O PAVOROSO TAPETE…

Brasil  77 x  53  Chile

        69% 22/32    2    15/38 39%

        25%   9/36    3      5/22  23%

        46%   6/13   LL     8/16  50%

                     53    R       31

                     15    E       11

            Brasil  81 x  55  Chile

         60% 18/30   2   15/35 42,8%

         41,3%12/29 3     4/22 18,1%

         60%     9/15 LL  13/16 81,2%

                      41    R     26

                        9    E     13

 Tabulando o Brasil nas duas partidas, obtemos:

          Arremessos de 2  – 40/62   64,5%

          Arremessos de 3  – 21/65   32,3%

          Lances Livres       – 15/28   53,5%

          Erros de fund.      –  24        12pj

Que convenhamos, são números muito fracos para uma seleção brasileira adulta, com jogadores atuando regularmente aqui e no exterior, finalizando a cesta mediocremente no fundamento definidor dos jogos, contra uma equipe fraca defensivamente no perímetro externo, e razoável no interno, sendo um fator a ser seriamente encarado para as próximas competições, assim como, uma repaginação completa em nossa forma de jogar, e para tanto, sugiro fortemente o robustecimento do jogo interno, ampliando o recebimento dos passes em movimento por parte dos bons e promissores alas pivôs, cruzando-se continuamente, obrigando o constante deslocamento dos defensores mais altos, originando espaços, que mesmo pequenos, se criarão na cozinha dos adversários, sendo constantemente abastecidos pelos dois armadores com passes incisivos, e não os de contorno, com figurações em oito que além de inócuas, consomem segundos preciosos em cada ataque, e evitando ao máximo a ida dos pivôs para fora do perímetro visando bloqueios, que podem perfeitamente ser exercidos pelos dois armadores, se forem os mais altos em quadra naqueles momentos, mantendo a trinca gigante, veloz e flexível no cerne defensivo, garantindo rebotes e segundas tentativas, provocando as faltas dos defensores pela ativa movimentação interna, para de 2 em 2 e 1 em 1, através arremessos curtos e médios, mais seguros e eficientes, estabelecer pacientemente o comando do placar, deixando os longos arremessos como uma opção pontual, e não principal da equipe, por força da indiscutível imprecisão dos mesmos, como atestam os números acima tabulados, e que aumentarão na proporção direta ao enfrentamento contestatório quando duelarem com equipes europeias, americanas e nuestros hermanos…

Uma equipe agindo dessa forma, otimiza cada ataque pelo aumento percentual de seus arremessos, confrontando as enormes perdas de esforço físico e mental pelas bem maiores falhas através o exagero nos longos arremessos, com seus baixos percentuais, se comparados com os de curta e média distâncias, é isso é inquestionável…

Porém, como venho divulgando e discutindo década após década, dentro e fora das quadras, uma seleção bem espelha o basquetebol que é jogado em seus campeonatos e ligas, e quando o mesmo é adepto fervoroso do sistema único, da formação de base ao adulto, com todos os envolvidos em seu desenvolvimento cumprindo a mesma cartilha, muito pouco pode-se esperar de modificação comportamental e técnico tática em suas seleções, a não ser uma ou outra inovação, que rapidamente é engolfada pelo tsunami da mesmice institucionalizada e do corporativismo arraigado e vigente no âmago do grande jogo, até que um dia, quem sabe, um bendito e almejado dia, saiamos desse pavoroso limbo, agora, mais do que antes, transfigurado e envolto num uniforme absurdo, como um tapete de mau gosto envolvendo os jogadores, cada vez mais distantes do nosso histórico, vencedor e heróico uniforme listrado, que um dia vestiu os mais importantes e brilhantes jogadores deste imenso, desigual e injusto país, e isso é inquestionável, também…

Amém

`Fotos – Divulgação Fiba Americas e CBB. Clique nas mesmas para ampliá-las.

CONSEGUIREMOS EVOLUIR?…

Brasil  77 x  53  Chile

        69% 22/32    2    15/38 39%

        25%   9/36    3      5/22  23%

        46%   6/13   LL     8/16  50%

                     53    R       31

                     15    E       11

Voltem ao artigo anterior, e comparem a última tabela lá publicada com a que inicia esse artigo, comprovando o estado terminal em que se encontra o grande jogo nesse imenso, desigual e injusto país, onde mandarinatos se estabelecem à margem do bom senso e do mérito desportivo, vide a condenação do expoente máximo do olimpismo tupiniquim, medalhado com 30 anos de prisão, pagando sozinho um crime cometido por muitos e muitos outros além dele mesmo, que quem sabe um dia pagarão…

O jogo repetiu o que dele se esperava frente ao propalado “basquete moderno”, ou seja, velocidade descerebrada, alimentada por um poderio desigual nos rebotes, muitos passes de contorno, bateção exagerada de bola, e a cereja do bolo, a chutação desenfreada, culminando na já tradicional convergência negativa de 36 arremessos de 3 ante os 32 de 2 pontos, sendo estes os responsáveis pelo placar a favor com seus 22 acertos. Nos 3, contrariando a incensada qualidade dos mesmos, foram somente 9/36 os convertidos com um fraquíssimo 25% de eficiência…

Com o desigual poderio de alas pivôs no miolo da defesa andina, perdeu-se a oportunidade (mais uma, meus deuses) de prepará-los em condições de jogo visando os duríssimos confrontos que enfrentaremos no desenvolvimento desta seletiva ao Mundial, em benefício da turma de fora, sempre pronta para as bolinhas, e inclusive induzindo a turma de dentro nas tentativas de fora, numa perda de eficiência nas segundas bolas que raia ao absurdo…

No entanto, analistas e comentaristas insistem em conceituar o  basquete moderno, aquele praticado na NBA, aquele que o mundo aceita praticar, aquele que tem em suas formações de base o segredo de seu poderio. E nós, como ficamos perante nossas limitações econômicas, sociais, educacionais, e principalmente técnicas e táticas, como?…

Num email agora recebido, o assíduo leitor e colaborador Fábio assim se expressou -(…) A impressão que me deixou é de um time “äfrouxado” em relação ao que vinha com o Petrovic. O Brasil se impôs pelos pivôs mesmo sem nunca os priorizar no sistema de jogo.

Era assim na geração anterior e continua sendo; o que de melhor produzimos são alas-pivôs, porém os despersonalizamos, desconfiguramos e, caso insistam em jogar dentro, são ignorados. É triste ver o Cipollini se aposentar, o Jaú ser subutilizado, o Dú Sommer abrindo pra chutar de 3, o menino Paulo Scheuer do Pato idem…Mas é a sobrevivência deles no basquete que está em jogo.

Priorizamos o perímetro sem sequer formar bons armadores. Yago e Georginho são ótimos jogadores, mas não sabem controlar o ritmo de um jogo e muito menos se destacam pelos passes.

Tanto que o Brasil virou e se mostrou levemente mais desenvolto com o Elinho na armação, um armador-passador que, servindo os pivôs, fez o time sair da saia justa que os dois anteriores citados não conseguiram fazer durante todo o primeiro quarto.(…)

Creio que não analisaria melhor, muito bom Fábio.

Torçamos para que amanhã melhore um pouco, pois precisamos  evoluir significativamente, o oposto do que aí está, simples assim, claro, se competência e preparo realmente existir, algo não tão simples, porém possível e desejável. Conseguiremos? Logo saberemos…

Amém.

SOB NOVA DIREÇÃO…

Dentro de umas poucas horas a seleção masculina adulta , agora sob nova direção, estreia nas classificatórias para o mundial, jogando contra a fraca equipe do Chile em Buenos Aires…

Como desde sempre faço, procuro projetar nas seleções nacionais, as resultantes do que fazemos e produzimos em nossa formação de base, nos campeonatos regionais, nas competições da CBB, e na liga maior, o NBB. Nessa seleção, dez jogadores atuam no NBB, e três no exterior, fator determinante no comportamento técnico tático de uma equipe com escasso tempo de treinamento, logo, predisposta ao comportamento usual que professam em terra tupiniquim, fator que, sinceramente, preocupa profundamente…

Como exercício persecutório, compilei alguns dados nas sessenta partidas iniciais do NBB, somente não contabilizando as duas restantes, pois os situei em seis módulos de dez, com mais um contendo os números finais, a saber:

-Módulo 1 com dez jogos-

Arremessos de 2 – 384/736   52,1%

Arremessos de 3 –  171/523  30,6%

Lances livres       –   223/343  65,0%

Erros de fund,     –    298         29,8 pj

-Módulo 2 com dez jogos-

Arremessos de 2 –  348/733  47,4%

Arremessos de 3 –  188/552  34,0%

Lances livres       –   254/352  72,1%

Erros de fund      –    274         27,4 pj

-Módulo 3 com dez jogos-

Arremessos de 2 –  393/737   53,3%

Arremessos de 3 –  196/570   34,3%

Lances livres       –   250/373   67,0%

Erros de fund      –    274          27,4 pj

-Módulo 4 com dez jogos-

Arremessos de 2 –  240/686   49,5%

Arremessos de 3 –  172/584   29,4%

Lances livres       –   234/321   72,8%

Erros de fund       –   289         28,9 pj

-Módulo 5 do dez jogos-

Arremessos de 2 –  394/740   53,2%

Arremessos de 3 –  197/547   36,0%

Lances livres       –   251/351   71,5%

Erros de fund      –    247          24.7 pj

-Módulo 6 com dez jogos-

Arremessos de 2  –  377/764   49,3%

Arremessos de 3  –  179/542   33.0%

Lances livres        –   235/331   70.9%

Erros de fund       –    246          24,6 pj

Contrariando firmemente a grande parte da mídia dita especializada, que conota 60% para os arremessos de 2 pontos, 40% para os de 3, e 70% para os lances livres, quando para o nível internacional, 70, 60 e 90 são os números aceitos e reconhecidos, além do número de erros não ultrapassar os 12/14 por jogo, vemos que estamos muito, muito abaixo do aceitável em se tratando de confrontos internacionais de peso, e não aqueles em que os adversários não atingem um mínimo de qualidade, como Ilhas Virgens e Jamaica, para os quais ousamos perder recentemente em outra classificatória similar…

