DIBUJOS…
Como ai em cima está exposto, a ENTB/CBB debutou em um Mundial, e em grande estilo( clique na imagem), apresentando a construção e elaboração, e a obra em si, clara, didática e de imediata compreensão. Seria até engraçado, senão fosse trágico, exatamente isto, uma incompreensível tragicomédia.
Absolutamente incrível como um pedaçinho de plástico se situa entre um técnico e suas jogadoras, como um biombo divisório, onde o olhar critico e orientador se desvia para uma inverossímil e impessoal prancheta, quando o deveria orientar diretamente aos olhos ansiosos e indagativos de suas comandadas, que naqueles momentos cruciais de uma difícil partida, mais precisariam de orientações sobre técnicas individuais e posturais, do que hieróglifos rabiscados em sua superficie.
Mas o sistema(?) tem de ser desenvolvido coreograficamente, na marra, através os tortuosos e caóticos garranchos, nervosa e inseguramente rabiscados na onipresente…prancheta.
E o jogo foi perdido, por 1 ponto, mas o foi, muito mais por erros de técnicas individuais, do que táticos.
-Fulana, atenção aos passes paralelos à linha final que você está empregando em demasia, ainda mais sendo uma armadora. Evite-os sempre, pois é uma regra primaria do jogo. Treinamos muito, lembra-se? Interceptações defensivas sempre ocorrem nesse tipo de passe, que se picado, com a conseqüente diminuição de sua velocidade, mais perigoso ainda, cuidado moça, perdem-se jogos dessa forma.
-Beltrana, ao receber um passe interior, tente se situar em movimento constante, já que sua compleição física é avantajada e pesada. Deslocando-se você percebe com mais clareza possíveis dobras, duplas e até as perigosíssimas triplas, pois em movimento, além de suas três opções se manterem intactas, no drible, no arremesso e no passe, tanto interior, como exterior, sempre estará um tempo à frente de sua(s) marcadora(s), não esquecendo nunca que uma atacante age pela iniciativa, e uma defensora reage motivada pela mesma.
– Priorizem os arremessos de 2 pontos, já que mais precisos e eficientes, otimizando cada ataque que executarem. Deixem os de 3 pontos para aquelas situações de pleno equilíbrio e liberdade para executá-los. Primem pela eficiência, em vez das aventuras. Vocês são jogadoras de elite, e como tal têm de ser comportar.
– Contestem, como exaustivamente treinamos, os longos arremessos das coreanas, que os utilizam em velocidade como compensação de sua inferioridade biotipológica, evitando dobras desnecessárias para evitar arremessos de 2 pontos. Se tiverem de optar permitam que elas os tentem , e não os mortais de 3.
– Levemos o jogo, como treinamos bastante, para dentro do perímetro, com paciência e frieza, pois além de ser bastante efetivo, trava a correria delas, a segunda arma que possuem.
– Contra os corta luzes freqüentes delas efetuem as trocas com um passo atrás, já que pouca, ou quase nenhuma diferença se fará sentir pela superioridade de estatura a nosso favor, anulando as investidas.
Mas como incluir tais ponderações, pequenas ajudas olho no olho, ao pé do ouvido, inspirando confiança e fé, se a existência de um biombo se faz onipresente de forma avassaladora? Porque, raios, um sistema fajuto, mal treinado e assimilado, inclusive pelas duas jogadoras da WNBA que chegaram na véspera da competição, se faz absoluto e pétreo?
Respondam-me com fatos e certezas se orientações sobre comportamentos técnicos individuais, teriam sido mais eficientes do que cobranças sobre um sistema de má qualidade, num jogo que perdemos por 1 ponto?
