REQUIEM PARA UMA ELEIÇÃO…

Não  conheço o Sr.Kouros Monadjeni pessoalmente, mas conheço suas serias administrações no Minas TC, seu prestigio profissional e sua lisura ética e desportiva. Creio não, tenho a certeza que estes predicados o tornaram unânime para presidir a NLB, dando novos ares de esperança ao processo de soerguimento do basquete brasileiro. E vendo-o no sábado pela transmissão da TV, quando das homenagens aos campeões mundiais de 59, e a calorosa receptividade com que foi recebido por todos naquele ginásio candango, deu-me a nítida impressão de que um nome de consenso estava se tornando realidade dentro do até agora nebuloso e coloidal cenário político que cerca a próxima eleição na CBB.

Quando sugeri veementemente uma quarta via que viesse a disputar a eleição, inclusive nominando o quadro administrativo da LNB, do qual poderia emergir um nome competente o bastante para rivalizar com os três candidatos oficializados, o fiz pleno de certeza de ser este o único caminho lógico para o confronto democrático, já que apoiado firmemente pelas seis federações de onde se originam os clubes inscritos para o NBB. Claro, pela obviedade da situação que poderia ser deflagrada com tão poderosa candidatura, outras mais federações fatalmente a apoiariam, pois a possibilidade de se verem agraciadas pela extensão da liga a médio prazo, com suas projeções inicialmente político desportivas, e mais adiante sócio educacionais, fariam com que as adesões se tornassem realidade, ainda mais dentro de um quadro declaradamente de favorecimentos pessoais, e que tenderia a evoluir para um outro tipo de vantagens, as de cunho sócio educacionais e desportivos.

Mas tudo leva a crer que a técnica mineira de um passo de cada vez tenha prevalecido, num momento único de nossa política desportiva, viciada e mafiosa, onde a enorme brecha originada pelo desprendimento e perda das chaves do cofre para a NLB, tornando-a herdeira de um poder mantido a ferro e fogo pela CBB, fragilizou a mesma de forma contundente, e cuja brecha teria de ser prontamente preenchida por outros valores e pessoas gabaritadas, e porque não, as mesmas que provocaram tão dramática mudança. Talvez, nem tão cedo acontecerá outra brecha de tão decisiva importância estratégica, já que o poder será restabelecido através um dos três concorrentes, compadres e unidos no comando e controle da CBB nos últimos dez anos, e o pior, dentro da legislação desportiva brasileira, que imutável os garantem no comando ad infinitum, e que nem mesmo a NLB, engatinhando juridicamente, poderá fazer frente a longo prazo.

Por outro lado, se houve acordo de não confrontos eletivos que viabilizaram tão repentinamente a criação da LNB, quando três anos antes a NLB presidida pelo Oscar foi defenestrada sem dó nem piedade do cenário nacional, um perigo de rompimento de acordos estará sempre presente, pois quando se tratam de chaves de cofres, tratados, acordos, leis e lacres são violados sem maiores considerações, tendo como lastro as leis que vigoraram, vigoram e vigorarão até que um governo comprometido com o processo educacional e desportivo do país as estudem, modifiquem e adéquem às verdadeiras necessidades destes novos tempos.

Quando defendi a quarta via, previ que a chance única de vitoria inconteste, já que revestida de um chamamento poderoso e político como a LNB, arrefeceria drasticamente as vantagens imediatas que mantêm a CBB nas mãos dessa matilha de raposas felpudas, pela promessa factível e de profundos envolvimentos e interesses sócio políticos regionais que poderiam ser preenchidos e atendidos pela importância de participação em uma liga nacional, mesmo que setorizada inicialmente. Seria uma troca por votos honesta, já que de valor social e educacional, do que as benesses e mordomias pessoais distribuídas como garantias dos votos decisivos.

Se houve o acordo, demonstrou-se a flexibilidade matreira e inteligente de uma raposa profissional, num momento que tudo ruía por força dos fracassos internacionais do nosso basquete, e que nem mesmo uma troca de nomes no comando da CBB alijará a matilha do poder, onde até a ABAUSA já entrou no rol das compensações.

