20 ANOS DE BASQUETE BRASIL – UM HUMILDE E TEIMOSO BLOG…

Neste mês de setembro, no longínquo ano de 2004, dei partida a esse humilde e teimoso blog, numa ação da qual jamais me arrependi.e ao qual devotei, e ainda devoto, todo um conhecimento acumulado em décadas de estudo, pesquisa e trabalho prático em prol do grande jogo, neste imenso, injusto e desigual país, sem esmorecimento e sem concessões, ao preço que fosse, custasse o que custou e vem custando, ano após ano, até quando puder ir, quem sabe…

Pensei em publicar um texto comemorativo, mas logo desisti, pois nada temos a comemorar no momento medíocre por que passa o basquetebol nacional, onde uma mesmice endêmica impera absoluta. Mas algo deveria ser publicado, algo que espelhasse uma realidade possível, factível, objetiva, e acima de tudo realista, e dentro das nossas possibilidades…

Imediatamente lembrei do artigo publicado quando dos dezessete anos do blog, crú, instigante, provocativo, mas no entanto, lúcido e esperançoso em dias melhores para o grande jogo, que até agora em nada mudou, numa crise que já alcança quatro décadas, refém que se encontra de um corporativismo técnico, em tudo e por tudo comprometido com o status quo vigente, garantidor de um posicionamento hermético e indevassável…

Eis o artigo:

DEZESSETE ANOS DE BASQUETE BRASIL, O HUMILDE BLOG ORIGINAL…

domingo, 12 de setembro de 2021 por Paulo Murilo–  6 Comentários

Ontem (11/9), completamos 17 anos de Basquete Brasil, um humilde, porém perseverante blog, que vem contando as coisas do grande jogo neste imenso, desigual e injusto país, e já lá se vão 1620 artigos…

Coisas, tais como, fundamentos, sistemas, treinamento, direção, planejamento, pesquisa, estudo, e acima de tudo, muito trabalho, contando e divulgando mais de 50 anos trilhando pedregosas estradas, percorridas com muito sacrifício e perene fé em dias melhores para o basquetebol brasileiro, tão carente, equivocadamente orientado, e pior ainda dirigido, principalmente dentro das quadras, pois fora delas, já de muito perdi as esperanças de que soergam o grande jogo, do imenso e interminável fosso em que vem sendo lançado década após década, sem um fim tenuamente perceptível…

Avanços e conquistas tecnológicas nos tem brindado com atletas que saltam mais alto, correm tanto quanto o vento, e trombam com a potência dos paquidermes, no entanto, se perdem nos dribles, nas fintas, passam mediocremente, não defendem, saltam fora do tempo, bloqueiam faltosamente, não leem corretamente o jogo, e finalmente, acreditam piamente que são os melhores e mais letais arremessadores de três pontos do mundo, mas que perdem bandejas, desdenham dos DPJ’s, e cobram os lance livres, onde maneirismos e caras e bocas, em muito superam a eficiência mínima admissível nos mesmos, e mesmo nos três, se encolhem e somem quando contestados eficientemente nos confrontos internacionais. Enfim, ecoa contundente a discutível relevância de preparadores físicos, fisioterapeutas e fisiologistas no ensino e preparo de jogadores que saibam o que vem a ser basquetebol, perante o constrangedor encolhimento de comissões técnicas, cada vez maiores, dividindo comandos na iníqua somatória de seus componentes, numa terrível e canhestra imitação do que é feito numa NBA cada vez mais impositiva, porém questionada por uma NCAA, em seu próprio país. Trata-se de impor ao mundo o jogo de 1 x 1, uma exigência mercadológica, através os 10 jogadores em campo, onde o coletivismo perde cada vez mais para o exacerbado individualismo, que vem se saindo vencedor no campo internacional, exatamente pela adesão dos países por esta sua forma de jogar, vencedora por possuírem os mais bem preparados jogadores nos fundamentos básicos, advindos das escolas primárias e secundárias de seu grande país, filtrando os mais habilidosos para suas franquias, e seu modo individualista de jogar, onde as poucas exceções contam-se nos dedos…

Implantar a tecnologia NBA de preparo de jovens em nosso país é um crime hediondo, pois suplanta em termos econômicos uma verdadeira política desportiva voltada às escolas, onde se encontram os desassistidos jovens de nosso país, com professores que pouco ou nada tem para promover o ensino desportivo de qualidade, que foi, é, e continuará sendo o maná alimentador da grande liga do norte, e não seus cursos voltados aos países de seu interesse político econômico, e que lá, pratica e numericamente inexistem…

Nos últimos oito anos, a investida comercial da NBA se expandiu em muitos países, principalmente naqueles de grande potencial consumidor de seus produtos associados, como a Nike, ávida por uma China, um Brasil, e por que não, uma Europa, que no entanto vem resistindo a tal avanço, e uma das persuasivas técnicas foi a internacionalização de seu campeonato com cada vez mais jogadores oriundos dos cobiçados países. Alguns deles conseguiram se impor a resistência afro descendente dominante na liga, mas a maioria tem se mantido como suplementos em suas equipes, porém presentes como garantidores do interesse mercadológico em seus países de origem. O mercado brasileiro é grandioso, e muito mais o da China e dos países asiáticos, justificando sua exponencial expansão…

No entanto, frente ao basquetebol que desde sempre praticamos, com as regras e princípios da Fiba, sendo campeão mundial e medalhista olímpico, estamos sendo confrontados com uma falsa e escorregadia realidade de que estamos a altura de um conceito NBA, negada a evidência inteligentemente omitida de que, como lá, não possuímos o lastro escolar que sustenta a grande e poderosíssima liga. Sobram sonhos de uns poucos dos nossos ao estrelato, condicionado quase que totalmente aos da terra acima do equador, com raríssimas exceções, europeias, como atualmente…

Nossa formação de base está sendo definitivamente sepultada em nome e indução de uma “nova filosofia”, a de atuar em gênero e forma de uma liga que nada, absolutamente  nada, nos representa e lidera no mundo do grande, grandíssimo jogo, e que apesar das enormes dificuldades, das limitações econômicas, sociais e educacionais, sempre se situou como verdadeiros e capazes adversários quando nos confrontos internacionais, num passado não tão distante assim, hoje esquecido, e até negado, por uma geração deslumbrada e colonizada de estrategistas subservientes e escravos de uma cultura inatingível, alimentada por uma riqueza que jamais atingiremos no plano social e econômico, quiçá no educacional e desportivo…

Precisamos reaprender a administrar nossa pobreza endêmica, porém repleta de coragem e criatividade, na busca de algo que se perdeu nos últimos trinta anos de imitação barata e oportunista, e centrismo em pranchetas midiáticas e profundamente vazias de idéias e conceitos factíveis, que tínhamos aos borbotões, hoje omitidos em nome de uma entidade que nos quer ver calçados e vestidos com os uniformes de suas franquias, oferecendo como elementos facilitadores a formação de jogadores e técnicos à sua imagem e semelhança, algo que não obtém em uma europa teimosa e independente, que joga uma modalidade com regras globais, em contraponto às empregues em uma competição moldada ao showbusiness, de onde captam a extrema riqueza que os permitem praticar um outro jogo, inexistente fora de seus limites territoriais, e que definitivamente nunca foi, é, e será o nosso, quando num longo caminho recobrarmos o bom senso e a vergonha na cara…

Nesta tremenda encruzilhada em que nos encontramos, sugiro veementemente uma ação baseada numa engenharia reversaonde possamos empregar alguns estratagemas desenvolvidos e empregados durante muitas décadas nas escolas e universidades americanas, foco abastecedor da NBA, e cujos princípios e adaptações pontuais às regras internacionais, em tudo e por tudo alavancou suas técnicas fundamentais a patamares nunca alcançados pelos demais países, princípios estes que não constam do currículo das escolas de formação de jogadores e técnicos da NBA, que foca estruturalmente numa forma de atuar baseado num sistema único, onde as ações de 1 x 1 imperam absolutas…

Então, quais enfoques da formação escolar e universitária americana poderiam ser revertidos a nosso favor, de uma forma generalista e democrática, sem os ditames político econômicos da proposta da NBA?