Os números finais( 60 jogos) espelham com nitidez esse enfoque:

Arremessos de 2 –  2236/4396   50,8%

Arremessos de 3 –  1103/3318    33,2%

Lances livres       –   1447/2071   69,8%

Erros de fund      –    1628            27,1 pj

Entendendo melhor, para os 2 pontos, na média, a cada jogo dos sessenta tabulados, as equipes convertiam 37,2 tentativas e perdiam 73,2. Nos 3 pontos, 18,3 e 

55,3, e nos LL 24,1 e 34,5, mais os 27,1 erros de fundamentos. São números pavorosos, mas que conotam um comportamento técnico tático estabelecido rigidamente nas últimas três décadas, da formação de base ao adulto, culminando com o conceito revolucionário do “chega e chuta”, pois fica bem nítida a ausência de qualquer ímpeto contestatório defensivo sobre as bolas de 3, daí a enxurrada das mesmas a cada confronto, subvertendo o jogo, transformando-o num duelo insano de arremessos mais insanos ainda, e o mais constrangedor, contando com a cumplicidade de técnicos, dirigentes, agentes, jornalistas e jogadores também, todos unidos pelo novo, novíssimo tempo que se aproxima…

Claro que logo mais nos fartaremos de bolinhas, pela inexistência defensiva chilena, talvez uma ou outra jogada interior para constar e não pegar mal de todo, num resultado avassalador, avalizando um novo tempo, um novo e moderno basquetebol, quem sabe atuando em dupla armação, e lançando três homens altos e habilidosos no cerne do perímetro interior, numa descoberta ímpar no grande jogo tupiniquim, aquela que ninguém(?) ousou estabelecer até os dias de hoje…

Se os campeonatos nacionais de todas as categorias refletem os comportamentos de suas seleções no concerto internacional, a nossa não poderá se comportar diferentemente, ou não?…

Temos de mudar, radicalmente, basicamente, estrategicamente, pois somente dessa maneira poderemos emergir do abissal fosso em que nos encontramos, e para tal temos de modificar para muito, muitíssimo melhor os números que acima postei, a forma como ensinamos e preparamos nossos jovens, o comportamento e preparo de nossos professores e técnicos, inclusive no aspecto ético, dentro e fora das quadras, assim como um melhor preparo de uma mídia pretensiosa, pouco conhecedora do grande jogo, e enormemente voltada e comprometida ao basquetebol jogado acima do hemisfério norte, numa realidade diametralmente oposta a nossa, em todo e qualquer valor que tentemos comparar em estrutura, organização e poder econômico…

Enfim, vamos ao jogo, que aqui para mim, pouco representa em termos de mudança, ficando no aguardo de um adversário competente, que ao menos exerça o mais importante dos fundamentos, a defesa, que é algo que decididamente esnobamos, para a glória e o gáudio das bolinhas de três, noves fora os tocos e enterradas estratosféricas e “ridículas”…

Amém.

Fotos – Divulgação CBB e reprodução da TV. Clique nas mesmas para ampliá-las.

PARA ONDE ESTAMOS INDO, E COMO?…

Houve um tempo em que falar de dupla armação soava como uma aberração técnica, como algo inverossímil, ilusório, enganador. Tornei-a verossímil, real, competitiva, e vencedora no Saldanha no NBB2, premiando os mais de 40 anos que a empreguei em todas as equipes que preparei da base ao adulto, no masculino e feminino, e com um insuspeitado acréscimo, três pivôs móveis deslocando-se aleatoriamente pela zona restritiva, em permanente movimentação, acionados pelos dois armadores também em continuas ações fora da mesma, criando pequenos espaços, porém letais pela proximidade da cesta, onde o percentual de acertos sobe exponencialmente, otimizando ofensivas com menos desgaste físico e alta produtividade, em contraponto a sucessão de erros nos longos arremessos, e em penetrações pouco eficientes pela carência nos fundamentos, para de 2 em 2 e 1 em 1 vencer jogos onde devem ser vencidos, pela precisão e inteligência, bem ao contrário do cada vez mais contestado chega e chuta, descerebrado e na maioria das vezes, irresponsável, equivocado pelo brutal glamour midiático de como é reverenciado…

De uma só tacada consegui desenvolver um sistema adequado e eficiente, tanto contra defesas individuais, como as zonais, ajustando somente o ritmo e a velocidade para cada uma delas, sem pedidos de tempo e interferências extra quadra, tão ao gosto dos estrategistas de plantão, absolutamente prontos para incutir suas jogadas de prancheta a qualquer pretexto em que as partidas forem interrompidas, pois necessitam provar eficiência profissional, vastos conhecimentos táticos, retirando e obliterando as oportunidades criativas e ações improvisadas por jogadores se bem ensinados, treinados e preparados com bases sólidas, advindas do competente e basilar treino, para o bem compreender, entender e ler o jogo em sua complexidade e beleza coletiva, onde a criatividade e o improviso consciente atinge seu mais alto patamar, e o mais importante e impactante, criando situações difíceis de serem entendidas e controladas por adversários formatados e padronizados pelo sistema único, o tal made NBA, onde ainda conseguem vencer pelo domínio absoluto dos fundamentos, nosso permanente e até o presente incontornável, tendão de Aquiles…  

Também e paralelamente desenvolvi um sistema defensivo individual baseado na Linha da Bola, com as flutuações lateralizadas, jamais verticalizadas, como são utilizadas pelas equipes brasileiras quando defendem individualmente, e onde as trocas são automáticas, tanto dentro, como fora do perímetro (vejam este jogo lapidar)…

Mas, toda essa estratégia foi desenvolvida tendo como base estrutural o extenso, demorado, detalhado ensino, treinamento e entendimento conceitual da essência do grande jogo, seus fundamentos básicos, sem os quais nada do que criamos, planejamos, pesquisamos e trabalhamos arduamente, exequibilizariam os sistemas propostos, com um grau plenamente aceitável de eficiência…

 Nas divisões de base, dirigindo equipes da Escola Carioca de Basquetebol, Flamengo, Fluminense, Vasco da Gama, Vila Izabel, Olaria, numa época dourada e recheada de grandes clubes e excelentes técnicos, sempre tive muitos deles, inclusive de seleções estaduais e nacionais, nas arquibancadas aos sábados à tarde, nos jogos do Infanto e Juvenís, para testemunharem novas formas de jogar o grande jogo, aceitando-as, ou não, mas sempre debatendo comigo detalhes e concepções das mesmas, numa sadia troca de opiniões e sugestões, pois era sabido de longa data que mesmice e repetição sistemática, jamais faziam parte do meu singular modo de ver, sentir e projetar formas diferenciadas de jogar, dando aos adversários a certeza de que para vencer teriam de se adaptar a uma inusitada, nova e ousada forma de conceber o grande jogo…

Foram muitos anos, décadas de muito trabalho, paralelo ao magistério, do primário à universidade, todos concursados, ministrando cursos aqui e no exterior, palestras, congressos, textos, artigos, encontros técnicos por este imenso, desigual e injusto país, doutorado no exterior com pesquisa experimental em basquetebol, lida lá fora, esnobada aqui em terra tupiniquim, mas cujas definições e conclusões, publicadas neste humilde blog nestes teimosos e desgastantes dezesseis anos, batem recordes de menções e procura, assim como os mais de 1600 artigos técnicos, táticos, didáticos, pedagógicos, administrativos, e de política desportiva, lidos e pesquisados a não mais poder, porém na maioria das vezes negados pelos que os acessam…

No entanto, da minha geração vencedora, fui o único que jamais foi agraciado na condução de uma seleção nacional, mesmo as de base, pelo simples motivo de jamais aceitar me submeter  a interesses confederativos e corporativos de qualquer espécie, mantendo minha sagrada independência e responsabilidade ética e pessoal. Claro que o QI jamais me seria sequer mencionado, pois vem revestido de trocas e escambos, onde as diversas partes se locupletam e prosperam, algo que combato e me enoja…

Então, minha gente basqueteira de verdade (dispenso agregados de última hora), quem de dentro deste coloidal mundinho da bola laranja saberia responder, ou mesmo tentar explicar “ os porquês” de após o excelente trabalho no Saldanha da Gama no NBB2, inovador, diferenciado e de qualidade inquestionável, a ponto de até hoje, onze anos depois daquela competição, continuar sendo copiado ( e mal, via vídeos aqui postados) em suas linhas mestras, sem qualquer menção de autor (somente o Renatinho o mencionou algumas vezes em seus comentários televisivos), e com um punhado de pseudos técnicos a frente de franquias que não são baratas, se repetindo, copiando-se uns aos outros, freneticamente, trocando jogadores (“peças” para eles) para continuarem a se repetir, bramindo pranchetas midiáticas, que de mágicas nada são ou representam, a não ser como vitrine de uma sapiência técnico tática que somente alguns poucos possuem na liga? Alguém saberia a resposta?