Sinto, que por conta de um unilateral código de ética desportiva, estejamos perdendo a única oportunidade que apareceu nos últimos doze anos de verdadeiramente mudarmos o comando do pré falimentar basquetebol brasileiro, que nem os apelos e os créditos de confiança no futuro que foram propalados com emoção pelos grandes campeões mundiais no âmbito de suas merecidas homenagens, nos livrará de mais quatro anos de desmandos e promessas vãs, embaladas no circulo vicioso e criminoso que poderá se tornar definitivo, e que infelizmente, perdemos a grande chance de interromper e banir. Que os deuses nos ajudem.

Amém.



4 comentários

  1. Pilar 02.02.2009

    Pelo que pude entender do seu artigo, você esperava o nome ver o nome de Kouros, ou qualquer outro envolvido no quadro administrativo da LNB, envolvido na eleição pra presidente da CBB. E a não aparição desse candidato representa um acordo entre eles, o que na sua visão é prejudicial ao basquete brasileiro, pois representa a anunciação de um quadro político muito próximo do qual vem sendo realizado. Mas será que seria possível essa ruptura? Existiria a LNB diante de uma ruptura?
    Abraço

  2. Basquete Brasil 02.02.2009

    “(…) Existiria a LNB diante de uma ruptura?” Seguindo o raciocínio da não existencia de um acordo inter pares,claro que a LNB não teria o aval da CBB, e a aceitação incondicional da existencia da mesma comprova a possibilidade de um acordo sim, prezada Pilar.Agora,se a parte confederativa vai mantê-lo,é outra conversa, haja visto exemplos antecedentes de quebras unilaterais de compromissos, como o não pagamento de seguros de atletas,o não cumprimento de contratos com firmas,etc,etc.A dissimulação é a marca registrada de raposas felpudas, e a LNB que ponha as barbas de molho se acontecer uma virada de mesa, não esquecendo que as leis desportivas não mudaram,e são as mesmas que sempre garantiram a longeva permanencia da turma que ai está.Por isso insisti na tomada drastica de posições, ja que dificilmente iremos ver a situação de pires na mão de novo.E são nessas raras oportunidades que se cortam as felpudas caudas definitivamente, como fizeram no processo eleitoral que derrubou a independente e antagonica FEBERJ.
    Um alto grau de previsibilidade é possivel quando você disputa algo contra individuos éticos ou não éticos. Mas quando o confronto se faz presente numa realidade aética, ai tudo pode acontecer.
    Um abraço, Paulo Murilo.

  3. Pilar 03.02.2009

    Realmente esse é um momento de crise. Elas podem tanto terminar com a mudança do cenário, ou seja, como você mesmo deseja, para um realidade ética, ou pode perpetuar e se tornar ainda mais aética. Acredito que para transforma de um maneira mais brusca deveria existir mas forças em ação. Uma delas, e a qual o vejo sempre citando, é a de uma possível associação de técnicos, a qual não sei nem se existe em algum lugar. Outra, é a associação de jogadores, que parece estar muito longe de se concretizar. Como você diz: o que esta em jogo é a chave do cofre. Quanto menos pra dividir o bolo, mais sustância na barriga da raposa. “São nessas raras oportunidades que se cortam as felpudas caudas definitivamente”, mas são nessas oportunidades também que as raposas tornam sua caudas felpudas e grandes caudas de pavão. Resta ver qual será o resultado de todo esse alvoroço.

  4. Basquete Brasil 03.02.2009

    Com o termino no passado dia 31 do prazo para as incrições de chapas,temos definidos os tres postulantes,os compadrea que habitam o mesmo teto cebebiano nos últimos dez anos, tempo suficiente para mudanças e progressos que acenam por agora,e que jamais concretizaram.Mudanças? Talvez de nomes, nunca de politicas, fatores que nos preocupam pela enorme carga negativa que os envolvem.Depois de maio saberemos quem tem razão, e somente lastimo, por mais uma vez,ser eu a ter razão.Realmente um desastre.Um abraço,
    Paulo Murilo.

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