Que tal irmos aos primórdios, aqui relatados em inúmeros artigos, que devidamente adaptados poderiam nos ajudar de verdade, e a preço módico, a tornar realidade aspectos e situações do grande jogo que praticamos um dia, e que foram subjugados por “científicos sistemas”e “novas filosofias de jogo”?

Ao reabilitarmos o sério e estratégico ensino dos fundamentos individuais e coletivos, nos capacitaríamos a sistemas diferenciados de atuar, antítese de um sistema único, que ao ser utilizado por todos, qualifica aquelas equipes com maior investimento individual, não importando a inexistência, ou mesmo falência do coletivismo. Desta forma, iríamos em busca da atuação diferenciada, criativa, intuitiva, através a consciente improvisação, estágio maior do jogo coletivo e altruísta, muito ao contrário do que vemos hoje acontecer pelas quadras do mundo, fruto de uma formatação e padronização fomentada e alimentada por uma oportunisticamente (mal) copiada NBA globalizada…

Pequenas adaptações e providências poderiam facilmente ser tomadas para uma segura retomada técnico tática em nossa formação de base, como as que publiquei no artigo O Ciclo Mambembe Que Se Inicia, em 10/8/21:

Que de alguma forma preparemos os jovens professores e técnicos através um currículomais extenso nas escolas de educação física, com o retorno dos seis semestres dos desportos mais ligados às escolas (futebol, basquetebol, voleibol, handebol, atletismo, natação, ginástica, judô), grade esta que foi minimizada por disciplinas da área biomédica, quando da bem planejada, articulada e veiculada passagem dos cursos dos centros de ciências humanas (onde são formados e licenciados os professores, e não provisionados por Cref´s), para a biomédica, numa tacada magistral de um grupo, visando a criação e manutenção de uma indústria do culto ao corpo, originando, com a desculpa do benefício salutar, o mega negócio que se transformou na imensidão de academias. verdadeiras holdings, para as quais, a educação física e desportiva escolar tornou-se obstáculo para o mais rentável grupamento a ser conquistado, os jovens adolescentes.

– Que adotássemos algumas regras nos períodos da formação de base, a exemplo de alguns países, adequando a conquista das habilidades básicas inerentes ao jogo, a fim de priorizarmos o ensino dos fundamentos da forma mais ampla possível, e exemplifico com dois aspectos objetivos:

1- Defesa – proibição de defesas zonais até os 16 anos da formação de base.

                 – aumentos nos tempos de posse de bola de 35 seg para os jovens até os 13 anos, e 30 seg até os 15 anos, aumentando o tempo de posicionamento defensivo individual e coletivo, ampliando sua correta aprendizagem.

                – encerramento de qualquer partida que excedesse os 30 pontos até a idade de 13 anos, eliminando um sério fator prejudicial ao desenvolvimento educativo e emocional dos jovens iniciantes.

             2- Ataque -Proibição dos arremessos de três pontos até a idade de 15 

                               anos, liberando-os daí ´para diante, assim como a posse 

                               dos 24 seg.

                              – Que na idade até os 13 anos, fosse adotada as regras do 

                                mini basquete, principalmente a regra que somente 

                                permite que cada jogador participe no máximo de dois 

                                quartos sucessivos, e que pelo menos todo jogador 

                                participe de um quarto obrigatoriamente, usando bolas

                                e cesta adaptadas a sua biotipologia.

3- Que as categorias até os 11 anos somente disputassem competições municipais, mantendo os jovens próximos aos seus responsáveis, numa idade em que se solidificam os vínculos familiares, assim como permitindo que a categoria até os 13 anos disputasse competições estaduais, liberando as regionais até os 15 anos. Daí em diante disputariam competições regionais e após os 16 anos as nacionais. Dessa forma, as poucas verbas e investimentos poderiam ser otimizados sem deslocamentos caros e ineficazes, concentrando e ampliando as competições em torno dos macro sistemas municipais, estaduais e familiares, fatores fundamentais ao pleno desenvolvimento dos jovens, assim como criando polos desportivos plenamente auditáveis e de possível controle da aprendizagem fundamental e de sistemas autorais, evolutivos e, acima de tudo, criativos…

São pequenas e factíveis adaptações que de saída obrigariam os professores e técnicos a  ensinar o jogo de forma harmônica, respeitando os ciclos físicos e emocionais de cada jovem, que são naturalmente variáveis, e onde a maior conquista seria a evolução técnica de cada um em seu próprio ritmo, e não a vitória a qualquer custo, que somente beneficia currículos profissionais. A capacitação de cada técnico evoluiria pelo número de jovens que acendessem as divisões superiores, e a qualificação dos mesmos em seleções municipais, estaduais e federais, sendo avaliado anualmente dentro deste parâmetro, a ser regulamentado, ou seja, seria avaliado e promovido pela qualificação dos jovens orientados, e não pura e simplesmente por títulos conquistados. Sem dúvida evoluiriamos de forma consistente no adequado preparo de nossos jovens, democrática e tecnicamente.

Com uma competente EBTN, promovendo um ensino/aprendizagem de qualidade superior na base da modalidade (o que nunca conseguiram), alcançariamos em duas gerações uma evolução plausível  ao formarmos e termos uma base razoavelmente sólida nos fundamentos individuais e coletivos, sem formatações e padronizações técnico táticas, tão usuais no presente, passado que tem sido equivocado e frustrante, vislumbrando um futuro ainda pior, pois o reflexo do que aí está já não engana ninguém, e somente beneficia aqueles que no fundo odeiam o grande jogo, por não compreendê-lo, e por conseguinte, aviltando-o na negação de sua imensa grandeza…

Um ciclo se inicia, mudaremos? Torço para que sim, mesmo que lá no fundo dos meus ativos e lúcidos 81 anos, duvido dos que aí estão ditando regras, se já não bastasse essa criminosa e virulenta pandemia, que em breve passará. Quanto a eles, sei não…

Amém.

Fotos – Reproduções da TV, Arquivo pessoal e Divulgação CBB. Clique duplamente nas mesmas para ampliá-las.

6 comentários

  1. Fábio Aguglia26.09.2021· Prof. Paulo Murilo,17 anos desse blog que tem relevância ímpar no basquete brasileiro.Parabéns e obrigado por compartilhar tanto conhecimento.Fez a diferença na minha formação como técnico, na forma como hoje vejo o jogo e nas escolhas técnico/táticas que faço.Muita saúde ao senhor e vida longa ao blog, conte comigo sempre.Fábio Aguglia
  2. Basquete Brasil27.09.2021· Muito obrigado Fabio, sua presença e permanente apoio ao blog só nos honra sobremaneira, e espero que continue a nos presentear com seus comentários justos e precisos. Vamos em frente, até quando os deuses permitirem. Um grande abraço. Paulo Murilo.
  3. João29.09.2021· Treinador..grato por expôr seus conhecimentos..parabens pela coragem e perseverança em mostrar o outro lado deste basquete brasileiro das ultimos décadas, tão carente de pessoas que realmente respeitam e estão preocupadas com o futuro do grande jogo neste país…apesar de estar afastado das quadras pode ter certeza que as suas considerações são de extrema relevância e estão completamente inseridas , principalmente, no contexto atual do que estamos presenciando…vida longa ao blog..muita saúde treinador…abraço.
  4. Basquete Brasil06.10.2021· Prezado João, creio que o recente artigo publicado responda suas dúvidas e questões sobre o nosso indigitado basquetebol. Agradeço sua audiência, sempre rica e incentivadora, e assim como você, espero que dias melhores hão de vir para o grande jogo que tanto amamos e respeitamos. Abração.
    Paulo Murilo.
  5. DAQUI A POUCO… at Basquete Brasil26.01.2022· […] é preciso investir pesado na formação de base, assunto que defendi e aconselhei num recente artigo, e que mesmo carentes individualmente, passemos a defender na Linha da Bola, onde uma flutuação […]
  6. SÓ MAIS UM POUQUINHO… at Basquete Brasil16.05.2022· […] é preciso investir pesado na formação de base, assunto que defendi e aconselhei num recente artigo, e que mesmo carentes individualmente, passemos a defender na Linha da Bola, onde uma flutuação […]