Eu as tenho, são tristes e constrangedoras, e acima de tudo, covardes…

Pois muito bem pessoal, creio que posso também exercer o contraditório neste imenso tsunami que vem cercando a nova direção da seleção masculina brasileira, porém com um pequeno preâmbulo, o fato, também inconteste, de que muito que defendo e pus em prática por mais de 50 anos, já conta com novos autores, que vêm utilizando a dupla, e até tripla armação (tapeação bem urdida de trocar inábeis alas por armadores cada vez mais altos), agora rotulados de armadores 2, 3, a fim de qualificar tecnicamente o jogo com melhores fundamentos, mas sem, em hipótese alguma, deixar de utilizar o sistema único made NBA, que agora se insinua como método de preparo de jovens em clubes e escolas nacionais, ousando inclusive, preparar professores e técnicos com seus métodos, avalizados por Cref´ s prontos pra provisionar a todos, numa afronta direta aos cursos superiores de educação física, únicos autorizados por lei federal a licenciar e qualificar professores e técnicos no país, ações estas que sequer encontram guarida no grande país do norte, que tem em suas escolas primárias, secundárias. colégios e universidades, a célula mater de seu poderio desportivo, realidade bem distante da nossa. Pergunta-se então, onde se encontra a ENTB/CBB para suplementar um pouco tanta defasagem, onde? Aliás, seu primeiro coordenador agora é o responsável técnico das seleções nacionais, numa evolução que me dá arrepios, só de pensar nas eternas pesquisas científicas que continuarão a assombrar nosso infeliz basquetebol…

Então, vamos aos fatos – Temos um novo comandante, jovem e profundo conhecedor do grande jogo, discreto, porém ousado e inovador, avesso aos malabarismos e encenações ao lado da quadra, despreocupado com as arbitragens, mas atento aos seus comandados, a tal ponto de exigir liturgicamente – Se estiverem livres, chutem, tendo ou não 2 ou 20 segundos de posse de bola, pois temos jogadores para agir dessa forma – Indo além, por ser recentemente a favor da forma NBA de jogar (se sempre vencem, tem de ser copiados), com defesa forte, rebotes precisos e transições (ainda defendo o termo contra ataque), nada justifica mais o chega e chuta com tais competências, utilizadas e exigidas por ele em suas equipes de clubes, mas que apresentam alguns e insofismáveis problemas, a saber:

– Nossa histórica fragilidade nos fundamentos básicos, que nem ganho de quilos e quilos de massa muscular desfigurando corretos biotipos atléticos, em nome de uma pretensa superioridade física, compensa, numa perda absurda de tempo que deveria ser empregue na aprendizagem das habilidades técnicas, já que ferramental do ato de jogar o grande jogo;

-Flacidez no ato de defender, cujas técnicas individuais são negligenciadas desde a base, originando hábitos posturais e posicionais, onde pretensas defesas zonais criam espaço interesseiro de muitos “formadores”, para a conquista de títulos em categorias em que a prioridade seria o domínio pleno dos fundamentos, principalmente os de defesa;

-A absurda e ilusória aceitação do sistema único, formatado e padronizado entre nós desde a base, com seus falhos e pouco eficientes corta luzes fora do perímetro, o jogo solitário de um dos pivôs, ante o imobilismo de seus companheiros situados para um arremesso de três pontos, além dos permanentes corner players, prontos aos disparos redentores;

-A nova moda dos cinco abertos, espaçados, todos na busca do 1 x 1, ponto crucial para os nossos dribladores, que são quase sempre mono destros, ou limitados na medida em que se aproximam da cesta, restando aos mesmos a volta compulsória da bola para fora do perímetro, objetivando o anseio maior do novo comandante, o arremesso de três, o chega e chuta;

-Perguntado no Podcast Ponte Aérea #185, como deverá jogar a seleção sob o seu comando, respondeu – Sem dúvida alguma, como se joga no basquete mais vencedor da história, o da NBA, justificando com juros o convite que a franquia dos Nets fez a ele e outros muitos treinadores internacionais para lá estagiarem, numa inteligente manobra de preservação mercadológica de seus patrocinadores nos países dos mesmos, assim como o recíproco convite ao Spliter que lá se encontra como um dos assistentes da franquia, mas que muito pouco poderá acrescentar no ensino dos fundamentos, necessidade básica de nossos jogadores, a começar pela ultrapassada posição de pivosão, e no ensino de arremessos, seu ponto mais frágil na carreira profissional, principalmente nos lances livres. O outro assistente premiado, somente agora se inicia na carreira, fato que fala por si mesmo…

-A quase certeza de que está imbuído de uma missão redentora, provar que sua maneira de ver, sentir, treinar e preparar uma equipe nos princípios que defende nos campeonatos nacionais e alguns internacionais seja o mais correto para nos reerguermos do enorme buraco em que nos encontramos, porém com um inquisitivo senão, o fato de que a grande maioria de nossos futuros adversários jogam da mesma forma, num mesmo padrão, com muito poucas exceções, porém possuindo uma enorme vantagem e dianteira pela prática sistemática dos fundamentos, desde suas bases (os argentinos aí do lado não deixam dúvidas), contribuindo decisivamente para melhores atuações no sistema único, fator que nos tem custado derrotas, que os “especialistas” sempre conotam aos “detalhes”…

-Finalmente, com quais jogadores nosso estrategista iniciante poderá contar com a qualificação dos armadores argentinos, americanos, virginianos, na seleção, e que em seu atual clube (do qual não irá se desgarrar como garantia…) contava aos magotes, além de ter sob contrato os melhores 3, 4 e 5 da praça, que no frigir dos ovos, e pelo fato de toda a liga jogar de forma tática idêntica, lhe auferiu títulos e garantias ao pódio maior, a seleção;

-Somente acreditarei nele e seu staff, a partir do momento que mudar o discurso inicial, arregaçar as mangas, e partir para algo que nossos adversários jamais imaginariam poder ocorrer conosco, ao assinar, desenvolver, estudar, pesquisar e aplicar sistemas que realmente inovem, envolvam e enfrentem essa mesmice para lá de endêmica, e que pelo discurso até agora apresentado, corre o sério risco de se perpetuar ad eternum, determinando nossa derradeira pá de cal…

-Assistindo alguns jogos da LNB, com sua média de erros de fundamentos bem acima dos 30 por partida, sua chutação desenfreada nos três pontos, seu posicionamento defensivo equivocado e profundamente falho, apesar de apresentar alguns bons e talentosos jogadores, me provoca imensa tristeza, principalmente por não me ter sido dada a oportunidade técnica, tática, didático pedagógica de continuar a contribuir no processo de melhoria do grande jogo dentro de uma quadra, condição sobejamente provada por toda uma vida voltada a seu estudo e compreensão, mas que os tempos em que vivemos, onde QI´ s vicejam e promovem qualquer um alinhado politicamente, me torna dispensável, menos aqui, neste humilde espaço, onde corporativismo nenhum jamais terá vez, onde democraticamente cedo espaço ao debate, ao contraditório, desde que assinado e autenticado, pois anonimato aqui, simplesmente foi, é e sempre será banido, restando a pergunta final – O que temem, do que tem medo, do inovador, ou da confessa incapacidade de competir contra algo que negam poder existir?…

Que os amados deuses se compadeçam do grande, grandíssimo jogo…

Amém. 

Fotos – Reproduções da TV, divulgação LNB, e arquivo próprio. Clique duplamente nas mesmas para ampliá-las.

