OS “CONCEITOS MODERNOS DE BASQUETE”…
Hoje, enfim, consegui sair para resolver pendências bancárias, odontológicas, e mesmo familiares, caminhando muito e muito, e sem sentir dores ciáticas, que tanto me fizeram sofrer nos últimos seis meses. Foram horas e horas de exercícios reparadores, numa fisioterapia que me lembraram como nunca, ser um professor de educação física, dos bons, e não um profissional crefiano, dos ruins…
Claro que a auto estima foi nas nuvens, me fez recobrar uma condição física sempre tratada com carinho, me fez feliz e bem humorado, mas não o suficiente para escrever algo sobre basquete depois de uma semana dedicada à leitura do que pude acessar sobre o grande jogo, aqui, e somente aqui em terrae brasilis.
E o que constatei, mais uma vez, pela enésima vez, como num carrossel girando num mesmo lugar, a começar pela já constrangedora e trágica omissão do COB nas explicações sobre a vergonhosa ação de subtração de informações sigilosas pertencentes ao comitê olímpico inglês, por parte de funcionários brasileiros para lá enviados como observadores e estagiários, numa repetição ao ocorrido no Pan do Rio, de triste memória.
Também, o enorme avanço da NBA por sobre a imensa maioria dos blogs nacionais, numa comprovação de que muitos dólares estão sendo gastos para a fixação da marca em nosso país, em detrimento de um basquete cada vez mais depreciado e esquecido pelas mídias tradicionais e a grande rede. Hoje, muito poucos mantêm suas preferências às nossas necessidades, se rendendo a uma cobertura absolutamente absurda sobre uma atividade em um país que sempre nos manteve a distância de suas fronteiras, em todos os sentidos.
Como resultante desse imoral avanço, hordas de jogadores americanos de quarta categoria deságuam em nossas equipes, para o júbilo de estrategistas que sequer balbuciam um remendo de sua língua nativa, o que, convenhamos, pouco importa, já que dentro do sistema único eles se ajeitam sem muitos esforços e treinamento, afinal, são americanos, uai…
Do velho continente, assim como do eldorado lá de cima do equador, lemos diariamente que nossos desbravadores poucas chances estão tendo como pilares de suas equipes, sejam as mesmas de primeira ou quarta divisões, provando de uma vez por todas que se aqui estivessem, pelo menos, jogariam, e consequentemente treinariam mais, fugindo de bancos obscuros e desestimulantes a maiores vôos. Os dólares jogados inconsequentemente fora em jogadores medíocres e empurrados por vivíssimos agentes, bem poderiam pagar muitos de nossos compatriotas relegados a coristas nas ligas européias e americanas, mas claro, aqui treinados e preparados com competência por técnicos de verdade (sim, ainda os temos…), e não estrategistas com cursos de quatro dias, devidamente provisionados e pranchetados.
E rebatendo, somos obrigados a testemunhar jogos de primeira divisão no país onde uma diferença de placar chega a 100 pontos de uma equipe do NBB sobre um campeão estadual, numa definitiva prova de que ainda estamos anos luz distantes do que entendemos sobre o grande jogo e sua estratégica formação de base, sem a qual distorções desse teor tende a se repetir indefinidamente.
Finalmente, somos obrigados a acompanhar campeonatos estaduais antecedentes ao NBB, onde o grande número de erros de fundamentos e arremessos desenfreados de três ainda ocupam a preferência das equipes intervenientes, dando curso à mesmice endêmica que nos assombra e humilha, acompanhados de promessas repetidas à exaustão de que estamos vivenciando um tempo onde “conceitos modernos de basquete” estão sendo agregados ao nosso cotidiano, o que ainda não vimos, ou pouco compreendemos o que querem subtender como conceitos modernos…
Aliás, logo mais no Tijuca os tais conceitos se anunciam como algo a ser visto e comemorado. Flamengo e Brasilia se defrontam num jogo de preparação ao NBB, e quem sabe, para lá caminharei (sem as dores, enfim…) na esperança (?) de me defrontar com os tais benditos conceitos, inclusive através de dois de seus maiores defensores e propagandistas…
Quem sabe me surpreendo? Aqui para nós, duvido…
Amém.
Foto – A musa dos conceitos modernos de basquete…
Foto – Reprodução da Tv. Clique na mesma para ampliá-la.