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COMENTÁRIOS PONTUAIS…

O telefone toca e a cobrança vem em cheio – Paulo, não vai concluir seu comentário sobre a participação brasileira em Paris?…

Confesso que até esse momento não tinha a menor intenção de concluí-lo, bastando, para mim, o último parágrafo postado no artigo anterior, onde afirmei – (…) Concluindo, enfrentaremos daqui a pouco a escola que implantou o conceito do 1 x 1 em sua milionária liga principal, copiado mundialmente (com poucas exceções), sem que possa ser contestado pelo bilionário fator econômico que a sustenta, além do suporte técnico emanado por milhares de escolas e universidades que alimentam suas franquias desde sempre…

Podemos enfrentá-los logo mais em Paris? Quem sabe os deuses, num afã de prestimosidade, resolvam dar uma mãozinha, quem sabe. Mas aqui para comigo mesmo, duvido, e fico triste por essa dúvida, ou certeza…

Amém.(…)

Pois é, os deuses se omitiram solenes, e os números não mentem, pois nos mantivemos na premissa de que nossos fantásticos arremessadores de fora fariam a diferença, o que não aconteceu, e que continuará a não acontecer quando confrontados com defesas sérias, contestatórias, e acima de tudo, cientes de todas as possíveis, parcas, e primárias movimentações técnico ofensivas, que teimosamente praticamos, substituídas pela descerebrada orgia dos longos arremessos como arma prioritária de um basquete voltado taticamente a consecução dos mesmos, preterindo absurdamente o jogo interior, ao contrário dos americanos que nos destruíram, exatamente jogando lá dentro, irônico não?…

Eis os números finais de um jogo que, ao contrário dos sérvios e franceses, jogamos de maneira insossa e  conformada…

Por outro lado, me convenci a assistir pelo You Tube FIBA ao jogo da seleção feminina postulante ao Mundial de 2026, no torneio classificatório em Ruanda, contra o “temível” Senegal, e me arrependi de tê-lo feito, pois ficou sedimentado em mim a certeza de que o basquete feminino brasileiro está na mais completa deriva, onde jogadoras erram fundamentos básicos, como os passes e os dribles, e arremessam desenfreadamente, sem lógica e destino final, além de desconhecerem os mais ínfimos princípios defensivos, numa demonstração do muito que teremos de trilhar uma áspera, tortuosa e sacrificada estrada, ao encontro de seu soerguimento. Ficou faltando somente uma explicação, por mais simples e objetiva que fosse – o que faz o Léo Figueiró no banco de uma seleção feminina, um ambiente desconhecido para ele, o que? Bem os geniais próceres cebebianos devem saber o que fazem…

Os números a seguir expõem a realidade do basquete nacional feminino:

Espero que hoje pela manhã, façamos algo de melhor contra a Hungria, o que teimo em duvidar, pois sem fundamentos sólidos e bem desenvolvidos, sistema de jogo nenhum se mostrará razoavelmente produtivo, com ou sem pranchetas, aquelas que “falam”…

Finalmente uma contestação, será o Curry, como afiançam os mais renomados comentaristas tupiniquins o melhor jogador da história do grande jogo? Olha, no jogo final, em que os franceses perderam um jogo quase ganho, ao não contestarem os lançamentos de três do excelente jogador, que arremessando da linha FIBA de jogo, nada mais fez do que.comparativamente, executar três lances livres, se comparar tal linha com a da NBA, que já está sendo dificultada pela dura contestação defensiva por parte da grande maioria das equipes, não sendo nenhuma surpresa a aprovação dos arremessos de 4 pontos, já em fase experimental, que foi destaque inclusive no grande Jornal da Globo, num processo incidioso de transformar o grande jogo num voleibol gigante, onde a inexistência defensiva exalte a estética e a pureza de movimentos artísticos individuais, com a ausência “impura” de defensores fungando no cangote de atacantes angelicais…

Como vemos e atestamos, cada vez mais o basquetebol se vê tentado a se afastar de sua essência, de sua complexa técnica individual e coletiva, e precisará de uma dose cavalar de resiliência para se manter o grande, grandíssimo jogo que sempre foi. Será que resiste?

Amém.

Fotos – Reproduções da TV. Clique duplamente nas mesmas para ampliá-las.    

LOGO MAIS…

Numa casa de caboclo, um é pouco, dois é bom, três é demais (cancioneiro popular)

Canadá vence a Espanha e garante o Brasil, que venceu o Japão, nas oitavas de final, que por sua vez enfrenta os Estados Unidos logo mais, num jogo que vem suscitando discussões a não mais valer pela grande rede, num misto de pretensiosismo eufórico e realismo indiscutível. Projetar e analisar um confronto como o de logo mais, torna-se um exercício realista, muito além do fértil imaginário da turma oba-oba que, infeliz e lamentavelmente , infesta, não só a grande rede, como, e principalmente, o entorno do grande jogo, prejudicando fortemente o soerguimento técnico tático do mesmo, neste imenso, desigual e injusto país…

Se nos reportarmos aos jogos classificatórios da seleção nacional nesta magna competição, com seus implacáveis números, discutidos nos dois artigos anteriores, e os números do jogo com o Japão, na tabela a seguir, poderemos compreender e nos situar ante uma inquietante realidade:

                                         Brasil   102    x      84     Japão

                               (46.7%)  21/45        2         14/35   (40.0%)

                               (60.7%)  17/28        3         16/41   (39.0%)

                               (90.0%)    9/10       LL          8/10   (80.0%)

                                                   49       R          34

                                                   12       E            9

São números que revelam um confronto desigual no fator estatura física entre as duas equipes, onde os arremessos de dois pontos foram mais frequentes pela equipe brasileira, face sua maior estrutura física e poder de rebote, ainda mais quando o melhor jogador japonês, Hachimura, não atuou por contusão, liberando seu perímetro interno à ação dos altos jogadores brasileiros, abusando dos arremessos de três pontos, que  mesmo perante um acerto de 60%, face a retração dos defensores japoneses, deveriam insistir com mais intensidade no jogo interno, quando muito para se exercitarem, em situações reais de jogo, habilidades coletivas que poderiam ser de grande importância nos exigentes jogos posteriores, principalmente no possível enfrentamento com a equipe americana, mestra na defesa de perímetro, espaço preferencial da maioria de nossos jogadores, que se consideram mestres nos longos arremessos, preterindo-os quanto aos mais próximos à cesta. Qualquer equipe que pretenda nos derrotar, implementará forte contestação externa, que é um fator que retira de nossas equipes sua maior e enganosa força, as bolinhas lá de fora…

Ajuda inexistente para brigar nas tabelas com os americanos.

