O RACHÃO…
Certamente se torna muito difícil analisar uma partida de basquetebol, quando ao final da mesma a diferença ultrapassa os 50 pontos, e o incrível, entre duas seleções nacionais. Ainda recordamos o recorde de pontuação infringido ao Vitoria pelo Flamengo, no último NBB3, em 54 pontos, como algo imponderável, e agora, 56 da seleção esmagando o México. Em ambos, um basquete unilateral, e obviamente fictício.
Logo, gastos com passagens, hotéis, alimentação, arbitragem, pessoal de apoio e manutenção de um ginásio, em absolutamente nada soma ou contribui para uma diagnose precisa do atual momento de uma seleção às vésperas de um pré olímpico fundamental, e nem mesmo se apresenta como um campo fértil de observação para a efetuação dos cortes finais na equipe.
Na verdade, nosso competente técnico se encontra perante um enigma, que pode ser explicitado na seguinte premissa, a indefinição Spliter, fora de atividade prática desde o término da temporada americana, ausente de todo o treinamento até agora realizado, e “ligeiramente” indefinido para o quadrangular de Foz do Iguaçu, quiçá a grande competição em Mar Del Plata ( seria o álibi definitivo e providencial…).
Se observarmos a pelada (desculpem, quis dizer “rachão”…) de hoje, toda a supremacia da equipe, exemplificada nos 35 x 5 do terceiro quarto, se fundamentou numa forte defesa interior ( atenção ao quase certo jogo exterior dos caribenhos, ainda uma falha nossa gritante …), onde pesados pivôs não encontraram dificuldades ante a fragilíssima ofensiva azteca, distribuindo passes médios e longos aos velozes alas e armadores nacionais, em contra ataques indefensáveis, mas somente um dos grandões os acompanhavam, o Rafael. Se for esta a estratégia do Magnano, que vem de encontro a uma nossa tradicional característica, o apoio de um pivô nas velozes conclusões ofensivas só se fará presente através o Rafael e o Spliter, já que os demais são lentos e pesados demais. Agora imaginem o impacto ocasionado por uma possível ausência do Spliter? E como foi infeliz a opção de escolha da turma de peso radicada na pátria das paellas, quando aqui mesmo pivôs velozes e elásticos, como o Teichmann, o Morro, o Estevan, bem melhores tecnicamente do que os convocados, principalmente pela opção de jogo agora esboçada, bem contrária à “de choque” inicial? Ou ainda teimaremos na idéia de que peso, corpulência e cara feia por si só garantem garrafão, na defesa e no ataque? Ainda mais saindo um palmo do chão, numa clara predisposição aos rebotes pela ocupação horizontal de espaços, onde DPJ`s e arremessos de três, que fatalmente serão utilizados contra nós, os manterão à distância daquelas ofensivas?
Em Foz do Iguaçu, mesmo que ainda escamoteadas, as equipes terão de fechar suas opções, pois na semana seguinte os confrontos serão para valer, sem retornos e desculpas. O Magnano que é sagaz e muito inteligente se verá frente a duas opções, um time com um Spliter meia bomba, ou um sem bomba nenhuma. Com ele, um Rafael de apoio ou rodízio, sem ele, só o Rafael. E neste caso, o jogo ficará mais moroso, cadenciado, acadêmico, pois deslocar tonelagem pela quadra se tornará lugar comum, e o jogo exterior cairá no colo dos cardeais e sua artilharia infernal…se as ‘bolinhas” caírem…
Ter um time nas mãos quando em treinamento passível de cortes, é uma situação. Outra, é quando a bola subir para a viagem sem volta, para constatarmos se realmente o controle será exercido em toda sua dimensão.
Torço para que o grupo tenha realmente aceito e comprado a estratégia de preparo e jogo do bom argentino e sua liderança de grife, pois em caso contrário, bem, 2016 está logo ali…e garantido.
Um último e significativo aspecto – Os rasgados elogios à forma de jogar no terceiro quarto, feitos pelo Magnano à equipe, numa clara manifestação de que o academicismo campeão olímpico, aqui no nosso caso, ficou bem para trás. Coisas do grande jogo.
Amém.