Mas, e ai situaremos uma dolorosa constatação, de longa, longuíssima data, a de que somos carentes de bons e estabelecidos fundamentos do jogo, pouco ou nunca corrigidos, e que claro, não o seriam no treinamento de uma seleção, ainda mais quando um sistema moderno vem na contrapartida de um técnico estrangeiro, egresso de uma escola de grande tradição européia, cuja propriedade tem de ser estabelecida, e permanentemente lembrada através dibujos pranchetados, O resultado? Vimos qual foi…
Amém.
Com certeza, professor, não há que se tecer alguma crítica ao tão decantado “sistema”, ao padrão tático, quando as atletas falham na execução de movimentos.
Uma armadora não pode perder uma bola no 1 contra 1 faltando 10 segundos para o fim do jogo.Falta de fundamento e de frieza.
Nossas pivôs 5 ou 4 não conseguem fazer um arremesso de curta distância, quanto mais de média.
Nossas alas não são capazes de driblar, de serem incisivas com as marcadoras, além de não conseguirem converter arremessos de 3 pontos.
Pode vir um espanhol, americano, tailandês…
Nossas armadoras podem “cantar” as jogadas 1, 2 ,variação, punho, rotação, ou todos os nomes comuns de movimentações de ataque.Nada vai adiantar se elas não são capazes de executar com perfeição os fundamentos do jogo.
Restando somente uma questão, prezado Felipe- Qual e que formação estas jogadoras tiveram na base, para chegarem à seleção com tantas falhas e deficiências nos fundamentos do jogo?
Respondida esta questão teremos o caminho aberto para as devidas correções, a um longo e trabalhoso prazo, caso contrário nada será acrescentado para 2016, absolutamente nada.
Um abraço, Paulo Murilo.
Professor.
Muita gente sabe a resposta dessa questão, o senhor inclusive.O problema é que poucos estão dispostos a ouvir.
Tem muita gente que não milita pelo basquete, mas sim em causa própria.O técnico que deveria ensinar os fundamentos, insistir em cada detalhe exaustivamente na base, na verdade quer colocar um troféu na estante a cada ano. Pegam uma menina de 13 anos que tenha 1,75 e plantam ela no garrafão para ela ser pivô.Não Ligam se a garota de 17 anos arremessa com as duas mãos desde o 12, afinal de contas ela é “cestinha da liga regional”.
Pensa-se micro, professor. O técnico quer ganhar o campeonato para poder sair no jornal da cidade ou no boletim informativo do clube.Os motivos são dois:alimentar o ego e dar satisfações ao secretário municipal ou diretor de esportes que acabara de comprar 2 jogos de camisa para o time.
É um circulo vicioso, já que não se pode exigir muito de técnicos que muitas vezes são ex-jogadores, sem o preparo ideal para lidar com a formação de atletas.
É assim que a banda toca.Como seria difernete em um país onde candidatos ao comando da CBB sempre compraram votos de presidnetes de Federação com agasalhos e bolas novas?
Professor,
Que texto…
Vivendo e vivenciando tantos anos o basquete, jamais pensei nesta reflexão sobre a prancheta e o jogo.
O que percebo é que falta o dialogo, a sensibilidade, o elogio mesmo quando tudo esta dando errado,bater na mao da jogadora quando ela caminha para sentar apos a substituição. Falta a tal inteligencia emocional. Hoje se discute muito nas empresas sobre a importancia da inteligencia emocional, principalmente dos lideres. Neste caso, o nosso tecnico estrangeiro.
Parabens pelo texto e por eu aprender e pensar sobre este tema.
bj
Paula(Magic)
Se a banda toca dessa maneira, prezado Filipe, por que não tentarmos mudar seu repertório? De 2 anos para cá já vejo jovens técnicos, leitores, entusiastas, e até jogadores, se manifestarem aqui no blog de cara limpa, sem pseudonimos e subterfugios que os mantenham anonimos, numa mudança comportamental altamente sugestiva.Temos de lutar para que essa tendência seja multiplicada permanentemente, no que poderá vir a ser o combustivel de mudanças realmente impactantes para o nosso basquetebol.Quem verdadeiramente ama o grande jogo, não se furtará em ajudá-lo para seu soerguimento, mesmo que aos poucos, mas com segurança e firmeza, num grande mutirão de professores e técnicos empenhados nessa luta, nesse sonho, bastando que acreditemos nessa possibilidade, que unamos forças, que decidamos alcançar objetivos possiveis e factíveis.