No caso desse jogo contra os americanos, já partimos, no caso de priorizarmos o jogo interno, de contarmos com somente um jogador dominante, o Caboclo, já que os demais são falhos nesse mister, pois o Felicio e o Mãozinha não possuem a potência técnica e de choque no enfrentamento com as  jamantas ianques, claro, se jogarmos no 1 x 1, conforme o teimosamente utilizado modelo NBA que caninamente adotamos, com os  homens altos atuando abertos para o espaçamento, visando os longos arremessos e as esporádicas penetrações internas, prato feito para os gigantes americanos, física e atleticamente superiores. Se nos conscientizarmos que os defensores americanos se utilizarão fortemente das contestações aos nossos pretensiosos arremessos de três, fatalmente nos veremos em grandes apuros, já que não estamos abastecidos de alas pivôs velozes e de choque em quantidade suficiente para uma competente e eficiente rotação (alguns bons jogadores não foram convocados, num erro fatal às nossas ambiciosas pretensões, assunto largamente discutido nesse humilde blog), fator técnico estratégico que cobra, e cobrará cada vez mais os juros que incidem na constituição de uma equivocada seleção nacional…

Armadores para lá de veteranos, recém contundidos e ainda não convenientemente recuperados, alas oscilando entre o jogo interno e externo, alas pivôs que jogam mais abertos do que inseridos no perímetro ofensivo interno, sistema de jogo centrado em pink rolls insistentes e de fácil controle defensivo, insistência nos longos arremessos, incentivados por defesas flutuadas ou passivas, constituem um arsenal enganoso, se confrontado por fortes e objetivas defesas, obrigando a equipe em seu todo, a comportamentos erráticos e desequilibrados. Uma seleção nacional não pode se dar ao direito de atuar regida pelo livre arbítrio de seus componentes, dissociada de um sistema objetivo de jogo, fundamentado em bons e eficientes fundamentos, e acima de tudo, regido por uma movimentação síncrona e assincronamente contínua de todos os seus componentes, liderada por uma dupla, competente e eficaz armação, e três rápidos, fortes e atléticos alas pivôs, onde as conscientes e efetivas improvisações se façam presentes, e os arremessos constituam o ápice de um conceito diferenciado na prática do grande jogo, fugindo da mesmice endêmica a que foi relegado nas últimas três décadas, não só aqui, como lá fora também…

Concluindo, enfrentaremos daqui a pouco a escola que implantou o conceito do 1 x 1 em sua milionária liga principal, copiado mundialmente (com poucas exceções), sem que possa ser contestado pelo bilionário fator econômico que a sustenta, além do suporte técnico emanado por milhares de escolas e universidades que alimentam suas franquias desde sempre…

Podemos enfrentá-los logo mais em Paris? Quem sabe os deuses, num afã de prestimosidade, resolvam dar uma mãozinha, quem sabe. Mas aqui para comigo mesmo, duvido, e fico triste por essa dúvida, ou certeza…

Amém. 

Fotos – Reproduções da TV. Clique duplamente nas mesmas para ampliá-las. 

A QUE PONTO CHEGAMOS…

A que ponto chegamos.

Nessa tabela acima, são apontadas as possibilidades de classificação da seleção nacional às quartas de final. Observem com atenção, leiam e releiam, e com isenção avaliem a que ponto chegamos numa Olimpíada, e se realmente merecemos continuar numa competição de tal nível…

E porquê tal contestação? Bem, vejamos inicialmente o que ocorreu na partida contra a Alemanha, comparando seus números com a anterior contra a França, quando poderemos visualizar objetivamente o cataclisma técnico tático que se abateu, e vem se abatendo sobre uma seleção, vítima contumaz de repetidos e estabelecidos equívocos, que vão das convocações mais esdrúxulas e inexplicáveis, aos primários erros técnicos, táticos e estratégicos cometidos a granel no preparo e condução de uma errática, desgovernada e desequilibrada equipe, aspectos dispostos nos dois artigos antecedentes ao de agora, vítima e refém dos longevos erros técnico administrativos, que tanto exponho e discuto neste humilde blog…

Vamos aos números:

 Brasil      66   x  78      França                 Brasil       73  x  86  Alemanha 

   (44,0%)   16/36       2      18/27  (57,7%)        (42,1%) 16/38    2  21/30 (70,0%)

   (33,0%)     7/21       3        8/25  (32,0%)        (28,5%)  10/26   3  10/32 (31,3%)

   (68,0%)   13/19      LL     18/22  (82,0%)        (68,8%)   11/16  LL 14/17(82,4%)

                          32     R       32                                          35       R      32

                          20     E       19                                          20       E      14

São dados que mostram França e Alemanha, mesmo convergindo seus arremessos, muito mais que a seleção brasileira, que mesmo sem convergir nos arremessos, num passo bem positivo, apresentou pouca eficiência nos médios e curtos arremessos e nos lances livres, assim como cometeu erros de fundamentos, em número superior àquelas duas seleções, fator que explica as derrotas, além, é claro, o fato inconteste das famigeradas bolinhas não caírem, para o pranto escancarado dos ardentes defensores das mesmas…

Creio que não se faz mais oportuno insistirmos nos porquês da debacle do grande jogo entre nós, cujos fatos raiam ao inconcebível, largamente expostos e discutidos, particularmente neste insuspeito blog…

Não podemos mais atuar, onde um joga e quatro assistem passivamente.

Logo mais disputaremos com um improvável Japão quem irá para as quartas de final, sob a égide de inúmeras possibilidades, refletindo com rigor o quanto decrescemos no cenário internacional, produto direto da antecedente falência técnica, tática e administrativa interna, indiscutível e absolutamente trágica, conquistada com a incompetência, a omissão, a injustiça, o  protecionismo e o profundo desamor ao grande jogo, neste imenso, desumano e injusto país.

Amém.

Fotos – Reproduções da TV. Clique duplamente nas mesmas para ampliá-las.

O TRISTE E LAMENTÁVEL OCASO…

Uma concepção de jogo interno que deveria ter sido mais explorado pela seleção

Logo mais à tarde a seleção enfrenta a Alemanha, uma equipe bem estruturada, bem preparada, com uma sólida defesa, e um ataque efetivo dentro e fora do perímetro, ao contrário da equipe francesa que nos venceu, desbalanceada, com seus experientes Gobert e Batum  afastados em produtividade e sintonia com o jovem promissor Wembahiama, ainda bastante verde no aspecto coletivo, apesar de sua inegável qualidade técnica e invejável altura. Nossa seleção, num breve e bem situado início de jogo, quando pode contar com seu quinteto ideal, dominou a partida com bastante desenvoltura, liderando o placar em todo o primeiro quarto, durante o qual teve seu ala pivô Caboclo retirado pelo técnico Petrovic ao cometer sua terceira falta pessoal, e o Lucas pela mesma situação, assim como assistirmos constrangidos o enorme desgaste do Huertas em sua solitária função de levador de bola, armador de jogadas interiores, defensor exigido bem acima de suas condições físicas e técnicas, com seus quarenta anos se fazendo presente na dura realidade de um jogo pesado e decisivo…

Fortíssimo bloqueio interno incapacitando penetrações dos armadores, sem o apoio dos alas pivôs, ausentes do perímetro interno.