Professor,
Antes de mais nada, fico feliz pela sua condição física e médica estar melhor. Sei como é difícil e frustrante, mas é fundamental jamais desistir.
O senhor acha que os estaduais poderiam ser substituidos por uma segunda divisão do NBB, talvez até com cotas de idades (privilegiando jogadores sub-23)?
Adiantar o calendário em um mês, mais ou menos, equiparando-o ao europeu (e não ao da NBA) daria a chance de equipes NBB de participarem de pré-temporada europeia, em detrimento a jogos onde diferenças de 100 pontos ainda existem, o que não acrescenta nada a nenhuma equipe.
Ou será que acontece no grande jogo o mesmo que acontece no futebol, onde estaduais rendem tanto às federações que o retorno financeiro pros dirigentes das mesmas fica mais importante do que o nível técnico?
Um forte abraço e melhoras na saúde!
Boa tarde Paulo,
Por favor mantenha a saúde e a vontade de escrever em dia pois a leitura desse blog faz parte da minha rotina matinal e fez falta nesse dias em que você esteve fora de combate.
Por concidência a seu post de hoje, criei a pouco tempo (iniciou em setembro) um blog voltado exclusivamente para publicar notícias do basquetebol em Minas Gerais e de qualquer natureza que seja, desde pelada até campeonatos oficiais. http://www.basquetebolmg.blogspot.com.br
Outro objetivo que o blog possui é promover o debate entre professores sobre aspectos diversos do jogo. Esse objetivo é um pouco mais ousado pois preciso da participação efetiva dos demais professores em MG e pretendo começar a primera série de debates ainda essa semana com o tema: Postura defensiva. Esse objetivo teve como referência os debates que você iniciou muitas vezes sobre o ensino do basquetebol.
Uma pergunta que smepre me passa pela cabeça nas várias vezes que acompanhei transmissões de jogos e naqueles que estive presente, se tirarmos a pranchetas será que eles serã capazes de transmitir algum conhecimento ou alguma instrução aos seus comandados?
Professor
Meu grande sonho é ser treinador de basquete. Estudo Ed. Fisica onde me formarei integralmente me Licenciatura e Bacharelado, pretendo fazer mestrado e ainda assim não poderei atuar, por conta da ENTB a partir de 2015, obrigar a todos ter certificação da dita Escola de Treinadores, onde os cursos são carissimos, e creio ser incoerente além de não poder formar minha própria filosofia de trabalho, métodos de treinamentos que eu acredito ser o correto (afinal estudo para tanto)ter que seguir uma escola onde deixou a minha amada modalidade fora de foco olimpico durante 16 anos, que há muito tempo já fora bi-campeã mundial, que hoje importa talentos a revelia, que fracassa na formação de novos atletas, que tem campeonatos nacionais de base cancelados todos os anos, de um torneio de desenvolvimento onde quase nenhum atleta desse torneio é aproveitado enfim, terei que aprender a errar como erram nos dias de hoje? ~
A troco de que obrigarão tal certificação? Não temos mais ídolos, não estamos preparando ou formando novos ídolos para o futuro, estamos sem referência o que será de nós?
Prezado Rodolpho, obrigado pelos votos de melhoria em minha saúde, que se apresenta quase normalizada, graças aos deuses.
Sugeriria que em cada estado a LNB promovesse os campeonatos da segunda divisão em acordo com as federações, em turno e returno simples. Os campeões disputariam as regionais em turno único na forma de torneio. Os cinco finalistas regionais se defrontariam, também em turno único para determinar os dois vencedores ao acesso da divisão principal, assim como os dois últimos colocados da mesma desceriam para a segunda divisão. Ficariam preservados os campeonatos estaduais, mas na formatação da LNB.
Quanto ao calendário, é uma sugestão merecedora de um estudo mais abrangente, sendo uma ótima idéia.
Se os campeonatos regionais rendem dividendos? Talvez o paulista, e mais nenhum outro, com certeza.
Um abraço, Paulo Murilo.
Prezado Bernardo, gostei muito do seu blog, e das perspectivas futuras do mesmo para o basquete de seu estado, parabéns. Irei veiculá-lo no meu blog na lista preferencial.
Quanto a sua colocação sobre as prenchetas, já escrevi bastante sobre as mesmas, e concordo que se fossem afastadas dos jogos, muitos técnicos simplesmente sumiriam, pois perderiam o biombo que os separam do contato direto com os jogadores.
