto conotando como “estrategistas”, deixando de lado o verdadeiro objetivo do jogo, o domínio de seus fundamentos? Como exigir continuidade e fluidez tática se as jogadoras sequer sabem executar um drible, uma finta e um passe com um mínimo de precisão? Como?
Assim como o jovem articulista, também me sinto preocupado no mais alto nível, aquele que me trouxe à sétima década de vida, cinco delas dedicadas à educação e ao basquetebol, respeitando por todo esse longo tempo o grande principio que o tornou universal, o histórico conceito que o desenvolveu e sedimentou, o de ser exequibilizado e jogado através o pleno domínio de seus fundamentos.
Espero que todos aqueles envolvidos no preparo e treinamento de jogadores, sejam de que divisões, sexo, faixas etárias, estaturas e pesos forem, se conscientizem disso, como plataforma segura para o soerguimento do grande jogo.
· Pra ser bem sucinto, Professor… Muita gente nessa LBF quer viver DO basquete, mas poucos vivem PARA o basquete… Abraços!
Basquete Brasil
12.12.2011
·
E mais sucinto ainda, Victor…Concordo. Um abraço.
Henrique Lima
12.12.2011
·
Professor Paulo, se a Seleção Feminina tem um nível baixíssimo, o que esperar do nacional feminino ? Imagino então como é na base, se o apresentado aí, é a elite do que temos. Um abraço
Basquete Brasil
12.12.2011
· Mas o que impressiona sobremaneira, são as diligentes e enérgicas intervenções dos técnicos em torno das jogadas, das táticas, jamais sobre os fundamentos, como que partissem da premissa de que os mesmos estão sob o domínio das jogadoras, quando na fria realidade dos fatos, elas nem de uma forma rudimentar os controlam, sequer dominam. O jogo então se desenrola numa velocidade assustadora, onde os erros se duplicam, triplicam, numa frequencia demolidora. E pensar que tanto talento e juventude estejam sendo desperdiçados por omissão e desconhecimento. Lamentável. Um abraço Henrique, Paulo.
Fernando Ribeiro
14.12.2011
·Acredito que tenha visto o jogo errado, São josé jogou muito bem para uma equipe que começou a treinar a menos de duas semanas queria assistir uma partida delas.
Basquete Brasil
14.12.2011
· Não, prezado Fernando, assisti o jogo inaugural da Liga entre duas das mais tradicionais e vitoriosas equipes que a ela pertencem. Também assisti outro que não comentei porque nada tinha a escrever de diferente do primeiro, e fico aguardando a oportunidade de assistir um jogo do S.José logo que seja veiculado pela TV, duvidando que seja diferente dos demais. Um abraço, Paulo Murilo.
ANTONIO CARLOS VENDRAMINI
14.12.2011
·PROFESSOR,TENHO QUATRO DÉCADAS DEDICADAS AO BASQUETE E COMO O SR.,SENTI A MESMA TRISTEZA AO ASSISTIR A ABERTURA DA LBF. AS MATÉRIAS DO BASQUETE BRASIL SÃO ÓTIMAS.PARABÉNS UM ABRAÇO,PROF.VENDRAMINI.
Basquete Brasil
14.12.2011
· Prezado Vendramini, você com quatro, eu com cinco décadas voltadas ao ensino do grande jogo, ou seja, “velhos e ultrapassados”, frente a uma juventude que acredita piamente que o basquete nasceu com a vinda deles ao mundo, esquecendo os idos de 1892 em Springfield, e sua base sedimentada nos fundamentos, sem os quais sistema nenhum de jogo se torna minimamente exequivel. Os resultados aí estão, escancarados, indesculpáveis, fruto de uma tendência absurda voltada às formatações e padronizações técnico táticas, que destinam a um mesmo tacho o que poderia, e deveria ser sua negação, frente à criatividade e ao livre pensar e ler o jogo, que são fatores somente alcançáveis através o pleno domínio dos fundamentos, principalmente por parte de quem os estudam, pesquisam e ensinam. Fico feliz e honrado com sua presença aqui nesta humilde trincheira, valorizando-a sobremaneira. Obrigado, e um abraço. Paulo Murilo.