E não deu outra, quando se fizeram presentes na quadra o Felício,  uma antítese do Caboclo, o Yago, claramente fora de seu rítmo e temeroso dos bloqueios em suas costumeiras penetrações, o não lançamento do Raul, ambos vindo de contusões e claramente sem os 100% de condições físicas necessárias a um torneio de tiro curtíssimo, porém mantidos na equipe pelo Petrovic, assim como o João Marcelo, o Felício e o Didi (este que entrou em quadra aos 16,6 seg. do término da partida, sem sequer encostar na bola), todos mantidos como prêmio ao esforço grupal pela classificação na Letônia, mas que de forma alguma deveriam constar do elenco olímpico, que coerentemente pudesse realmente fazer frente aos sérios e duros embates em Paris, pois afinal de contas, uma seleção olímpica tem de ser, obrigatoriamente, constituída pelos melhores doze jogadores do país…

Faltou-nos armadores em plena forma física, técnica e tática, pois o Yago, o Raul e o Benite não estavam claramente naquelas condições, cuja plenitude deveria ter sido a prioridade das prioridades, pois se trata de uma seleção nacional, e não um clube de benfeitorias e capitanias hereditárias, onde somente o George poderia ser considerado em forma, mas que foi sempre preterido pelos demais de sua posição…

Claudicamos intensamente na defesa interna…

Faltou-nos alas pivôs, mais técnicos, mais velozes e flexíveis, fator que expus no artigo anterior, como o Jaú, o Deodato, o Márcio, que acrescentariam energia e velocidade para vencer, pela movimentação constante, uma defesa pesada como a francesa, e quem sabe, pendurando alguns de seus básicos jogadores, muito pouco exigidos por nossa opção pelos arremessos de fora, em vez de um vigoroso e continuado jogo interior, assim como dotaria a seleção de uma contestação mais presente e eficiente, o que não permitiria que um veterano Batum, com os dois pés plantados no solo efetuasse com sucesso as duas bolinhas de três nos minutos finais da partida, quando nos aproximamos em quatro pontos no placar…

Falhamos nas contestações, quando mais precisavamos para reagir no placar…

Faltou-nos coerência, bom senso, e acima de tudo, comando, de verdade, e não refém de interesses outros que jamais poderiam coexistir com o espírito de uma verdadeira representação desportiva, desprovida de uma competente e lógica convocação, ao largo de picuinhas entre entidades gestoras do grande jogo neste imenso, desigual e profundamente injusto país,  numa refrega  autofágica, cujas resultados aí estão escancarados na mais importante competição desportiva mundial, as Olimpíadas…

Uma equivocada convocação e falta de ajustes na mesma, concorreram para a fragilização da seleção.

Faltou-nos uma seleção que pudesse atuar sem as oscilações desencadeadas pelas profundas diferenças de capacitação técnico individual, provocando quedas acentuadas e irrecuperáveis no tônus coletivo da equipe, conforme ocorreu na classificação e agora na competição maior, e que irremediavelmente voltará a ocorrer na continuidade da mesma, agora impossível de correção em sua constituição, a não ser que uma reversão sistêmica ocorra no plano de jogo, com a utilização dos atuais jogadores, numa ação que opte por algo diferenciado do que vem ocorrendo, ação de difícil concepção, por conta  da incontestável realidade que nos assombra desde sempre…

Então, de que forma poderíamos enfrentar a Alemanha, sabendo de antemão de que não possuímos uma rotação confiável para atacar e frear um adversário coeso e equilibrado em suas linhas, com uma equipe fragmentada como a nossa, como?

Que respondam os luminares das pranchetas (aquelas que “falam”), que conceberam e convocaram uma equipe capenga para um magna competição, mantendo-a intocável por conta e prêmio de uma excelente classificação, porém insuficiente física e tecnicamente para uma Olimpíada…

Infelizmente, o grande jogo terá de suportar ainda um longuíssimo e pedregoso caminho, ao encontro de sua redenção no cenário internacional, começando por seu soerguimento dentro do país, o que não será nada fácil, e quem sabe nos livremos de constrangimentos, como uma matéria de página inteira no O Globo, aqui reproduzida, sugerindo ao leitor que tente encontrar a referência Basquete, para avaliar como se encontra o grande jogo em seu humilhante nicho, por conta da incúria e da pusilanimidade daqueles que o vem comandando nas últimas quatro décadas, impune e corporativamente constituídos, lamentavelmente…

O imerecido lugar do grande jogo. Culpa de quem?

Já não peço mais assiduamente ajuda aos deuses, cansados e desiludidos, assim como uns poucos batalhadores também estão, entre os quais me incluo, através das páginas deste humilde e teimoso blog, que se manterá enquanto existir um sopro de esperança em dias melhores.

Amém.

Fotos – Reproduções da TV e do O Globo. Clique duplamente nas mesmas para ampliá-las.

O QUE ME PREOCUPA…

Uma seleção incompleta, mas com alguns muito bons jogadores, infelizmente descaracterizada por um horrendo uniforme.

Me preocupa o peso de uma estreia olímpica, com seus temores e incertezas, mas o que mais me preocupa é a constituição de nossa equipe, ferida por duas sérias contusões ao término da classificação, de dois de seus armadores, o Raul e o Yago, originando a acertada convocação do Elinho e do Alexey para substituí-los. No entanto, pela rápida recuperação da dupla, segue a seleção com sua constituição original. Mas fica a dúvida, estarão mesmo plenamente recuperados para uma competição de tiro curto e exigências físicas elevadas, pois nessa condição estarem 100% em forma é absolutamente prioritário, pois em caso contrário o cerne criativo da equipe como um todo, fica seriamente comprometido…

O outro temor é o de não termos alguns reservas que lá estão, a altura de manter um aceitável nível técnico de titulares das posições de ala pivô e pivô, no caso o João Marcelo e o Felício, ambos bons jogadores, mas inferiores em velocidade e técnica a jogadores que foram injustamente esquecidos, como o Jaú, o Deodato, o Márcio, entre outros que aqui ficaram, para atenderem ao sistema de jogo adotado pelo Petrovic, cuja queda vertical de performance técnica se torna irrefutável com a presença dos que lá permanecem..

A seleção irá para o confronto com a França daqui a algumas horas, contando com oito jogadores razoavelmente inseridos aos princípios técnico táticos do Petrovic, pois o Didi ainda não se nivelou aos mesmos, ficando no ar a instigante questão – Serão suficientes para desbancar os donos da festa? Torço timidamente para que sim, porém…

Não à toa o Marcio e alguns outros jogadores se mudam para o exterior, pois fica patente que essa decisão é o caminho mais seguro para uma convocação para uma seleção nacional, qualificando-os economicamente ao mercado interno, em confronto a incertos ganhos no hiper disputado mercado europeu e americano. Além, é claro, daquele ambicionado mercado, estar sob a égide de uma CBB duelando com uma LNB pela representatividade do grande jogo perante o mundo, numa egolátrica competição, que somente faz regredir o basquetebol, outrora vibrante e vencedor, aqui e lá fora, com quatro medalhas olímpicas e três mundiais, sendo a terceira força mundial no século passado…

Quem sabe os deuses se apiedem de nossas incorrigíveis fraquezas técnico administrativas, e nos doem um pouquinho de suas ajudas, quem sabe…

Amém. 

Foto – Divulgação CBB. Clique duplamente na mesma para ampliá-la.

ENFIM, O DRAMA TERMINOU, SERÁ?…

Classificados para as Olimpíadas, com mérito e justiça, apesar de sérios contratempos na formação da equipe.

Enfim o drama terminou, a classificação às olimpíadas foi alcançada com brilho e muita luta, com estreia já no próximo dia 27 contra a dona da festa, a França…

Foi uma árdua caminhada, complicada pela deficiência na composição de alguns setores da equipe, prejudicando em muitos e importantes momentos sua produção técnica, inclusive na derrota contra Camarões, quando as variações em sua composição básica, como os armadores e os pivôs, tornaram incompreensíveis determinadas escolhas no momento do corte final, quando jogadores melhores qualificados cederam espaço a outros de menor capacidade técnica, por motivos que ferem o bom senso, mas que podem ter sido  originados no campo político, onde a refrega entre a CBB e a LNB ganhou proporções altamente negativas ao futuro do basquetebol nacional em seu todo administrativo e desportivo… 

Jogadores como o Jaú e o Deodato não poderiam ceder seus lugares aos bons jogadores Felicio e Mãosinha, mas não suficientemente bons para uma seleção do mais alto nível, assim como armadores como o Elinho e o Alexei não poderiam ficar de fora em uma equipe com jogadores sem as condições físicas totalmente em ordem, fatores que inexplicavelmente ficaram no limbo de qualquer plausível explicação. Quem sabe a pendenga entre as entidades que gerem(?) o grande jogo neste imenso, desigual e injusto país, possam esclarecer os porquês nada esportivos que eventualmente forçaram a comissão técnica a tomar medidas tão infelizes e que poderiam ter ferido de morte a equipe…

A entrada do George compondo com o Huertas a armação da equipe, trouxe equilibrio e lucidez ao grupo como um todo.