DEZESSETE ANOS DE BASQUETE BRASIL, O HUMILDE BLOG ORIGINAL…

Ontem (11/9), completamos 17 anos de Basquete Brasil, um humilde, porém perseverante blog, que vem contando as coisas do grande jogo neste imenso, desigual e injusto país, e já lá se vão 1620 artigos…

Coisas, tais como, fundamentos, sistemas, treinamento, direção, planejamento, pesquisa, estudo, e acima de tudo, muito trabalho, contando e divulgando mais de 50 anos trilhando pedregosas estradas, percorridas com muito sacrifício e perene fé em dias melhores para o basquetebol brasileiro, tão carente, equivocadamente orientado, e pior ainda dirigido, principalmente dentro das quadras, pois fora delas, já de muito perdi as esperanças de que soergam o grande jogo, do imenso e interminável fosso em que vem sendo lançado década após década, sem um fim tenuamente perceptível…

Avanços e conquistas tecnológicas nos tem brindado com atletas que saltam mais alto, correm tanto quanto o vento, e trombam com a potência dos paquidermes, no entanto, se perdem nos dribles, nas fintas, passam mediocremente, não defendem, saltam fora do tempo, bloqueiam faltosamente, não leem corretamente o jogo, e finalmente, acreditam piamente que são os melhores e mais letais arremessadores de três pontos do mundo, mas que perdem bandejas, desdenham dos DPJ’s, e cobram os lance livres, onde maneirismos e caras e bocas, em muito superam a eficiência mínima admissível nos mesmos, e mesmo nos três, se encolhem e somem quando contestados eficientemente nos confrontos internacionais. Enfim, ecoa contundente a discutível relevância de preparadores físicos, fisioterapeutas e fisiologistas no ensino e preparo de jogadores que saibam o que vem a ser basquetebol, perante o constrangedor encolhimento de comissões técnicas, cada vez maiores, dividindo comandos na iníqua somatória de seus componentes, numa terrível e canhestra imitação do que é feito numa NBA cada vez mais impositiva, porém questionada por uma NCAA, em seu próprio país. Trata-se de impor ao mundo o jogo de 1 x 1, uma exigência mercadológica, através os 10 jogadores em campo, onde o coletivismo perde cada vez mais para o exacerbado individualismo, que vem se saindo vencedor no campo internacional, exatamente pela adesão dos países por esta sua forma de jogar, vencedora por possuírem os mais bem preparados jogadores nos fundamentos básicos, advindos das escolas primárias e secundárias de seu grande país, filtrando os mais habilidosos para suas franquias, e seu modo individualista de jogar, onde as poucas exceções contam-se nos dedos…

Implantar a tecnologia NBA de preparo de jovens em nosso país é um crime hediondo, pois suplanta em termos econômicos uma verdadeira política desportiva voltada às escolas, onde se encontram os desassistidos jovens de nosso país, com professores que pouco ou nada tem para promover o ensino desportivo de qualidade, que foi, é, e continuará sendo o maná alimentador da grande liga do norte, e não seus cursos voltados aos países de seu interesse político econômico, e que lá, pratica e numericamente inexistem…

Nos últimos oito anos, a investida comercial da NBA se expandiu em muitos países, principalmente naqueles de grande potencial consumidor de seus produtos associados, como a Nike, ávida por uma China, um Brasil, e por que não, uma Europa, que no entanto vem resistindo a tal avanço, e uma das persuasivas técnicas foi a internacionalização de seu campeonato com cada vez mais jogadores oriundos dos cobiçados países. Alguns deles conseguiram se impor a resistência afro descendente dominante na liga, mas a maioria tem se mantido como suplementos em suas equipes, porém presentes como garantidores do interesse mercadológico em seus países de origem. O mercado brasileiro é grandioso, e muito mais o da China e dos países asiáticos, justificando sua exponencial expansão…

No entanto, frente ao basquetebol que desde sempre praticamos, com as regras e princípios da Fiba, sendo campeão mundial e medalhista olímpico, estamos sendo confrontados com uma falsa e escorregadia realidade de que estamos a altura de um conceito NBA, negada a evidência inteligentemente omitida de que, como lá, não possuímos o lastro escolar que sustenta a grande e poderosíssima liga. Sobram sonhos de uns poucos dos nossos ao estrelato, condicionado quase que totalmente aos da terra acima do equador, com raríssimas exceções, europeias, como atualmente…

Nossa formação de base está sendo definitivamente sepultada em nome e indução de uma “nova filosofia”, a de atuar em gênero e forma de uma liga que nada, absolutamente  nada, nos representa e lidera no mundo do grande, grandíssimo jogo, e que apesar das enormes dificuldades, das limitações econômicas, sociais e educacionais, sempre se situou como verdadeiros e capazes adversários quando nos confrontos internacionais, num passado não tão distante assim, hoje esquecido, e até negado, por uma geração deslumbrada e colonizada de estrategistas subservientes e escravos de uma cultura inatingível, alimentada por uma riqueza que jamais atingiremos no plano social e econômico, quiçá no educacional e desportivo…

Precisamos reaprender a administrar nossa pobreza endêmica, porém repleta de coragem e criatividade, na busca de algo que se perdeu nos últimos trinta anos de imitação barata e oportunista, e centrismo em pranchetas midiáticas e profundamente vazias de idéias e conceitos factíveis, que tínhamos aos borbotões, hoje omitidos em nome de uma entidade que nos quer ver calçados e vestidos com os uniformes de suas franquias, oferecendo como elementos facilitadores a formação de jogadores e técnicos à sua imagem e semelhança, algo que não obtém em uma europa teimosa e independente, que joga uma modalidade com regras globais, em contraponto às empregues em uma competição moldada ao showbusiness, de onde captam a extrema riqueza que os permitem praticar um outro jogo, inexistente fora de seus limites territoriais, e que definitivamente nunca foi, é, e será o nosso, quando num longo caminho recobrarmos o bom senso e a vergonha na cara…

Nesta tremenda encruzilhada em que nos encontramos, sugiro veementemente uma ação baseada numa engenharia reversa, onde possamos empregar alguns estratagemas desenvolvidos e empregados durante muitas décadas nas escolas e universidades americanas, foco abastecedor da NBA, e cujos princípios e adaptações pontuais às regras internacionais, em tudo e por tudo alavancou suas técnicas fundamentais a patamares nunca alcançados pelos demais países, princípios estes que não constam do currículo das escolas de formação de jogadores e técnicos da NBA, que foca estruturalmente numa forma de atuar baseado num sistema único, onde as ações de 1 x 1 imperam absolutas…

Então, quais enfoques da formação escolar e universitária americana poderiam ser revertidos a nosso favor, de uma forma generalista e democrática, sem os ditames político econômicos da proposta da NBA?

Que tal irmos aos primórdios, aqui relatados em inúmeros artigos, que devidamente adaptados poderiam nos ajudar de verdade, e a preço módico, a tornar realidade aspectos e situações do grande jogo que praticamos um dia, e que foram subjugados por “científicos sistemas”e “novas filosofias de jogo”?

Ao reabilitarmos o sério e estratégico ensino dos fundamentos individuais e coletivos, nos capacitaríamos a sistemas diferenciados de atuar, antítese de um sistema único, que ao ser utilizado por todos, qualifica aquelas equipes com maior investimento individual, não importando a inexistência, ou mesmo falência do coletivismo. Desta forma, iríamos em busca da atuação diferenciada, criativa, intuitiva, através a consciente improvisação, estágio maior do jogo coletivo e altruísta, muito ao contrário do que vemos hoje acontecer pelas quadras do mundo, fruto de uma formatação e padronização fomentada e alimentada por uma oportunisticamente (mal) copiada NBA globalizada…

Pequenas adaptações e providências poderiam facilmente ser tomadas para uma segura retomada técnico tática em nossa formação de base, como as que publiquei no artigo O Ciclo Mambembe Que Se Inicia, em 10/8/21:

Que de alguma forma preparemos os jovens professores e técnicos através um currículo mais extenso nas escolas de educação física, com o retorno dos seis semestres dos desportos mais ligados às escolas (futebol, basquetebol, voleibol, handebol, atletismo, natação, ginástica, judô), grade esta que foi minimizada por disciplinas da área biomédica, quando da bem planejada, articulada e veiculada passagem dos cursos dos centros de ciências humanas (onde são formados e licenciados os professores, e não provisionados por Cref´s), para a biomédica, numa tacada magistral de um grupo, visando a criação e manutenção de uma indústria do culto ao corpo, originando, com a desculpa do benefício salutar, o mega negócio que se transformou na imensidão de academias. verdadeiras holdings, para as quais, a educação física e desportiva escolar tornou-se obstáculo para o mais rentável grupamento a ser conquistado, os jovens adolescentes.

– Que adotássemos algumas regras nos períodos da formação de base, a exemplo de alguns países, adequando a conquista das habilidades básicas inerentes ao jogo, a fim de priorizarmos o ensino dos fundamentos da forma mais ampla possível, e exemplifico com dois aspectos objetivos:

1- Defesa – proibição de defesas zonais até os 16 anos da formação de base.

                 – aumentos nos tempos de posse de bola de 35 seg para os jovens até os 13 anos, e 30 seg até os 15 anos, aumentando o tempo de posicionamento defensivo individual e coletivo, ampliando sua correta aprendizagem.

                – encerramento de qualquer partida que excedesse os 30 pontos até a idade de 13 anos, eliminando um sério fator prejudicial ao desenvolvimento educativo e emocional dos jovens iniciantes.

             2- Ataque -Proibição dos arremessos de três pontos até a idade de 15 

                               anos, liberando-os daí ´para diante, assim como a posse 

                               dos 24 seg.

                              – Que na idade até os 13 anos, fosse adotada as regras do 

                                mini basquete, principalmente a regra que somente 

                                permite que cada jogador participe no máximo de dois 

                                quartos sucessivos, e que pelo menos todo jogador 

                                participe de um quarto obrigatoriamente, usando bolas

                                e cesta adaptadas a sua biotipologia.

