SIMPLESMENTE LAMENTÁVEL…
Para que falar em números, percentagens, coeficientes de produção, análises técnicas ou táticas, se o que assisti pesaroso pela TV se constituiu numa sólida barreira entre o que considero um bem desenvolvido jogo e um pastiche do mesmo? Então, comentar o que, para que, se tudo que for dito cairá no vácuo da mais profunda indiferença daqueles que se apoderaram do grande jogo em nosso país, manipulando e dirigindo-o ao seu bel prazer, de encontro ao nada, o absolutamente nada?…
No entanto, se olharmos atentamente aquele grupo de jovens e algumas veteranas, veremos que algum e escamoteado talento ali está depositado, sutilmente velado aos olhos menos experientes, mas lá está, como que na espera de ser resgatado conveniente e competentemente por quem conhece realmente o grande jogo, em suas minúcias e detalhamento, condições essenciais para que provoque o desabrochar encoberto, porém talentoso daquelas desamparadas técnica e taticamente jogadoras, desde as muito jovens, até as veteranas, todas, merecedoras de um planejamento decente e responsável que as resgatem da mixórdia a que estão sujeitadas…
Inadmissível a forma técnica e tática que apresentam depois de meses de treinamento, ai inclusos jogos internacionais de preparo, que ante o que estamos vendo, de nada resultaram, pois o grande óbice não é a ausência quantitativa de trabalho, mas sim a qualidade e excelência do mesmo, absoluitamente ausente de conteúdo e conhecimento profundo do que ensinar, e o mais importante e estratégico, como ensinar, que são exigências primárias na consecução do mais simples, ao mais complexo dos planejamentos de trabalho…
Ensinar, eis a questão, pois ter conhecimento superficial de alguns objetivos a ser alcançados, de forma alguma qualifica aqueles que não possuem o preparo adequado e o sólido conhecimento, talhado na longa experiência e vivência naquela arte, sim, uma transcendental arte, a de ensinar…
Ao vermos essas jogadoras na quadra, constatamos com pesar o quanto de talento desperdiçado, o quanto de ausência de conteúdo técnico, de compreensão tática, enfim, de leitura de jogo, que as tornam incapazes de resistir a adversárias mais preparadas nestes pormenores do jogo, ferindo-as de morte, pela ausência no domínio do instrumental básico, seus fundamentos, seus desconhecidos e negligenciados fundamentos, o que se constitui numa covardia inominável, pela ausência e pela negação ao seu pleno e competente conhecimento…
E essa evidência me faz conjecturar ser tal conhecimento também ausente em seus líderes, ou mesmo naqueles que planejam e administram os projetos técnicos, pois salta aos olhos a inabilidade daqueles batalhões de áspones que cercam as seleções de base do país, todos voltados às suas equivocadas ideias de “pesquisa”, tomando como cobaias algumas gerações já perdidas, e outras que fatalmente se perderão ao sabor de quimeras, ou mesmo má fé…
Enfim, ou saltamos essa dolorosa e angustiante etapa do “vamo que vamo” implantada em nome de ações entre amigos, leiloando territórios de influências, algumas vitalicias, ou pereceremos nesse poço sem fim da mediocridade e mesmice endêmica em que nos encontramos, não só para 2016, como para mais algumas décadas posteriores. Urge uma vascularização em regra, onde o mérito tem de ser implantado, pois com o que aí está não chegaremos a lugar algum, desculpem, sabemos todos onde chegaremos, se é que já não chegamos…
Amém.
Foto – Reprodução da TV.