A partir do momento em que o Petrovic optou corretamente pela dupla armação, perdendo por contusão o Raul, que já vinha de uma longa recuperação cirúrgica, assim como o Yago que se apresentou à seleção em condição física pouco confiável, a escolha de outros armadores bem condicionados para um torneio exigente e de tiro curto, se tornava inadiável, mas foram mantidos, resultando em uma equipe que se viu obrigada a atuar com oito jogadores, as vezes nove em determinados momentos de uma competição para lá de difícil e altamente exigente como esse pré olímpico…

Mas Paulo, venceram e se classificaram, não é o suficiente? Não, absolutamente não, pois daqui a três semanas estarão mergulhados até o último fio de cabelo na maior das competições, as Olimpíadas, que exigirão a maior força técnica que possamos reunir, com doze jogadores equivalentes técnica, tática e fisicamente aptos para o que der e vier, sem limites ou protelações, evitando a prioritária busca por jogadores que atuam no exterior, nem todos de alta qualidade, mas da alçada da CBB, em confronto com aqueles poucos como o Didi e o Lucas que atuam na LNB, além de um dos assistentes técnicos. Mãosinha e Raul, como Free Agents, estavam na alçada da CBB, e o George em trânsito da Alemanha para Franca também, sobrando o Lucas que jamais poderia ser preterido como o MVP do NBB nesta temporada, pois o Didi certamente foi escolha pessoal do Petrovic que sempre o elogiou publicamente…

A partir do momento que a equipe assumiu essa forma de atuar, ganhou em coesão e lucidez em suas ações ofensivas e defensivas.

No momento em que essa briga for solucionada, repito, com bom senso, acredito que possamos formar seleções bem mais representativas do que essa, que apesar de vencedora com justiça, terá de equacionar sua formação definitiva e altamente competitiva para daqui a pouco em Paris…

Após esse necessário preâmbulo, posso afirmar com a mais absoluta certeza que, com a escalação inicial para esse difícil jogo contra a Letônia, em sua própria casa, lotada e vibrante, onde o Petrovic formulou um quinteto equilibrado ofensiva e defensivamente lógico e coerente, com uma dupla armação composta pelo experiente e rodado Huertas, e o jovem atlético, canhoto e muito técnico George, alimentadores de uma trinca de alas pivôs composta pelo Meindl, Lucas e Caboclo, conseguiu colimar seus esforços para incutir o tão buscado coletivismo na mente de uma seleção refém por longos e longos anos, de uma forma de atuar dentro de um sistema único de jogo, que muito prejudicou nosso desenvolvimento. No entanto, muito do dinamismo desse quinteto arrefecia quando das substituições  naturais de seus componentes, por jogadores foco da discussão acima, e que se manterá atuante para Paris se não forem esses hiatos urgentemente corrigidos… 

De tal forma os letões se preocuparam em cercar o Caboclo, que provocaram inumeras brechas no seu perimetro externo, facilitando arremessos e penetrações.

Sem dúvida alguma, a forma de jogar apresentada por essa equipe quebrou e esfacelou a defesa da Letônia, a ponto de se ver praticamente vencida ao término do terceiro quarto, e por quase 30 pontos de diferença. Mesmo com esse progresso ofensivo, ainda mantivemos um excesso de arremessos de fora do perímetro, ocasionados, talvez, pela compressão defensiva dos letões na tentativa de anular o Caboclo, abrindo largas brechas  por onde arremessavam os brasileiros com a mais total liberdade de ação. Por conta dessa facilitação, praticamente convergiram seus arremessos (13/28 de 2 pontos, e 13/24 de 3, contra 15/33 e 8/29 respectivamente dos letões). Outrossim, arremessou a seleção 29/34 Lances livres, contra 15/18, demonstrando claramente a intenção da equipe letã no combate aos alas pivôs atuando dentro de seu perímetro interno…

Defensivamente a seleção se saiu muito bem, contestando com eficiência,
antepondo as linhas de passe, e marcando eventualmente o pivô frontalmente.

Defensivamente atuou a seleção de forma intensa e efetiva, contestando os longos arremessos letões, e antecipando os passes, inclusive com marcação frontal dos pivôs em muitas ocasiões. Meindl e Lucas foram felizes em grande parte de suas tentativas de 3, assim como o Caboclo em suas finalizações dentro do perímetro, num todo harmônico coletivismo, a muito ausente de nossas seleções, e que talvez, quem sabe, recobre seu brilho espelhada na excelente apresentação vencedora do pré olímpico de Riga.

A compressão defensiva dentro do garrafão propiciou relativa liberdade aos longos arremessos, porém, como de hábito, em demasiado número.

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Preocupa-me somente, o fato de que esta seleção não tenha corrigida sua formação final e ideal para a grande competição olímpica, quando algumas modificações tenham de ser feitas, para que tenhamos doze jogadores equivalentes tecnicamente, sadios física e mentalmente, para que, enfim, atestemos o soerguimento de uma modalidade outrora brilhante e vencedora, hoje tão mal tratada em nosso país.

Que o hoje vencedor Petrovic, tenha mais opções nas necessarias e urgentes convocações, a fim de ter mais recursos técnicos em Paris;…

Que os magnânimos deuses nos ajudem.

Amém.

Fotos – Reproduções da TV. Clique nas mesmas para ampliá-las.   

UM SOPRO DE ESPERANÇA…

A proximidade entre os armadores George e Huertas mudaram o rumo do jogo, com firmeza e coerência…
George e Yago também funcionaram bem na armação…

Início de jogo, quinteto escalado: Huertas, Gui, Caboclo, Lucas e Léo. Jogo que segue, e ao final desse quarto, 22 a 12 para os filipinos, fruto da inexistência de armação consciente por parte de uma seleção descaracterizada neste mister, ou seja, numa concepção de quatro homens grandes, alas pivôs, e um solitário armador, tentando administrar o impossível…

Segundo quarto, a seleção ganha mais um armador, George, um outro, Benite, se reestrutura e pontua convincentemente, indo para o intervalo ainda perdendo por 33 a 27…

Volta revigorada com a forte presença do George, que compondo uma sólida armação, ora com o Yago, ora com o Huertas, acionavam o jogo interior, fazendo jogar os alas pivôs, como deveria ter sido feito desde o início da partida. Resultado? Vira a contagem para 51 a 39, liquidando a partida em 71 a 60 no quarto final…

Com a armação equacionada a equipe fluiu naturalmente na quadra…

Concluindo, uma seleção que vai para um jogo decisivo com um só armador de ofício, depois de uma campanha utilizando-os em  dupla armação, muito contestada pelos ferrenhos adeptos do sistema único de jogo, contra uma equipe veloz e perigosa, numa cartada ilógica, pois negava de saída sua proposta de jogo assumida desde o início da competição, correu o sério risco de perder um jogo que venceria em circunstâncias normais. Sem dúvida alguma, a tardia presença do George compondo duplas com o Huertas ou o Yago, depois de ser relegado nos jogos anteriores, provou sua importância tática ao se situar sempre próximo ao outro armador, gerando segurança nos passes, ajuda permanente nas levadas de bola, garantindo o equilíbrio defensivo, e por sua envergadura, um maior domínio sobre defensores, armadores como ele, porém mais baixos, além de reforçar o sistema defensivo, nos rebotes e no aspecto coletivo. Nos melhores momentos da partida, a dupla George e Huertas, fizeram os alas pivôs Lucas, Léo e Caboclo atuarem em pleno e com muita criatividade, projetando para o jogo decisivo de logo mais contra a Letônia, um sopro de certeza em uma atuação bem mais convincente das alcançadas até o jogo de hoje…

Jogadores como o Gui, Yago, Benite e Didi poderão complementar  a equipe no recorrente rodízio, e quem sabe poderemos ampliar as chances de alcançar um resultado bastante positivo visando uma classificação olímpica, fator importantíssimo para o futuro do grande jogo no país…

Ainda abusamos dos longos arremessos, fator negativo que deveria ser corrigido.

