A FRAUDE (PELA TERCEIRA VEZ) CONSENTIDA…

 

Não sei bem porque, talvez por gostar de basquete, que ainda teimo em dar uma espiada no tal Desafio de Habilidades que antecede o Jogo das Estrelas do NBB.

Mas algo me despertou a curiosidade, naquele aspecto que mais prezo no grande jogo, seus fundamentos, e o drible em particular. Anotei aqui no blog a forma irregular que levou o jogador Fernando ao bi campeonato nos desafios anteriores ao de hoje, e inclusive o Sportv, através seu comentarista de arbitragens, o Renatinho, veicula nos intervalos dos jogos que transmite, pequenos vídeos onde explica detalhes das regras, e um dos primeiros versa exatamente sobre a colocação da mão impulsionadora por baixo da bola durante a ação do drible, constituindo a infração de conduzir a bola, não permitido pelas regras do jogo, mas que também caracteriza a infração de andar com a bola, pois ao imobilizá-la em sua mão interrompe sua trajetória descendente de encontro ao solo, quebrando o binômio ritmo/passada exigido durante o deslocamento do jogador driblando a bola.

E de novo aconteceu a irregularidade, dando o tricampeonato ao jogador Fernando Pena, que voltou a se utilizar desse estratagema que por suas características de supressão de um ou mais dribles, conota um ganho precioso de segundos, garantindo um menor tempo de execução do movimento (vejam os dois artigos anteriores aqui e aqui).

Assim como nas duas vezes anteriores, a penalidade de recomeçar o movimento do ponto de partida daquele trecho do circuito, não foi sequer cogitado, e o pior, tendo um juiz de categoria internacional a dois metros de distância da infração, sem tomar qualquer atitude corretiva, prejudicando em muito aqueles jogadores que cumpriram o circuito dentro das regras do jogo.

Na sequência de fotos, podemos observar que o jogador Dawkins ultrapassa o obstáculo com perfeição no controle da bola, mantendo o cotovelo junto ao corpo, a mão ao lado e acima do hemisfério superior da bola, como determina a boa execução desse fundamento (foto 1), seguindo-se as tentativas dos jogadores Gustavo e Fernando (que foram os finalistas), claramente interrompendo a trajetória da bola ao posicionar sua mão abaixo da mesma (fotos 2 e 3), a uma distancia mínima da arbitragem controladora do circuito (foto 4).

Então, o vencedor pela terceira vez, vê recompensada uma infração às regras, que mesmo se tratando de uma “festa” não poderia ser admitida uma fraude dessa dimensão, pois afinal de contas, três taças e um cheque deveriam ser disputados em condições iguais para todos, e não da forma diferenciada como ocorreram os desafios. O que teria a dizer o Sr. Maranho?

Amém.

Fotos – Reproduções da TV. Clique nas mesmas para ampliá-las.

OBS – O blog Lance Livre do comentarista Byra Bello do Sportv veiculou o video do Desafio de Habilidades. Paralizando as imagens nos 00;20, 00;51, e 01;12 seg do mesmo poderemos atestar as infrações cometidas. Clique aqui.



8 comentários

  1. Régis Marlo Martins Pereira 02.03.2013

    Olá, Professor!
    Aproveitando minha estadia em Brasília fui ver ontem os jogos das estrelas. Realmente é uma festa e entendo o espírito que é de confraternização. Copiamos uma boa idéia da Grande Liga -NBA em realizarmos o nosso All Star Game Tupiniquim, só faltou trazer realmente o verdadeiro espírito de confraternização, pois deixar o Fernando Penna levar um título três vezes irregularmente é muita falta de educação com o Basquete Brasileiro. No all star game da NBA, fiz questão de ver o campeonato de habilidades pela TV, ninguém cometeu drible ilegal (andar ou conduzir). Já aqui no Brasil virou “normal”. O campeonato de habilidades, deveria chamar campeonato de malandragem. E mais engraçado é que Fernando Penna é natural de Franca, um dos poucos da auto intitulada Capital do Basquete, acho que por lá o que importa é somente “títulos”, independente de como são conquistados. Destaque para o Fúlvio este ano, que pelo menos da minha visão das cadeiras, não cometeu drible ilegal. Mas principalmente na primeira execução, o que o “tricampeão” fez foi assustador, e ainda ver que a mídia encobre isto é aterrorizante, não há desculpa que justifique ler uma manchete em site de grande veiculação dizendo que Penna fez uma execução perfeita. No mais o resto foi legal! Abraço!