Cleverson
15.12.2011
· Pois é Professor. E como uma criança ou um adolescente vai se interessar em assistir um jogo com um nível assim? Quem vai querer ir a um ginásio assistir um jogo desses? Basquetebol na televisão só em canais fechados e será que esse produto, da forma que está, se apresenta de uma maneira interessante para a emissora que o transmite? Assisti a um jogo, se não me engano foi do paulista feminino, que o primeiro quarto terminou 12×8. Muitos erros de passe, finalização, enfim, feio mesmo. Meu pai, irmã e cunhado me pressionaram tanto para mudar de canal que acabei cedendo. Eles queriam assistir futebol de areia. Perdendo espaço para outros esportes, sem grandes jogadores para as crianças se espelharem, cada vez menos crianças praticando (pelo menos na minha cidade). Vai ser uma luta árdua Professor! Um abraço.
Basquete Brasil
15.12.2011
· Apesar de tudo, prezado Cleverson, temos de continuar insistindo, estudando, ensinando, debatendo, e acima de tudo, nos indignando, sempre e sempre, pois um mal não pode permanecer ativo por todo o tempo, aos poucos irá cedendo pela força do conhecimento, do árduo trabalho, enfim, pelo restabelecimento do bom senso. Temos de ir em frente, até quando pudermos. Um abraço, Paulo Murilo. PS- Seus artigos estarão seguindo na próxima semana. Desculpe a demora. PM.
Cleverson
20.12.2011
Um outro detalhe Professor que eu penso ter uma enorme influência na formação dos novos jogadores é a utilização de estagiários sem supervisão nas categorias de base principalmente por ser mão de obra barata? (claro que não é só isso). Eu por exemplo assumi uma escolinha no meu primeiro ano de faculdade e a única pergunta que me foi feita na entrevista para o estágio foi se eu conseguiria reproduzir os exercícios dos treinamentos para as crianças. Permaneci na escolinha por 4 anos sem ninguém me pedir um plano de aula ou virem assistir uma aula minha. A iniciação esportiva por ser um momento chave na formação do atleta deveria ser vista de uma outra forma. Acredito que um Professor com maior experiência deveria cuidar da base ou, pelo menos, acompanhar de perto a atuação do estagiário, orientando e exigindo aulas fundamentadas. Eu não sabia praticamente nada sobre o desenvolvimento da criança, sobre aprendizagem, emocional, socialização, me preocupava somente com os exercícios nessa época. Com uma boa formação de base esses erros grosseiros de fundamentos seriam bem menores. Para se trabalhar com crianças é preciso ter conhecimento e experiência. Acredito que esse seria um grande passo para a mudança. Um abraço.Cleverson.
Basquete Brasil
22.12.2011
Inicialmente Cleverson, eram os jogadores mais carentes financeiramente que assumiam a formação, atitude que reduzia os custos em contratações de técnicos por parte dos clubes, e que aos poucos, com o aumento no número de escolas de educação fisica no país, foram sendo substituídos pelos notórios estagiários, a um preço ínfimo, se comparado ao de um competente e experiente professor.As grandes holdings de academias também se utilizam desse estratagema, substituindo os formandos por outros estagiários, numa espiral exploratória que mantêm seus lucros à salvo de reivindicações salariais e vinculações trabalhistas. Por tudo isso, a formação de base vem carecendo de estrutura e embasamento técnico e pedagógico desde sempre, culminando no que testemunhamos hoje, a mais completa ausência de formação de base no que se refere aos fundamentos do jogo. Essa é a realidade. Talvez, com o incremento do basquetebol e demais modalidades na grade curricular das escolas, onde a figura do professor está presente, esse hiato seja atenuado, ainda mais se uma política nacional dos esportes subvencionar tal projeto. Fora disso, Cleverson, pouco se pode esperar para o futuro. Um abraço, Paulo.
· Professor, estou um pouco afastado dos comentários, mas não da leitura. Por anos acompanho a luta incansável pelo soerguimento do basquete no Brasil através de excelentes artigos publicados aqui no blog. No masculino as coisas são difíceis… imagine como é no feminino…fazer base no feminino ainda nem se fale… trabalhamos muito duro, muito mesmo para fazer o mínimo… as meninas não tem expectativa nenhuma… porque e para que se dedicar ao basquete? Como fazer com que as meninas trabalhem forte? Como competir com as baladas, com a internet e com a desconfiança dos pais de que “jogar bola não leva a nada”? Não conseguimos nem vincular a educação ao esporte? As críticas são sempre duras e mais pesadas… mas corretas… porém ferem a quem se doa ao máximo e não consegue respaldo, apoio, credibilidade… se o basquete feminino de São Paulo está nessas condições imagine o resto do Brasil? Imagine no interior de Minas? Precisamos de ajuda professor!! Precisamos de ajuda! Queremos ter excelentes meninas praticando o fino do basquete… mas precisamos de ajuda professor! Sugestões?! desculpe o desabafo e abraço professor!