Mas para tanto, precisa se conter nos longos arremessos, priorizando o jogo interno, fragilizando a defesa letã, e tirando o máximo partido do posicionamento antecipativo da defesa…

Creio que, dentro das perspectivas atuais e limitativas dessa improvisada equipe, tanto no aspecto convocatório, como na indecisa opção por um sistema de jogo fundamentado numa dupla armação consistente e criativa, errando nas escalações iniciais, onde a omissão ao George ficou bem caracterizada, e corrigida no transcorrer deste jogo contra os filipinos, quando sua presença impactou a equipe e seu resultado prático…

E que a emoção do Huertas ao final da dura peleja, inspire o restante da equipe para a grande decisão.

Espero que o Petrovic mantenha o padrão a pouco duramente conquistado, como base para um encontro decisivo e perfeitamente alcançável, na medida em que se mantenha coesa, participativa, e profundamente solidária entre seus componentes.

E que o comando da equipe se mantenha uno e indivisível, que é a prerrogativa de quem o exerce.

Que os deuses, agora mais otimistas, os ajudem na medida do possível

Amém.

Fotos – Reproduções da TV. Clique duplamente nas mesmas para ampliá-las.     

A AUSÊNCIA DO BOM SENSO, LAMENTAVELMENTE…

O previsto sufoco:

Afogando a armação brasileira desde o início, os africanos comandaram com folgas a primeira metade do jogo…
Assim como anulando o jogo interior brazuca, foram duas ações defensivas brilhantes dos africanos.

Números comparativos de uma contradição gestada em 24hs:

Anteontem –

                Brasil    81          x            72    Montenegro

               (52%) 26/50        2              21/49 (43%)

               (40%)   6/15        3                7/23 (30%)

               (65%)  11/17       LL              9/9   (100%)

                             37         R            40

                             10         E            10

Ontem –

               Brasil    74          x            77   Camarões

            (50%)   12/24          2          15/27 (55.6%)

            (34.6%) 12/38       3            12/34  (35.3%)

            (77.8%) 14/18      LL           11/17  (64.7%)

                             40        R             37

                             14        E              10

Afinal, o que aconteceu?

E por aqui começamos, e da forma mais enfática possível – 

Em 24hs esqueceram tudo, saíram para o bang bang deslavado, e perderam, e com muita sorte, pois quando a diferença chegou aos 27 pontos para os africanos, resultado que eliminaria o Brasil das semifinais (bastavam 14 pontos para que isso acontecesse), a turma do continente negro amoleceu o duro embate defensivo, satisfeitos com a classificação, quem sabe mais chegados aos brazucas nas semis do que os também duros montenegrinos, sabe-se lá o que mais… O certo é o resultado nada alentador para a seleção brasileira, pois ficou mais do que exposto o erro grosseiro na formação final da equipe, onde capitanias hereditárias, protecionismos e interesseiras indicações moldaram uma falsa e fragilizada equipe nacional, relegando outros valores que vem faltando ante a realidade da competição, onde a contusão do armador Raul fez desmoronar o efetivo comando da equipe dentro da quadra, onde o Huertas se viu exigido ao maximo com a dura marcação africana, sem ter encontrado um auxilio mais efetivo por parte de um Yago ainda ressentido fisicamente, um Benite oscilando entre a armação e os arremessos de três, e um George necessitando de uma bússula no seu restrito emprego quando solicitado. Ficaram a meio caminho armadores em forma, como o Elinho, o Alexey, o eclético Deodato, assim como alas pivôs técnicos e de embate, como o Jaú, o Paranhos, e até o Lenz ainda preso ao seu afã de chutador de três de fácil correção, sem falar em novos valores como o Du Sommers, o Paulo Schoer, todos esquecidos em nome de “nomões” de QI super estimados…

Perdas de bolas por falência nos fundamentos foram fatais nos primeiros dois quatos do jogo…
Propiciando faceis contra ataques africanos.
Uma equipe com um sentido coletivista brilhante, mas sem a continuidade necessária para fechar positivamente os jogos.

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Falhamos bisonhamente nas levadas de bola com fortíssimo assédio defensivo, pois no sistema único um dos armadores (sim, jogamos sempre com dois, fator altamente positivo, porém…) atua de frente para a cesta, e o outro se coloca num corner player, quando deveriam atuar permanentemente em linha, em paralelo a linha final, a fim de se ajudarem sob marcação severa, podendo originar, inclusive, dá e segues frontais, desequilibrado defesas agressivas, e originando supremacia posicional se um dos defensores fosse ultrapassado. Mas isso é outra conversa, nada compatível à realidade técnico tática que vem ocorrendo entre nós a mais de três décadas da mesmice endêmica que vem nos afundando irremediavelmente…

Somemos a tudo isso o fator mais desagregador que amargamos, o desleixo defensivo desde a formação de base, fator desencadeante da cultura dos longos arremessos, que de tal maneira se arraigou no âmago do grande jogo por nós praticado, que dificilmente será corrigido, e cujos reflexos hoje nos assombra, e continuará a assombrar por um longo tempo ainda. Sairemos deste círculo vicioso? Tenho sérias dúvidas, pois haveria a premente necessidade de mudanças na formação de nossos técnicos e professores, principalmente aqueles que lidam na formação de base, assim como uma coerente adequação de determinadas regras as necessidades da prática pelos mais jovens, que são aspectos longamente discutidos neste humilde blog, desde sua fundação vinte anos atrás…

Pouco tentamos o jogo interior nessa fase, esquecendo os efetivos ataques do jogo anrterior.
E voltamos a repetir uma disposição ofensiva em que um ataca e os restantes se posicionam para um arremesso de fora, negando o auxilio ao solitario companheiro.
Um corajoso Leo Meindl comandou a reação com muita disposição e técnica invejável.
Camarões matou o jogo ironicamente nos arremessos de fora, num confronto suicida em que levou a melhor na desenfreada e absurda artilharia…
Não se muda uma forma de jogar vencedora em 24hs, sem causar uma pane coletiva mortal, ainda mais em um plantel incompleto e desequilibrado como essa seleção.