3- Que as categorias até os 11 anos somente disputassem competições municipais, mantendo os jovens próximos aos seus responsáveis, numa idade em que se solidificam os vínculos familiares, assim como permitindo que a categoria até os 13 anos disputasse competições estaduais, liberando as regionais até os 15 anos. Daí em diante disputariam competições regionais e após os 16 anos as nacionais. Dessa forma, as poucas verbas e investimentos poderiam ser otimizados sem deslocamentos caros e ineficazes, concentrando e ampliando as competições em torno dos macro sistemas municipais, estaduais e familiares, fatores fundamentais ao pleno desenvolvimento dos jovens, assim como criando polos desportivos plenamente auditáveis e de possível controle da aprendizagem fundamental e de sistemas autorais, evolutivos e, acima de tudo, criativos…

São pequenas e factíveis adaptações que de saída obrigariam os professores e técnicos a  ensinar o jogo de forma harmônica, respeitando os ciclos físicos e emocionais de cada jovem, que são naturalmente variáveis, e onde a maior conquista seria a evolução técnica de cada um em seu próprio ritmo, e não a vitória a qualquer custo, que somente beneficia currículos profissionais. A capacitação de cada técnico evoluiria pelo número de jovens que acendessem as divisões superiores, e a qualificação dos mesmos em seleções municipais, estaduais e federais, sendo avaliado anualmente dentro deste parâmetro, a ser regulamentado, ou seja, seria avaliado e promovido pela qualificação dos jovens orientados, e não pura e simplesmente por títulos conquistados. Sem dúvida evoluiriamos de forma consistente no adequado preparo de nossos jovens, democrática e tecnicamente.

Com uma competente EBTN, promovendo um ensino/aprendizagem de qualidade superior na base da modalidade (o que nunca conseguiram), alcançariamos em duas gerações uma evolução plausível  ao formarmos e termos uma base razoavelmente sólida nos fundamentos individuais e coletivos, sem formatações e padronizações técnico táticas, tão usuais no presente, passado que tem sido equivocado e frustrante, vislumbrando um futuro ainda pior, pois o reflexo do que aí está já não engana ninguém, e somente beneficia aqueles que no fundo odeiam o grande jogo, por não compreendê-lo, e por conseguinte, aviltando-o na negação de sua imensa grandeza…

Um ciclo se inicia, mudaremos? Torço para que sim, mesmo que lá no fundo dos meus ativos e lúcidos 81 anos, duvido dos que aí estão ditando regras, se já não bastasse essa criminosa e virulenta pandemia, que em breve passará. Quanto a eles, sei não…

Amém.

Fotos – Reproduções da TV, Arquivo pessoal e Divulgação CBB. Clique duplamente nas mesmas para ampliá-las.

MUDAR PRA QUE? ESTÁ BOM ASSIM…

Publiquei em 2011, faz 10 anos, e o que mudou? Absolutamente nada, e o que mudará daqui para diante? Temo que nada, absurdamente, NADA…

FUNDAMENTOS? ONDE ESTÃO?…

domingo, 11 de dezembro de 2011 por Paulo Murilo14 Comentários

Assisto ao jogo, me concentro, mas não acredito no que vejo. Saio da sala, vou até a cozinha, pego um café, e volto. Continuo não acreditando, mas persisto teimoso que sempre fui, e se comecei a ver, penso ir até o fim. De repente acordo (foi um cochilo de uns 30-40 segundos), como se o corpo e a mente tivessem reagido ao que testemunhavam, se protegendo de algo inenarrável, e pelo mais absoluto respeito que ainda mantenho pelo grande jogo desligo a TV e volto à minha leitura interrompida, jurando me calar, e até esquecer tão absurdo espetáculo, principalmente por se tratar da partida inaugural de uma Liga adulta.

Abro hoje os sites de basquete, e leio o artigo do Fábio Balassiano no Bala na Cesta, que publica tudo aquilo que me revoltou, e até certo ponto me envergonhou, travando a vontade imensa de extravasar um sentimento de tristeza ante tanta pobreza técnica e de fundamentos, principalmente estes. Mas o Fabio foi lapidar e cirúrgico em sua crítica, a qual não aporia uma vírgula sequer, pois refletiu em toda sua dimensão “a quantas andam o nosso outrora brilhante basquete feminino”.

É inadmissível que jogadoras adultas confundam desenfreadas corridas com basquete, tropeçando na bola, ultrapassando-a em várias ocasiões, que não dominem o drible, mesmo usando somente a mão natural, que não saibam arremessar, de longe, muito menos de perto, que não saibam se deslocar defensivamente, e o pior de tudo, que não dominem, nem de longe, a arte de passar a bola. E perante tanta falta de habilidades individuais, como ousam os técnicos exigir jogadas e sistemas sem que as jogadoras sequer saibam dominar uma bola?

O que falta para ensinar fundamentos a todas elas, igual, democrática e tecnicamente confrontadas, nivelando-as perante a necessidade grupal de que sem os mesmos nada conseguirão ou atingirão de realmente prático nos sistemas e jogadas que são instadas a praticar? Será que seus técnicos só conhecem sistemas, jogadas e chaves, se auto conotando como “estrategistas”, deixando de lado o verdadeiro objetivo do jogo, o domínio de seus fundamentos? Como exigir continuidade e fluidez tática se as jogadoras sequer sabem executar um drible, uma finta e um passe com um mínimo de precisão? Como?

Assim como o jovem articulista, também me sinto preocupado no mais alto nível, aquele que me trouxe à sétima década de vida, cinco delas dedicadas à educação e ao basquetebol, respeitando por todo esse longo tempo o grande principio que o tornou universal, o histórico conceito que o desenvolveu e sedimentou, o de ser exequibilizado e jogado através o pleno domínio de seus fundamentos.

Espero que todos aqueles envolvidos no preparo e treinamento de jogadores, sejam de que divisões, sexo, faixas etárias, estaturas e pesos forem, se conscientizem disso, como plataforma segura para o soerguimento do grande jogo.

Amém.

Foto – Divulgação LBF. Clique para ampliá-la.

14 comentários

  • Victor Dames
  • 12.12.2011
  • · Pra ser bem sucinto, Professor… Muita gente nessa LBF quer viver DO basquete, mas poucos vivem PARA o basquete…
    Abraços!
  • Basquete Brasil
  • 12.12.2011
  • · 
  • E mais sucinto ainda, Victor…Concordo.
    Um abraço.
  • Henrique Lima
  • 12.12.2011
  • · 
  • Professor Paulo,
    se a Seleção Feminina tem um nível baixíssimo, o que esperar do nacional feminino ?
    Imagino então como é na base, se o apresentado aí, é a elite do que temos.
    Um abraço
  •  
  • Basquete Brasil
  • 12.12.2011
  • · Mas o que impressiona sobremaneira, são as diligentes e enérgicas intervenções dos técnicos em torno das jogadas, das táticas, jamais sobre os fundamentos, como que partissem da premissa de que os mesmos estão sob o domínio das jogadoras, quando na fria realidade dos fatos, elas nem de uma forma rudimentar os controlam, sequer dominam. O jogo então se desenrola numa velocidade assustadora, onde os erros se duplicam, triplicam, numa frequencia demolidora. E pensar que tanto talento e juventude estejam sendo desperdiçados por omissão e desconhecimento. Lamentável.
    Um abraço Henrique, Paulo.
  •  
  • Fernando Ribeiro
  • 14.12.2011
  • ·Acredito que tenha visto o jogo errado, São josé jogou muito bem para uma equipe que começou a treinar a menos de duas semanas queria assistir uma partida delas.
  •  
  • Basquete Brasil
  • 14.12.2011
  • · Não, prezado Fernando, assisti o jogo inaugural da Liga entre duas das mais tradicionais e vitoriosas equipes que a ela pertencem. Também assisti outro que não comentei porque nada tinha a escrever de diferente do primeiro, e fico aguardando a oportunidade de assistir um jogo do S.José logo que seja veiculado pela TV, duvidando que seja diferente dos demais.
    Um abraço, Paulo Murilo.
  •  
  • ANTONIO CARLOS VENDRAMINI
  • 14.12.2011
  • ·PROFESSOR,TENHO QUATRO DÉCADAS DEDICADAS AO BASQUETE E COMO O SR.,SENTI A MESMA TRISTEZA AO ASSISTIR A ABERTURA DA LBF.
    AS MATÉRIAS DO BASQUETE BRASIL SÃO ÓTIMAS.PARABÉNS UM ABRAÇO,PROF.VENDRAMINI.
  •  
  • Basquete Brasil
  • 14.12.2011
  • · Prezado Vendramini, você com quatro, eu com cinco décadas voltadas ao ensino do grande jogo, ou seja, “velhos e ultrapassados”, frente a uma juventude que acredita piamente que o basquete nasceu com a vinda deles ao mundo, esquecendo os idos de 1892 em Springfield, e sua base sedimentada nos fundamentos, sem os quais sistema nenhum de jogo se torna minimamente exequivel. Os resultados aí estão, escancarados, indesculpáveis, fruto de uma tendência absurda voltada às formatações e padronizações técnico táticas, que destinam a um mesmo tacho o que poderia, e deveria ser sua negação, frente à criatividade e ao livre pensar e ler o jogo, que são fatores somente alcançáveis através o pleno domínio dos fundamentos, principalmente por parte de quem os estudam, pesquisam e ensinam.
    Fico feliz e honrado com sua presença aqui nesta humilde trincheira, valorizando-a sobremaneira. Obrigado, e um abraço.
    Paulo Murilo.
  •  
  • Cleverson
  • 15.12.2011
  • · Pois é Professor. E como uma criança ou um adolescente vai se interessar em assistir um jogo com um nível assim?
    Quem vai querer ir a um ginásio assistir um jogo desses?
    Basquetebol na televisão só em canais fechados e será que esse produto, da forma que está, se apresenta de uma maneira interessante para a emissora que o transmite?
    Assisti a um jogo, se não me engano foi do paulista feminino, que o primeiro quarto terminou 12×8. Muitos erros de passe, finalização, enfim, feio mesmo. Meu pai, irmã e cunhado me pressionaram tanto para mudar de canal que acabei cedendo. Eles queriam assistir futebol de areia.
    Perdendo espaço para outros esportes, sem grandes jogadores para as crianças se espelharem, cada vez menos crianças praticando (pelo menos na minha cidade).
    Vai ser uma luta árdua Professor!
    Um abraço.
  •  
  • Basquete Brasil
  • 15.12.2011
  • · Apesar de tudo, prezado Cleverson, temos de continuar insistindo, estudando, ensinando, debatendo, e acima de tudo, nos indignando, sempre e sempre, pois um mal não pode permanecer ativo por todo o tempo, aos poucos irá cedendo pela força do conhecimento, do árduo trabalho, enfim, pelo restabelecimento do bom senso. Temos de ir em frente, até quando pudermos. Um abraço, Paulo Murilo.
    PS- Seus artigos estarão seguindo na próxima semana. Desculpe a demora. PM.
  •  
  • Cleverson
  • 20.12.2011
  • Um outro detalhe Professor que eu penso ter uma enorme influência na formação dos novos jogadores é a utilização de estagiários sem supervisão nas categorias de base principalmente por ser mão de obra barata? (claro que não é só isso).
    Eu por exemplo assumi uma escolinha no meu primeiro ano de faculdade e a única pergunta que me foi feita na entrevista para o estágio foi se eu conseguiria reproduzir os exercícios dos treinamentos para as crianças. Permaneci na escolinha por 4 anos sem ninguém me pedir um plano de aula ou virem assistir uma aula minha.
    A iniciação esportiva por ser um momento chave na formação do atleta deveria ser vista de uma outra forma. Acredito que um Professor com maior experiência deveria cuidar da base ou, pelo menos, acompanhar de perto a atuação do estagiário, orientando e exigindo aulas fundamentadas. Eu não sabia praticamente nada sobre o desenvolvimento da criança, sobre aprendizagem, emocional, socialização, me preocupava somente com os exercícios nessa época.
    Com uma boa formação de base esses erros grosseiros de fundamentos seriam bem menores. Para se trabalhar com crianças é preciso ter conhecimento e experiência. Acredito que esse seria um grande passo para a mudança.
    Um abraço.Cleverson.

