PAPEANDO COM O WALTER…

  1. Walter Carvalho -Ontem

Professor Paulo Murilo,

Feijoada sem tempero é igual a Basquetebol sem fundamentos.

Estava aqui lembrando que na minha época de mirim, infanto e juvenil, tive a oportunidade, a felicidade e a honra de ser treinado por técnicos como: Baroni, Gleck, Paulo Murilo, Guilherme do Mackenzie, Marcelo Cocada, Heleno, Chocolate, Zé Pereira, Ary Vidal, Tude Sobrinho, Emanuel Bonfim e Waldir Boccardo alem do Kanela.

Que maravilha! Que saudade!

Hoje o grande jogo, esta cheio de “achistas”, curiosos e apadrinhados que confundem filosofia de jogo com estratégia, etc. Estes estão literalmente assassinando o nosso esporte, especialmente nas divisões inferiores. Paralelamente o nível dos técnicos da 1a-divisão, com poucas exceções, caiu bastante também.

Seja o que Deus quiser!

  1. Basquete Brasil -Ontem

Olha Walter, acabo de ver trechos tremidos e travados(transmissão pela internet) da seleção em Porto Rico contra a Argentina no torneio que antecede a Copa America, onde venceu por 91 x 76. Já li relatos ufanistas sobre a grande vitória, assim como tive de privar com um chat paralelo de dar arrepios, tal o baixo nível do mesmo, num desrespeito brutal para com todos aqueles que ali estavam para assistir um jogo, e não testemunhar tão constrangedora baixaria. Mas você pode acreditar num 27 x 4 de tiros de três de uma equipe argentina, de só ter um jogador desqualificado com 5 faltas, de ver seu segundo pivô, o pesadão Gonzales, forjar uma agressão gratuita no Varejão para ser excluído, de ver o técnico campeão olímpico assistir a derrocada na maior calma do mundo, de não ver o Prigioni participar do jogo,de não testemunhar em nenhum momento a notória agressividade defensiva portenha? Enfim, digo e afirmo o que já havia dito quando da participação uruguaia no torneio do Rio, que nossos vizinhos do Prata treinaram mais do que jogaram, pois estão curiosos como nossa seleção atuará sem pivôs pesados e um só armador puro, deslocando o Leandro e o Alex para a outra armação. Simples e objetivos, pois na Copa é que o caneco e as classificações estarão em disputa. Sou macaco velho demais para acreditar em brilharecos e vitórias que não significam absolutamente nada.Se jogando livre de marcação intensa nossos jogadores cometeram o numero usual de erros de fundamentos, tremo de medo quando enfrentarem defesas dispostas e agressivas, como vem acontecendo nos últimos 20 anos.Pode ser até que nos classifiquemos, mas é bom e saudável pormos as barbichas de molho, pois”nem tudo que brilha é ouro, nem tudo que balança cai”(Êta sabedoria popular porreta!), como diriam os velhos técnicos que sabiam tudo, e mais um pouco.
Um abração, Paulo.

  1. Walter Carvalho -Hoje

Ola professor,

Agradeço a resposta. Estava lendo a performance individual de cada jogador contra a Argentina e notei que os nossos pivôs moveis – só anotaram um total de 21 pontos do total de 91. Baseado somente nesses dados me parece que o Brasil ainda não esta explorando muito a habilidade dos seus pivôs no ataque, ou seja, o sistema utilizado me parece ser o mesmo de competições anteriores explorando, sem controle, os arremessos de 3 pontos, e dependendo muito e de uma forma perigosa e muito previsível dos seus alas. Isto é um perigo quando a coisa for pra valer.
Ate breve.

  1. Basquete Brasil -Hoje

Acertou Walter, mas como viabilizar e acionar pivôs com somente um armador de ofício, como? Com o Leandro, Alex, Marcelo, Duda, voltados às finalizações? Basta rever o tape para sentir o quanto os pivôs rendem com o Huertas em quadra. Por isso, é que suas preocupações são as minhas quando a cobra fumar. A validade de uma torcida está diretamente proporcional à maior ou menor qualificação técnico tática e de domínio dos fundamentos de uma equipe.O resto é papo furado de quem afirma conhecer o grande jogo. Um abraço, Paulo.