  2. Victor Dames 02.03.2013

    Sua observação permite até a um leigo como eu, professor, a concluir: não está aí uma evidência da formação deficiente de nosso basquete? Enquanto o americano tem total domínio do fundamento, os brasileiros cometem a infração, quer propositadamente, ou inconscientemente, e sequer são penalizados por isso, numa autêntica chancela da violação das regras? E o pior é que vemos isso com frequência em partidas oficiais, ultrapassando a esfera festiva da competição de estrelas…

    Abraços!

  3. Basquete Brasil 02.03.2013

    Hoje veiculei o link do blog Lance Livre do Byra Bello, com todas as minúcias da performance do tricampeão das habilidades. Chega a chocar pela clareza das violações. Execução perfeita? Lamentável.
    Um abraço Régis. Paulo Murilo.

  4. Basquete Brasil 02.03.2013

    E mais, prezado Victor, com a supervisão direta de juizes internacionais equipados com microfones e um grande número de cameras à disposição para dirimirem dúvidas. Mas se não o fazem nos jogos oficiais, como o fariam numa “festa”? Brincam com coisa séria, essa é a verdade…
    Um abraço, Paulo Murilo.

  5. Gil Guadron 02.03.2013

    Excelente acotacion !

    Su experta y conocedora vision de — lo que realmente es un jugador fundamentado — es claramente contrastado en su articulo.

    Subraya ademas , la importancia en el correcto aprendizaje de los fundamentos, de un verdadero professor de basquet como usted.

    Su articulo encaja en un dicho de mi pueblo; ” Mas claro no canta un gallo ”

    Felicitaciones por su abnegada lucha en favor de un buen basquetbol.

    Gil

  6. Jose 03.03.2013

    Professor, falando de LDB assisti a alguns jogos e sem querer julgar alguém, vi que alguns clubes simplesmente destratam tal competição. Deixam esses jovens, futuros atletas profissionais, nas mãos de pessoas (técnicos,etc) totalmente despreparadas e desmotivadas, o senhor ficaria abismado ao ver certas situações. Infelizmente tantos técnicos com conhecimento e vontade de ensinar não tem o prestígio dos grandes clubes para exercer esse mister, vagas muitas vezes ocupadas pelo pessoal da “panela”. E ainda dizem ser clubes formadores? Irão decidir o título os 2 que levaram a sério a competição. Abraços.

  7. Basquete Brasil 03.03.2013

    Sim, amigo Gil, a luta tem de continuar, ainda mais quando iniciamos um novo ciclo olímpico para 2016, completamente desorganizados na formação de base, cometendo equivocos monumentais, numa aventura onde não são avaliadas as graves consequências que advirão.Por tudo isso a luta tem de continuar, por menores que sejam nossas possibilidades de influir num sistema viciado, politico e omisso. Tentarei, por mais uma vez difundir algumas idéias na Oficina que organizo, e espero que na próxima possa contar com a sua inestimável presença. Torço honestamente por isso. Um abração, e outro na Luiza.
    Paulo.

  8. Basquete Brasil 03.03.2013

    Acredito que mais uns poucos realmente levaram à serio a competição, prezado Jose, mas não absolvo nenhum deles pelo baixo teor técnico apresentado nos jogos. A pobreza nos fundamentos, e a epidemia já instalada dos arremessos de três, conotaram a competcão de uma qualidade técnica lastimável, tática então, inimaginável…
    Fico pensando o que nos espera em 2016.
    Um abraço, Paulo Murilo.

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