  • Basquete Brasil
  • 22.12.2011
  • Inicialmente Cleverson, eram os jogadores mais carentes financeiramente que assumiam a formação, atitude que reduzia os custos em contratações de técnicos por parte dos clubes, e que aos poucos, com o aumento no número de escolas de educação fisica no país, foram sendo substituídos pelos notórios estagiários, a um preço ínfimo, se comparado ao de um competente e experiente professor.As grandes holdings de academias também se utilizam desse estratagema, substituindo os formandos por outros estagiários, numa espiral exploratória que mantêm seus lucros à salvo de reivindicações salariais e vinculações trabalhistas. Por tudo isso, a formação de base vem carecendo de estrutura e embasamento técnico e pedagógico desde sempre, culminando no que testemunhamos hoje, a mais completa ausência de formação de base no que se refere aos fundamentos do jogo. Essa é a realidade.
    Talvez, com o incremento do basquetebol e demais modalidades na grade curricular das escolas, onde a figura do professor está presente, esse hiato seja atenuado, ainda mais se uma política nacional dos esportes subvencionar tal projeto. Fora disso, Cleverson, pouco se pode esperar para o futuro.
    Um abraço, Paulo.
  •  
  • Jalber Rodrigues
  • 06.01.2012
  • · Professor, estou um pouco afastado dos comentários, mas não da leitura. Por anos acompanho a luta incansável pelo soerguimento do basquete no Brasil através de excelentes artigos publicados aqui no blog. No masculino as coisas são difíceis… imagine como é no feminino…fazer base no feminino ainda nem se fale… trabalhamos muito duro, muito mesmo para fazer o mínimo… as meninas não tem expectativa nenhuma… porque e para que se dedicar ao basquete? Como fazer com que as meninas trabalhem forte? Como competir com as baladas, com a internet e com a desconfiança dos pais de que “jogar bola não leva a nada”? Não conseguimos nem vincular a educação ao esporte? As críticas são sempre duras e mais pesadas… mas corretas… porém ferem a quem se doa ao máximo e não consegue respaldo, apoio, credibilidade… se o basquete feminino de São Paulo está nessas condições imagine o resto do Brasil? Imagine no interior de Minas? Precisamos de ajuda professor!! Precisamos de ajuda! Queremos ter excelentes meninas praticando o fino do basquete… mas precisamos de ajuda professor! Sugestões?!
    desculpe o desabafo e abraço professor!
  •  
  • Basquete Brasil
  • 16.01.2012

                Jalber, estou utilizando seu comentário como base para o artigo hoje publicado. Espero que você não 

                se aborreça, mas um assunto dessa magnitude merece uma abordagem mais ampla           .
                Um abraço, Paulo Murilo.

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O MAIS QUE PREVISÍVEL FRACASSO…

A imagem coloidal de um fracasso…

A classificatória para os mundiais sub 17 masculino e feminino finalizaram no México, e as equipes brasileiras ficaram de fora com a  quinta colocação, sendo derrotadas de forma arrasadora por Canadá (92 x 53 no masculino e 82 x 56 no feminino),  Argentina (98 x 52 no masculino) e vexaminosa por Porto Rico (74 x 67 no feminino), e República Dominicana.(74 x 66 no masculino), e finalmente 56 x 54 contra a Argentina no feminino. Os dois primeiros representantes de escolas bem definidas e evoluídas do grande jogo, os segundos, pequenos países, com população numericamente equivalente a um estado de São Paulo. Por sorte não cruzamos com os Estados Unidos, no que teria sido um massacre de proporções inenarráveis, tanto para os rapazes, como para as meninas, ambos indefesos no que concerne ao absurdo desconhecimento dos fundamentos básicos do jogo, individuais e coletivos do lado feminino, e sofrível pelo masculino, praticados de forma precária e equivocada no aspecto tático, onde a força física e destemperada velocidade, se antepunha a técnica e ao raciocínio, já que privados da matéria básica para exequibilizá-los, os fundamentos…

Derrotas por 46 e 39 pontos para argentinos e canadenses, e no decisivo jogo contra os dominicanos por 8 pontos no masculino,  assim como os 26 pontos contra o Canadá, e 7 e 2 pontos contra Porto Rico e Argentina no feminino, determinaram a ausência das seleções chaves na renovação do basquetebol nacional dos Mundiais  na Espanha e Hungria no próximo ano, determinando um desastroso atraso na evolução da modalidade no país, fruto, não mais maduro, e sim podre, de “ novas filosofias”, implantadas por sobre muitas outras, década após década de desmando, protecionismo, escolhas políticas e interesseiras, de gente mal preparada e pior formada, porém pródiga em currículos vencedores, a custa de muitas peneiras por sobre o trabalho braçal de muitos, propositalmente esquecidos, pincelando jovens equipes assim montadas com defesas zonais, centrando jogo em oportunos gigantes, mais adiante descartados, mas a tempo de proporcionarem títulos mirins, infantis e infantos, ou sub´s 12, 13 e 14 pelas atuais conotações, alçando “ grandes e vencedores técnicos” ao mercado estelar, com “ merecedoras” passagens por seleções estaduais e nacionais…

Meninos e meninas lá chegam, uns por merecimento, a maioria por indicação corporativista, mas todos carentes dos fundamentos mais básicos, porém corrompidos por sistemas e jogadas que ensaiam realizar e fracassam, por não saber concretizá-las pela ausência, e mesmo desconhecimento das mais simples técnicas no trato do drible, do passe, da finta, da marcação, do rebote, dos arremessos, mas bombardeados por desconexos e oportunistas  rabiscos em midiáticas pranchetas, gritos e esgares vindo das laterais da quadra e nos pedidos de tempo, simulacros de comando, já que despidos de conhecimento real do grande jogo, equivocadamente confundido com parcos e para lá de medíocres “ filosofias, novas filosofias”, engodo, ousado e oportunista engodo de como se apropriar de um desporto cuja complexidade sempre filtrou seus líderes pelo estudo, pesquisa e trabalho paciente e confiável, onde o passar dos anos os tornavam competentes no trato com os mais jovens, errando muito pouco, acertando muitas vezes, vencendo ou perdendo, consciente e  responsavelmente, e não se eximindo culpando antecessores, como os dirigentes o fazem comumente, esquecendo que quando de suas conquistas e posses federativas e confederativas, esses jovens eram mais jovens ainda…

Como num moto contínuo, continuaremos a enganação pela renovação dos comando técnicos a cargo dos protegidos, apaniguados e de Q.I. elevado, numa cornucópia de filosofias, avançados sistemas, científicas preparações, e o pior de todos os mundos, a idéia estratificada de formatação e padronização de conceitos absurdos e perdedores, porém repletos de escambo e trocas políticas, na defesa hercúlea de um nicho profissional (?), como capitanias hereditárias, inamovíveis, pétreas, nas quais uma ENTB oscilou ao sabor do interesse de uns poucos, do nicho, nascimento, efêmera existência e morte de um (in) alcansável sonho…

Ao perdurarem, jamais sairemos dessa mesmice endêmica, burra e abjeta, em que lançaram o grande, grandíssimo jogo, neste imenso injusto e desigual país…

Que os deuses se apiedem de nós…

Amém.