E nada mais foi dito ou perguntado. E precisava?…

Amém.

PS- Walter Carvalho é o atual técnico da seleção do Bahrain, consultor FIBA para o Oriente Médio, e um dos excelentes técnicos brasileiros que atuam no basquete internacional.



4 comentários

  1. Walter Carvalho 20.08.2009

    Professor Paulo Murilo,

    Agradeco a forca e as suas palavras carinhosas. Estou enviando abaixo a matematica para o Basquetebol com 2 armadores:

    1) Equipe + 2 armadores = maior tempo de posse de bola
    2) Equipe + 2 armadores = melhor aproveitamento de arremesso por posse de bola
    3) Equipe + 2 armadores = melhor equilibrio ofensivo
    4) Equipe + 2 armadores = Melhor e mais eficiente movimentacao e distribuicao de bola
    5) Equipe + 2 armadores – menor numero de erros de fundamentos
    6) Equipe + 2 armadores = melhor pegada e agressividade defensiva
    7) Equipe + 2 armadores = melhor e mais eficiente transicao para defesa e conversao para o ataque
    8) Equipe + 2 armadores = Ataque menos previsivel
    9) Equipe + 2 armadores = melhor equilibrio defensivo facilitando o posicionamento para o rebote defensivo
    10) Equipe + 2 armadores = melhor controle do ritmo de jogo

    Alguns percebem e outros se negam ou nao tem a capacidade de entender e visualisar.

    Saudacoes – Seja o que Deus quizer!

  2. Basquete Brasil 20.08.2009

    Olha Walter, pelos numeros do jogo de ontem contra Porto Rico(sem três de seus jogadores básicos…)em que vencemos por 10 pontos, dos 90 conseguidos 46 o foram na área do garrafão(28/64-44%),e somente 1/10-10% de arremessos de três.Esses numeros (não houve qualquer tipo de transmissão ao vivo)provam o acerto de jogarmos com pivôs rápidos e flexiveis, mas pecamos em acioná-los com somente um armador de ofício. E se reconhecermos a fragilidade de defesas adversárias em jogos de menor interesse, correremos sérios perigos quando necessitarmos de um outro armador junto ao Huertas quando frente a defesas combativas. Os que tentarmos adaptar são inadequados(daí o grande erro de não levarmos mais dois armadores experientes,com o Valter e um dos Helios, substituidos por outros que dificilmente atuarão nos jogos mais “pegados”…)pois concluidores, e não possuem o dominio exigido nos fundamentos para dominarem suas áreas de influência, o que os levarão às tentativas individuais de penetrações e arremessos desequilibrados. Esse é o nosso grande problema, mesmo tendo junto à cesta jogadores de boa qualidade.
    Resta-nos, como desde sempre, torcer por uma fase menos brilhante de nossos adversários, ou em noites em que “tudo caia”.
    Quanto ao excelente decálogo que você envia, infelizmente é matéria cifrada para a grande maioria de nossos técnicos, já que exigiria dos mesmos, pelo menos, um pouco de estudo e reflexão. Com as lideranças que influem em suas formações,levando e induzindo-os às padronizações técnico táticas, duvido muito que entendam o que “velhos e ultrapassados” técnicos como nós,têm a dizer e a ensinar, o que é triste e lastimável. Um abração Walter,
    Paulo.

  3. Walter Carvalho 22.08.2009

    Professor Paulo Murilo,

    Estou lendo e relendo seu comentario sobre a performance do Brasil durante o ultimo jogo baseado na analise dos numeros e em razao desta analise eu gostaria de comentar o seguinte:

    1. Gostaria de saber mais sobre a os 46 pontos anotados pelo Brasil dentro do garrafao: 1. Quem anotou os pontos?, 2) e em que situacao de jogo estes pontos forma anotados e 3) se estes pontos foram anotados e precedidos de drible e penetracao ou passe e arremesso. So assim eu poderia analisar e ter uma ideia das caracteristicas desta equipe atual.