Obrigado pela sua preocupação a respeito de minha saúde, que aos poucos, porém firmemente está sendo recuperada.
Um abraço, Paulo Murilo.
Acredito, prezado Josue, que muitas mudanças deverão ocorrer na ENTB já na próxima gestão na CBB. Como está, e na forma em que está organizada (?)é que não pode continuar. Logo, qualificações e registros poderão ser revistos e aperfeiçoados. Seria a única solução para tão importante e crucial instrumento técnico no soerguimento do grande jogo no país. Continue a estudar e se preparar para um futuro que exigirá muita qualificação, sendo esse o único caminho a ser trilhado na busca de uma educação plena, justa e democrática para os jovens do país. Melhores e bem formados professores são a espinha dorsal deste esforço.
Obrigado por sua importante audiência. Um abraço, Paulo Murilo.
Caro professor. Será que o desenvolvimento do basquete em nosso país passa tão longe da possibilidade de adotar os moldes americanos onde valorizam a formação e evolução no ensino médio e no universitário? Qualquer jogador americano mediano (para não dizer medíocre) se destaca apenas por ter respaldo em sua formação como atleta nas categorias mais básicas. O atrelamento da evolução esportiva ao curriculum escolar é tão dificil que vemos jogadores como Neymar e outros abandonando a sala de aula com respaldo do mesmo ministério que julga exploração do trabalho infantil se o garoto ajudar seu pai em um comércio ou pequeno negócio da familia durante algumas horas do dia. O que falta para se implementar um projeto piloto que forçe utilizar grandes jogadores quando muito jovens ainda a se manterem atuantes dentro do sistema educacional? E realmente uma liga de desenvolvimento poderia ser bancada no Brasil de hoje?
Excelente texto, o melhor que li em vários meses, um resumo triste no nosso basquete.
Também tem a base, a velha base esquecida e negligenciada pelos dirigentes, como a tal Liga de Desenvolvimento do Basquete (LDB Sub22) que não sai por brigas entre a FPB e a LNB.
Será que um dia isso mudará e teremos orgulho do nosso basquete?
Parabéns e melhoras.
Professor,
Fico feliz em saber que está bem, mesmo porque sei que vç tem um cuidado muito grande quando o assunto é a sua saúde. Mais uma vez quero parabeniza-lo por mais essa matéria em seu blog, aprecio pois vç coloca a realidade do grande jogo de uma forma suscinta. Muitos são os erros que os atletas e técnicos cometem, atletas esses de renome nacional e internacional. E como bons entendedores que somos e experiências que vivemos na NBB sabemos que podemos formar equipes que possam jogar de uma forma mais simples e com uma maior objetividade, e, isso foi provado. Por isso, entendemos que precisamos lapidar ainda os novos atletas mostrar-lhe a importância de se trabalhar os fundamentos básicos que fazem do grande jogo, um grande espetáculo. Fica aqui o meu abraço.
Washington Jovem Alexandre
Prezado Marcos, inclui seu comentário como base do artigo que hoje publico neste blog. Espero que aprove o uso do mesmo. Obrigado.
Paulo Murilo.
Sim, prezado Jose, triste e constrangedor a não mais poder. Mas algo poderá ocorrer para mais adiante, na medida em que se afunilam determinadas verdades na consciência daqueles que decidem e definem o futuro do grande jogo no país, pois em hipótese alguma não há mal que sempre dure. Precisamos continuar a luta, ao custo que tiver de ser pago, sem omissões e desculpas.
Um abraço, Paulo Murilo.
Washington, que enorme prazer tê-lo aqui no blog. Obrigado pelos votos de melhoria na saúde, estou bem agora, e continuando na luta, às vezes ingrata, pelo soerguimento do grande jogo em bases mais democráticas e realmente evoluidas. Relembro sempre nossa experiência no NBB, tão breve, porém rica em significado, e tão pouco compreendida e apoiada por quem deveria tê-lo feito. Mas são águas passadas, e precisamos, como você bem diz, desenvolver as novas gerações de forma mais apropriada e responsável. Só relembro um único porém, o de não termos tido somente mais um mês de preparo naquela bela equipe do Saldanha no NBB2. Fariamos o maior estrago…
Um abração. Paulo.