Foto – Reproduções da TV. Clique nas mesmas para ampliá-las.

“FILOSOFIAS”…

Ao término do Campeonato Mundial Feminino Sub 19 na Hungria, a equipe brasileira ficou na décima sexta e última posição, sem uma vitória sequer, e ostentando a derrota com maior número de pontos na competição, com exatos 61 pontos para a equipe quinta colocada, a Espanha. Também sofreu uma tremenda derrota para a França por 32 pontos de diferença. Uma diagnose mais precisa foi aqui publicada no último artigo aqui publicado…

Por que volto a tão constrangedor assunto? Simplesmente por constatar algo que foge a uma simplificada análise de caso, o mais corriqueiro, aquele sobre a qual não deveria pairar quaisquer dúvidas, principalmente técnica. A equipe em questão teve uma preparação iniciada em dezembro do ano passado, sob a responsabilidade de uma comissão de técnicos escolhida pelo treinador principal, José Neto, que inclusive, instaurou no preparo das seleções de base femininas, o que denominou de uma “nova filosofia” de trabalho, a ser empregada em todas as divisões de base nacionais.  Muito se falou, divulgou na mídia, como algo realmente inovador, sob o manto das mais altas e atuais tecnologias, tanto no preparo físico, como no técnico tático, despertando um enorme interesse dentro da comunidade basqueteira…

Porém, o que se viu na Hungria foi um imenso desastre, onde a equipe sub 19, constituída daquelas jogadoras a um passo de ingressar na divisão principal, não só da seleção do país, como nos clubes que disputam a LFB, atendendo a necessária e estratégica renovação de seus quadros, quando uma indagação logo se avoluma – renovação com jogadoras em sua maioria desprovidas de técnica individual e coletiva, com algumas delas muito acima do peso corporal, dispersivas e absolutamente incapazes de levarem a bom termo filosofias e sistemas equivocados de jogo?…

Pois muito bem, essa mesma comissão, liderada pelo mesmo técnico que falhou bisonhamente no preparo e na competição da sub 19. é o mesmo que embarcou ontem para o México na direção da sub 16, talvez a divisão ,mais importante para a renovação necessária e prometida pela “nova filosofia” instalada na CBB, visando o soerguimento do basquetebol feminino brasileiro, deixando no ar uma incrédula sensação de que algo de muito errado, equivocado e enganoso vem acontecendo no âmago do basquetebol feminino, algo como o desmonte definitivo do que venha a ser liderança lastreada e fundamentada no mérito, defenestrado pelo Q.I. político e carreirista, colocando em risco real e possivelmente incontornável uma renovação chave para o basquete feminino, pois não teríamos avançado um centímetro sequer na direção formativa de uma geração que continuaria altamente carente da mais basilar exigência do jogo, o domínio de seus fundamentos individuais e coletivos, fator que tende a ser repetido no México, a exemplo do lamentavelmente ocorrido na Hungria uma semana atrás…

Fica pairando no ar uma objetiva e premente interrogação – Por que as seleções de base brasileiras, em ambos os sexos, sofrem tantos desgastes por conta de “filosofias” que se sucedem ano após ano, sempre criadas e veiculadas na vasta e prolixa teoria, em contraste com suas perdas, algumas vexaminosas, práticas de campo, sempre patrocinadas e levadas a termo por um mesmo, repetitivo e monocórdio grupo, subsidiado por uma CBB omissa aos rogos daqueles que realmente entendem e estudam o grande jogo, ansiosos para, ao menos, serem ouvidos, analisados e julgados por pares coerentes as reais necessidades na formação de base de nossos jovens, espalhados e desassistidos neste imenso, desigual e injusto país, sujeitando aqueles poucos ungidos, aos ditames interesseiros e desqualificados de uma seleção de equivocados “entendidos” do grande jogo, minúsculo para a esmagadora maioria deles, noves fora as pranchetas que empunham arrogantes e vazios de conteúdo, por menor e coerente que seja…

Já não peço e rogo nada aos deuses, creio que cansados de tanta incúria e ignorância, e somente ainda mantenho uma nesguinha de esperança de que um milagre venha a ocorrer no caminhar trôpego destes jovens, os nada culpados pelas “filosofias” a que são obrigados a seguir…

Amém. 

Fotos – Divulgação CBB. 

“A NOVA FILOSOFIA”…

(…)A Seleção feminina

A CBB trabalha desde o ano passado com a Seleção sub-19, somando três etapas de preparação para a Copa do Mundo. Em dezembro do ano passado, foi realizado um Camp de treinos com meninas com idade para a Copa do Mundo. Depois, o time se reuniu em Araraquara para os trabalhos visando a Copa América. Como o torneio foi cancelado e o Brasil se classificou para a Copa do Mundo pelo ranking, o período serviu de treinamento. E agora, em Barueri, finalizou mais duas semanas de treino, definindo as 12 atletas que viajaram para o torneio.

Metodologia implementada

Desde a sua chegada, em junho de 2019, José Neto implementou uma metodologia única para o basquete feminino. Assim, desde as Seleções de base, o Brasil joga com o mesmo conceito, e todos os treinadores da comissão técnica, Virgil Lopez, João Camargo, Dyego Maranini, Bruna Rodrigues e Claudio Lisboa trabalham sob os mesmos conceitos quando estão com as Seleções de base. O próprio José Neto, por exemplo, esteve por uma semana com a Seleção feminina sub-19 ao lado de Dyego, que comandou a equipe na Copa do Mundo que terminou na última semana com a impossibilidade da vinda de João Camargo, por conta da LBF.

– Quando iniciamos os trabalhos com o basquete feminino na CBB, iniciamos também a implementação de uma nova metodologia de trabalho com as seleções brasileiras, de todas as categorias. A ideia é criar uma maneira de jogar em que as atletas possam transitar em todas as categorias usando os mesmos conceitos de jogo, mas principalmente criar uma cultura de treinamento valorizando os aspectos físico-técnicos necessários para o jogo de nível internacional – diz José Neto.

O treinador da Seleção principal complementa.

– Foram várias ações que realizamos para compartilhar esta nova metodologia. Sempre liderada pela gerente técnica Adriana Santos, inicialmente, os treinadores das categorias de base das seleções foram aqueles que estavam ligados direta ou indiretamente aos trabalhos com a seleção adulta onde aplicamos esta metodologia de trabalho. Virgil e Camargo como assistentes da seleção adulta, assumiram os trabalhos nas categorias de base. Chamamos também outros treinadores de categorias de base do nosso basquete feminino para que pudessem compor as comissões técnicas e assim também, podermos formar novos treinadores e treinadoras como foi com Dyego Cavalcanti, Claudio Lisboa, Bruna Rodrigues e agora aumentando este leque com Alessandra Minati, Adrianinha e Luciana Thomazini – cita José Neto.

O treinador lembra que o aspecto físico não foi esquecido, e justamente por isso a presença de Diego Falcão, preparador físico da Seleção feminina adulta, em todas as situações.

– Como o aspecto físico é importante nesta metodologia, fizemos o mesmo processo com o preparação física sendo liderada pelo Diego Falcao e nas categorias de base com seus assistentes Rafael Bernadelli e agora Priscila de Souza. Esta maneira de trabalhar foi oferecida para o conhecimento de todos os treinadores do Brasil através dos Grupos de Estudos realizados durante todas as etapas de treinamento da seleção adulta feminina em preparação para o Pan de Lima, AmeriCup 2019, Pré-Olímpico das Américas e Pré-Olímpico Mundial. Infelizmente não pudemos oferecer esta condição durante os treinamentos da Americup 2021 por conta dos protocolos de Covid. Outra maneira de oferecer o conhecimento desta metodologia a todos os treinadores e profissionais do basquete feminino foi através do projeto Adelante. Enfim, temos uma proposta bem fundamentada tendo como referência o trabalho de vários países de êxito na modalidade e com a consciência de que como todo processo, necessita de tempo para que o resultado seja consolidado.(…)