    2. Nesta competicao e em outras competicoes internacionais – com jogos mais pesados – e igualmente importante saber se os jogadores subsitutos tem condicoes de manter ou melhorar o nivel de performance da equipe titular -visto que nossos jogadores, principalmente os titulares, terao que se movimentar muito, com e sem bola como tambem terao que marcar – e;para cada jogador manter este ritmo de agressivo tanto no ataque quanto na defesa por mais de 20 minutos por jogo – e muito dificil!

    3. Devido ao comentario 2 – gostaria de saber se possuimos 9 jogadores que possam sustentar este ritmo de pegada agressiva na defesa e potencial para anotar pontos no ataque em umjogo de quadra-toda. Ou seja se nossos principais jogadores, serao ou nao socorridos pelo banco quando estes nao tiverem mais pernas???

    4. Com esta formacao, acredito que o Brasil tenha que alongar/extender o seu jogo, ou seja, nao jogar em meia-quadra, utilizando uma pegada defensive de 3/4 da quadra para quadra toda, pois so desta forma poderemos impor um ritmo de jogo que favoreca a nossa equipe constituida de jogadores mais leves e de habilidade para jogar ‘off the dribble’. Contra uma equipe mais leve como a do Brasil – acredito que os adversarios principalmente irao tentar impor um jogo mais lento, pesado e de meia quadra.

    Espero poder assistir os jogos pelo computador -o problema sera o fuso horario. De qualquer forma estaremos torcendo…

    Ate breve. Walter Neto

  4. Basquete Brasil 22.08.2009

    Walter, no jogo final contra o Canadá, os mesmos numeros se repetiram, com quase 70% de nossos pontos conquistados dentro da zona restritiva, pelos mesmos três jogadores, o Spliter, o Varejão e o Leandro com suas penetrações e um ou outro arremesso de media distancia, e todos com razoável técnica de drible e fintas. Logo, podemos deduzir que a idéia inicial do Moncho de fazer circular dois ou três jogadores pelo perimetro interno está tomando forma, já que dispõe de jogadores rápidos, saltadores e reboteiros natos. Daí, o pouquissimo aproveitamento do JP Batista, com sua lentidão, antítese do esquema adotado até aqui, e as tentativas de lançamento do Alexandre e do Guilherme nessas novas funções. Sobra para o Alex, destinado aos contra ataques, a uma defesa mais rigida(até agora inexistente fora do perímetro), e algumas chances de uma segunda armação, atualmente delegada ao Marcelo. E aí é que a porca torcerá o rabo quando as defesas apertarem(e o farão sem dúvida alguma, além de forçarem o jogo ofensivo para cima do Huertas a fim de forçá-lo a faltas)visando as fraquesas de armação dos irmãos e também do Alex.
    Mas o Leandro poderá exercer essa função, perguntariam os estrategistas de plantão, para uma resposta contundente na realidade de um fato evidente, a de que o Moncho o quer ferindo e agredindo, em conjunto com o Spliter e o Varejão.
    Desgraçadamente não temos, ao menos um, somente mais um armador para essa realidade mais do que anunciada, e prevista pelo Moncho, haja vista a forma de jogar que vem tentando estabelecer na seleção.
    Nenhuma versatilidade supera o crivo indiscutível da ausência de um perfeito dominio dos fundamentos do jogo, principalmente de armadores, responsaveis que são pelo dominio e posse estratégica da bola e do descortínio tático sob pressão fisica e psicológica.
    Nosso banco está órfão de armadores, graças a uma convocação equivocada e politica, fatores que não vemos em nenhum de nossos adversarios diretos. Burrice e caipirismo endêmico geram tais distorções, caro Walter.
    E o pior, habitam nosso banco jogadores que, duvido, serão aproveitados pelo Moncho, que capitaliza dessa forma um excelente álibi se o pior vier a acontecer, já que a convocação passou longe de seu exclusivo crivo, quando vem anunciando e sugerindo seu assistente como seu sucessor na seleção.
    Então Walter, creio que suas análises, mesmo pontuais, mas repletas de conhecimento e experiência técnico tática, se encaixam com precisão na realidade de nossa seleção, que enfrentará um embate previsivel e desalentador sob tais circunstâncias, até o dia em que o bom senso e ausência de “achismos” nos façam e nos tornem grandes de novo. Um abração, Paulo.

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