Meus Deuses, o blog completou dezoito anos de existência no dia 11 do mês passado, e nada publiquei, erro imperdoável, segundo o crítico amigo de sempre, a quem me penitencio, por sua canina cobrança e zêlo por esse humilde e democrático instrumento de consulta e debate pelo grande jogo, neste imenso, desigual e injusto país. E aqui de Florianópolis, onde visito meu filho André, basqueteiro de raiz, publico esse artigo comemorativo(?).
E começo tentando complementar o último artigo publicado, que merecia uma conclusão mais enfática, frente ao resultado alcançado por nossa seleção, numa derrota previsível, por conta de uma realidade que nos acompanha a três décadas, que em tempo algum mereceu uma abordagem técnico/tática por parte dos mandatários do grande jogo no país, mais preocupados com a cartelização grupal, mantenedora de seus nichos majoritariamente políticos, e minimamente desportivos, se é que existem…
Perdemos uma decisão, frente a uma lógica irreparável, pois teimamos em nos manter aferrados ao sistema único de jogo, em concomitância a uma aberração nominada de Uma nova Filosofia de Jogo, onde o Chega e Chuta das bolinhas de três, foi implantado em nossa forma de jogar, desde a formação de base até as seleções municipais, estaduais e nacionais. O resultado da Copa América, espelha com fidedignidade essa terrível realidade, na qual a corriqueira desculpa dos Detalhes, corrobora com sobras o pavoroso limbo em que nos encontramos na cena internacional do grande jogo…
Neste jogo em particular, ficaram provadas duas situações bem diferentes, quando tratamos de formação de base, treinamento formal, sistemas de jogo e estratégia para grandes competições, numa escala de valores progressiva e de cunho didático pedagógico exigente e altamente profissional, agregando valores e conhecimentos pelo mérito, e nunca pela recomendação político interesseira. Diferimos do basquetebol argentino e mundial, exatamente pelos fatores acima mencionados, pois ainda professamos o apadrinhamento corporativista na escolha da maioria de nossos técnicos, a partir mesmo das divisões de base, e declaradamente nas divisões superiores, com seleções inclusas…
Logo, os resultados de cunho internacional, refletem uma realidade irretocável de como jogamos o grande jogo, e essa decisão, mais do que qualquer outro argumento que se deseje mencionar, demonstrou com sobras o quanto e como vimos praticando a modalidade desde as últimas três décadas. Deduzimos que chutação de três é a porta de entrada para as grandes competições, que a velocidade extremada, da defesa para o ataque, e o acúmulo de preparo fisioterápico são os esteios do propalado Basquete Moderno, esquecendo e até omitindo a fundamentação básica na formação e manutenção de todos os jogadores, fatores que minimizados os tornam incapazes de executar sistemas de jogo, sejam eles quais forem, sintetizar e assimilar e sequer visualizar informações, geralmente advindas de pranchetas incompreensíveis, que na esmagadora maioria das vezes se apresentam herméticas, e muito distantes da realidade dos treinos, onde as verdades do jogo são equacionadas, analisadas, discutidas e finalmente aceitas por todos, igual e democraticamente aceitas, e porconseguinte levadas a prática…
Concluindo, perdemos no momento da verdade, o último minuto do jogo, porque arremessamos as duas últimas bolas, coerentes ao que nos foi implantado por uma corriola que age e pensa saber tudo do grande jogo, com bolinhas fantásticas, geniais, de três, enquanto os argentinas, no mesmo tempo final de jogo, matou nossas pretensões com duas simplórias, porém definitivas bandejas de dois pontos, articuladas por dois excelentes armadores, e concluídas por dois de seus alas pivôs, optando por arremessos de alta confiabilidade e reconhecida precisão, concluindo no ápice sua forte formação de base, sua meticulosa preparação de professores e técnicos do grande jogo, enquanto nosotros embarcamos na Filosofia do Basquete Moderno, do Chega e Chuta irresponsável, na escolha política de técnicos despreparados, porém absolutamente crentes de serem os melhores do mundo, ladeando, incentivando e obrigando jogadores que também se acham os arquétipos da era definitiva das bolinhas de três. Infelizmente, duas bandejas (movimentos menores, se comparados as portentosas bolinhas) derrubaram tão tristes e irresponsáveis falácias…
Será que algum dia despertemos deste abissal pesadelo?
Amém.
Fotos- Reproduçoes da TV e arquivo pessoal. Clique duplamente nas mesmas para ampliá-las.