Então, o que vimos e atestamos neste emblemático jogo, senão a dura constatação de que, se na véspera soube a seleção optar vantajosamente pelo aguerrido jogo interno, com evidentes vantagens para o sentido coletivista da equipe, um considerável avanço sem convergência nos arremessos, para 24hs depois regressar às origens, quando perpetraram 12/24 arremessos de 2 e 12/38 de 3, contra 15/27 e 12/34 respectivamente dos africanos, numa orgia descabida de 51 arremessos de 2 pontos, e absurdos 72 de 3 para ambas, duelando irresponsável e lamentavelmente num importante pré olímpico, realmente lamentável…

Se setorizarmos, como adoram fazer a maioria dos comentaristas televisivos e jornalistas ditos especializados, podemos, de saída, constatar a extrema pobreza na escolha ofensiva contra uma defesa interior agressiva, coercitiva, tentando anular os alas pivôs pela força, que perderam a oportunidade de pendurar em faltas os gigantes africanos, caindo na armadilha que propuseram a não intensificar a também dura e eficiente defesa externa, abrindo algum campo aos longos arremessos, que ao não caírem propiciavam intermináveis contra ataques, levando-os a liderar o placar em até  27 pontos, originados pela ausência do acionamento do jogo interno por parte da seleção…

Na segunda etapa do jogo, o incompreensível recolhimento da equipe de Camarões, propiciou uma revigorada reação capitaneada por um lutador Leo Meindl, que de fora para dentro conseguia abrir a forte defesa africana, incentivando com seu exemplo os companheiros a fazê-lo, mesmo desordenados, porém bem mais combativos do que os dois catastróficos períodos iniciais. A elástica contagem foi sendo diminuída, mais de 2 em 2 pontos do que os de 3, até o momento em que empataram na contagem, para ai sucumbirem em uma bola de 3 conseguida pelo jogador Hill, numa segunda tentativa na mesma jogada, sem sofrer a menor contestação, retratando com fidelidade a fraqueza defensiva que nos pune pela má formação de base, formatando e padronizando um comportamento praticamente padrão no seio dos mais jovens aos mais veteranos dos praticantes deste imenso, desigual e injusto país. Desta triste realidade emergiu triunfante, pela inexistente defensiva a entidade dos longos arremessos, as famigeradas bolinhas, aquelas que pretensamente nos transformaria em referência mundial, mas que, ironicamente, nos venceu no jogo de hoje…

Sábado será o dia da verdade do que aí está representando o país num pré olímpico, espelho fiel da forma como vemos e jogamos o grande jogo, flutuando numa falsa certeza de acertos e progressos, cultuados como a verdade absoluta, advinda de mais falsos ainda líderes administrativos, gerenciais, técnicos e estrategistas, todos, absolutamente todos, embarcados numa nau sem fundo, e que num futuro não tão distante assim, depositarão a derradeira pá de cal no insepulto basquetebol tupiniquim. Mas acredito com convicção que emergiremos para um novo tempo, onde o mérito vencerá a concretada instituição do Q.I., como fruto de um projeto verossímil de educação formal, desportiva e artística, no qual o grande jogo poderá ter a chance de um futuro melhor do que esse nauseabundo presente.

Amém.

Fotos – Reproduções da TV. Clique duplamente nas mesmas para ampliá-las.    

THE RIGHT WAY, UFA!!!

Parabéns pela efetiva e bem vinda mudança.

ALELUIA!!! Parece que começamos a aprender, e por conta disso, parabéns ao Petrovic, que na sua volta conseguiu estancar a hemorragia artilheira da turma tupiniquim, fazendo-a atuar com o cérebro, e não com a testosterona, o suficiente para vencer uma importante partida nessa competição de tiro curtíssimo…

Um inspirado Huertas atuando em dupla armação e exercendo efetivos DPJ’s brilhou.

Uma para lá de competente dupla armação, com seus dois integrantes atuando em proximidade, e não correndo maratonas por trás de uma dura defesa montenegrina, abasteceu a não mais poder a trinca de alas pivôs sempre em deslocamentos, e o mais importante, concluindo de média e curta distâncias, com eficiência e inteligência…

Os longos arremessos foram pontuais, alguns dos quais poderiam ter sido evitados, em função da alta qualificação dos próximos a cesta, acrescidos de seguidos DPJ’s por parte dos armadores, principalmente o Huertas, extremamente feliz em seu estratégico posicionamento, que quando em dupla com o Raul elevou o nível do jogo a um excelente patamar. Benite e Yago não conseguiram acompanhar a qualidade coletivista daqueles dois, pois ambos têm características finalizadoras, um pelas bolas de três, o outro nas penetrações, sobrando o bom Georginho, que com uma presença em quadra de somente 6:37 min, pouco ou nada pode apresentar de efetivo…

Duro embate entre a ofensiva brasileira e a defesa montenegrina…

Com a saída do Raul por contusão, tornou-se necessária uma grande rotação entre os armadores, na qual o Huertas canalizou para si a maioria das ações ofensivas, sendo apoiado razoavelmente pelos outros armadores, num momento da partida em que a preferência pelo jogo interior foi determinante para o sucesso da equipe, liderada pelas ações decisivas do Caboclo, Meindl, Gui e Lucas, que se fartaram de concluir arremessos curtos, médios, e até alguns longos, dada a compressão defensiva dos montenegrinos dentro de seu garrafão, no afã de conter os alas pivôs brasileiros… 

Dura defesa brasileira, como deve ser, sempre…

Neste ponto da análise, lamentamos as ausências do Jaú e do Deodato, ambos muito bons e ativos nas tabelas, no jogo interior, e até nos longos arremessos, no caso do Deodato. Está na hora da seleção deixar de ser vitrine para determinados jogadores, que apesar de bons não o são suficientemente para uma seleção nacional, onde os doze integrantes têm de estar em patamares próximos, e não distanciados dos mesmos…

Claro, uma última análise terá de ser feita, talvez devesse ter sido a primeira, o sistema de defesa, que foi bastante eficiente nesse jogo, principalmente no perímetro interno, onde os gigantes europeus sofreram fortíssimo combate e permanente anteposição aos seus incisivos movimentos  por parte dos homens altos da seleção, fator que propiciou alguns efetivos arremessos de fora, que os mantiveram no comando do placar até o terceiro quarto, quando os brazucas o assumiram até o seu feliz final…

No Quadro a seguir temos uma boa imagem gráfica do jogo:

               Brasil    81          x            72    Montenegro

               (52%) 26/50        2              21/49 (43%)

               (40%)   6/15        3                7/23 (30%)

               (65%)  11/17       LL              9/9   (100%)

                             37         R            40

                             10         E            10

Por fim, devemos atentar para um inédito e bem vindo fator, a adoção coerente e responsável de um novo pensar o jogo, por parte da direção técnica da equipe brasileira, fazendo-a atuar convincente e preferencialmente dentro do perímetro interno, no âmago da defesa adversária, dando preferência aos mais eficientes e precisos curtos arremessos, aos médios arremessos, tornando os longos em armas pontuais pelas mãos dos verdadeiro especialistas, como o Lucas e o Meindl, e não como uma festança irresponsável aberta a todos. Se em algumas situações fomos ultrapassados com facilidade por nossos adversários em progressão de dribles e fintas, deveu-se ao fato inconteste de nossa fragilidade neste básico e importante fundamento, negligenciado desde a formação de base, porém hoje razoavelmente compensado pela entrega e dedicação daqueles poucos que o exercem com mais competência, principalmente no perímetro interno, terreno pedregoso onde as partidas são verdadeiramente ganhas, e não soltando pombos voadores não contestados e arrivistas…

Defesa bem postada, contestando, marcando na linha da bola, fator altamente positivo.

Mais adiante toparemos com a Letônia, para aí sim, nos confrontarmos com a verdade verdadeira do grande jogo, aquele bem jogado, bem pensado, e melhor ainda, levado à exaustão, pela dedicação e entrega total, atacando e defendendo, preferencial e decisivamente ao encontro de uma possível classificação olímpica, de 2 em 2, de 1 em 1 pontos, como hoje o fizeram, provando que podem ser capazes de atuar diferenciadamente da mesmice endêmica que vem caracterizando essa geração, merecedora de sistemas eficientes de jogo, criativo, ousado, proprietário.

Jogo interior, forte, inteligente, deve ser desenvolvido ao máximo…

Creio que o deuzinho cansado e enfastiado de ontem, tenha se empolgado um pouquinho, e quem sabe, torne a nos ajudar, quem sabe…

Amém.

Fotos – Reproduções da TV. Clique duplamente nas mesmas para ampliá-las.