É o tipo de luta que gosto de lutar. Um abraço, Paulo Murilo.
Olha Paula, quando você mencionou a inteligência emocional, me reportei a alguns anos quando adquiri o livro que deu partida a esse tema, do psicólogo americano Daniel Goleman, e que naquela época somente consegui avançar até a segunda parte, e sabe porque? Isso, porque ninguem mais interiorizado no âmago dessa inteligência do que o desportista, amador ou profissional, principalmente se professor e técnico, no permanente contato com as emoções, das superficiais às mais profundas, onde o desenho da personalidade se transmuta ao sabor das experiências, das vivências existenciais.O desporto, principalmente o da alta competição apresenta a inteligência emocional como seu suporte evolutivo desde sempre, sedimentada bem antes da publicação da obra, assim como, e do mesmo teor, porém menos abrangente, o desporto lazer, o desporto educação, complementar à educação tradicional.
Sem dúvida você tem razão quanto a ausência desse fator por parte de muitos técnicos, incluso o de nossa seleção, mas nada que não possa ser devidamente corrigido através um bom e especifico planejamento visando o pleno soerguimento do grande jogo entre nós, e do qual você foi uma dos grandes expoentes, pela técnica e pela inteligência, ambas apuradas pela razão, e pela emoção.
Fiquei feliz com seu comentário, com a sua audiência. Muito obrigado. Um grande abraço, Paulo Murilo.
Foi o pior jogo de basquetebol que vi nos últimos 5 ou 6 anos ..
Péssimo dos péssimos.
Jogaram uma versão de “pré-basquetebol”. Porque .. basquetebol, Coreia e Brasil não jogaram.
Um grande abraço, Professor.
Eu absolveria um pouco a equipe da Coréia,Henrique, isto porque jogam dessa forma desde que a conheci no mundial de 71 aqui no Brasil, quando fiz um documentário em 16mm sobre a competição, e dediquei a parte técnica à forma de jogar e atuar das coreanas. Logo, nada mais fizeram do que manter seu estilo de jogar. Nós é que regredimos brutalmente de lá para cá, principalmente na formação básica. No mais, concordo com você, foi um jogo para esquecer.
Um abraço, Paulo.
Professor, tudo bom ?
Eu normalmente me esquivo de esquecer estes jogos. Assim como o masculino, que em 2006 fez um Mundial terrível para depois fazer um Pré-Olímpico ainda pior, eu tento lembrar sempre de atuações tão ruins, para não cometermos o erro de repeti-las novamente e mais, não virar uma rotina.
A Coréia realmente posso ter me expressado mal. Vi pouco delas na vida.
Mas o Brasil ?
Tem jogado nada, Professor. Contra a Espanha foram 18 erros no primeiro tempo. 25 no total.
Não acerta arremessos de média distância de forma alguma. Brincava com alguns amigos, que se algumas atletas forem arremessar bolas de basquetebol em lona de circo, ainda corríamos o risco de errar, tamanha a falta de pontaria …
É muito triste, Professor.
O caminho que o masculino fez, o feminino vai repetindo. Uma pena.
Achei que as lições de um serviam para o outro.
Um grande abraço !
E tudo isso motivado por um único óbice, prezado Henrique. A mais absoluta, terrivel e comprometedora ausência de planejamento técnico, que deveria ser entregue desde sempre a quem entende, e não leiloado através vieses politicos e troca de favores, mais politicos ainda. Essa é a verdade que não deveria se calar, jamais.
Um abraço, Paulo.