Fonte: Assessoria CBB

Como vemos acima, uma “nova filosofia metodológica” de preparação das seleções femininas foi implantada pelo experimentadíssimo técnico do basquetebol feminino José Neto,  principalmente no trabalho de base, onde sua atuação de muitos anos (?) na categoria,  alcançou reconhecimento nacional e internacional. Tal concentração de esforço e dedicação culminou com o resultado alcançado pela seleção sub 19 (categoria na ante sala da divisão principal) ao final do Campeonato Mundial na Hungria, vindo sendo preparada desde dezembro passado, onde alcançou o meritório último lugar entre as 16 equipes participantes, com sete derrotas e nenhuma vitória, tendo, inclusive,  conquistado o recorde de derrota pela maior margem de pontos, louváveis 61 pontos contra a Espanha, 83 x 22 ( sétima colocada na competição), alcançando os incríveis e constrangedores números finais, agora expostos para análise de todos aqueles que ainda e teimosamente mantêm altas expectativas com “novas filosofias” atiradas ao vento, como se não existisse neste imenso, desigual e injusto país, pessoas preparadas e sensatas na percepção de engôdos primários, arrivistas e aventureiros tentando ( e como tentam, já são três décadas de tentativas) fixar o nefasto “se colar, colou”, praga corrosiva, de Q.I. altíssimo, e que vem liquidando. não só a formação de base feminina, como a masculina também, através pseudas garantias técnicas, táticas, administrativas e cientificamente embasadas num corporativismo pétreo e hermético, de um grupelho que se apossou de uma verdade fundamentada na premissa de um basquetebol formatado e padronizado para todas as categorias, sob um comando central e único, numa escalada absurda e que raia a insanidade mental, pois afasta de saída, toda a possibilidade criativa e diversificada de uma modalidade de ampla complexidade, exigindo muita pesquisa, estudo e tempo, muito tempo de maturação, planejamento e trabalho constante, paciente e, acima de tudo, competente. Que é o que mais falta ao grande jogo, competência, criatividade, sensibilidade, que são as exigências necessárias aos grandes saltos, na descoberta de novos caminhos, de formas diferenciadas de jogar, e principalmente, de formar jogadores aptos para trilhá-lo, com conhecimentos bem fundamentados  e extrema leitura comportamental, técnica e tática, perante uma atividade exigente, exclusiva e inclusiva ao mesmo tempo, única dentre os desportos coletivos, sendo por definição, o grande jogo…

Vamos aos números da “nova filosofia” alcançados na Hungria, após os sete jogos realizados:

-107/286 arremessos de 2 pontos – 37,4 %

-36/135   arremessos de 3 pontos – 26,6 %

-62/120 nos lances livres                 – 51,6%

-Erros de fundamentos                  – 179 (25,5 pj)

  sendo 37 contra a França e 35 contra a Espanha.

-Perderam com o placar médio de 78.1 x 55,4.

-Jogos:

-França 84 x 52 Brasil

-Espanha 83 x 22 Brasil

-Coreia 80 x 74 Brasil

-REP checa 74 x 64 \\\\brasil

-Itália 71 x 43 Brasil 

-Taipé 86 x 70 Brasil

-Argentina 69 x 63 Brasil

Fico imaginando o que aconteceria se a equipe brasileira jogasse contra os Estados Unidos, Austrália e Hungria, aliás, prefiro nem imaginar…

Por mais uma vez o previsível fracasso (tantos e outros tantos já foram), quanto tempo e dinheiro desperdiçados, incúria, tapeação. alpinismo técnico profissional, lastreado por politicagem federativa e confederativa, que definitivamente terá de ter um fim…

Podemos, ante estes números afiançar com segurança que as jogadoras da faixa que antecede a elite da modalidade, simplesmente não sabem jogar, pois erram canhestra e brutalmente nos fundamentos mais básicos (passes, dribles, domínio de bola, fintas, marcação, rebotes, equilíbrio), nos arremessos, com percentagens muito abaixo do exigido nesta categoria, ainda mais sendo uma seleção nacional, com parâmetros de 70% para os arremessos de 2 pontos, 60% para os de 3 pontos, 80% para os lances livres, e no máximo 10 erros de fundamentos por jogo, além de algumas delas estarem nitidamente muito acima do peso corporal. Tais parâmetros comparados aos números acima postados são estarrecedores, comprometedores, e acima, muito acima de tudo, irresponsáveis por parte de quem as ensinam, orientam e dirigem, segundo a “nova filosofia” implantada desde 2019…

Basquetebol é coisa séria, muito séria, para ser desfigurado e reimplantado com filosofias vãs e aventureiras, em tudo similar ao “chega e chuta” implantado num NBB e na LFB de tristes e contundentes memórias, para todos aqueles que realmente amam, estudam, planejam, pesquisam. ensinam, preparam, e administram o grande jogo a luz do novo, ousado, diferenciado e proprietária forma de jogar um jogo que já dominamos tempos atrás, não muito tempo, quando formávamos jogadores (as) de qualidade comprovada nacional e internacionalmente reconhecidos (as), por professores e técnicos gabaritados e altamente competentes, onde a prancheta não reinava, sequer existia, a não ser como base para chamadas e listas de materiais e suporte de documentação federativa, hoje cúmplice de maus desenhistas e especialistas em hieróglifos herméticos, tanto quanto a seita a que pertencem, chancelados pela osmótica influência de uma NBA que não está nem aí para o progresso do grande jogo entre nós, a não ser por seu interêsse econômico e hegemônico, sutilmente politizado…

Urge uma mudança de rumo, radical, cirúrgica, estrutural, definitiva, pois não aguentaremos um novo ciclo olímpico professando mais um bestialógico transcendental, com “filosofias” de araque (será que conhecem o significado etimológico do termo?), interesseiras e irresponsáveis. Clamo, pela milésima vez, reúnam os verdadeiros técnicos e professores, encanecidos, experientes, em que cada fio de cabelo branco conta uma história de sobrevivência técnico desportiva, cujos calosos pés trilharam as pedregosas estradas de uma vida dedicada, vencedora, hoje humilhada por “galáticos heróis”, no jargão das ululantes e histéricas transmissões midiáticas, fabricantes de modais que se tatuam (técnicos inclusive…), xingam e se auto coreografam à margem das quadras, e dentro delas também, emulando grotescamente falsos líderes, falsos heróis, lá de fora, deixando de lado nossos verdadeiros líderes e heróis, esquecidos, tristemente esquecidos…

Agora mesmo um  gênio da alta moda perpetrou um horrendo uniforme para as seleções nacionais, esquecendo e omitindo deliberadamente o ressurgimento do nosso listrado traje de luta, de vitórias, de campeonatos mundiais e olímpicos (perguntem aos argentinos porque não se desfazem do deles, listrados de azul e branco). Claro, afirmam serem os novos tempos, as “novas filosofias”, mas esquecem o básico, o fulcral, o berço, o abraço das tradições, princípio, meio e fim de todos aqueles que realmente, tem vergonha na cara, simplesmente, vergonha na cara, ao contrário dos muitos que aí estão…

Que os já desiludidos deuses nos ajudem.

Amém.  

Fotos – Reproduções da Internet e TV, e divulgação Fiba.

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DE ONDE VOCÊ É PAULO? DE VILA IZABEL…

Anos atrás dei um curso de atualização de basquetebol em Porto Alegre, para  professores e técnicos de todo o estado, e que alcançou muito sucesso, gerando intensa troca de experiências, algumas bastante expressivas. Uma delas, foi quando fui perguntado sobre minha origem regional. Respondi que era de Vila Izabel, surpreendendo a todos que me consideravam carioca. Um dos presentes, curioso, perguntou onde ficava essa cidade, e em que estado do país. Minha resposta surpreendeu a todos, quando afirmei que,  tendo nascido no antigo Distrito Federal, Rio de Janeiro, ter vivido na cidade estado da Guanabara, nascido com a ida do DF para Brasília, e que possivelmente terminaria meus dias no atual Rio de Janeiro, sem que nunca tenham perguntado, a mim e ao povo residente, se estavam de acordo, através um plebiscito previsto na Constituição, resolvi adotar o único local comum aos três estados, o bairro de Vila Izabel como origem do meu nascimento, logo, cidadão da Vila. Riram muito, mas concordaram com a minha escolha de origem. Menciono esse fato, porque daquele dia em diante, sempre que questionado sobre minha regionalidade afirmo ser de Vila Izabel, e para sempre carioca…

Também, venho defendendo teimosamente que se faça o tão desejado plebiscito (aliás, a população da Barra da Tijuca, majoritariamente na época, paulista e de outros estados, e com muitos estrangeiros, teve o direito a um quando propugnavam a separação da cidade do Rio de Janeiro, no que foram esmagados na pretensão). Então, porque negam, e sempre negaram esse direito a cariocas e fluminenses de opinarem democraticamente sobre a fusão imposta pelo regime militar? Leis e decretos da época foram caindo, e muitos ainda cairão, mas a fusão continua. Acredito seriamente que sendo desfeita, apesar dos enormes sacrifícios que os cariocas teriam de arcar, valeria a pena, e muito mais cedo do que muitos pensam, voltaríamos a ser o segundo estado mais rico e influente do país, mesmo sem o pré-sal, pois a atual e destruída cidade do Rio de Janeiro a época da fusão ostentava a riqueza de seu imenso turismo, os melhores hospitais, escolas, segurança e serviços, hoje pulverizados e empobrecido pela má política, roubalheira. favelização e dominado por milícias armadas e virtuais…

No O Globo de hoje, o colunista Merval Pereira aborda o assunto, mencionando um estudo, sugerindo a cidade do Rio de Janeiro como um segundo Distrito Federal, a imagem do que é estabelecido em muitos países, num artigo lapidar, abaixo transcrito. Me senti muito bem ao lê-lo, pois adoraria voltar a ostentar de bom grado minha regionalidade de cidadão nascido em Vila Izabel, bairro da maravilhosa cidade estado do Rio de Janeiro (vá lá Distrito Federal), ou mesmo Guanabara. Saberiamos nos organizar com a criatividade, a jovialidade, e a competência inconteste de um povo trabalhador e que ama a vida de verdade…

Amém.

Foto – Postada na internet

Texto – O Globo.

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